A China aprovou no domingo um enorme pacote de estímulo econômico, no valor de quase 600 bilhões de dólares, parte de uma pressão global de grandes economias por medidas que neutralizem uma esperada recessão em diverssos países. No Brasil, ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais representando 90 por cento da economia mundial afirmaram que vão trabalhar em maneiras de proteger seus países da crise de crédito. Muitas economias desenvolvidas enfrentarão uma contração no próximo ano após os empréstimos de bancos secaram, o que levou governos de Washington a Pequim a cortar juros ou elevar gastos. A agência oficial de notícias da China, Xinhua, afirmou que a quarta maior economia do mundo aprovou um pacote de gastos governamentais de 4 trilhões de iuanes (586 bilhões de dólares) a serem gastos até 2010, focando principalmente projetos de infra-estrutura. O governo anunciou ainda uma mudança para uma política monetária "moderadamente frouxa", possivelmente antecipando novas reduções dos custos de empréstimos após três cortes do juro desde meados de setembro. "Isso é muito grande", afirmou Arthur Kroeber, líder da Dragonomics, consultoria econômica em Pequim. "Reflete a visão oficial de quão sério é o problema e mostra que este é um governo que consegue mobilizar enormes quantidades de recursos para estimular a economia quando se concentram nisso." O presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, disse no sábado que o país deve crescer de 8 a 9 por cento em 2009. Alguns economistas previram que o crescimento chinês pode ficar abaixo de 8 por cento no ano que vem. Ainda neste domingo, o banco central de Taiwan cortou inesperadamente a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, a quarta redução em apenas um mês, à medida que os temores de uma recessão global ameaçam a economia baseada em exportações. NECESSIDADE DE AÇÃO COORDENADA No Brasil, ministros e outras autoridades financeiras afirmaram que são necessárias mais medidas de outros países para impulsionar o crescimento, incluindo possíveis aumentos de gastos e mais cortes de juros. "Existe um consenso de que necessitamos de uma ação coordenada para lidar com a crise", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após encontro do G20. "Como se trata de uma crise global, exige uma ação global. Daí a busca das instituições para exercerem essa ação global. O G20 é um forte candidato para exercer essa função, de um órgao coordenador das ações contra a crise." O Brasil e outras economias emergentes pediram mais voz no gerenciamento das finanças globais, que há muito tempo tem ficado nas mãos dos países ricos do G7. O ministro de Finanças sul-africano, Trevor Manuel, afirmou a jornalistas que o G7 não pode mais ser "um pequeno clube fechado". Em comunicado, o G20 viu a necessidade de uma reforma abrangente das instituições de Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, "para que possam refletir mais adequadamente as mudanças nos pesos econômicos na economia mundial". Na Europa, o principal estímulo para o crescimento virá de mais cortes nas taxas de juros, afirmou a ministra de Finanças francesa, Christine Lagarde, reiterando comentários anteriores de que um novo corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) é possível "nas próximas semanas".