DÉCADAS PERDIDAS
A China está realizando três reformas financeiras fundamentais que o Japão assumiu nas últimas décadas - liberalização das taxas de juro, internacionalização da moeda e abertura da sua conta de capital. Essas reformas devem ajudar no desenvolvimento da economia, mas passos mal dados podem ter enormes repercussões.
Políticos chineses veem o Acordo de Plaza de 1985, firmado entre o Japão e as potências ocidentais e que efetivamente aprovou um iene mais forte e a abertura da conta de capital durante os anos 1980 e 1990, como eventos cruciais para Tóquio, culminando com as "duas décadas perdidas" do Japão, dizem as fontes.
O aumento do iene que se seguiu ao acordo atingiu as principais exportações do país. Montadoras japonesas de automóveis, por exemplo, começaram a deslocar mais produção para o exterior. Isso começou a prejudicar o crescimento econômico e levou o Banco do Japão a aliviar a política monetária.
No entanto, grande parte do dinheiro da flexibilização, junto com a entrada de dinheiro estrangeiro após a liberalização da conta de capital, fluiu para ações, imóveis e outros bens.
"A China já está aplicando as lições da experiência do Japão. Mesmo com a desaceleração do crescimento, formuladores chineses de política não estão tomando medidas que podem elevar os desequilíbrios financeiros. Isso é muito sábio da parte deles", disse o membro do Conselho do Banco do Japão Takahide Kiuchi, em entrevista coletiva em Maebashi, norte de Tóquio, na quinta-feira.
(Por Kazunori Takada e Leika Kihara)