Crônica, política e derivações

Diagonais


Por Paulo Rosenbaum
  Foto: Estadão

Ultimamente, acordo e me sinto um código de barras. É um sentimento que não passa, mesmo tendo aprendido com a biologia que cada um de nós é irrepetível. Rotular é uma mania antiga, é que agora se faz no atacado. Se não acredita, faça você mesmo o teste empírico. Emita opinião sobre o Brasil, Iraque, Rússia, Nigéria, Israel ou China e você vai sentir na pele o que é ter uma etiqueta colada na boca. Acabo de ler que se você é laico, e ainda de esquerda, sua opinião pode ter um valor intrinsecamente superior às demais. Isso mesmo, a priori e independentemente de conteúdo. Trata-se de uma bolsa já sorteada, exclusiva para intelectuais progressistas. Ou seja, o valor do argumento pesa nada, ou quase nada, diante de quem emite a opinião. Quem usa, acha que se trata de uma espécie de "sabe com quem você está falando" do bem. Cuidado. Se for um desses que é acusado de ser de direita e condenado por ser conservador, vai poder fazer muito pouco para provar sua inocência. É que os maquiadores dos outros, dominaram o segredo industrial da cola ideológica. Suspeitas das ditaduras totalitárias? Duvidas das intenções dos populistas? Emites ceticismo sobre a tática do partido mitômano? Não tem simpatia por estratégias terroristas? O carimbo está seco para te molhar: conspirador reacionário. Sabem o que? Poderíamos acompanhar Grouxo Marx e declarar que se esse é o preço para entrar, não aceitamos pertencer a um clube que nos aceitem como sócios. Mas, para a ciência estereotipal e seus ideólogos, tudo se resolve na base da calúnia. As vezes é duro ter que encarar alguém com argumentos melhores. Aí é só encaixá-lo em uma categoria depreciada e seguir em frente com suas certezas inabaláveis. Complica um pouco se o etiquetado também sonha com direitos humanos, liberdade e fraternidade. Chega a ser insuportável se o sujeito ficar entusiasmado com justiça social e equidade. Vão dar um jeito de te desqualificar pelo avesso: radical. E aí os catalogadores tatuarão na tua testa: esquerda, comuna, socialista internacional. Não é chegada a hora de um novíssimo glossário? Lá estariam verbetes como: a virtude de poder mudar de ideia, julgamentos exigem cuidado, coerência ideológica asfixia a honestidade intelectual e outras percepções provenientes da experiência. Claro que desagradarão a maioria. Sem a cultura do diálogo político, opiniões não conversam, a coexistência vira tortura. Se tiver sorte, podem só te chamar de aberração. O anacronismo não é só na educação e ninguém pode ser arrogante diante da complexidade. Ela renega aqueles que dispensam contextos e discorda de alinhamentos automáticos. Suspeito que isso é que enfurece tanta gente. Entre as infinitas cores presentes no mundo só enxergam preto ou branco. Chegou a hora da desforra contra tanta taxionomia política selvagem: sejamos diagonais.

http://blogs.estadao.com.br/conto-de-noticia/diagonais/

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Ultimamente, acordo e me sinto um código de barras. É um sentimento que não passa, mesmo tendo aprendido com a biologia que cada um de nós é irrepetível. Rotular é uma mania antiga, é que agora se faz no atacado. Se não acredita, faça você mesmo o teste empírico. Emita opinião sobre o Brasil, Iraque, Rússia, Nigéria, Israel ou China e você vai sentir na pele o que é ter uma etiqueta colada na boca. Acabo de ler que se você é laico, e ainda de esquerda, sua opinião pode ter um valor intrinsecamente superior às demais. Isso mesmo, a priori e independentemente de conteúdo. Trata-se de uma bolsa já sorteada, exclusiva para intelectuais progressistas. Ou seja, o valor do argumento pesa nada, ou quase nada, diante de quem emite a opinião. Quem usa, acha que se trata de uma espécie de "sabe com quem você está falando" do bem. Cuidado. Se for um desses que é acusado de ser de direita e condenado por ser conservador, vai poder fazer muito pouco para provar sua inocência. É que os maquiadores dos outros, dominaram o segredo industrial da cola ideológica. Suspeitas das ditaduras totalitárias? Duvidas das intenções dos populistas? Emites ceticismo sobre a tática do partido mitômano? Não tem simpatia por estratégias terroristas? O carimbo está seco para te molhar: conspirador reacionário. Sabem o que? Poderíamos acompanhar Grouxo Marx e declarar que se esse é o preço para entrar, não aceitamos pertencer a um clube que nos aceitem como sócios. Mas, para a ciência estereotipal e seus ideólogos, tudo se resolve na base da calúnia. As vezes é duro ter que encarar alguém com argumentos melhores. Aí é só encaixá-lo em uma categoria depreciada e seguir em frente com suas certezas inabaláveis. Complica um pouco se o etiquetado também sonha com direitos humanos, liberdade e fraternidade. Chega a ser insuportável se o sujeito ficar entusiasmado com justiça social e equidade. Vão dar um jeito de te desqualificar pelo avesso: radical. E aí os catalogadores tatuarão na tua testa: esquerda, comuna, socialista internacional. Não é chegada a hora de um novíssimo glossário? Lá estariam verbetes como: a virtude de poder mudar de ideia, julgamentos exigem cuidado, coerência ideológica asfixia a honestidade intelectual e outras percepções provenientes da experiência. Claro que desagradarão a maioria. Sem a cultura do diálogo político, opiniões não conversam, a coexistência vira tortura. Se tiver sorte, podem só te chamar de aberração. O anacronismo não é só na educação e ninguém pode ser arrogante diante da complexidade. Ela renega aqueles que dispensam contextos e discorda de alinhamentos automáticos. Suspeito que isso é que enfurece tanta gente. Entre as infinitas cores presentes no mundo só enxergam preto ou branco. Chegou a hora da desforra contra tanta taxionomia política selvagem: sejamos diagonais.

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Ultimamente, acordo e me sinto um código de barras. É um sentimento que não passa, mesmo tendo aprendido com a biologia que cada um de nós é irrepetível. Rotular é uma mania antiga, é que agora se faz no atacado. Se não acredita, faça você mesmo o teste empírico. Emita opinião sobre o Brasil, Iraque, Rússia, Nigéria, Israel ou China e você vai sentir na pele o que é ter uma etiqueta colada na boca. Acabo de ler que se você é laico, e ainda de esquerda, sua opinião pode ter um valor intrinsecamente superior às demais. Isso mesmo, a priori e independentemente de conteúdo. Trata-se de uma bolsa já sorteada, exclusiva para intelectuais progressistas. Ou seja, o valor do argumento pesa nada, ou quase nada, diante de quem emite a opinião. Quem usa, acha que se trata de uma espécie de "sabe com quem você está falando" do bem. Cuidado. Se for um desses que é acusado de ser de direita e condenado por ser conservador, vai poder fazer muito pouco para provar sua inocência. É que os maquiadores dos outros, dominaram o segredo industrial da cola ideológica. Suspeitas das ditaduras totalitárias? Duvidas das intenções dos populistas? Emites ceticismo sobre a tática do partido mitômano? Não tem simpatia por estratégias terroristas? O carimbo está seco para te molhar: conspirador reacionário. Sabem o que? Poderíamos acompanhar Grouxo Marx e declarar que se esse é o preço para entrar, não aceitamos pertencer a um clube que nos aceitem como sócios. Mas, para a ciência estereotipal e seus ideólogos, tudo se resolve na base da calúnia. As vezes é duro ter que encarar alguém com argumentos melhores. Aí é só encaixá-lo em uma categoria depreciada e seguir em frente com suas certezas inabaláveis. Complica um pouco se o etiquetado também sonha com direitos humanos, liberdade e fraternidade. Chega a ser insuportável se o sujeito ficar entusiasmado com justiça social e equidade. Vão dar um jeito de te desqualificar pelo avesso: radical. E aí os catalogadores tatuarão na tua testa: esquerda, comuna, socialista internacional. Não é chegada a hora de um novíssimo glossário? Lá estariam verbetes como: a virtude de poder mudar de ideia, julgamentos exigem cuidado, coerência ideológica asfixia a honestidade intelectual e outras percepções provenientes da experiência. Claro que desagradarão a maioria. Sem a cultura do diálogo político, opiniões não conversam, a coexistência vira tortura. Se tiver sorte, podem só te chamar de aberração. O anacronismo não é só na educação e ninguém pode ser arrogante diante da complexidade. Ela renega aqueles que dispensam contextos e discorda de alinhamentos automáticos. Suspeito que isso é que enfurece tanta gente. Entre as infinitas cores presentes no mundo só enxergam preto ou branco. Chegou a hora da desforra contra tanta taxionomia política selvagem: sejamos diagonais.

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