As equipes de resgate interromperam temporariamente por questões de segurança as buscas por um homem desaparecido no bairro Vila Baleia Verde, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Os técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Corpo de Bombeiros detectaram na quarta-feira, 1, uma instabilidade do solo devido às chuvas que continuam a atingir a região. Foi indicado uma pausa de, pelo menos, 48 horas sem chuvas para uma reavaliação.
Na tarde de terça-feira, um grupo de cerca de 30 bombeiros precisou ser resgatado na Vila Baleia Verde após mais uma forte chuva que atingiu a cidade. A previsão para os próximos dias continua sendo de chuvas.
No domingo de carnaval, 19, São Sebastião registrou 626 mm de chuva. Em Bertioga, 682 mm. Os maiores volumes já registrados no Brasil. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.
Ao menos 64 pessoas morreram na cidade - uma foi registrada em Ubatuba. De acordo com o governo do Estado, já foram identificados e liberados para o sepultamento 57 pessoas. São 21 homens adultos, 17 mulheres adultas e 19 crianças. A cidade tem 1.090 desalojados e 824 desabrigados.
Nesta quinta, começaram as transferências das famílias abrigadas nas escolas da Barra do Sahy, bairro mais atingido, para hotéis e pousadas da costa sul da cidade que firmaram parceria com o governo do Estado. A prioridade foi dada às pessoas com deficiência e acamadas, que já começaram a ser removidas os mais de 4 mil leitos disponibilizados pelas rede hoteleira local.
No início da semana, 84 pessoas já haviam sido encaminhadas a um hotel disponibilizado por uma instituição financeira.
Falta de efetividade dos alertas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, na quinta-feira, 23, que o sistema de alertas por mensagem de celular não foi efetivo para reduzir a tragédia em São Sebastião, no litoral norte do Estado.
Segundo ele, foram disparados 2,6 milhões de avisos antes da chuva, mas não resultaram na evacuação de pontos críticos e em outras ações preventivas. Tarcísio afirmou que vai investir em novas tecnologias para aprimorar o sistema e na instalação de sirenes em pontos críticos.
A avaliação foi feita durante entrevista coletiva, em São Sebastião, cidade para a qual Tarcísio deslocou seu gabinete. Ele disse que, por lei federal, as empresas de telefonia são obrigadas a fornecer o alerta, mas a lei não estabelece as formas. “Aqui no litoral mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta e vimos que eventualmente não teve maior efetividade. Então precisamos de uma maneira mais efetiva”, disse.
Apenas os quatro municípios do litoral norte somam 355 mil habitantes e, em razão do carnaval, receberam milhares de turistas. Cerca de 34 mil pessoas cadastradas na plataforma estadual da Defesa Civil receberam os alertas que falavam sobre “chuvas fortes e persistentes” pedindo a atenção para alagamentos e possíveis quedas de muros, sem mencionar os deslizamentos. Algumas mensagens chegaram na noite de sábado quando, devido às chuvas, algumas áreas já estavam sem sinal de celular e internet.