O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que ocupa a presidência da República enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está fora do Brasil, prevê visitar o Rio Grande do Sul no domingo, 10. O Estado registra fortes chuvas e alagamentos, com 41 mortes e 46 desaparecidos, e enfrenta a pior catástrofe climática da sua história. Segundo Alckmin, mais de uma cidade será visitada pela comitiva federal: Lajeado, Roca Sales e Arroio do Meio.
Lula tem sido criticado por aliados e pela oposição por não ter visitado a área da tragédia ambiental, a maior já registrada no Estado. Nesta quinta, ele participou em Brasília das comemorações do Dia da Independência, gravou um vídeo comendo jabuticaba do pé e deixou o Brasil rumo à Índia. A agenda de trabalho do presidente no G-20 só começa no sábado, 10. Lá, ele participa nos próximos dias da reunião do G-20, grupo das 20 maiores economias do mundo. O presidente da República embarca de volta na segunda-feira, 11.
Na tarde desta sexta-feira, o presidente escreveu no “X”, antigo Twitter, que orientou o governo a ficar de prontidão e que o vice-presidente e os ministros formaram um comitê permanente de apoio ao Estado. “Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cesta de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas estão sendo disponibilizados. Além disso, o valor de R$ 800 por pessoa será disponibilizado as prefeituras para remediar os danos causados pelas fortes chuvas”, afirmou Lula.
Questionado sobre a ausência de Lula, Alckmin disse que o presidente teve uma indisposição de saúde na quarta e, na quinta, teve de comparecer as solenidades do Sete de Setembro. Ele afirmou que tem conversado com Lula sobre a crise no Rio Grande do Sul e argumentou que o presidente está na Índia para discutir questões relacionadas às mudanças climáticas, que estão no cerne da catástrofe no Rio Grande do Sul. Na sequência, destacou que ministros também já foram ao local. “Mas todo o governo está empenhado em atender a região”, disse.
“Conversamos, o presidente Lula está super interessado. O presidente está trabalhando desde antes do fato ser ocorrido através da área de alerta de meio ambiente. Está trabalhando desde início. Tudo isso é resultado das mudanças climáticas, o presidente está na Índia e um dos temas abordados é a questão do aquecimento global e das mudanças temáticas”, argumentou ainda.
Segundo Alckmin, a Marinha e o Exército já enviaram os botes pedidos pelo governo do Estado. As Forças Armadas, segundo o presidente em exercício, também cederam 450 militares e oito helicópteros para ajudar no trabalho na região. O governo também criou uma sala de situação para responder à crise.
Serão encaminhadas 20 mil cestas de alimentos às famílias atingidas - as primeiras cinco mil chegam no domingo. O Ministério da Saúde encaminhou os kits de medicamentos para 15 mil pessoas. Haverá uma nova reunião sobre o tema no fim do dia. Alckmin detalhou como será a liberação de recursos:
“ A partir de hoje o governo através do MDS está liberando R$ 800 por pessoa. Isso é para a prefeitura. O critério é por pessoa atingida de cada município, mas o dinheiro vai ser transferido para os municípios para ajudar a atender as famílias desabrigadas, poderem atender melhor a população. São R$ 800 por pessoa desabrigada, não por família. A partir de hoje começa o credenciamento”, disse Alckmin.
O apoio federal às cidades gaúchas foi discutido na manhã desta sexta em reunião convocada por Alckmin no Palácio do Planalto com os ministros José Múcio Monteiro (Defesa), Nísia Trindade (Saúde), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Pimenta (Secom).
No início do ano, o presidente Lula interrompeu a folga de carnaval para acompanhar operações de resgate no litoral Norte de São Paulo, que foi atingido por fortes chuvas e deixou mais de 60 mortos.
Poder público falha na prevenção, dizem especialistas
Segundo especialistas, os governos falham na prevenção de tragédias e as mudanças climáticas exige mudanças na forma como atuam na resposta a desastres naturais. Com o aumento de temperatura no planeta, os cientistas preveem que eventos climáticos extremos, como o ciclone que passou pelo Sul do País, fiquem mais frequentes e intensos.
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