Casamentos entre primos ameaçam saúde de quilombolas em Alagoas


Albinismo, nanismo e má-formações congênitas estão entre os problemas decorrentes da consanguinidade nas pequenas comunidades remanescentes de quilombos, afirmam médicos do Hospital Universitário do Estado que atendem essas populações

Por Ricardo Rodrigues

"Desde o tempo da minha tataravó, passando pela minha bisavó, pela minha avó, mãe da minha mãe, depois por mim, por minhas filhas e assim por diante. Aqui no Muquém, primo sempre casou com prima e nunca teve problema", conta a artesã Marinalva Bezerra da Silva, de 72 anos, casada com um "primo distante", o também artesão Aurélio Nunes, de 73. O casal, descendente de escravos, vive na comunidade quilombola do Muquém, na zona rural de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Eles afirmam que, nessas comunidades, casamentos entre parentes são comuns. "Isso acontece há gerações, porque as comunidades são pequenas, povoadas por três ou quatro famílias. Aqui no Muquém, que tem pouco mais de 60 famílias, predominam as famílias Nunes, Bezerra, Silva e Cassimiro", diz a matriarca, sem considerar o risco de problemas causados pela consanguinidade. Um desses problemas é a proliferação de albinos. De acordo com médicos do Hospital Universitário de Alagoas (HU), pelo menos 12 integrantes da comunidade quilombola de Filús, na zona rural de Santana do Mundaú, passam por exames para identificar o marcador genético de suas famílias e descobrir a causa do albinismo. Entre as suspeitas está a consanguinidade.As consultas no HU começaram em março de 2009, quando a equipe comandada pelo geneticista Carlos Guilherme Gaelzer iniciou estudos sobre os problemas de saúde dos albinos dessa comunidade quilombola.As irmãs Cleonice Izabel da Silva, de 35, e Tereza Izabel da Silva, de 53, além do filho de Cleonice, de 4, foram os primeiros habitantes de Filús a ser atendidos pela equipe do HU - Tereza e o sobrinho não são albinos, mas Cleonice é. Depois, outros albinos e albinas, crianças e adultos, estiveram no hospital para exames.Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, integrante da equipe médica que atende os quilombolas albinos, "a relação consanguínea entre eles tem de cessar, caso contrário poderá comprometer a saúde e o futuro da comunidade". Examinando os albinos de Filús, ele diagnosticou várias doenças de pele e se deparou com uma paciente em fase terminal de câncer. "Era uma mulher albina, com um câncer de pele em estágio avançado, provocando nela uma metástase pulmonar que terminou por matá-la", conta o médico.Gomes revela que os estudos ainda não foram concluídos, mas é consenso entre a equipe do HU que os problemas genéticos provocados pelos casamentos entre pessoas da mesma família são os responsáveis pelas anomalias congênitas identificadas nos quilombolas albinos examinados. "O isolamento, o confinamento dessas comunidades contribuiu para essa situação. E isso tem se mostrado prejudicial à saúde dessas famílias", reforça o cirurgião. Segundo ele, além do albinismo, são comuns nas comunidades quilombolas problemas como nanismo e pé torto (uma má-formação congênita muito prevalente na região).Entre os albinos atendidos pelo cirurgião está o garoto Claudivan, de 8 anos, que tinha um tumor subcutâneo na testa. De acordo com o médico, o tumor foi retirado e o menino se recuperou. O tratamento do garoto só foi possível graças à equipe do HU, o único hospital de Alagoas com serviço de genética clínica realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Mesmo com todas as dificuldades, estamos em condições de atender a todos os albinos das comunidades quilombolas de Alagoas", afirma.Desinformação. "Essas comunidades quilombolas passam por inúmeros problemas, mas a falta de esclarecimento, de educação é o pior de todos", continua o cirurgião plástico. De acordo com ele, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e infraestrutura. "A maior parte das doenças são decorrentes da falta de asseio, por causa da falta d"água, de saneamento básico e de coleta de lixo nessas comunidades. Eles poderiam ter uma qualidade de vida melhor, se fossem mais assistidos." Berenita Melo, gerente do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), afirma que o instituto acompanha e apoia os moradores de Filús, reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006, e que continuará a fazê-lo. Outra entidade que dá apoio aos moradores de Filús é o Instituto Irmãos Quilombolas, de Santana do Mundaú, que em 2010 recebeu da Câmara do município o título de associação de utilidade pública.Ao todo, Alagoas possui 64 comunidades remanescentes de quilombos. Desse total, 50 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Com a certificação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas. "A certificação trouxe mais respeito e melhorou a autoestima das comunidades. Estamos agora trabalhando projetos de geração de emprego e renda, além da implantação de serviços de saúde, educação e assistência social", afirma o historiador Geraldo de Majella, diretor-presidente do Iteral.História. Na época do Brasil Colônia, quando os negros foram trazidos para o Nordeste como escravos para trabalhar na lavoura da cana, muitos fugiram e fundaram comunidades chamadas quilombos, das quais as comunidades quilombolas descendem.O quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu comandante mais célebre, foi o que mais prosperou. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que ali trabalhavam na lavoura. Mas até hoje seus descendentes lutam pelo direito à terra.

"Desde o tempo da minha tataravó, passando pela minha bisavó, pela minha avó, mãe da minha mãe, depois por mim, por minhas filhas e assim por diante. Aqui no Muquém, primo sempre casou com prima e nunca teve problema", conta a artesã Marinalva Bezerra da Silva, de 72 anos, casada com um "primo distante", o também artesão Aurélio Nunes, de 73. O casal, descendente de escravos, vive na comunidade quilombola do Muquém, na zona rural de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Eles afirmam que, nessas comunidades, casamentos entre parentes são comuns. "Isso acontece há gerações, porque as comunidades são pequenas, povoadas por três ou quatro famílias. Aqui no Muquém, que tem pouco mais de 60 famílias, predominam as famílias Nunes, Bezerra, Silva e Cassimiro", diz a matriarca, sem considerar o risco de problemas causados pela consanguinidade. Um desses problemas é a proliferação de albinos. De acordo com médicos do Hospital Universitário de Alagoas (HU), pelo menos 12 integrantes da comunidade quilombola de Filús, na zona rural de Santana do Mundaú, passam por exames para identificar o marcador genético de suas famílias e descobrir a causa do albinismo. Entre as suspeitas está a consanguinidade.As consultas no HU começaram em março de 2009, quando a equipe comandada pelo geneticista Carlos Guilherme Gaelzer iniciou estudos sobre os problemas de saúde dos albinos dessa comunidade quilombola.As irmãs Cleonice Izabel da Silva, de 35, e Tereza Izabel da Silva, de 53, além do filho de Cleonice, de 4, foram os primeiros habitantes de Filús a ser atendidos pela equipe do HU - Tereza e o sobrinho não são albinos, mas Cleonice é. Depois, outros albinos e albinas, crianças e adultos, estiveram no hospital para exames.Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, integrante da equipe médica que atende os quilombolas albinos, "a relação consanguínea entre eles tem de cessar, caso contrário poderá comprometer a saúde e o futuro da comunidade". Examinando os albinos de Filús, ele diagnosticou várias doenças de pele e se deparou com uma paciente em fase terminal de câncer. "Era uma mulher albina, com um câncer de pele em estágio avançado, provocando nela uma metástase pulmonar que terminou por matá-la", conta o médico.Gomes revela que os estudos ainda não foram concluídos, mas é consenso entre a equipe do HU que os problemas genéticos provocados pelos casamentos entre pessoas da mesma família são os responsáveis pelas anomalias congênitas identificadas nos quilombolas albinos examinados. "O isolamento, o confinamento dessas comunidades contribuiu para essa situação. E isso tem se mostrado prejudicial à saúde dessas famílias", reforça o cirurgião. Segundo ele, além do albinismo, são comuns nas comunidades quilombolas problemas como nanismo e pé torto (uma má-formação congênita muito prevalente na região).Entre os albinos atendidos pelo cirurgião está o garoto Claudivan, de 8 anos, que tinha um tumor subcutâneo na testa. De acordo com o médico, o tumor foi retirado e o menino se recuperou. O tratamento do garoto só foi possível graças à equipe do HU, o único hospital de Alagoas com serviço de genética clínica realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Mesmo com todas as dificuldades, estamos em condições de atender a todos os albinos das comunidades quilombolas de Alagoas", afirma.Desinformação. "Essas comunidades quilombolas passam por inúmeros problemas, mas a falta de esclarecimento, de educação é o pior de todos", continua o cirurgião plástico. De acordo com ele, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e infraestrutura. "A maior parte das doenças são decorrentes da falta de asseio, por causa da falta d"água, de saneamento básico e de coleta de lixo nessas comunidades. Eles poderiam ter uma qualidade de vida melhor, se fossem mais assistidos." Berenita Melo, gerente do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), afirma que o instituto acompanha e apoia os moradores de Filús, reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006, e que continuará a fazê-lo. Outra entidade que dá apoio aos moradores de Filús é o Instituto Irmãos Quilombolas, de Santana do Mundaú, que em 2010 recebeu da Câmara do município o título de associação de utilidade pública.Ao todo, Alagoas possui 64 comunidades remanescentes de quilombos. Desse total, 50 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Com a certificação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas. "A certificação trouxe mais respeito e melhorou a autoestima das comunidades. Estamos agora trabalhando projetos de geração de emprego e renda, além da implantação de serviços de saúde, educação e assistência social", afirma o historiador Geraldo de Majella, diretor-presidente do Iteral.História. Na época do Brasil Colônia, quando os negros foram trazidos para o Nordeste como escravos para trabalhar na lavoura da cana, muitos fugiram e fundaram comunidades chamadas quilombos, das quais as comunidades quilombolas descendem.O quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu comandante mais célebre, foi o que mais prosperou. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que ali trabalhavam na lavoura. Mas até hoje seus descendentes lutam pelo direito à terra.

"Desde o tempo da minha tataravó, passando pela minha bisavó, pela minha avó, mãe da minha mãe, depois por mim, por minhas filhas e assim por diante. Aqui no Muquém, primo sempre casou com prima e nunca teve problema", conta a artesã Marinalva Bezerra da Silva, de 72 anos, casada com um "primo distante", o também artesão Aurélio Nunes, de 73. O casal, descendente de escravos, vive na comunidade quilombola do Muquém, na zona rural de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Eles afirmam que, nessas comunidades, casamentos entre parentes são comuns. "Isso acontece há gerações, porque as comunidades são pequenas, povoadas por três ou quatro famílias. Aqui no Muquém, que tem pouco mais de 60 famílias, predominam as famílias Nunes, Bezerra, Silva e Cassimiro", diz a matriarca, sem considerar o risco de problemas causados pela consanguinidade. Um desses problemas é a proliferação de albinos. De acordo com médicos do Hospital Universitário de Alagoas (HU), pelo menos 12 integrantes da comunidade quilombola de Filús, na zona rural de Santana do Mundaú, passam por exames para identificar o marcador genético de suas famílias e descobrir a causa do albinismo. Entre as suspeitas está a consanguinidade.As consultas no HU começaram em março de 2009, quando a equipe comandada pelo geneticista Carlos Guilherme Gaelzer iniciou estudos sobre os problemas de saúde dos albinos dessa comunidade quilombola.As irmãs Cleonice Izabel da Silva, de 35, e Tereza Izabel da Silva, de 53, além do filho de Cleonice, de 4, foram os primeiros habitantes de Filús a ser atendidos pela equipe do HU - Tereza e o sobrinho não são albinos, mas Cleonice é. Depois, outros albinos e albinas, crianças e adultos, estiveram no hospital para exames.Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, integrante da equipe médica que atende os quilombolas albinos, "a relação consanguínea entre eles tem de cessar, caso contrário poderá comprometer a saúde e o futuro da comunidade". Examinando os albinos de Filús, ele diagnosticou várias doenças de pele e se deparou com uma paciente em fase terminal de câncer. "Era uma mulher albina, com um câncer de pele em estágio avançado, provocando nela uma metástase pulmonar que terminou por matá-la", conta o médico.Gomes revela que os estudos ainda não foram concluídos, mas é consenso entre a equipe do HU que os problemas genéticos provocados pelos casamentos entre pessoas da mesma família são os responsáveis pelas anomalias congênitas identificadas nos quilombolas albinos examinados. "O isolamento, o confinamento dessas comunidades contribuiu para essa situação. E isso tem se mostrado prejudicial à saúde dessas famílias", reforça o cirurgião. Segundo ele, além do albinismo, são comuns nas comunidades quilombolas problemas como nanismo e pé torto (uma má-formação congênita muito prevalente na região).Entre os albinos atendidos pelo cirurgião está o garoto Claudivan, de 8 anos, que tinha um tumor subcutâneo na testa. De acordo com o médico, o tumor foi retirado e o menino se recuperou. O tratamento do garoto só foi possível graças à equipe do HU, o único hospital de Alagoas com serviço de genética clínica realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Mesmo com todas as dificuldades, estamos em condições de atender a todos os albinos das comunidades quilombolas de Alagoas", afirma.Desinformação. "Essas comunidades quilombolas passam por inúmeros problemas, mas a falta de esclarecimento, de educação é o pior de todos", continua o cirurgião plástico. De acordo com ele, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e infraestrutura. "A maior parte das doenças são decorrentes da falta de asseio, por causa da falta d"água, de saneamento básico e de coleta de lixo nessas comunidades. Eles poderiam ter uma qualidade de vida melhor, se fossem mais assistidos." Berenita Melo, gerente do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), afirma que o instituto acompanha e apoia os moradores de Filús, reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006, e que continuará a fazê-lo. Outra entidade que dá apoio aos moradores de Filús é o Instituto Irmãos Quilombolas, de Santana do Mundaú, que em 2010 recebeu da Câmara do município o título de associação de utilidade pública.Ao todo, Alagoas possui 64 comunidades remanescentes de quilombos. Desse total, 50 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Com a certificação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas. "A certificação trouxe mais respeito e melhorou a autoestima das comunidades. Estamos agora trabalhando projetos de geração de emprego e renda, além da implantação de serviços de saúde, educação e assistência social", afirma o historiador Geraldo de Majella, diretor-presidente do Iteral.História. Na época do Brasil Colônia, quando os negros foram trazidos para o Nordeste como escravos para trabalhar na lavoura da cana, muitos fugiram e fundaram comunidades chamadas quilombos, das quais as comunidades quilombolas descendem.O quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu comandante mais célebre, foi o que mais prosperou. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que ali trabalhavam na lavoura. Mas até hoje seus descendentes lutam pelo direito à terra.

"Desde o tempo da minha tataravó, passando pela minha bisavó, pela minha avó, mãe da minha mãe, depois por mim, por minhas filhas e assim por diante. Aqui no Muquém, primo sempre casou com prima e nunca teve problema", conta a artesã Marinalva Bezerra da Silva, de 72 anos, casada com um "primo distante", o também artesão Aurélio Nunes, de 73. O casal, descendente de escravos, vive na comunidade quilombola do Muquém, na zona rural de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Eles afirmam que, nessas comunidades, casamentos entre parentes são comuns. "Isso acontece há gerações, porque as comunidades são pequenas, povoadas por três ou quatro famílias. Aqui no Muquém, que tem pouco mais de 60 famílias, predominam as famílias Nunes, Bezerra, Silva e Cassimiro", diz a matriarca, sem considerar o risco de problemas causados pela consanguinidade. Um desses problemas é a proliferação de albinos. De acordo com médicos do Hospital Universitário de Alagoas (HU), pelo menos 12 integrantes da comunidade quilombola de Filús, na zona rural de Santana do Mundaú, passam por exames para identificar o marcador genético de suas famílias e descobrir a causa do albinismo. Entre as suspeitas está a consanguinidade.As consultas no HU começaram em março de 2009, quando a equipe comandada pelo geneticista Carlos Guilherme Gaelzer iniciou estudos sobre os problemas de saúde dos albinos dessa comunidade quilombola.As irmãs Cleonice Izabel da Silva, de 35, e Tereza Izabel da Silva, de 53, além do filho de Cleonice, de 4, foram os primeiros habitantes de Filús a ser atendidos pela equipe do HU - Tereza e o sobrinho não são albinos, mas Cleonice é. Depois, outros albinos e albinas, crianças e adultos, estiveram no hospital para exames.Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, integrante da equipe médica que atende os quilombolas albinos, "a relação consanguínea entre eles tem de cessar, caso contrário poderá comprometer a saúde e o futuro da comunidade". Examinando os albinos de Filús, ele diagnosticou várias doenças de pele e se deparou com uma paciente em fase terminal de câncer. "Era uma mulher albina, com um câncer de pele em estágio avançado, provocando nela uma metástase pulmonar que terminou por matá-la", conta o médico.Gomes revela que os estudos ainda não foram concluídos, mas é consenso entre a equipe do HU que os problemas genéticos provocados pelos casamentos entre pessoas da mesma família são os responsáveis pelas anomalias congênitas identificadas nos quilombolas albinos examinados. "O isolamento, o confinamento dessas comunidades contribuiu para essa situação. E isso tem se mostrado prejudicial à saúde dessas famílias", reforça o cirurgião. Segundo ele, além do albinismo, são comuns nas comunidades quilombolas problemas como nanismo e pé torto (uma má-formação congênita muito prevalente na região).Entre os albinos atendidos pelo cirurgião está o garoto Claudivan, de 8 anos, que tinha um tumor subcutâneo na testa. De acordo com o médico, o tumor foi retirado e o menino se recuperou. O tratamento do garoto só foi possível graças à equipe do HU, o único hospital de Alagoas com serviço de genética clínica realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Mesmo com todas as dificuldades, estamos em condições de atender a todos os albinos das comunidades quilombolas de Alagoas", afirma.Desinformação. "Essas comunidades quilombolas passam por inúmeros problemas, mas a falta de esclarecimento, de educação é o pior de todos", continua o cirurgião plástico. De acordo com ele, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e infraestrutura. "A maior parte das doenças são decorrentes da falta de asseio, por causa da falta d"água, de saneamento básico e de coleta de lixo nessas comunidades. Eles poderiam ter uma qualidade de vida melhor, se fossem mais assistidos." Berenita Melo, gerente do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), afirma que o instituto acompanha e apoia os moradores de Filús, reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006, e que continuará a fazê-lo. Outra entidade que dá apoio aos moradores de Filús é o Instituto Irmãos Quilombolas, de Santana do Mundaú, que em 2010 recebeu da Câmara do município o título de associação de utilidade pública.Ao todo, Alagoas possui 64 comunidades remanescentes de quilombos. Desse total, 50 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Com a certificação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas. "A certificação trouxe mais respeito e melhorou a autoestima das comunidades. Estamos agora trabalhando projetos de geração de emprego e renda, além da implantação de serviços de saúde, educação e assistência social", afirma o historiador Geraldo de Majella, diretor-presidente do Iteral.História. Na época do Brasil Colônia, quando os negros foram trazidos para o Nordeste como escravos para trabalhar na lavoura da cana, muitos fugiram e fundaram comunidades chamadas quilombos, das quais as comunidades quilombolas descendem.O quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu comandante mais célebre, foi o que mais prosperou. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que ali trabalhavam na lavoura. Mas até hoje seus descendentes lutam pelo direito à terra.

"Desde o tempo da minha tataravó, passando pela minha bisavó, pela minha avó, mãe da minha mãe, depois por mim, por minhas filhas e assim por diante. Aqui no Muquém, primo sempre casou com prima e nunca teve problema", conta a artesã Marinalva Bezerra da Silva, de 72 anos, casada com um "primo distante", o também artesão Aurélio Nunes, de 73. O casal, descendente de escravos, vive na comunidade quilombola do Muquém, na zona rural de União dos Palmares, a 80 quilômetros de Maceió. Eles afirmam que, nessas comunidades, casamentos entre parentes são comuns. "Isso acontece há gerações, porque as comunidades são pequenas, povoadas por três ou quatro famílias. Aqui no Muquém, que tem pouco mais de 60 famílias, predominam as famílias Nunes, Bezerra, Silva e Cassimiro", diz a matriarca, sem considerar o risco de problemas causados pela consanguinidade. Um desses problemas é a proliferação de albinos. De acordo com médicos do Hospital Universitário de Alagoas (HU), pelo menos 12 integrantes da comunidade quilombola de Filús, na zona rural de Santana do Mundaú, passam por exames para identificar o marcador genético de suas famílias e descobrir a causa do albinismo. Entre as suspeitas está a consanguinidade.As consultas no HU começaram em março de 2009, quando a equipe comandada pelo geneticista Carlos Guilherme Gaelzer iniciou estudos sobre os problemas de saúde dos albinos dessa comunidade quilombola.As irmãs Cleonice Izabel da Silva, de 35, e Tereza Izabel da Silva, de 53, além do filho de Cleonice, de 4, foram os primeiros habitantes de Filús a ser atendidos pela equipe do HU - Tereza e o sobrinho não são albinos, mas Cleonice é. Depois, outros albinos e albinas, crianças e adultos, estiveram no hospital para exames.Para o cirurgião plástico Fernando Gomes, integrante da equipe médica que atende os quilombolas albinos, "a relação consanguínea entre eles tem de cessar, caso contrário poderá comprometer a saúde e o futuro da comunidade". Examinando os albinos de Filús, ele diagnosticou várias doenças de pele e se deparou com uma paciente em fase terminal de câncer. "Era uma mulher albina, com um câncer de pele em estágio avançado, provocando nela uma metástase pulmonar que terminou por matá-la", conta o médico.Gomes revela que os estudos ainda não foram concluídos, mas é consenso entre a equipe do HU que os problemas genéticos provocados pelos casamentos entre pessoas da mesma família são os responsáveis pelas anomalias congênitas identificadas nos quilombolas albinos examinados. "O isolamento, o confinamento dessas comunidades contribuiu para essa situação. E isso tem se mostrado prejudicial à saúde dessas famílias", reforça o cirurgião. Segundo ele, além do albinismo, são comuns nas comunidades quilombolas problemas como nanismo e pé torto (uma má-formação congênita muito prevalente na região).Entre os albinos atendidos pelo cirurgião está o garoto Claudivan, de 8 anos, que tinha um tumor subcutâneo na testa. De acordo com o médico, o tumor foi retirado e o menino se recuperou. O tratamento do garoto só foi possível graças à equipe do HU, o único hospital de Alagoas com serviço de genética clínica realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). "Mesmo com todas as dificuldades, estamos em condições de atender a todos os albinos das comunidades quilombolas de Alagoas", afirma.Desinformação. "Essas comunidades quilombolas passam por inúmeros problemas, mas a falta de esclarecimento, de educação é o pior de todos", continua o cirurgião plástico. De acordo com ele, outra dificuldade é a falta de políticas públicas e infraestrutura. "A maior parte das doenças são decorrentes da falta de asseio, por causa da falta d"água, de saneamento básico e de coleta de lixo nessas comunidades. Eles poderiam ter uma qualidade de vida melhor, se fossem mais assistidos." Berenita Melo, gerente do Núcleo de Quilombolas do Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral), afirma que o instituto acompanha e apoia os moradores de Filús, reconhecida oficialmente como remanescente de quilombos em 2006, e que continuará a fazê-lo. Outra entidade que dá apoio aos moradores de Filús é o Instituto Irmãos Quilombolas, de Santana do Mundaú, que em 2010 recebeu da Câmara do município o título de associação de utilidade pública.Ao todo, Alagoas possui 64 comunidades remanescentes de quilombos. Desse total, 50 foram certificadas pela Fundação Cultural Palmares. Com a certificação, elas terão assegurados os direitos constitucionais de posse de terra e de políticas públicas específicas. "A certificação trouxe mais respeito e melhorou a autoestima das comunidades. Estamos agora trabalhando projetos de geração de emprego e renda, além da implantação de serviços de saúde, educação e assistência social", afirma o historiador Geraldo de Majella, diretor-presidente do Iteral.História. Na época do Brasil Colônia, quando os negros foram trazidos para o Nordeste como escravos para trabalhar na lavoura da cana, muitos fugiram e fundaram comunidades chamadas quilombos, das quais as comunidades quilombolas descendem.O quilombo dos Palmares, que teve Zumbi como seu comandante mais célebre, foi o que mais prosperou. Eram centenas de homens, mulheres e crianças que ali trabalhavam na lavoura. Mas até hoje seus descendentes lutam pelo direito à terra.

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