Carro perde de ônibus em corredor


Em 10 vias exclusivas de SP, coletivo anda mais rápido em 7; mas na Rebouças é possível chegar antes a pé

Por Felipe Grandin, Marici Capitelli e JORNAL DA TARDE

Trocar o carro pelo ônibus é uma opção para chegar mais cedo ao destino em horários de pico em São Paulo. Pelo menos nos percursos com faixas exclusivas para ônibus. O Jornal da Tarde testou os dez corredores da capital com duas equipes - uma de carro e outra de ônibus -, partindo juntas e sem contar a espera no terminal. E concluiu que, embora lotados, os coletivos são mais rápidos. Em sete, chegaram antes ao ponto final, com diferença de até 51 minutos. Nos outros três, o automóvel teve vantagem, mas de no máximo sete minutos. Apesar de mais rápidos, os ônibus estão longe da velocidade ideal. A média registrada ficou abaixo do esperado na maior parte das vezes. Apenas em três corredores foi atingida a meta da Prefeitura de 18 km/h nas faixas exclusivas: Parelheiros (18,3 km/h), Pais de Barros (21,2 km/h) e Expresso Tiradentes (37,8 km/h). O pior desempenho foi o do Rebouças, onde os veículos foram mais lentos do que uma pessoa fazendo cooper - ficaram abaixo de 10 km/h. Outro problema é a superlotação. A reportagem encontrou filas com mais de cem pessoas para embarcar em terminais, como o Santo Amaro, presenciou bate-bocas entre fiscais e passageiros e andou em ônibus onde mal havia espaço para colocar o pé no chão, como nos corredores Rebouças e Parelheiros. Para completar, as faixas exclusivas não eram tão exclusivas. Além dos táxis, que têm permissão para usar o corredor, as pistas eram frequentemente invadidas por carros, motos, ônibus fretados, veículos públicos.Procuradas por e-mail e telefone, a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes não responderam aos questionamentos da reportagem. Especialistas consideram positiva a vantagem dos ônibus sobre os carros, mas cobram da Prefeitura investimentos para tornar os corredores mais eficientes e atrair quem usa automóveis. "É impressionante. Mesmo com pouco investimento, as faixas exclusivas ainda conseguem manter a vantagem em relação ao carro", afirmou a urbanista Silvana Zioni. "Isso mostra que é uma solução adequada, até quando não funciona perfeitamente." Para o consultor de trânsito Horácio Figueira, o teste mostra que "a situação do automóvel é péssima e a do ônibus, ruim". "Como todos se movem devagar, quem está no carro não percebe que o ônibus está melhor." Figueira também critica a superlotação, outro fator que afasta os motoristas. Um exemplo é o gerente de informática Gustavo Chim, de 40 anos. "O ônibus está sempre lotado. Não dá para sair de gravata e notebook na mão", diz. Defensor dos corredores, Marcos Bicalho, superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), critica a atuação do governo municipal. "Faltam planejamento e investimento no transporte coletivo." Nos últimos quatro anos, só um corredor de ônibus foi inaugurado. E, mesmo assim, parcialmente. COLABOROU VITOR SORANO

Trocar o carro pelo ônibus é uma opção para chegar mais cedo ao destino em horários de pico em São Paulo. Pelo menos nos percursos com faixas exclusivas para ônibus. O Jornal da Tarde testou os dez corredores da capital com duas equipes - uma de carro e outra de ônibus -, partindo juntas e sem contar a espera no terminal. E concluiu que, embora lotados, os coletivos são mais rápidos. Em sete, chegaram antes ao ponto final, com diferença de até 51 minutos. Nos outros três, o automóvel teve vantagem, mas de no máximo sete minutos. Apesar de mais rápidos, os ônibus estão longe da velocidade ideal. A média registrada ficou abaixo do esperado na maior parte das vezes. Apenas em três corredores foi atingida a meta da Prefeitura de 18 km/h nas faixas exclusivas: Parelheiros (18,3 km/h), Pais de Barros (21,2 km/h) e Expresso Tiradentes (37,8 km/h). O pior desempenho foi o do Rebouças, onde os veículos foram mais lentos do que uma pessoa fazendo cooper - ficaram abaixo de 10 km/h. Outro problema é a superlotação. A reportagem encontrou filas com mais de cem pessoas para embarcar em terminais, como o Santo Amaro, presenciou bate-bocas entre fiscais e passageiros e andou em ônibus onde mal havia espaço para colocar o pé no chão, como nos corredores Rebouças e Parelheiros. Para completar, as faixas exclusivas não eram tão exclusivas. Além dos táxis, que têm permissão para usar o corredor, as pistas eram frequentemente invadidas por carros, motos, ônibus fretados, veículos públicos.Procuradas por e-mail e telefone, a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes não responderam aos questionamentos da reportagem. Especialistas consideram positiva a vantagem dos ônibus sobre os carros, mas cobram da Prefeitura investimentos para tornar os corredores mais eficientes e atrair quem usa automóveis. "É impressionante. Mesmo com pouco investimento, as faixas exclusivas ainda conseguem manter a vantagem em relação ao carro", afirmou a urbanista Silvana Zioni. "Isso mostra que é uma solução adequada, até quando não funciona perfeitamente." Para o consultor de trânsito Horácio Figueira, o teste mostra que "a situação do automóvel é péssima e a do ônibus, ruim". "Como todos se movem devagar, quem está no carro não percebe que o ônibus está melhor." Figueira também critica a superlotação, outro fator que afasta os motoristas. Um exemplo é o gerente de informática Gustavo Chim, de 40 anos. "O ônibus está sempre lotado. Não dá para sair de gravata e notebook na mão", diz. Defensor dos corredores, Marcos Bicalho, superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), critica a atuação do governo municipal. "Faltam planejamento e investimento no transporte coletivo." Nos últimos quatro anos, só um corredor de ônibus foi inaugurado. E, mesmo assim, parcialmente. COLABOROU VITOR SORANO

Trocar o carro pelo ônibus é uma opção para chegar mais cedo ao destino em horários de pico em São Paulo. Pelo menos nos percursos com faixas exclusivas para ônibus. O Jornal da Tarde testou os dez corredores da capital com duas equipes - uma de carro e outra de ônibus -, partindo juntas e sem contar a espera no terminal. E concluiu que, embora lotados, os coletivos são mais rápidos. Em sete, chegaram antes ao ponto final, com diferença de até 51 minutos. Nos outros três, o automóvel teve vantagem, mas de no máximo sete minutos. Apesar de mais rápidos, os ônibus estão longe da velocidade ideal. A média registrada ficou abaixo do esperado na maior parte das vezes. Apenas em três corredores foi atingida a meta da Prefeitura de 18 km/h nas faixas exclusivas: Parelheiros (18,3 km/h), Pais de Barros (21,2 km/h) e Expresso Tiradentes (37,8 km/h). O pior desempenho foi o do Rebouças, onde os veículos foram mais lentos do que uma pessoa fazendo cooper - ficaram abaixo de 10 km/h. Outro problema é a superlotação. A reportagem encontrou filas com mais de cem pessoas para embarcar em terminais, como o Santo Amaro, presenciou bate-bocas entre fiscais e passageiros e andou em ônibus onde mal havia espaço para colocar o pé no chão, como nos corredores Rebouças e Parelheiros. Para completar, as faixas exclusivas não eram tão exclusivas. Além dos táxis, que têm permissão para usar o corredor, as pistas eram frequentemente invadidas por carros, motos, ônibus fretados, veículos públicos.Procuradas por e-mail e telefone, a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes não responderam aos questionamentos da reportagem. Especialistas consideram positiva a vantagem dos ônibus sobre os carros, mas cobram da Prefeitura investimentos para tornar os corredores mais eficientes e atrair quem usa automóveis. "É impressionante. Mesmo com pouco investimento, as faixas exclusivas ainda conseguem manter a vantagem em relação ao carro", afirmou a urbanista Silvana Zioni. "Isso mostra que é uma solução adequada, até quando não funciona perfeitamente." Para o consultor de trânsito Horácio Figueira, o teste mostra que "a situação do automóvel é péssima e a do ônibus, ruim". "Como todos se movem devagar, quem está no carro não percebe que o ônibus está melhor." Figueira também critica a superlotação, outro fator que afasta os motoristas. Um exemplo é o gerente de informática Gustavo Chim, de 40 anos. "O ônibus está sempre lotado. Não dá para sair de gravata e notebook na mão", diz. Defensor dos corredores, Marcos Bicalho, superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), critica a atuação do governo municipal. "Faltam planejamento e investimento no transporte coletivo." Nos últimos quatro anos, só um corredor de ônibus foi inaugurado. E, mesmo assim, parcialmente. COLABOROU VITOR SORANO

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