Chuva no litoral de SP: ‘Comunicação foi extremamente falha’, diz especialista sobre alertas


Para Pedro Côrtes, geólogo e professor da USP, as pessoas não estavam sabendo do risco que estavam correndo. Temporal devastou áreas do litoral norte do Estado

Por Caio Possati

O processo de alertar às pessoas sobre as chuvas que caíram no litoral de São Paulo no último final de semana “foi extremamente falho”, de acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor do programa de pós-graduação Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Nesta quarta-feira, o governo paulista informou que já trabalhava para avisar a população sobre os riscos de deslizamentos e alagamentos desde a última quinta, 16.

Revisor de relatórios do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o docente disse ao Estadão que as fragilidades da comunicação ficaram evidentes porque o governo teve dois dias para fazer um aviso eficaz e, mesmo assim, as pessoas não tiveram conhecimento dos perigos que corriam com os temporais, considerados os maiores já registrados no Brasil.

Professor da USP afirma que comunicação para anunciar chegada de tempestade do último final de semana, no litoral paulista, foi falho. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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“É fácil constatar que o processo de comunicação foi extremamente falho. O que se percebe, pelos relatos da imprensa, é que a população não sabia dos riscos”, diz Côrtes.

Até esta quarta-feira, 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba) haviam sido registradas e 36 pessoas estavam desaparecidas. As chuvas, que provocaram alagamentos e deslizamentos de terra, deixaram mais de 2,4 mil desalojados e desabrigados em diferentes cidade do litoral paulista. “No meu entendimento, as perdas de vida, as consequências humanas poderiam ter sido minimizadas se alertas consistentes e excessivos tivessem sido dados”, diz o geólogo.

O governo de São Paulo afirma que começou a alertar as pessoas desde quinta-feira, 16, por meio de peças informativas publicadas nas redes sociais, entrevistas de representantes da Defesa Civil para a imprensa, e envio de mensagens de SMS às pessoas que são cadastradas para receber os informativos meteorológicos.

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“À 00:52 de sexta-feira (...) o órgão (a Defesa Civil) enviou a primeira mensagem de texto via SMS. No Estado todo, são mais de 2,6 milhões de usuários cadastrados. Como o envio ocorre de acordo com o CEP cadastrado, na região do litoral norte 34 mil celulares inscritos receberam as mensagens”, informou o governo por meio de nota.

De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as tempestades do último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga, 626 mm em São Sebastião, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba - um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

“Apesar dessas manifestações por parte do governo, isso acabou não sendo efetivo. Isso só funciona para quem se inscreveu no serviço. Quando, na verdade, (o envio do SMS) deveria ser mandatório para todas as operadoras de celular”, diz Cortês, que que alerta sobre a necessidade de adotar outras práticas para ampliar a comunicação de uma situação emergencial.

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Chuvas do final de semana deixaram mais de 2,4 mil pessoas desalojadas e desabrigadas no litoral de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma delas, segundo ele, é a Defesa Civil bater pessoalmente na casa das pessoas que moram em locais vulneráveis e informá-las sobre os riscos de deslizamento. A segunda seria usar melhor a imprensa para divulgar e ampliar o alcance das informações. “Isso teria um apelo muito significativo. Acredito que muitas pessoas evitariam um deslocamento (para a região) face esse tipo de alerta”, diz o docente, em referência a ida de turistas às cidades mais atingidas para passar o Carnaval.

Além disso, Pedro Côrtes diz também que as prefeituras não devem ter uma postura passiva de só começar a agir quando os alertas são emitidos.

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No caso especifico do último final de semana, o geólogo diz que não ficou claro como se deu a comunicação do Estado com as prefeituras, mas considerando que o governo já sabia da possibilidade de uma chuva forte dois dias antes do evento extremo, ele entende que as gestões municipais poderiam ter se mobilizado para erguer hospitais de campanha ou organizado escolas para acolher desabrigados.

“As prefeituras podem alegar que o tempo foi curto, mas o que me parece é que mesmo essas poucas horas que antecederam às chuvas sequer foram utilizadas. O tempo é curto, mas é melhor tentar o máximo possível do que nada”, afirma o especialista.

O presidente do Cemaden, Osvaldo Moraes, diz que o órgão avisou o Executivo estadual sobre o risco de fortes chuvas e deslizamentos no litoral do Estado na manhã da última sexta, 17, mas que alertas já estavam sendo apresentados no site do Centro desde o dia anterior.

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Ao Estadão, Moraes admitiu que é necessário rever os protocolos de emergência do Cemaden, que prevê o envio de alertas de emergência às defesas civis quando começa a chover e quando a intensidade dos temporais aumenta com o passar das horas. “Se formos avaliar, os cinco maiores eventos extremos ocorreram no Brasil nos últimos dois anos. Precisamos rever esses protocolos e melhorar a legislação vigente”, afirma Moraes.

Em termos de preparação para um evento extremo, o professor Cortês compara a destruição causada pelos temporais do último final de semana com a passagem de um furacão. “Nas áreas em que se tem uma estrutura, há todo um preparo para alertar a população. Mesmo que o furacão acabe não passando - porque a trajetória muda ou perde intensidade - as pessoas são avisadas”, diz.

O processo de alertar às pessoas sobre as chuvas que caíram no litoral de São Paulo no último final de semana “foi extremamente falho”, de acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor do programa de pós-graduação Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Nesta quarta-feira, o governo paulista informou que já trabalhava para avisar a população sobre os riscos de deslizamentos e alagamentos desde a última quinta, 16.

Revisor de relatórios do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o docente disse ao Estadão que as fragilidades da comunicação ficaram evidentes porque o governo teve dois dias para fazer um aviso eficaz e, mesmo assim, as pessoas não tiveram conhecimento dos perigos que corriam com os temporais, considerados os maiores já registrados no Brasil.

Professor da USP afirma que comunicação para anunciar chegada de tempestade do último final de semana, no litoral paulista, foi falho. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É fácil constatar que o processo de comunicação foi extremamente falho. O que se percebe, pelos relatos da imprensa, é que a população não sabia dos riscos”, diz Côrtes.

Até esta quarta-feira, 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba) haviam sido registradas e 36 pessoas estavam desaparecidas. As chuvas, que provocaram alagamentos e deslizamentos de terra, deixaram mais de 2,4 mil desalojados e desabrigados em diferentes cidade do litoral paulista. “No meu entendimento, as perdas de vida, as consequências humanas poderiam ter sido minimizadas se alertas consistentes e excessivos tivessem sido dados”, diz o geólogo.

O governo de São Paulo afirma que começou a alertar as pessoas desde quinta-feira, 16, por meio de peças informativas publicadas nas redes sociais, entrevistas de representantes da Defesa Civil para a imprensa, e envio de mensagens de SMS às pessoas que são cadastradas para receber os informativos meteorológicos.

“À 00:52 de sexta-feira (...) o órgão (a Defesa Civil) enviou a primeira mensagem de texto via SMS. No Estado todo, são mais de 2,6 milhões de usuários cadastrados. Como o envio ocorre de acordo com o CEP cadastrado, na região do litoral norte 34 mil celulares inscritos receberam as mensagens”, informou o governo por meio de nota.

De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as tempestades do último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga, 626 mm em São Sebastião, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba - um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

“Apesar dessas manifestações por parte do governo, isso acabou não sendo efetivo. Isso só funciona para quem se inscreveu no serviço. Quando, na verdade, (o envio do SMS) deveria ser mandatório para todas as operadoras de celular”, diz Cortês, que que alerta sobre a necessidade de adotar outras práticas para ampliar a comunicação de uma situação emergencial.

Chuvas do final de semana deixaram mais de 2,4 mil pessoas desalojadas e desabrigadas no litoral de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma delas, segundo ele, é a Defesa Civil bater pessoalmente na casa das pessoas que moram em locais vulneráveis e informá-las sobre os riscos de deslizamento. A segunda seria usar melhor a imprensa para divulgar e ampliar o alcance das informações. “Isso teria um apelo muito significativo. Acredito que muitas pessoas evitariam um deslocamento (para a região) face esse tipo de alerta”, diz o docente, em referência a ida de turistas às cidades mais atingidas para passar o Carnaval.

Além disso, Pedro Côrtes diz também que as prefeituras não devem ter uma postura passiva de só começar a agir quando os alertas são emitidos.

No caso especifico do último final de semana, o geólogo diz que não ficou claro como se deu a comunicação do Estado com as prefeituras, mas considerando que o governo já sabia da possibilidade de uma chuva forte dois dias antes do evento extremo, ele entende que as gestões municipais poderiam ter se mobilizado para erguer hospitais de campanha ou organizado escolas para acolher desabrigados.

“As prefeituras podem alegar que o tempo foi curto, mas o que me parece é que mesmo essas poucas horas que antecederam às chuvas sequer foram utilizadas. O tempo é curto, mas é melhor tentar o máximo possível do que nada”, afirma o especialista.

O presidente do Cemaden, Osvaldo Moraes, diz que o órgão avisou o Executivo estadual sobre o risco de fortes chuvas e deslizamentos no litoral do Estado na manhã da última sexta, 17, mas que alertas já estavam sendo apresentados no site do Centro desde o dia anterior.

Ao Estadão, Moraes admitiu que é necessário rever os protocolos de emergência do Cemaden, que prevê o envio de alertas de emergência às defesas civis quando começa a chover e quando a intensidade dos temporais aumenta com o passar das horas. “Se formos avaliar, os cinco maiores eventos extremos ocorreram no Brasil nos últimos dois anos. Precisamos rever esses protocolos e melhorar a legislação vigente”, afirma Moraes.

Em termos de preparação para um evento extremo, o professor Cortês compara a destruição causada pelos temporais do último final de semana com a passagem de um furacão. “Nas áreas em que se tem uma estrutura, há todo um preparo para alertar a população. Mesmo que o furacão acabe não passando - porque a trajetória muda ou perde intensidade - as pessoas são avisadas”, diz.

O processo de alertar às pessoas sobre as chuvas que caíram no litoral de São Paulo no último final de semana “foi extremamente falho”, de acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor do programa de pós-graduação Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Nesta quarta-feira, o governo paulista informou que já trabalhava para avisar a população sobre os riscos de deslizamentos e alagamentos desde a última quinta, 16.

Revisor de relatórios do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o docente disse ao Estadão que as fragilidades da comunicação ficaram evidentes porque o governo teve dois dias para fazer um aviso eficaz e, mesmo assim, as pessoas não tiveram conhecimento dos perigos que corriam com os temporais, considerados os maiores já registrados no Brasil.

Professor da USP afirma que comunicação para anunciar chegada de tempestade do último final de semana, no litoral paulista, foi falho. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É fácil constatar que o processo de comunicação foi extremamente falho. O que se percebe, pelos relatos da imprensa, é que a população não sabia dos riscos”, diz Côrtes.

Até esta quarta-feira, 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba) haviam sido registradas e 36 pessoas estavam desaparecidas. As chuvas, que provocaram alagamentos e deslizamentos de terra, deixaram mais de 2,4 mil desalojados e desabrigados em diferentes cidade do litoral paulista. “No meu entendimento, as perdas de vida, as consequências humanas poderiam ter sido minimizadas se alertas consistentes e excessivos tivessem sido dados”, diz o geólogo.

O governo de São Paulo afirma que começou a alertar as pessoas desde quinta-feira, 16, por meio de peças informativas publicadas nas redes sociais, entrevistas de representantes da Defesa Civil para a imprensa, e envio de mensagens de SMS às pessoas que são cadastradas para receber os informativos meteorológicos.

“À 00:52 de sexta-feira (...) o órgão (a Defesa Civil) enviou a primeira mensagem de texto via SMS. No Estado todo, são mais de 2,6 milhões de usuários cadastrados. Como o envio ocorre de acordo com o CEP cadastrado, na região do litoral norte 34 mil celulares inscritos receberam as mensagens”, informou o governo por meio de nota.

De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as tempestades do último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga, 626 mm em São Sebastião, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba - um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

“Apesar dessas manifestações por parte do governo, isso acabou não sendo efetivo. Isso só funciona para quem se inscreveu no serviço. Quando, na verdade, (o envio do SMS) deveria ser mandatório para todas as operadoras de celular”, diz Cortês, que que alerta sobre a necessidade de adotar outras práticas para ampliar a comunicação de uma situação emergencial.

Chuvas do final de semana deixaram mais de 2,4 mil pessoas desalojadas e desabrigadas no litoral de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma delas, segundo ele, é a Defesa Civil bater pessoalmente na casa das pessoas que moram em locais vulneráveis e informá-las sobre os riscos de deslizamento. A segunda seria usar melhor a imprensa para divulgar e ampliar o alcance das informações. “Isso teria um apelo muito significativo. Acredito que muitas pessoas evitariam um deslocamento (para a região) face esse tipo de alerta”, diz o docente, em referência a ida de turistas às cidades mais atingidas para passar o Carnaval.

Além disso, Pedro Côrtes diz também que as prefeituras não devem ter uma postura passiva de só começar a agir quando os alertas são emitidos.

No caso especifico do último final de semana, o geólogo diz que não ficou claro como se deu a comunicação do Estado com as prefeituras, mas considerando que o governo já sabia da possibilidade de uma chuva forte dois dias antes do evento extremo, ele entende que as gestões municipais poderiam ter se mobilizado para erguer hospitais de campanha ou organizado escolas para acolher desabrigados.

“As prefeituras podem alegar que o tempo foi curto, mas o que me parece é que mesmo essas poucas horas que antecederam às chuvas sequer foram utilizadas. O tempo é curto, mas é melhor tentar o máximo possível do que nada”, afirma o especialista.

O presidente do Cemaden, Osvaldo Moraes, diz que o órgão avisou o Executivo estadual sobre o risco de fortes chuvas e deslizamentos no litoral do Estado na manhã da última sexta, 17, mas que alertas já estavam sendo apresentados no site do Centro desde o dia anterior.

Ao Estadão, Moraes admitiu que é necessário rever os protocolos de emergência do Cemaden, que prevê o envio de alertas de emergência às defesas civis quando começa a chover e quando a intensidade dos temporais aumenta com o passar das horas. “Se formos avaliar, os cinco maiores eventos extremos ocorreram no Brasil nos últimos dois anos. Precisamos rever esses protocolos e melhorar a legislação vigente”, afirma Moraes.

Em termos de preparação para um evento extremo, o professor Cortês compara a destruição causada pelos temporais do último final de semana com a passagem de um furacão. “Nas áreas em que se tem uma estrutura, há todo um preparo para alertar a população. Mesmo que o furacão acabe não passando - porque a trajetória muda ou perde intensidade - as pessoas são avisadas”, diz.

O processo de alertar às pessoas sobre as chuvas que caíram no litoral de São Paulo no último final de semana “foi extremamente falho”, de acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor do programa de pós-graduação Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Nesta quarta-feira, o governo paulista informou que já trabalhava para avisar a população sobre os riscos de deslizamentos e alagamentos desde a última quinta, 16.

Revisor de relatórios do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o docente disse ao Estadão que as fragilidades da comunicação ficaram evidentes porque o governo teve dois dias para fazer um aviso eficaz e, mesmo assim, as pessoas não tiveram conhecimento dos perigos que corriam com os temporais, considerados os maiores já registrados no Brasil.

Professor da USP afirma que comunicação para anunciar chegada de tempestade do último final de semana, no litoral paulista, foi falho. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

“É fácil constatar que o processo de comunicação foi extremamente falho. O que se percebe, pelos relatos da imprensa, é que a população não sabia dos riscos”, diz Côrtes.

Até esta quarta-feira, 48 mortes (47 em São Sebastião e uma em Ubatuba) haviam sido registradas e 36 pessoas estavam desaparecidas. As chuvas, que provocaram alagamentos e deslizamentos de terra, deixaram mais de 2,4 mil desalojados e desabrigados em diferentes cidade do litoral paulista. “No meu entendimento, as perdas de vida, as consequências humanas poderiam ter sido minimizadas se alertas consistentes e excessivos tivessem sido dados”, diz o geólogo.

O governo de São Paulo afirma que começou a alertar as pessoas desde quinta-feira, 16, por meio de peças informativas publicadas nas redes sociais, entrevistas de representantes da Defesa Civil para a imprensa, e envio de mensagens de SMS às pessoas que são cadastradas para receber os informativos meteorológicos.

“À 00:52 de sexta-feira (...) o órgão (a Defesa Civil) enviou a primeira mensagem de texto via SMS. No Estado todo, são mais de 2,6 milhões de usuários cadastrados. Como o envio ocorre de acordo com o CEP cadastrado, na região do litoral norte 34 mil celulares inscritos receberam as mensagens”, informou o governo por meio de nota.

De acordo com o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden), as tempestades do último sábado e domingo resultaram no acumulado de 682 mm em Bertioga, 626 mm em São Sebastião, 337 mm em Ilhabela, 335 mm em Ubatuba e 234 mm em Caraguatatuba - um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

“Apesar dessas manifestações por parte do governo, isso acabou não sendo efetivo. Isso só funciona para quem se inscreveu no serviço. Quando, na verdade, (o envio do SMS) deveria ser mandatório para todas as operadoras de celular”, diz Cortês, que que alerta sobre a necessidade de adotar outras práticas para ampliar a comunicação de uma situação emergencial.

Chuvas do final de semana deixaram mais de 2,4 mil pessoas desalojadas e desabrigadas no litoral de São Paulo. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma delas, segundo ele, é a Defesa Civil bater pessoalmente na casa das pessoas que moram em locais vulneráveis e informá-las sobre os riscos de deslizamento. A segunda seria usar melhor a imprensa para divulgar e ampliar o alcance das informações. “Isso teria um apelo muito significativo. Acredito que muitas pessoas evitariam um deslocamento (para a região) face esse tipo de alerta”, diz o docente, em referência a ida de turistas às cidades mais atingidas para passar o Carnaval.

Além disso, Pedro Côrtes diz também que as prefeituras não devem ter uma postura passiva de só começar a agir quando os alertas são emitidos.

No caso especifico do último final de semana, o geólogo diz que não ficou claro como se deu a comunicação do Estado com as prefeituras, mas considerando que o governo já sabia da possibilidade de uma chuva forte dois dias antes do evento extremo, ele entende que as gestões municipais poderiam ter se mobilizado para erguer hospitais de campanha ou organizado escolas para acolher desabrigados.

“As prefeituras podem alegar que o tempo foi curto, mas o que me parece é que mesmo essas poucas horas que antecederam às chuvas sequer foram utilizadas. O tempo é curto, mas é melhor tentar o máximo possível do que nada”, afirma o especialista.

O presidente do Cemaden, Osvaldo Moraes, diz que o órgão avisou o Executivo estadual sobre o risco de fortes chuvas e deslizamentos no litoral do Estado na manhã da última sexta, 17, mas que alertas já estavam sendo apresentados no site do Centro desde o dia anterior.

Ao Estadão, Moraes admitiu que é necessário rever os protocolos de emergência do Cemaden, que prevê o envio de alertas de emergência às defesas civis quando começa a chover e quando a intensidade dos temporais aumenta com o passar das horas. “Se formos avaliar, os cinco maiores eventos extremos ocorreram no Brasil nos últimos dois anos. Precisamos rever esses protocolos e melhorar a legislação vigente”, afirma Moraes.

Em termos de preparação para um evento extremo, o professor Cortês compara a destruição causada pelos temporais do último final de semana com a passagem de um furacão. “Nas áreas em que se tem uma estrutura, há todo um preparo para alertar a população. Mesmo que o furacão acabe não passando - porque a trajetória muda ou perde intensidade - as pessoas são avisadas”, diz.

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