Encontrado morto em Massachusetts, o casal Luiz Castro Junior, de 44 anos, e Aline de Lima Ferreira de Castro, de 38, era de Votuporanga, no interior de São Paulo, e morava nos Estados Unidos havia cerca de oito anos. A polícia americana investiga o caso como feminicídio seguido de suicídio. Os filhos, de 11 e 7 anos, presenciaram o assassinato da mãe a facadas.
De acordo com nota do Departamento de Polícia de Barnstable, às 2h48 de sexta-feira a investigação recebeu um alerta por telefone de que a residência dos brasileiros estava sendo assaltada. Uma equipe da Unidade de Detetives da Polícia do Estado de Massachusetts foi até o local e encontrou Aline sem vida, com perfurações pelo corpo.
Depois de retirar as crianças da casa, os detetives revistaram o local e encontraram o banheiro com a porta trancada e a luz acesa. Como ninguém respondia aos chamados, eles decidiram arrombar a porta e encontraram Luiz enforcado. “Após investigação, foi determinado que um homicídio e suicídio ocorreram na casa”, diz a nota da polícia. Os corpos foram encaminhados para perícia.
O Itamaraty informou que está dando apoio às crianças. O ministro das Relações Exteriores, embaixador Carlos França, foi comunicado sobre o fato às 10h33 da manhã de sábado, 3, e acionou o cônsul-geral do Brasil em Boston, embaixador Benedicto Fonseca. “Em menos de duas horas no sábado, o consulado-geral já havia entrado em contato com familiares e outros envolvidos, no Brasil e nos Estados Unidos, bem como com advogado e psicólogo, e se assegurado do bem-estar dos menores, que não se encontram em orfanato”, disse, em nota.
Conforme amigos da família, a Secretaria da Criança e da Família do Estado americano se prontificou em dar assistência às crianças, mas elas teriam optado por permanecer na casa de amigos dos seus pais. O Itamaraty informou que continua acompanhando o caso através do consulado em Boston e prestando a assistência consular necessária, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e a legislação local. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, informações mais detalhadas só poderiam ser dadas mediante autorização dos familiares diretos.
No Brasil e nos Estados Unidos foram criadas vaquinhas virtuais para que a família possa providenciar o sepultamento do casal. Uma delas, criada ainda na sexta-feira pela amiga de Aline, Talita Zema Camilo, que mora em Yarmouth, no mesmo Estado americano, tinha arrecadado US$ 59,8 mil até a tarde desta segunda-feira, 5. A meta da campanha online é chegar a US$ 70 mil. A campanha mobiliza a população de Barnstable, onde um morador doou US$ 1 mil. O dinheiro será usado também para manter as crianças até que as famílias decidam se elas serão trazidas para o Brasil.
Conhecidos das vítimas disseram que Luiz e Aline trabalharam como técnicos de enfermagem na Santa Casa de Votuporanga e se mudaram para os Estados Unidos há cerca de oito anos. O desejo das famílias é conseguir recursos para sepultar os corpos no Brasil, mas o governo brasileiro não cobre o translado por falta de previsão legal. Um amigo da família procurou a funerária Rosa Mística, em Votuporanga, para tratar do sepultamento.
Conforme informação da funerária, a liberação dos corpos nos Estados Unidos pode demorar até 40 dias, já que as causas das mortes envolvem investigação policial que está em andamento. O custo do translado ficaria em torno de R$ 150 mil por corpo, totalizando cerca de R$ 300 mil. Como as famílias não dispõem desse recurso, amigos estão realizando campanhas on-line de arrecadação.