Como funciona o uso privado de praias em outros países?


Senado discute PEC que pode permitir a transferência de terrenos da União à beira-mar para proprietários particulares

Por Leonardo Zvarick

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado está discutindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode permitir a transferência de terrenos da União à beira-mar para proprietários particulares.

Ainda que não trate especificamente da privatização de praias, o texto provocou polêmica, pois segundo especialistas, caso seja aprovado, permite que sejam criadas barreiras no acesso à faixa de areia - com a construção de empreendimentos turísticos e imobiliários.

Em outros países, existem diferentes modelos de utilização da praia pelo setor privado. Veja alguns:

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Itália

O turismo à beira-mar é um dos principais setores da economia italiana. Embora sejam consideradas bens públicos, parte considerável das praias do país é ocupada por estabelecimentos balneares por meio de concessões com o governo - cerca de 40%, segundo relatório de 2020 da entidade ambientalista Legambiente.

Positano é um dos destinos mais procurados pelos turistas na Costa Amalfitana, na Itália  Foto: NATALIA ZONTA/ESTADÃO - 01/07/2009
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A concessão permite que o setor privado explore comercialmente as áreas, com a cobrança de ingresso e oferta de serviços como alimentação, além de itens como espreguiçadeiras e guarda-sol. O acesso à faixa de cinco metros mais rente ao oceano, porém, deve ser livre e gratuito.

Segundo o portal Wired, no entanto, muitas dessas licenças estão sendo transmitidas de geração em geração e permanecem há décadas sob controle de algumas famílias, contrariando convenções da União Europeia.

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Em 1992, uma alteração no Código de Navegação estabeleceu que as empresas titulares das concessões têm preferência em relação a outras entidades, e que os contratos são renovados automaticamente a cada 6 anos.

A lei passa por um moroso processo de revisão e novas concorrências devem ser lançadas neste ano para estabelecer novas concessões.

França

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A rigor, não existem praias particulares na França, uma vez que a lei garante acesso público e gratuito a essas áreas. O Estado pode, no entanto, oferecer concessões de uso para empresas privadas mediante o pagamento de uma taxa.

Geralmente são hotéis, restaurantes ou clubes que reservam parte da faixa de areia para seus frequentadores.

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As concessões têm duração máxima de doze anos e há regras que proíbem, por exemplo, as construções permanentes na praia. Já as instalações temporárias, como cercados, devem ser removidos ao final de cada temporada.

As operadoras também são obrigadas a deixar livre ao menos 80% do comprimento da superfície da praia e reservar uma larga faixa de passagem ao longo do mar. Bloqueios no acesso à faixa de areia são proibidos.

Atualmente, segundo o jornal Le Monde, existem 1.500 concessões ativas desse tipo no país.

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Estados Unidos

Embora a legislação estabeleça que todas as praias dos Estados Unidos devem ter algum trecho reservado para o uso coletivo gratuito, a divisão entre o público e o privado varia de um estado para o outro.

Normalmente, o controle dos proprietários de imóveis e terrenos à beira-mar é delimitado pela linha da maré alta, mas em alguns casos se estende até o limite da maré baixa. Há Estados em que o trecho seco da praia fica inacessível para visitantes.

Um artigo publicado na revista The Atlantic destaca algumas dessas diferenças. No Oregon, por exemplo, toda a faixa de areia seca é considerada pública, até o início da vegetação. Já em Rhode Island, as pessoas podem circular na praia desde que não avancem mais de três metros da linha da maré alta. No Maine e em Massachusetts, por outro lado, a recreação pública é aberta somente na área tocada pelo mar.

Em alguns casos, segundo o artigo, as regras praticamente inviabilizam o acesso a algumas partes da costa. Um exemplo é a praia de Lido, em Nova York, que pode ser acessada sem dificuldades por residentes ou hóspedes de hotéis por meio de passagens exclusivas. A entrada pública para os demais visitantes fica a 800 metros de distância.

México

Não existem praias privadas no México, mas o governo permite a concessão de trechos da faixa de areia para o desenvolvimento de atividades econômicas, também com o pagamento de taxa. A área é delimitada em 20 metros a partir da maré alta.

Praias paradisíacas de Riviera Nayarit, no México, são focadas no turismo  Foto: JULIANA SAYURI/ESTADÃO - 28/06/2013

As licenças têm duração máxima de 20 anos e permitem a prestação de serviços turísticos diversos, inclusive com a instalação de infraestrutura - por exemplo quiosques.

A legislação proíbe que os titulares da concessão impeçam a circulação de pessoas na praia ou que exijam consumo para acessar a área.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado está discutindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode permitir a transferência de terrenos da União à beira-mar para proprietários particulares.

Ainda que não trate especificamente da privatização de praias, o texto provocou polêmica, pois segundo especialistas, caso seja aprovado, permite que sejam criadas barreiras no acesso à faixa de areia - com a construção de empreendimentos turísticos e imobiliários.

Em outros países, existem diferentes modelos de utilização da praia pelo setor privado. Veja alguns:

Itália

O turismo à beira-mar é um dos principais setores da economia italiana. Embora sejam consideradas bens públicos, parte considerável das praias do país é ocupada por estabelecimentos balneares por meio de concessões com o governo - cerca de 40%, segundo relatório de 2020 da entidade ambientalista Legambiente.

Positano é um dos destinos mais procurados pelos turistas na Costa Amalfitana, na Itália  Foto: NATALIA ZONTA/ESTADÃO - 01/07/2009

A concessão permite que o setor privado explore comercialmente as áreas, com a cobrança de ingresso e oferta de serviços como alimentação, além de itens como espreguiçadeiras e guarda-sol. O acesso à faixa de cinco metros mais rente ao oceano, porém, deve ser livre e gratuito.

Segundo o portal Wired, no entanto, muitas dessas licenças estão sendo transmitidas de geração em geração e permanecem há décadas sob controle de algumas famílias, contrariando convenções da União Europeia.

Em 1992, uma alteração no Código de Navegação estabeleceu que as empresas titulares das concessões têm preferência em relação a outras entidades, e que os contratos são renovados automaticamente a cada 6 anos.

A lei passa por um moroso processo de revisão e novas concorrências devem ser lançadas neste ano para estabelecer novas concessões.

França

A rigor, não existem praias particulares na França, uma vez que a lei garante acesso público e gratuito a essas áreas. O Estado pode, no entanto, oferecer concessões de uso para empresas privadas mediante o pagamento de uma taxa.

Geralmente são hotéis, restaurantes ou clubes que reservam parte da faixa de areia para seus frequentadores.

As concessões têm duração máxima de doze anos e há regras que proíbem, por exemplo, as construções permanentes na praia. Já as instalações temporárias, como cercados, devem ser removidos ao final de cada temporada.

As operadoras também são obrigadas a deixar livre ao menos 80% do comprimento da superfície da praia e reservar uma larga faixa de passagem ao longo do mar. Bloqueios no acesso à faixa de areia são proibidos.

Atualmente, segundo o jornal Le Monde, existem 1.500 concessões ativas desse tipo no país.

Estados Unidos

Embora a legislação estabeleça que todas as praias dos Estados Unidos devem ter algum trecho reservado para o uso coletivo gratuito, a divisão entre o público e o privado varia de um estado para o outro.

Normalmente, o controle dos proprietários de imóveis e terrenos à beira-mar é delimitado pela linha da maré alta, mas em alguns casos se estende até o limite da maré baixa. Há Estados em que o trecho seco da praia fica inacessível para visitantes.

Um artigo publicado na revista The Atlantic destaca algumas dessas diferenças. No Oregon, por exemplo, toda a faixa de areia seca é considerada pública, até o início da vegetação. Já em Rhode Island, as pessoas podem circular na praia desde que não avancem mais de três metros da linha da maré alta. No Maine e em Massachusetts, por outro lado, a recreação pública é aberta somente na área tocada pelo mar.

Em alguns casos, segundo o artigo, as regras praticamente inviabilizam o acesso a algumas partes da costa. Um exemplo é a praia de Lido, em Nova York, que pode ser acessada sem dificuldades por residentes ou hóspedes de hotéis por meio de passagens exclusivas. A entrada pública para os demais visitantes fica a 800 metros de distância.

México

Não existem praias privadas no México, mas o governo permite a concessão de trechos da faixa de areia para o desenvolvimento de atividades econômicas, também com o pagamento de taxa. A área é delimitada em 20 metros a partir da maré alta.

Praias paradisíacas de Riviera Nayarit, no México, são focadas no turismo  Foto: JULIANA SAYURI/ESTADÃO - 28/06/2013

As licenças têm duração máxima de 20 anos e permitem a prestação de serviços turísticos diversos, inclusive com a instalação de infraestrutura - por exemplo quiosques.

A legislação proíbe que os titulares da concessão impeçam a circulação de pessoas na praia ou que exijam consumo para acessar a área.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado está discutindo uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode permitir a transferência de terrenos da União à beira-mar para proprietários particulares.

Ainda que não trate especificamente da privatização de praias, o texto provocou polêmica, pois segundo especialistas, caso seja aprovado, permite que sejam criadas barreiras no acesso à faixa de areia - com a construção de empreendimentos turísticos e imobiliários.

Em outros países, existem diferentes modelos de utilização da praia pelo setor privado. Veja alguns:

Itália

O turismo à beira-mar é um dos principais setores da economia italiana. Embora sejam consideradas bens públicos, parte considerável das praias do país é ocupada por estabelecimentos balneares por meio de concessões com o governo - cerca de 40%, segundo relatório de 2020 da entidade ambientalista Legambiente.

Positano é um dos destinos mais procurados pelos turistas na Costa Amalfitana, na Itália  Foto: NATALIA ZONTA/ESTADÃO - 01/07/2009

A concessão permite que o setor privado explore comercialmente as áreas, com a cobrança de ingresso e oferta de serviços como alimentação, além de itens como espreguiçadeiras e guarda-sol. O acesso à faixa de cinco metros mais rente ao oceano, porém, deve ser livre e gratuito.

Segundo o portal Wired, no entanto, muitas dessas licenças estão sendo transmitidas de geração em geração e permanecem há décadas sob controle de algumas famílias, contrariando convenções da União Europeia.

Em 1992, uma alteração no Código de Navegação estabeleceu que as empresas titulares das concessões têm preferência em relação a outras entidades, e que os contratos são renovados automaticamente a cada 6 anos.

A lei passa por um moroso processo de revisão e novas concorrências devem ser lançadas neste ano para estabelecer novas concessões.

França

A rigor, não existem praias particulares na França, uma vez que a lei garante acesso público e gratuito a essas áreas. O Estado pode, no entanto, oferecer concessões de uso para empresas privadas mediante o pagamento de uma taxa.

Geralmente são hotéis, restaurantes ou clubes que reservam parte da faixa de areia para seus frequentadores.

As concessões têm duração máxima de doze anos e há regras que proíbem, por exemplo, as construções permanentes na praia. Já as instalações temporárias, como cercados, devem ser removidos ao final de cada temporada.

As operadoras também são obrigadas a deixar livre ao menos 80% do comprimento da superfície da praia e reservar uma larga faixa de passagem ao longo do mar. Bloqueios no acesso à faixa de areia são proibidos.

Atualmente, segundo o jornal Le Monde, existem 1.500 concessões ativas desse tipo no país.

Estados Unidos

Embora a legislação estabeleça que todas as praias dos Estados Unidos devem ter algum trecho reservado para o uso coletivo gratuito, a divisão entre o público e o privado varia de um estado para o outro.

Normalmente, o controle dos proprietários de imóveis e terrenos à beira-mar é delimitado pela linha da maré alta, mas em alguns casos se estende até o limite da maré baixa. Há Estados em que o trecho seco da praia fica inacessível para visitantes.

Um artigo publicado na revista The Atlantic destaca algumas dessas diferenças. No Oregon, por exemplo, toda a faixa de areia seca é considerada pública, até o início da vegetação. Já em Rhode Island, as pessoas podem circular na praia desde que não avancem mais de três metros da linha da maré alta. No Maine e em Massachusetts, por outro lado, a recreação pública é aberta somente na área tocada pelo mar.

Em alguns casos, segundo o artigo, as regras praticamente inviabilizam o acesso a algumas partes da costa. Um exemplo é a praia de Lido, em Nova York, que pode ser acessada sem dificuldades por residentes ou hóspedes de hotéis por meio de passagens exclusivas. A entrada pública para os demais visitantes fica a 800 metros de distância.

México

Não existem praias privadas no México, mas o governo permite a concessão de trechos da faixa de areia para o desenvolvimento de atividades econômicas, também com o pagamento de taxa. A área é delimitada em 20 metros a partir da maré alta.

Praias paradisíacas de Riviera Nayarit, no México, são focadas no turismo  Foto: JULIANA SAYURI/ESTADÃO - 28/06/2013

As licenças têm duração máxima de 20 anos e permitem a prestação de serviços turísticos diversos, inclusive com a instalação de infraestrutura - por exemplo quiosques.

A legislação proíbe que os titulares da concessão impeçam a circulação de pessoas na praia ou que exijam consumo para acessar a área.

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