No Rio, além da festa, bloco vai à rua em nome da diversidade e do respeito


A Orquestra Voadora é um dos grupos que contribui para o movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense

Por Vinicius Neder e Gabriel Vasconcelos
Atualização:

RIO - Começou pouco depois das 15 horas o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio. Debaixo de forte sol e calor, as trombetas e tambores rufaram diante de uma multidão multicolorida, após um mestre de cerimônias discursar em prol do reconhecimento de diferentes arranjos familiares e da inclusão de pessoas com deficiência - a Orquestra Voadora tem uma ala para eles.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Desfilando no Rio desde 2009, a Orquestra Voadora contribuiu no movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense desde o início dos anos 2000, para reforçar a diversidade e o ecletismo musical. Com uma formação de “brass band” – conjuntos em que os instrumentos de sopro são destaque –, o bloco experimenta diferente ritmos brasileiros e dá destaque também aos instrumentos de percussão.

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Assim como vários outros blocos surgidos na retomada destes últimos 20 anos, a Orquestra Voadora promove oficinas, o que tem contribuído para a formação de músicos para tocar nos desfiles. Os desfiles nos carnavais reúnem em torno de 300 instrumentistas. Outro destaque da Orquestra Voadora, além do colorido das fantasias dos foliões, é a performance quase circense dos desfiles, com vários participantes em pernas de pau.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Entre os foliões que aguardavam o desfile na concentração estava a deputada estadual fluminense Elika Takimoto (PT), acompanhada da filha Nara, que é cantora e atriz, e do amigo Arthur Martaul, músico e produtor musical. Eles não são frequentadores assíduos do bloco, mas vieram aproveitar um dia de folia - após Nara se recuperar de cirurgia para a retirada de quatro sisos. Elika destacou a alegria do carnaval do Rio após a pandemia de covid-19 ter ficado para trás. E ressaltou o fato de que o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apoia a festa popular, diferentemente da gestão anterior.

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Mais de 50 blocos

No quinto dia seguido de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro, o sol continuou implacável e levou foliões a buscarem opções mais arejadas, longe dos chamados mega-blocos. Estavam previstos 57 cortejos registrados na prefeitura, mas dezenas de outros blocos menores ampliaram o cardápio da cidade.

O casal Gabriela Medeiros, 28, e Fabio Wanderley, 33, optaram por não se afastar de casa, em Copacabana. Eles tentaram acompanhar a Banda do Peru Pelado, cujo desfile foi cancelado, e seguiram para o “Meu Bem, Volto Já”, um bloco veterano, fundado em 1995 por quatro moradores do Leme e que faz seu desfile na Avenida Princesa Isabel, na divisa com Copacabana. O nome é uma alusão ao motivo da separação de dos fundadores, que saiu de casa no domingo de carnaval para ir à padaria comprar pão e leite, e só reapareceu na terça-feira para desespero da então companheira.

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“Decidimos ficar perto de casa para aproveitar esse fim de carnaval longe das multidões”, disse Gabriela.

Entre os blocos mais novos estava o Camisa 7, que desfilou entre a manhã e o início da tarde pelas ruas da Tijuca até Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Nos últimos anos, a região tem se tornado uma opção para blocos novos e menores. O Camisa 7 partiu dos arredores do Maracanã, onde tocou o hino dos quatro grandes clubes do Rio, e desfilou até a praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. “O clima é outro. O bloco tem menos turistas, a maior parte são moradores do entorno”, disse o engenheiro Raphael Japiassú, de 32 anos, que saiu do Jardim Botânico, na Zona Sul, para pular carnaval do outro lado da cidade.

Quem circulou no Centro do Rio pode acompanhar o tradicional Cortejo Afro, que reuniu na Avenida Chile sete blocos dedicados à cultura e ancestralidade africana, como os afoxés Filhos e Filhas de Gandhi e o bloco Orunmila.

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Mega-Blocos e tradição

Mas tem quem prefira o fervo. A cantora Ludmilla arrastou multidão no centro da cidade e os tradicionais Bloco das Carmelitas e Banda de Ipanema fizeram sua segunda rodada de desfiles.

Pela manhã, a maior atração no Rio foi o bloco Fervo da Lud, que levou centenas de milhares ao circuito da rua Primeiro de Março, ora reservado aos mega blocos. Ludmilla chegou ao local poucas horas após ter desfilado pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Sapucaí. Por volta das 4h00 da manhã, ela interpretava o samba da agremiação ao lado de Neguinho da Beija-Flor.

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No Fervo, o samba seu lugar aos hits da cantora, entre o funk e o pop. O tema do desfile foi “vilãs”, em referência à música Sou Má, novo single da artista. Do alto do caminhão de som, Ludmilla dedicou o desfile, o quarto da história do seu bloco, à colega Preta Gil. Assídua na festa, Preta descobriu um câncer de intestino e se retirou do carnaval este ano.

À diferença de São Paulo, no Rio não caiu uma gota de chuva sequer desde o início dos festejos. Blocos e escolas de samba têm desfilado sem se molhar e sob sol forte. Alguns foliões tiveram de ser atendidos por agentes de saúde da prefeitura.

A poucos quilômetros de onde Ludmilla cantava, em Santa Teresa, outro bloco mais tradicional fechava seu carnaval. O Bloco das Carmelitas, referência à ordem de freiras local, realizou seu desfile ao som de marchinhas tradicionais nas sinuosas ladeiras do bairro. O bloco já tinha desfilado na sexta-feira.

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A outra grande atração do dia no Rio ficou por conta da Banda de Ipanema, que voltou às ruas da Zona Sul Carioca no fim da tarde. Esse ano a banda homenageia a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, símbolo dos profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia de covid-19.

RIO - Começou pouco depois das 15 horas o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio. Debaixo de forte sol e calor, as trombetas e tambores rufaram diante de uma multidão multicolorida, após um mestre de cerimônias discursar em prol do reconhecimento de diferentes arranjos familiares e da inclusão de pessoas com deficiência - a Orquestra Voadora tem uma ala para eles.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Desfilando no Rio desde 2009, a Orquestra Voadora contribuiu no movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense desde o início dos anos 2000, para reforçar a diversidade e o ecletismo musical. Com uma formação de “brass band” – conjuntos em que os instrumentos de sopro são destaque –, o bloco experimenta diferente ritmos brasileiros e dá destaque também aos instrumentos de percussão.

Assim como vários outros blocos surgidos na retomada destes últimos 20 anos, a Orquestra Voadora promove oficinas, o que tem contribuído para a formação de músicos para tocar nos desfiles. Os desfiles nos carnavais reúnem em torno de 300 instrumentistas. Outro destaque da Orquestra Voadora, além do colorido das fantasias dos foliões, é a performance quase circense dos desfiles, com vários participantes em pernas de pau.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Entre os foliões que aguardavam o desfile na concentração estava a deputada estadual fluminense Elika Takimoto (PT), acompanhada da filha Nara, que é cantora e atriz, e do amigo Arthur Martaul, músico e produtor musical. Eles não são frequentadores assíduos do bloco, mas vieram aproveitar um dia de folia - após Nara se recuperar de cirurgia para a retirada de quatro sisos. Elika destacou a alegria do carnaval do Rio após a pandemia de covid-19 ter ficado para trás. E ressaltou o fato de que o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apoia a festa popular, diferentemente da gestão anterior.

Mais de 50 blocos

No quinto dia seguido de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro, o sol continuou implacável e levou foliões a buscarem opções mais arejadas, longe dos chamados mega-blocos. Estavam previstos 57 cortejos registrados na prefeitura, mas dezenas de outros blocos menores ampliaram o cardápio da cidade.

O casal Gabriela Medeiros, 28, e Fabio Wanderley, 33, optaram por não se afastar de casa, em Copacabana. Eles tentaram acompanhar a Banda do Peru Pelado, cujo desfile foi cancelado, e seguiram para o “Meu Bem, Volto Já”, um bloco veterano, fundado em 1995 por quatro moradores do Leme e que faz seu desfile na Avenida Princesa Isabel, na divisa com Copacabana. O nome é uma alusão ao motivo da separação de dos fundadores, que saiu de casa no domingo de carnaval para ir à padaria comprar pão e leite, e só reapareceu na terça-feira para desespero da então companheira.

“Decidimos ficar perto de casa para aproveitar esse fim de carnaval longe das multidões”, disse Gabriela.

Entre os blocos mais novos estava o Camisa 7, que desfilou entre a manhã e o início da tarde pelas ruas da Tijuca até Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Nos últimos anos, a região tem se tornado uma opção para blocos novos e menores. O Camisa 7 partiu dos arredores do Maracanã, onde tocou o hino dos quatro grandes clubes do Rio, e desfilou até a praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. “O clima é outro. O bloco tem menos turistas, a maior parte são moradores do entorno”, disse o engenheiro Raphael Japiassú, de 32 anos, que saiu do Jardim Botânico, na Zona Sul, para pular carnaval do outro lado da cidade.

Quem circulou no Centro do Rio pode acompanhar o tradicional Cortejo Afro, que reuniu na Avenida Chile sete blocos dedicados à cultura e ancestralidade africana, como os afoxés Filhos e Filhas de Gandhi e o bloco Orunmila.

Mega-Blocos e tradição

Mas tem quem prefira o fervo. A cantora Ludmilla arrastou multidão no centro da cidade e os tradicionais Bloco das Carmelitas e Banda de Ipanema fizeram sua segunda rodada de desfiles.

Pela manhã, a maior atração no Rio foi o bloco Fervo da Lud, que levou centenas de milhares ao circuito da rua Primeiro de Março, ora reservado aos mega blocos. Ludmilla chegou ao local poucas horas após ter desfilado pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Sapucaí. Por volta das 4h00 da manhã, ela interpretava o samba da agremiação ao lado de Neguinho da Beija-Flor.

No Fervo, o samba seu lugar aos hits da cantora, entre o funk e o pop. O tema do desfile foi “vilãs”, em referência à música Sou Má, novo single da artista. Do alto do caminhão de som, Ludmilla dedicou o desfile, o quarto da história do seu bloco, à colega Preta Gil. Assídua na festa, Preta descobriu um câncer de intestino e se retirou do carnaval este ano.

À diferença de São Paulo, no Rio não caiu uma gota de chuva sequer desde o início dos festejos. Blocos e escolas de samba têm desfilado sem se molhar e sob sol forte. Alguns foliões tiveram de ser atendidos por agentes de saúde da prefeitura.

A poucos quilômetros de onde Ludmilla cantava, em Santa Teresa, outro bloco mais tradicional fechava seu carnaval. O Bloco das Carmelitas, referência à ordem de freiras local, realizou seu desfile ao som de marchinhas tradicionais nas sinuosas ladeiras do bairro. O bloco já tinha desfilado na sexta-feira.

A outra grande atração do dia no Rio ficou por conta da Banda de Ipanema, que voltou às ruas da Zona Sul Carioca no fim da tarde. Esse ano a banda homenageia a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, símbolo dos profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia de covid-19.

RIO - Começou pouco depois das 15 horas o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio. Debaixo de forte sol e calor, as trombetas e tambores rufaram diante de uma multidão multicolorida, após um mestre de cerimônias discursar em prol do reconhecimento de diferentes arranjos familiares e da inclusão de pessoas com deficiência - a Orquestra Voadora tem uma ala para eles.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Desfilando no Rio desde 2009, a Orquestra Voadora contribuiu no movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense desde o início dos anos 2000, para reforçar a diversidade e o ecletismo musical. Com uma formação de “brass band” – conjuntos em que os instrumentos de sopro são destaque –, o bloco experimenta diferente ritmos brasileiros e dá destaque também aos instrumentos de percussão.

Assim como vários outros blocos surgidos na retomada destes últimos 20 anos, a Orquestra Voadora promove oficinas, o que tem contribuído para a formação de músicos para tocar nos desfiles. Os desfiles nos carnavais reúnem em torno de 300 instrumentistas. Outro destaque da Orquestra Voadora, além do colorido das fantasias dos foliões, é a performance quase circense dos desfiles, com vários participantes em pernas de pau.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Entre os foliões que aguardavam o desfile na concentração estava a deputada estadual fluminense Elika Takimoto (PT), acompanhada da filha Nara, que é cantora e atriz, e do amigo Arthur Martaul, músico e produtor musical. Eles não são frequentadores assíduos do bloco, mas vieram aproveitar um dia de folia - após Nara se recuperar de cirurgia para a retirada de quatro sisos. Elika destacou a alegria do carnaval do Rio após a pandemia de covid-19 ter ficado para trás. E ressaltou o fato de que o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apoia a festa popular, diferentemente da gestão anterior.

Mais de 50 blocos

No quinto dia seguido de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro, o sol continuou implacável e levou foliões a buscarem opções mais arejadas, longe dos chamados mega-blocos. Estavam previstos 57 cortejos registrados na prefeitura, mas dezenas de outros blocos menores ampliaram o cardápio da cidade.

O casal Gabriela Medeiros, 28, e Fabio Wanderley, 33, optaram por não se afastar de casa, em Copacabana. Eles tentaram acompanhar a Banda do Peru Pelado, cujo desfile foi cancelado, e seguiram para o “Meu Bem, Volto Já”, um bloco veterano, fundado em 1995 por quatro moradores do Leme e que faz seu desfile na Avenida Princesa Isabel, na divisa com Copacabana. O nome é uma alusão ao motivo da separação de dos fundadores, que saiu de casa no domingo de carnaval para ir à padaria comprar pão e leite, e só reapareceu na terça-feira para desespero da então companheira.

“Decidimos ficar perto de casa para aproveitar esse fim de carnaval longe das multidões”, disse Gabriela.

Entre os blocos mais novos estava o Camisa 7, que desfilou entre a manhã e o início da tarde pelas ruas da Tijuca até Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Nos últimos anos, a região tem se tornado uma opção para blocos novos e menores. O Camisa 7 partiu dos arredores do Maracanã, onde tocou o hino dos quatro grandes clubes do Rio, e desfilou até a praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. “O clima é outro. O bloco tem menos turistas, a maior parte são moradores do entorno”, disse o engenheiro Raphael Japiassú, de 32 anos, que saiu do Jardim Botânico, na Zona Sul, para pular carnaval do outro lado da cidade.

Quem circulou no Centro do Rio pode acompanhar o tradicional Cortejo Afro, que reuniu na Avenida Chile sete blocos dedicados à cultura e ancestralidade africana, como os afoxés Filhos e Filhas de Gandhi e o bloco Orunmila.

Mega-Blocos e tradição

Mas tem quem prefira o fervo. A cantora Ludmilla arrastou multidão no centro da cidade e os tradicionais Bloco das Carmelitas e Banda de Ipanema fizeram sua segunda rodada de desfiles.

Pela manhã, a maior atração no Rio foi o bloco Fervo da Lud, que levou centenas de milhares ao circuito da rua Primeiro de Março, ora reservado aos mega blocos. Ludmilla chegou ao local poucas horas após ter desfilado pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Sapucaí. Por volta das 4h00 da manhã, ela interpretava o samba da agremiação ao lado de Neguinho da Beija-Flor.

No Fervo, o samba seu lugar aos hits da cantora, entre o funk e o pop. O tema do desfile foi “vilãs”, em referência à música Sou Má, novo single da artista. Do alto do caminhão de som, Ludmilla dedicou o desfile, o quarto da história do seu bloco, à colega Preta Gil. Assídua na festa, Preta descobriu um câncer de intestino e se retirou do carnaval este ano.

À diferença de São Paulo, no Rio não caiu uma gota de chuva sequer desde o início dos festejos. Blocos e escolas de samba têm desfilado sem se molhar e sob sol forte. Alguns foliões tiveram de ser atendidos por agentes de saúde da prefeitura.

A poucos quilômetros de onde Ludmilla cantava, em Santa Teresa, outro bloco mais tradicional fechava seu carnaval. O Bloco das Carmelitas, referência à ordem de freiras local, realizou seu desfile ao som de marchinhas tradicionais nas sinuosas ladeiras do bairro. O bloco já tinha desfilado na sexta-feira.

A outra grande atração do dia no Rio ficou por conta da Banda de Ipanema, que voltou às ruas da Zona Sul Carioca no fim da tarde. Esse ano a banda homenageia a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, símbolo dos profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia de covid-19.

RIO - Começou pouco depois das 15 horas o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio. Debaixo de forte sol e calor, as trombetas e tambores rufaram diante de uma multidão multicolorida, após um mestre de cerimônias discursar em prol do reconhecimento de diferentes arranjos familiares e da inclusão de pessoas com deficiência - a Orquestra Voadora tem uma ala para eles.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Desfilando no Rio desde 2009, a Orquestra Voadora contribuiu no movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense desde o início dos anos 2000, para reforçar a diversidade e o ecletismo musical. Com uma formação de “brass band” – conjuntos em que os instrumentos de sopro são destaque –, o bloco experimenta diferente ritmos brasileiros e dá destaque também aos instrumentos de percussão.

Assim como vários outros blocos surgidos na retomada destes últimos 20 anos, a Orquestra Voadora promove oficinas, o que tem contribuído para a formação de músicos para tocar nos desfiles. Os desfiles nos carnavais reúnem em torno de 300 instrumentistas. Outro destaque da Orquestra Voadora, além do colorido das fantasias dos foliões, é a performance quase circense dos desfiles, com vários participantes em pernas de pau.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Entre os foliões que aguardavam o desfile na concentração estava a deputada estadual fluminense Elika Takimoto (PT), acompanhada da filha Nara, que é cantora e atriz, e do amigo Arthur Martaul, músico e produtor musical. Eles não são frequentadores assíduos do bloco, mas vieram aproveitar um dia de folia - após Nara se recuperar de cirurgia para a retirada de quatro sisos. Elika destacou a alegria do carnaval do Rio após a pandemia de covid-19 ter ficado para trás. E ressaltou o fato de que o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apoia a festa popular, diferentemente da gestão anterior.

Mais de 50 blocos

No quinto dia seguido de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro, o sol continuou implacável e levou foliões a buscarem opções mais arejadas, longe dos chamados mega-blocos. Estavam previstos 57 cortejos registrados na prefeitura, mas dezenas de outros blocos menores ampliaram o cardápio da cidade.

O casal Gabriela Medeiros, 28, e Fabio Wanderley, 33, optaram por não se afastar de casa, em Copacabana. Eles tentaram acompanhar a Banda do Peru Pelado, cujo desfile foi cancelado, e seguiram para o “Meu Bem, Volto Já”, um bloco veterano, fundado em 1995 por quatro moradores do Leme e que faz seu desfile na Avenida Princesa Isabel, na divisa com Copacabana. O nome é uma alusão ao motivo da separação de dos fundadores, que saiu de casa no domingo de carnaval para ir à padaria comprar pão e leite, e só reapareceu na terça-feira para desespero da então companheira.

“Decidimos ficar perto de casa para aproveitar esse fim de carnaval longe das multidões”, disse Gabriela.

Entre os blocos mais novos estava o Camisa 7, que desfilou entre a manhã e o início da tarde pelas ruas da Tijuca até Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Nos últimos anos, a região tem se tornado uma opção para blocos novos e menores. O Camisa 7 partiu dos arredores do Maracanã, onde tocou o hino dos quatro grandes clubes do Rio, e desfilou até a praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. “O clima é outro. O bloco tem menos turistas, a maior parte são moradores do entorno”, disse o engenheiro Raphael Japiassú, de 32 anos, que saiu do Jardim Botânico, na Zona Sul, para pular carnaval do outro lado da cidade.

Quem circulou no Centro do Rio pode acompanhar o tradicional Cortejo Afro, que reuniu na Avenida Chile sete blocos dedicados à cultura e ancestralidade africana, como os afoxés Filhos e Filhas de Gandhi e o bloco Orunmila.

Mega-Blocos e tradição

Mas tem quem prefira o fervo. A cantora Ludmilla arrastou multidão no centro da cidade e os tradicionais Bloco das Carmelitas e Banda de Ipanema fizeram sua segunda rodada de desfiles.

Pela manhã, a maior atração no Rio foi o bloco Fervo da Lud, que levou centenas de milhares ao circuito da rua Primeiro de Março, ora reservado aos mega blocos. Ludmilla chegou ao local poucas horas após ter desfilado pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Sapucaí. Por volta das 4h00 da manhã, ela interpretava o samba da agremiação ao lado de Neguinho da Beija-Flor.

No Fervo, o samba seu lugar aos hits da cantora, entre o funk e o pop. O tema do desfile foi “vilãs”, em referência à música Sou Má, novo single da artista. Do alto do caminhão de som, Ludmilla dedicou o desfile, o quarto da história do seu bloco, à colega Preta Gil. Assídua na festa, Preta descobriu um câncer de intestino e se retirou do carnaval este ano.

À diferença de São Paulo, no Rio não caiu uma gota de chuva sequer desde o início dos festejos. Blocos e escolas de samba têm desfilado sem se molhar e sob sol forte. Alguns foliões tiveram de ser atendidos por agentes de saúde da prefeitura.

A poucos quilômetros de onde Ludmilla cantava, em Santa Teresa, outro bloco mais tradicional fechava seu carnaval. O Bloco das Carmelitas, referência à ordem de freiras local, realizou seu desfile ao som de marchinhas tradicionais nas sinuosas ladeiras do bairro. O bloco já tinha desfilado na sexta-feira.

A outra grande atração do dia no Rio ficou por conta da Banda de Ipanema, que voltou às ruas da Zona Sul Carioca no fim da tarde. Esse ano a banda homenageia a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, símbolo dos profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia de covid-19.

RIO - Começou pouco depois das 15 horas o desfile da Orquestra Voadora, no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio. Debaixo de forte sol e calor, as trombetas e tambores rufaram diante de uma multidão multicolorida, após um mestre de cerimônias discursar em prol do reconhecimento de diferentes arranjos familiares e da inclusão de pessoas com deficiência - a Orquestra Voadora tem uma ala para eles.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Desfilando no Rio desde 2009, a Orquestra Voadora contribuiu no movimento de retomada do carnaval de rua na capital fluminense desde o início dos anos 2000, para reforçar a diversidade e o ecletismo musical. Com uma formação de “brass band” – conjuntos em que os instrumentos de sopro são destaque –, o bloco experimenta diferente ritmos brasileiros e dá destaque também aos instrumentos de percussão.

Assim como vários outros blocos surgidos na retomada destes últimos 20 anos, a Orquestra Voadora promove oficinas, o que tem contribuído para a formação de músicos para tocar nos desfiles. Os desfiles nos carnavais reúnem em torno de 300 instrumentistas. Outro destaque da Orquestra Voadora, além do colorido das fantasias dos foliões, é a performance quase circense dos desfiles, com vários participantes em pernas de pau.

Saída da Orquestra Voadora no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Foto: Vinicius Neder/Estadão

Entre os foliões que aguardavam o desfile na concentração estava a deputada estadual fluminense Elika Takimoto (PT), acompanhada da filha Nara, que é cantora e atriz, e do amigo Arthur Martaul, músico e produtor musical. Eles não são frequentadores assíduos do bloco, mas vieram aproveitar um dia de folia - após Nara se recuperar de cirurgia para a retirada de quatro sisos. Elika destacou a alegria do carnaval do Rio após a pandemia de covid-19 ter ficado para trás. E ressaltou o fato de que o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apoia a festa popular, diferentemente da gestão anterior.

Mais de 50 blocos

No quinto dia seguido de carnaval nas ruas do Rio de Janeiro, o sol continuou implacável e levou foliões a buscarem opções mais arejadas, longe dos chamados mega-blocos. Estavam previstos 57 cortejos registrados na prefeitura, mas dezenas de outros blocos menores ampliaram o cardápio da cidade.

O casal Gabriela Medeiros, 28, e Fabio Wanderley, 33, optaram por não se afastar de casa, em Copacabana. Eles tentaram acompanhar a Banda do Peru Pelado, cujo desfile foi cancelado, e seguiram para o “Meu Bem, Volto Já”, um bloco veterano, fundado em 1995 por quatro moradores do Leme e que faz seu desfile na Avenida Princesa Isabel, na divisa com Copacabana. O nome é uma alusão ao motivo da separação de dos fundadores, que saiu de casa no domingo de carnaval para ir à padaria comprar pão e leite, e só reapareceu na terça-feira para desespero da então companheira.

“Decidimos ficar perto de casa para aproveitar esse fim de carnaval longe das multidões”, disse Gabriela.

Entre os blocos mais novos estava o Camisa 7, que desfilou entre a manhã e o início da tarde pelas ruas da Tijuca até Vila Isabel, na Zona Norte da cidade. Nos últimos anos, a região tem se tornado uma opção para blocos novos e menores. O Camisa 7 partiu dos arredores do Maracanã, onde tocou o hino dos quatro grandes clubes do Rio, e desfilou até a praça Barão de Drummond, em Vila Isabel. “O clima é outro. O bloco tem menos turistas, a maior parte são moradores do entorno”, disse o engenheiro Raphael Japiassú, de 32 anos, que saiu do Jardim Botânico, na Zona Sul, para pular carnaval do outro lado da cidade.

Quem circulou no Centro do Rio pode acompanhar o tradicional Cortejo Afro, que reuniu na Avenida Chile sete blocos dedicados à cultura e ancestralidade africana, como os afoxés Filhos e Filhas de Gandhi e o bloco Orunmila.

Mega-Blocos e tradição

Mas tem quem prefira o fervo. A cantora Ludmilla arrastou multidão no centro da cidade e os tradicionais Bloco das Carmelitas e Banda de Ipanema fizeram sua segunda rodada de desfiles.

Pela manhã, a maior atração no Rio foi o bloco Fervo da Lud, que levou centenas de milhares ao circuito da rua Primeiro de Março, ora reservado aos mega blocos. Ludmilla chegou ao local poucas horas após ter desfilado pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, na Sapucaí. Por volta das 4h00 da manhã, ela interpretava o samba da agremiação ao lado de Neguinho da Beija-Flor.

No Fervo, o samba seu lugar aos hits da cantora, entre o funk e o pop. O tema do desfile foi “vilãs”, em referência à música Sou Má, novo single da artista. Do alto do caminhão de som, Ludmilla dedicou o desfile, o quarto da história do seu bloco, à colega Preta Gil. Assídua na festa, Preta descobriu um câncer de intestino e se retirou do carnaval este ano.

À diferença de São Paulo, no Rio não caiu uma gota de chuva sequer desde o início dos festejos. Blocos e escolas de samba têm desfilado sem se molhar e sob sol forte. Alguns foliões tiveram de ser atendidos por agentes de saúde da prefeitura.

A poucos quilômetros de onde Ludmilla cantava, em Santa Teresa, outro bloco mais tradicional fechava seu carnaval. O Bloco das Carmelitas, referência à ordem de freiras local, realizou seu desfile ao som de marchinhas tradicionais nas sinuosas ladeiras do bairro. O bloco já tinha desfilado na sexta-feira.

A outra grande atração do dia no Rio ficou por conta da Banda de Ipanema, que voltou às ruas da Zona Sul Carioca no fim da tarde. Esse ano a banda homenageia a médica pneumologista Margareth Dalcolmo, símbolo dos profissionais que ficaram na linha de frente da pandemia de covid-19.

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