Comum no verão do Sudeste, temporal que já matou 20 pessoas é atípico na Bahia


Fenômeno anual não costuma chegar à região Nordeste do País e nem provocar volume tão alto de chuva em tão pouco tempo, aponta José Marengo, climatologista e coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais

Por João Ker

O temporal que atinge a Bahia e já matou 20 pessoas até esta segunda-feira, 27, é parte do fenômeno de convergência do Atlântico Sul, quando o ar úmido do continente se encontra com os ventos polares do sul. Apesar de ser natural nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, a zona atingida este ano está acima de regiões onde ele acontece normalmente, cujo foco costuma ser o Sudeste.

"Estamos no verão e essa é a temporada chuvosa em toda a região Sudeste do Brasil. O curioso é que isso está agora mais ao norte do País e, normalmente, é em São Paulo, Rio e Minas Gerais", explica José Marengo, climatologista e coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Ele observa que os desastres causados pela convergência do Atlântico Sul costumam ocorrer porque a chuva cessa por um ou dois dias e, depois, retoma com a mesma intensidade. No caso da Bahia, onde o temporal começou no último dia 20, Marengo ainda aponta que o volume de água tem sido até 300% acima do esperado para todo o mês de dezembro. 

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"O fenômeno ficou pior. Normalmente, Salvador tem 60 milímetros de chuva em dezembro, mas até o dia 21 deste mês já choveu quase 200 milímetros. Isso é um volume muito grande de água para poucos dias", observa. "O problema não é o tanto que chove no mês, mas como a chuva se distribui."

Morador de Itapetinga, na Bahia, tenta salvar os pertences em meio à enchente; temporal no Estado já atingiu ao menos 116 municípios Foto: Manuella LUANA / AFP

A tragédia que tem assolado municípios como ItapetingaIlhéus e Itabuna ainda é potencializada pelas próprias características geográficas do interior baiano. "Se fosse uma área com população menor, seria apenas chuva intensa. Mas quando temos pessoas morando perto dos rios e córregos, qualquer chuvinha já causa alagamentos", aponta Marengo. 

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Apesar de o volume e da região atingida não serem características desse fenômeno sazonal, Marengo pede cautela ao atribuir as tragédias ao aquecimento global ou às queimadas que aumentaram na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal este ano. "É um pouco cedo para afirmar isso, porque este ano tivemos muitos extremos. Ainda que tenha toda essa intensidade, os fenômenos meteorológicos podem acontecer simultaneamente como parte da mesma atmosfera."

Ele alerta ainda para a tendência de que esses fenômenos e suas tragédias se tornem mais regulares nos próximos anos. "O lado positivo, se é que podemos dizer isso, é que o número de mortos poderia ter sido pior se não houvesse os alertas emitidos pela Defesa Civil. Esses eventos estão ficando mais comuns e frequentes, independente das mudanças climáticas, então precisamos estar alerta, principalmente quem mora em área de risco."

O temporal que atinge a Bahia e já matou 20 pessoas até esta segunda-feira, 27, é parte do fenômeno de convergência do Atlântico Sul, quando o ar úmido do continente se encontra com os ventos polares do sul. Apesar de ser natural nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, a zona atingida este ano está acima de regiões onde ele acontece normalmente, cujo foco costuma ser o Sudeste.

"Estamos no verão e essa é a temporada chuvosa em toda a região Sudeste do Brasil. O curioso é que isso está agora mais ao norte do País e, normalmente, é em São Paulo, Rio e Minas Gerais", explica José Marengo, climatologista e coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Ele observa que os desastres causados pela convergência do Atlântico Sul costumam ocorrer porque a chuva cessa por um ou dois dias e, depois, retoma com a mesma intensidade. No caso da Bahia, onde o temporal começou no último dia 20, Marengo ainda aponta que o volume de água tem sido até 300% acima do esperado para todo o mês de dezembro. 

"O fenômeno ficou pior. Normalmente, Salvador tem 60 milímetros de chuva em dezembro, mas até o dia 21 deste mês já choveu quase 200 milímetros. Isso é um volume muito grande de água para poucos dias", observa. "O problema não é o tanto que chove no mês, mas como a chuva se distribui."

Morador de Itapetinga, na Bahia, tenta salvar os pertences em meio à enchente; temporal no Estado já atingiu ao menos 116 municípios Foto: Manuella LUANA / AFP

A tragédia que tem assolado municípios como ItapetingaIlhéus e Itabuna ainda é potencializada pelas próprias características geográficas do interior baiano. "Se fosse uma área com população menor, seria apenas chuva intensa. Mas quando temos pessoas morando perto dos rios e córregos, qualquer chuvinha já causa alagamentos", aponta Marengo. 

Apesar de o volume e da região atingida não serem características desse fenômeno sazonal, Marengo pede cautela ao atribuir as tragédias ao aquecimento global ou às queimadas que aumentaram na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal este ano. "É um pouco cedo para afirmar isso, porque este ano tivemos muitos extremos. Ainda que tenha toda essa intensidade, os fenômenos meteorológicos podem acontecer simultaneamente como parte da mesma atmosfera."

Ele alerta ainda para a tendência de que esses fenômenos e suas tragédias se tornem mais regulares nos próximos anos. "O lado positivo, se é que podemos dizer isso, é que o número de mortos poderia ter sido pior se não houvesse os alertas emitidos pela Defesa Civil. Esses eventos estão ficando mais comuns e frequentes, independente das mudanças climáticas, então precisamos estar alerta, principalmente quem mora em área de risco."

O temporal que atinge a Bahia e já matou 20 pessoas até esta segunda-feira, 27, é parte do fenômeno de convergência do Atlântico Sul, quando o ar úmido do continente se encontra com os ventos polares do sul. Apesar de ser natural nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, a zona atingida este ano está acima de regiões onde ele acontece normalmente, cujo foco costuma ser o Sudeste.

"Estamos no verão e essa é a temporada chuvosa em toda a região Sudeste do Brasil. O curioso é que isso está agora mais ao norte do País e, normalmente, é em São Paulo, Rio e Minas Gerais", explica José Marengo, climatologista e coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

Ele observa que os desastres causados pela convergência do Atlântico Sul costumam ocorrer porque a chuva cessa por um ou dois dias e, depois, retoma com a mesma intensidade. No caso da Bahia, onde o temporal começou no último dia 20, Marengo ainda aponta que o volume de água tem sido até 300% acima do esperado para todo o mês de dezembro. 

"O fenômeno ficou pior. Normalmente, Salvador tem 60 milímetros de chuva em dezembro, mas até o dia 21 deste mês já choveu quase 200 milímetros. Isso é um volume muito grande de água para poucos dias", observa. "O problema não é o tanto que chove no mês, mas como a chuva se distribui."

Morador de Itapetinga, na Bahia, tenta salvar os pertences em meio à enchente; temporal no Estado já atingiu ao menos 116 municípios Foto: Manuella LUANA / AFP

A tragédia que tem assolado municípios como ItapetingaIlhéus e Itabuna ainda é potencializada pelas próprias características geográficas do interior baiano. "Se fosse uma área com população menor, seria apenas chuva intensa. Mas quando temos pessoas morando perto dos rios e córregos, qualquer chuvinha já causa alagamentos", aponta Marengo. 

Apesar de o volume e da região atingida não serem características desse fenômeno sazonal, Marengo pede cautela ao atribuir as tragédias ao aquecimento global ou às queimadas que aumentaram na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal este ano. "É um pouco cedo para afirmar isso, porque este ano tivemos muitos extremos. Ainda que tenha toda essa intensidade, os fenômenos meteorológicos podem acontecer simultaneamente como parte da mesma atmosfera."

Ele alerta ainda para a tendência de que esses fenômenos e suas tragédias se tornem mais regulares nos próximos anos. "O lado positivo, se é que podemos dizer isso, é que o número de mortos poderia ter sido pior se não houvesse os alertas emitidos pela Defesa Civil. Esses eventos estão ficando mais comuns e frequentes, independente das mudanças climáticas, então precisamos estar alerta, principalmente quem mora em área de risco."

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