Crônica, política e derivações

Cronologia de um pressentimento


Por Paulo Rosenbaum

Cronologia de um pressentimento

Quando a mãe deHersch Goldberg-Polin,americano-israelensede 24 sequestrado pelos inimigos da humanidade usou o megafone para gritar da fronteira de Gaza com o pressentimento de que o filho escutasse sua voz, ela tinha esperança.

Esperança de que ao ouvir seu chamado seu filho recuperasse o animo para ter sua vida de volta. Mas muito provavelmente era muito próximo da hora que o jovem de Berkeley estava sendo assassinado a sangue frio pelos idólatras da perfídia. Prefiro esse termo ao que vem sendo usado para designar os fanáticos que assassinam com entusiasmo.

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Pois se há violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias corruptas estamos um passo adiante de uma psicopatologia do indivíduo. Presenciamos uma grande e consentida psicose política que contaminou pessoas, instituições e governos.

Quando sua mãe Rachel finalizou seu discurso na fronteira da faixa ela mencionou "Que você esteja na presença da luz de Dus".

Ela pressentiu, ele já estava.

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Para além da dor e do inimaginável sofrimento dos pais e que nestes dias estendeu-se para todo o País, há, nas tragédias, uma lição inconteste, conhecer o preço do sacrifício. Mas pelo que mesmo estas pessoas que apenas divertiam-se em um festival de Música estavam se sacrificando? E quanto aos outros reféns?

O grave conflito tri fronteiriço que atualmente ocorre no Oriente médio não é exclusividade desta região, e as nações que poderiam fazer a arbitragem e forçar uma paz que garantisse de vez a segurança de Israel, simplesmente não estão completamente convencidas de que o fim da guerra seja uma solução.

A verdade do jogo ambíguo permanecerá inconfessa, talvez até as eleições americanas, quem sabe até os acordos para por fim a guerra na Ucrânia, ou até que Taiwan esteja completamente cercada.

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A atmosfera nesta região assemelha-se a um triunfo vazio, aquele que não trouxe nem trará sabor de vitória. Isso, mesmo todos tendo consciência de que os inimigos da humanidade precisam ir.Não há nenhum regozijo em saber que eles, os que eliminam bebes pelo gozo, precisam desaparecer para permitir que continuemos vivos. Ou seja, mesmo todo e qualquer êxito será um fracasso provisório. Levaremos anos para poder levantar-se do trauma e descobrir o tamanho e a profundidade das chagas remanescentes.

Vai acontecer, uma hora deve vingar.

Mas em quanto tempo?

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A dor dos que perdem pessoas em circunstâncias que deveriam ser evitáveis é muito mais áspera e humilhante. Destarte havia no sorriso de Hersh alguma bondade calma, que parecia fluir espontaneamente.

É verdade que costumamos enaltecer os mortos e que recai sobre eles uma indulgencia especial depois que seus corpos descem à terra. Mas, neste caso, eu já havia detectado precocemente que ele parecia ser alguém com uma alegria intrínseca, mesmo admitindo que a dor é uma fonte fértil para idealizações. De qualquer modo chamava minha atenção: ele irradiava um tipo de doçura inata.

Neste sentido, o uso espúrio da guerra de ódio e a campanha movida contra Israel e contra os judeus - porque o álibi do anti-sionismo tornou-se simplesmente insuficiente e já não pode mais ser sustentado isoladamente - o racismo mergulhou em uma nova fase. Judeus sendo perseguidos nas ruas de Manhatan, proibidos de entrar em salas de aula, hostilizados por apologistas de violência sexual, eram todos elementos que pareceriam há um ano atrás obras de ficção inverossímeis. Mas tem acontecido sob a cumplicidade silenciosa de muitos. O mundo assiste o conflito arrastar-se de forma inerte. Os que deveriam agir encontram-se estrategicamente ineptos. Faltam lideranças que tenham sincero apreço pelo altruísmo - e não fariam mais nada do que suas obrigações - caso se interessassem pela dosimetria da justiça.

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Talvez Hersh tivesse um apreço desmedido pela vida. Possivelmente até mesmo ilógico, e por isso vivesse rindo. Talvez estivesse ciente que seu tempo seria abreviado ou simplesmente apenas estivesse se preparando e postergou sua partida para ouvir o canto da sua mãe em despedida.

O luto também precisa de certa estética, um anteparo romântico, exige algum fragmento de poesia frente às guerras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, negar a morte é a constante mais estável da existência.

O contraponto ao materialismo e imediatismo não é uma revolução que recrie mais violência. A oposição à perversidade não pode ser replicá-la em dobro. Talvez nunca haja paz por aqui, a paz que Hersh acabou de conhecer à revelia. Como sua mãe sussurrou perto do seu corpo, "vai em paz, suba até onde você deve subir" e "nos ajude a sobreviver". Teu sorriso será tua escada rumo aos grandes degraus, e tua convicção pela vida a carruagem da ascensão até o mundo da verdade.

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Na tradição judaica, ao saber de algum falecimento, costuma-se exclamar a frase "Baruch Dayan HaEmet", cuja tradução aproximar-se-ia de algo como "O Senhor é o Juiz da Verdade".

Também acho.

Mas, neste caso, e em todos os casos daqueles que tiveram a vida precoce e gratuitamente ceifada, roubada pela malignidade e pela futilidade, poderíamos alternativamente recitar:

"Apenas não permita que seja em vão".

Sou contra implorar, mas suplico: não permita.

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Cronologia de um pressentimento

Quando a mãe deHersch Goldberg-Polin,americano-israelensede 24 sequestrado pelos inimigos da humanidade usou o megafone para gritar da fronteira de Gaza com o pressentimento de que o filho escutasse sua voz, ela tinha esperança.

Esperança de que ao ouvir seu chamado seu filho recuperasse o animo para ter sua vida de volta. Mas muito provavelmente era muito próximo da hora que o jovem de Berkeley estava sendo assassinado a sangue frio pelos idólatras da perfídia. Prefiro esse termo ao que vem sendo usado para designar os fanáticos que assassinam com entusiasmo.

Pois se há violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias corruptas estamos um passo adiante de uma psicopatologia do indivíduo. Presenciamos uma grande e consentida psicose política que contaminou pessoas, instituições e governos.

Quando sua mãe Rachel finalizou seu discurso na fronteira da faixa ela mencionou "Que você esteja na presença da luz de Dus".

Ela pressentiu, ele já estava.

Para além da dor e do inimaginável sofrimento dos pais e que nestes dias estendeu-se para todo o País, há, nas tragédias, uma lição inconteste, conhecer o preço do sacrifício. Mas pelo que mesmo estas pessoas que apenas divertiam-se em um festival de Música estavam se sacrificando? E quanto aos outros reféns?

O grave conflito tri fronteiriço que atualmente ocorre no Oriente médio não é exclusividade desta região, e as nações que poderiam fazer a arbitragem e forçar uma paz que garantisse de vez a segurança de Israel, simplesmente não estão completamente convencidas de que o fim da guerra seja uma solução.

A verdade do jogo ambíguo permanecerá inconfessa, talvez até as eleições americanas, quem sabe até os acordos para por fim a guerra na Ucrânia, ou até que Taiwan esteja completamente cercada.

A atmosfera nesta região assemelha-se a um triunfo vazio, aquele que não trouxe nem trará sabor de vitória. Isso, mesmo todos tendo consciência de que os inimigos da humanidade precisam ir.Não há nenhum regozijo em saber que eles, os que eliminam bebes pelo gozo, precisam desaparecer para permitir que continuemos vivos. Ou seja, mesmo todo e qualquer êxito será um fracasso provisório. Levaremos anos para poder levantar-se do trauma e descobrir o tamanho e a profundidade das chagas remanescentes.

Vai acontecer, uma hora deve vingar.

Mas em quanto tempo?

A dor dos que perdem pessoas em circunstâncias que deveriam ser evitáveis é muito mais áspera e humilhante. Destarte havia no sorriso de Hersh alguma bondade calma, que parecia fluir espontaneamente.

É verdade que costumamos enaltecer os mortos e que recai sobre eles uma indulgencia especial depois que seus corpos descem à terra. Mas, neste caso, eu já havia detectado precocemente que ele parecia ser alguém com uma alegria intrínseca, mesmo admitindo que a dor é uma fonte fértil para idealizações. De qualquer modo chamava minha atenção: ele irradiava um tipo de doçura inata.

Neste sentido, o uso espúrio da guerra de ódio e a campanha movida contra Israel e contra os judeus - porque o álibi do anti-sionismo tornou-se simplesmente insuficiente e já não pode mais ser sustentado isoladamente - o racismo mergulhou em uma nova fase. Judeus sendo perseguidos nas ruas de Manhatan, proibidos de entrar em salas de aula, hostilizados por apologistas de violência sexual, eram todos elementos que pareceriam há um ano atrás obras de ficção inverossímeis. Mas tem acontecido sob a cumplicidade silenciosa de muitos. O mundo assiste o conflito arrastar-se de forma inerte. Os que deveriam agir encontram-se estrategicamente ineptos. Faltam lideranças que tenham sincero apreço pelo altruísmo - e não fariam mais nada do que suas obrigações - caso se interessassem pela dosimetria da justiça.

Talvez Hersh tivesse um apreço desmedido pela vida. Possivelmente até mesmo ilógico, e por isso vivesse rindo. Talvez estivesse ciente que seu tempo seria abreviado ou simplesmente apenas estivesse se preparando e postergou sua partida para ouvir o canto da sua mãe em despedida.

O luto também precisa de certa estética, um anteparo romântico, exige algum fragmento de poesia frente às guerras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, negar a morte é a constante mais estável da existência.

O contraponto ao materialismo e imediatismo não é uma revolução que recrie mais violência. A oposição à perversidade não pode ser replicá-la em dobro. Talvez nunca haja paz por aqui, a paz que Hersh acabou de conhecer à revelia. Como sua mãe sussurrou perto do seu corpo, "vai em paz, suba até onde você deve subir" e "nos ajude a sobreviver". Teu sorriso será tua escada rumo aos grandes degraus, e tua convicção pela vida a carruagem da ascensão até o mundo da verdade.

Na tradição judaica, ao saber de algum falecimento, costuma-se exclamar a frase "Baruch Dayan HaEmet", cuja tradução aproximar-se-ia de algo como "O Senhor é o Juiz da Verdade".

Também acho.

Mas, neste caso, e em todos os casos daqueles que tiveram a vida precoce e gratuitamente ceifada, roubada pela malignidade e pela futilidade, poderíamos alternativamente recitar:

"Apenas não permita que seja em vão".

Sou contra implorar, mas suplico: não permita.

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Quando a mãe deHersch Goldberg-Polin,americano-israelensede 24 sequestrado pelos inimigos da humanidade usou o megafone para gritar da fronteira de Gaza com o pressentimento de que o filho escutasse sua voz, ela tinha esperança.

Esperança de que ao ouvir seu chamado seu filho recuperasse o animo para ter sua vida de volta. Mas muito provavelmente era muito próximo da hora que o jovem de Berkeley estava sendo assassinado a sangue frio pelos idólatras da perfídia. Prefiro esse termo ao que vem sendo usado para designar os fanáticos que assassinam com entusiasmo.

Pois se há violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias corruptas estamos um passo adiante de uma psicopatologia do indivíduo. Presenciamos uma grande e consentida psicose política que contaminou pessoas, instituições e governos.

Quando sua mãe Rachel finalizou seu discurso na fronteira da faixa ela mencionou "Que você esteja na presença da luz de Dus".

Ela pressentiu, ele já estava.

Para além da dor e do inimaginável sofrimento dos pais e que nestes dias estendeu-se para todo o País, há, nas tragédias, uma lição inconteste, conhecer o preço do sacrifício. Mas pelo que mesmo estas pessoas que apenas divertiam-se em um festival de Música estavam se sacrificando? E quanto aos outros reféns?

O grave conflito tri fronteiriço que atualmente ocorre no Oriente médio não é exclusividade desta região, e as nações que poderiam fazer a arbitragem e forçar uma paz que garantisse de vez a segurança de Israel, simplesmente não estão completamente convencidas de que o fim da guerra seja uma solução.

A verdade do jogo ambíguo permanecerá inconfessa, talvez até as eleições americanas, quem sabe até os acordos para por fim a guerra na Ucrânia, ou até que Taiwan esteja completamente cercada.

A atmosfera nesta região assemelha-se a um triunfo vazio, aquele que não trouxe nem trará sabor de vitória. Isso, mesmo todos tendo consciência de que os inimigos da humanidade precisam ir.Não há nenhum regozijo em saber que eles, os que eliminam bebes pelo gozo, precisam desaparecer para permitir que continuemos vivos. Ou seja, mesmo todo e qualquer êxito será um fracasso provisório. Levaremos anos para poder levantar-se do trauma e descobrir o tamanho e a profundidade das chagas remanescentes.

Vai acontecer, uma hora deve vingar.

Mas em quanto tempo?

A dor dos que perdem pessoas em circunstâncias que deveriam ser evitáveis é muito mais áspera e humilhante. Destarte havia no sorriso de Hersh alguma bondade calma, que parecia fluir espontaneamente.

É verdade que costumamos enaltecer os mortos e que recai sobre eles uma indulgencia especial depois que seus corpos descem à terra. Mas, neste caso, eu já havia detectado precocemente que ele parecia ser alguém com uma alegria intrínseca, mesmo admitindo que a dor é uma fonte fértil para idealizações. De qualquer modo chamava minha atenção: ele irradiava um tipo de doçura inata.

Neste sentido, o uso espúrio da guerra de ódio e a campanha movida contra Israel e contra os judeus - porque o álibi do anti-sionismo tornou-se simplesmente insuficiente e já não pode mais ser sustentado isoladamente - o racismo mergulhou em uma nova fase. Judeus sendo perseguidos nas ruas de Manhatan, proibidos de entrar em salas de aula, hostilizados por apologistas de violência sexual, eram todos elementos que pareceriam há um ano atrás obras de ficção inverossímeis. Mas tem acontecido sob a cumplicidade silenciosa de muitos. O mundo assiste o conflito arrastar-se de forma inerte. Os que deveriam agir encontram-se estrategicamente ineptos. Faltam lideranças que tenham sincero apreço pelo altruísmo - e não fariam mais nada do que suas obrigações - caso se interessassem pela dosimetria da justiça.

Talvez Hersh tivesse um apreço desmedido pela vida. Possivelmente até mesmo ilógico, e por isso vivesse rindo. Talvez estivesse ciente que seu tempo seria abreviado ou simplesmente apenas estivesse se preparando e postergou sua partida para ouvir o canto da sua mãe em despedida.

O luto também precisa de certa estética, um anteparo romântico, exige algum fragmento de poesia frente às guerras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, negar a morte é a constante mais estável da existência.

O contraponto ao materialismo e imediatismo não é uma revolução que recrie mais violência. A oposição à perversidade não pode ser replicá-la em dobro. Talvez nunca haja paz por aqui, a paz que Hersh acabou de conhecer à revelia. Como sua mãe sussurrou perto do seu corpo, "vai em paz, suba até onde você deve subir" e "nos ajude a sobreviver". Teu sorriso será tua escada rumo aos grandes degraus, e tua convicção pela vida a carruagem da ascensão até o mundo da verdade.

Na tradição judaica, ao saber de algum falecimento, costuma-se exclamar a frase "Baruch Dayan HaEmet", cuja tradução aproximar-se-ia de algo como "O Senhor é o Juiz da Verdade".

Também acho.

Mas, neste caso, e em todos os casos daqueles que tiveram a vida precoce e gratuitamente ceifada, roubada pela malignidade e pela futilidade, poderíamos alternativamente recitar:

"Apenas não permita que seja em vão".

Sou contra implorar, mas suplico: não permita.

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Cronologia de um pressentimento

Quando a mãe deHersch Goldberg-Polin,americano-israelensede 24 sequestrado pelos inimigos da humanidade usou o megafone para gritar da fronteira de Gaza com o pressentimento de que o filho escutasse sua voz, ela tinha esperança.

Esperança de que ao ouvir seu chamado seu filho recuperasse o animo para ter sua vida de volta. Mas muito provavelmente era muito próximo da hora que o jovem de Berkeley estava sendo assassinado a sangue frio pelos idólatras da perfídia. Prefiro esse termo ao que vem sendo usado para designar os fanáticos que assassinam com entusiasmo.

Pois se há violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias corruptas estamos um passo adiante de uma psicopatologia do indivíduo. Presenciamos uma grande e consentida psicose política que contaminou pessoas, instituições e governos.

Quando sua mãe Rachel finalizou seu discurso na fronteira da faixa ela mencionou "Que você esteja na presença da luz de Dus".

Ela pressentiu, ele já estava.

Para além da dor e do inimaginável sofrimento dos pais e que nestes dias estendeu-se para todo o País, há, nas tragédias, uma lição inconteste, conhecer o preço do sacrifício. Mas pelo que mesmo estas pessoas que apenas divertiam-se em um festival de Música estavam se sacrificando? E quanto aos outros reféns?

O grave conflito tri fronteiriço que atualmente ocorre no Oriente médio não é exclusividade desta região, e as nações que poderiam fazer a arbitragem e forçar uma paz que garantisse de vez a segurança de Israel, simplesmente não estão completamente convencidas de que o fim da guerra seja uma solução.

A verdade do jogo ambíguo permanecerá inconfessa, talvez até as eleições americanas, quem sabe até os acordos para por fim a guerra na Ucrânia, ou até que Taiwan esteja completamente cercada.

A atmosfera nesta região assemelha-se a um triunfo vazio, aquele que não trouxe nem trará sabor de vitória. Isso, mesmo todos tendo consciência de que os inimigos da humanidade precisam ir.Não há nenhum regozijo em saber que eles, os que eliminam bebes pelo gozo, precisam desaparecer para permitir que continuemos vivos. Ou seja, mesmo todo e qualquer êxito será um fracasso provisório. Levaremos anos para poder levantar-se do trauma e descobrir o tamanho e a profundidade das chagas remanescentes.

Vai acontecer, uma hora deve vingar.

Mas em quanto tempo?

A dor dos que perdem pessoas em circunstâncias que deveriam ser evitáveis é muito mais áspera e humilhante. Destarte havia no sorriso de Hersh alguma bondade calma, que parecia fluir espontaneamente.

É verdade que costumamos enaltecer os mortos e que recai sobre eles uma indulgencia especial depois que seus corpos descem à terra. Mas, neste caso, eu já havia detectado precocemente que ele parecia ser alguém com uma alegria intrínseca, mesmo admitindo que a dor é uma fonte fértil para idealizações. De qualquer modo chamava minha atenção: ele irradiava um tipo de doçura inata.

Neste sentido, o uso espúrio da guerra de ódio e a campanha movida contra Israel e contra os judeus - porque o álibi do anti-sionismo tornou-se simplesmente insuficiente e já não pode mais ser sustentado isoladamente - o racismo mergulhou em uma nova fase. Judeus sendo perseguidos nas ruas de Manhatan, proibidos de entrar em salas de aula, hostilizados por apologistas de violência sexual, eram todos elementos que pareceriam há um ano atrás obras de ficção inverossímeis. Mas tem acontecido sob a cumplicidade silenciosa de muitos. O mundo assiste o conflito arrastar-se de forma inerte. Os que deveriam agir encontram-se estrategicamente ineptos. Faltam lideranças que tenham sincero apreço pelo altruísmo - e não fariam mais nada do que suas obrigações - caso se interessassem pela dosimetria da justiça.

Talvez Hersh tivesse um apreço desmedido pela vida. Possivelmente até mesmo ilógico, e por isso vivesse rindo. Talvez estivesse ciente que seu tempo seria abreviado ou simplesmente apenas estivesse se preparando e postergou sua partida para ouvir o canto da sua mãe em despedida.

O luto também precisa de certa estética, um anteparo romântico, exige algum fragmento de poesia frente às guerras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, negar a morte é a constante mais estável da existência.

O contraponto ao materialismo e imediatismo não é uma revolução que recrie mais violência. A oposição à perversidade não pode ser replicá-la em dobro. Talvez nunca haja paz por aqui, a paz que Hersh acabou de conhecer à revelia. Como sua mãe sussurrou perto do seu corpo, "vai em paz, suba até onde você deve subir" e "nos ajude a sobreviver". Teu sorriso será tua escada rumo aos grandes degraus, e tua convicção pela vida a carruagem da ascensão até o mundo da verdade.

Na tradição judaica, ao saber de algum falecimento, costuma-se exclamar a frase "Baruch Dayan HaEmet", cuja tradução aproximar-se-ia de algo como "O Senhor é o Juiz da Verdade".

Também acho.

Mas, neste caso, e em todos os casos daqueles que tiveram a vida precoce e gratuitamente ceifada, roubada pela malignidade e pela futilidade, poderíamos alternativamente recitar:

"Apenas não permita que seja em vão".

Sou contra implorar, mas suplico: não permita.

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Cronologia de um pressentimento

Quando a mãe deHersch Goldberg-Polin,americano-israelensede 24 sequestrado pelos inimigos da humanidade usou o megafone para gritar da fronteira de Gaza com o pressentimento de que o filho escutasse sua voz, ela tinha esperança.

Esperança de que ao ouvir seu chamado seu filho recuperasse o animo para ter sua vida de volta. Mas muito provavelmente era muito próximo da hora que o jovem de Berkeley estava sendo assassinado a sangue frio pelos idólatras da perfídia. Prefiro esse termo ao que vem sendo usado para designar os fanáticos que assassinam com entusiasmo.

Pois se há violência indiscriminada regada a dinheiro de teocracias corruptas estamos um passo adiante de uma psicopatologia do indivíduo. Presenciamos uma grande e consentida psicose política que contaminou pessoas, instituições e governos.

Quando sua mãe Rachel finalizou seu discurso na fronteira da faixa ela mencionou "Que você esteja na presença da luz de Dus".

Ela pressentiu, ele já estava.

Para além da dor e do inimaginável sofrimento dos pais e que nestes dias estendeu-se para todo o País, há, nas tragédias, uma lição inconteste, conhecer o preço do sacrifício. Mas pelo que mesmo estas pessoas que apenas divertiam-se em um festival de Música estavam se sacrificando? E quanto aos outros reféns?

O grave conflito tri fronteiriço que atualmente ocorre no Oriente médio não é exclusividade desta região, e as nações que poderiam fazer a arbitragem e forçar uma paz que garantisse de vez a segurança de Israel, simplesmente não estão completamente convencidas de que o fim da guerra seja uma solução.

A verdade do jogo ambíguo permanecerá inconfessa, talvez até as eleições americanas, quem sabe até os acordos para por fim a guerra na Ucrânia, ou até que Taiwan esteja completamente cercada.

A atmosfera nesta região assemelha-se a um triunfo vazio, aquele que não trouxe nem trará sabor de vitória. Isso, mesmo todos tendo consciência de que os inimigos da humanidade precisam ir.Não há nenhum regozijo em saber que eles, os que eliminam bebes pelo gozo, precisam desaparecer para permitir que continuemos vivos. Ou seja, mesmo todo e qualquer êxito será um fracasso provisório. Levaremos anos para poder levantar-se do trauma e descobrir o tamanho e a profundidade das chagas remanescentes.

Vai acontecer, uma hora deve vingar.

Mas em quanto tempo?

A dor dos que perdem pessoas em circunstâncias que deveriam ser evitáveis é muito mais áspera e humilhante. Destarte havia no sorriso de Hersh alguma bondade calma, que parecia fluir espontaneamente.

É verdade que costumamos enaltecer os mortos e que recai sobre eles uma indulgencia especial depois que seus corpos descem à terra. Mas, neste caso, eu já havia detectado precocemente que ele parecia ser alguém com uma alegria intrínseca, mesmo admitindo que a dor é uma fonte fértil para idealizações. De qualquer modo chamava minha atenção: ele irradiava um tipo de doçura inata.

Neste sentido, o uso espúrio da guerra de ódio e a campanha movida contra Israel e contra os judeus - porque o álibi do anti-sionismo tornou-se simplesmente insuficiente e já não pode mais ser sustentado isoladamente - o racismo mergulhou em uma nova fase. Judeus sendo perseguidos nas ruas de Manhatan, proibidos de entrar em salas de aula, hostilizados por apologistas de violência sexual, eram todos elementos que pareceriam há um ano atrás obras de ficção inverossímeis. Mas tem acontecido sob a cumplicidade silenciosa de muitos. O mundo assiste o conflito arrastar-se de forma inerte. Os que deveriam agir encontram-se estrategicamente ineptos. Faltam lideranças que tenham sincero apreço pelo altruísmo - e não fariam mais nada do que suas obrigações - caso se interessassem pela dosimetria da justiça.

Talvez Hersh tivesse um apreço desmedido pela vida. Possivelmente até mesmo ilógico, e por isso vivesse rindo. Talvez estivesse ciente que seu tempo seria abreviado ou simplesmente apenas estivesse se preparando e postergou sua partida para ouvir o canto da sua mãe em despedida.

O luto também precisa de certa estética, um anteparo romântico, exige algum fragmento de poesia frente às guerras. Trata-se de uma questão de sobrevivência, negar a morte é a constante mais estável da existência.

O contraponto ao materialismo e imediatismo não é uma revolução que recrie mais violência. A oposição à perversidade não pode ser replicá-la em dobro. Talvez nunca haja paz por aqui, a paz que Hersh acabou de conhecer à revelia. Como sua mãe sussurrou perto do seu corpo, "vai em paz, suba até onde você deve subir" e "nos ajude a sobreviver". Teu sorriso será tua escada rumo aos grandes degraus, e tua convicção pela vida a carruagem da ascensão até o mundo da verdade.

Na tradição judaica, ao saber de algum falecimento, costuma-se exclamar a frase "Baruch Dayan HaEmet", cuja tradução aproximar-se-ia de algo como "O Senhor é o Juiz da Verdade".

Também acho.

Mas, neste caso, e em todos os casos daqueles que tiveram a vida precoce e gratuitamente ceifada, roubada pela malignidade e pela futilidade, poderíamos alternativamente recitar:

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