Cresce número de jovens que não estudam nem trabalham no País


22% da população entre 15 e 29 anos é inativa, segundo dados do IBGE; deste grupo, 14,4% sequer procuram emprego

Por Roberta Pennafort
Na casa dos pais. 'Estou procurando emprego online, mas está bem difícil', afirma Paola Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

RIO - Na última década, o número de brasileiros de 18 a 24 anos que não estudam nem trabalham, os chamados “nem nem”, cresceu no País, passando de 22,6% da população nessa faixa etária para 27,4%, ou seja, mais de um a cada quatro. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2016, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 2. 

Quando se amplia o grupo etário para 15 a 29 anos, observa-se que o porcentual dos que não trabalham, não estudam nem procuram trabalho passou de 12,8% para 14,4% de 2005 a 2015. Entre eles, há ainda os “nem nem nem nem”, aqueles que também não ajudam nos afazeres domésticos, incluindo aí os cuidados com os filhos. Eles chegaram a 23,8% em 2015. A Síntese de Indicadores Sociais é feita pelo IBGE desde 1998. 

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A proporção dos chamados “nem nem” cresceu 2,5 pontos porcentuais em relação a 2014 (20%) e 2,8 frente a 2005 (19,7%). Apenas entre 2014 e 2015, mais de 1 milhão de pessoas entraram nesta categoria. Já os “nem nem nem nem”, calculados por uma tabulação especial com base nos dados do IBGE, eram 16,5% em 2005, ou seja, o aumento na década foi de 7,3 pontos porcentuais. 

reference

São, em sua grande maioria, rapazes e homens adultos, uma vez que 91,6% da população feminina de 15 a 29 anos inativa e que não frequentava escola declarou ocupar-se das tarefas da casa. Os entrevistados homens admitiram não participar das tarefas de limpeza, cozinha e atenção aos filhos, ainda que tenham tempo livre. 

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O motivo provável é a cultura machista arraigada na sociedade brasileira. “No caso dos ‘nem nem nem’, os motivos são estruturantes, independem da conjuntura econômica. Não varia ainda que o nível de ocupação diminua. Eles podem estar desencorajados diante do mercado, podem achar que não vão encontrar nada compatível com sua qualificação. Mesmo se o cenário melhorar, os porcentuais devem continuar parecidos em 2017”, avaliou a analista do IBGE Luanda Botelho.

Exemplos. No caso da carioca Paola Borges, de 24 anos, a inatividade é a contragosto. Ela se formou em Arquitetura há três meses e enfrenta o desemprego com o noivo, engenheiro. “Estou procurando emprego online, mas está bem difícil, por causa da crise. Tenho sorte porque moro com meus pais. Meu noivo estava prestando serviço em uma empresa e foi dispensado porque os projetos diminuíram. Quero sair de casa e morar com ele, mas só com os dois trabalhando”, lamentou Paola.

Quando se comparam homens e mulheres que trabalham fora, a persistência da sobrecarga sobre elas quanto aos afazeres domésticos fica clara. De 2005 a 2015, o número de horas semanais que os homens gastaram com esse tipo de atividade não se alterou: ficou em 10 horas. Já entre as mulheres o dispêndio de tempo é o dobro disso. Somada à jornada de trabalho fora, a jornada total semanal feminina é em média cinco horas maior.

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Cangurus. A pesquisa verificou que os índices de gravidez na adolescência caíram 22,1% em dez anos. Outro dado foi quanto à chamada “geração canguru”, pessoas de 25 a 34 anos que continuam morando com os pais. Essa população parece não basear suas escolhas no cenário socioeconômico do País. Em 2004, representavam 21,7% dessa população; em 2015, 25,3%. São pessoas mais escolarizadas e que trabalham, em sua maioria, mas estendem a permanência com a família por ainda estarem concluindo os estudos, por acomodação ao padrão de vida dos pais ou por dependência emocional deles.

Na casa dos pais. 'Estou procurando emprego online, mas está bem difícil', afirma Paola Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

RIO - Na última década, o número de brasileiros de 18 a 24 anos que não estudam nem trabalham, os chamados “nem nem”, cresceu no País, passando de 22,6% da população nessa faixa etária para 27,4%, ou seja, mais de um a cada quatro. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2016, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 2. 

Quando se amplia o grupo etário para 15 a 29 anos, observa-se que o porcentual dos que não trabalham, não estudam nem procuram trabalho passou de 12,8% para 14,4% de 2005 a 2015. Entre eles, há ainda os “nem nem nem nem”, aqueles que também não ajudam nos afazeres domésticos, incluindo aí os cuidados com os filhos. Eles chegaram a 23,8% em 2015. A Síntese de Indicadores Sociais é feita pelo IBGE desde 1998. 

A proporção dos chamados “nem nem” cresceu 2,5 pontos porcentuais em relação a 2014 (20%) e 2,8 frente a 2005 (19,7%). Apenas entre 2014 e 2015, mais de 1 milhão de pessoas entraram nesta categoria. Já os “nem nem nem nem”, calculados por uma tabulação especial com base nos dados do IBGE, eram 16,5% em 2005, ou seja, o aumento na década foi de 7,3 pontos porcentuais. 

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São, em sua grande maioria, rapazes e homens adultos, uma vez que 91,6% da população feminina de 15 a 29 anos inativa e que não frequentava escola declarou ocupar-se das tarefas da casa. Os entrevistados homens admitiram não participar das tarefas de limpeza, cozinha e atenção aos filhos, ainda que tenham tempo livre. 

O motivo provável é a cultura machista arraigada na sociedade brasileira. “No caso dos ‘nem nem nem’, os motivos são estruturantes, independem da conjuntura econômica. Não varia ainda que o nível de ocupação diminua. Eles podem estar desencorajados diante do mercado, podem achar que não vão encontrar nada compatível com sua qualificação. Mesmo se o cenário melhorar, os porcentuais devem continuar parecidos em 2017”, avaliou a analista do IBGE Luanda Botelho.

Exemplos. No caso da carioca Paola Borges, de 24 anos, a inatividade é a contragosto. Ela se formou em Arquitetura há três meses e enfrenta o desemprego com o noivo, engenheiro. “Estou procurando emprego online, mas está bem difícil, por causa da crise. Tenho sorte porque moro com meus pais. Meu noivo estava prestando serviço em uma empresa e foi dispensado porque os projetos diminuíram. Quero sair de casa e morar com ele, mas só com os dois trabalhando”, lamentou Paola.

Quando se comparam homens e mulheres que trabalham fora, a persistência da sobrecarga sobre elas quanto aos afazeres domésticos fica clara. De 2005 a 2015, o número de horas semanais que os homens gastaram com esse tipo de atividade não se alterou: ficou em 10 horas. Já entre as mulheres o dispêndio de tempo é o dobro disso. Somada à jornada de trabalho fora, a jornada total semanal feminina é em média cinco horas maior.

Cangurus. A pesquisa verificou que os índices de gravidez na adolescência caíram 22,1% em dez anos. Outro dado foi quanto à chamada “geração canguru”, pessoas de 25 a 34 anos que continuam morando com os pais. Essa população parece não basear suas escolhas no cenário socioeconômico do País. Em 2004, representavam 21,7% dessa população; em 2015, 25,3%. São pessoas mais escolarizadas e que trabalham, em sua maioria, mas estendem a permanência com a família por ainda estarem concluindo os estudos, por acomodação ao padrão de vida dos pais ou por dependência emocional deles.

Na casa dos pais. 'Estou procurando emprego online, mas está bem difícil', afirma Paola Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO

RIO - Na última década, o número de brasileiros de 18 a 24 anos que não estudam nem trabalham, os chamados “nem nem”, cresceu no País, passando de 22,6% da população nessa faixa etária para 27,4%, ou seja, mais de um a cada quatro. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2016, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 2. 

Quando se amplia o grupo etário para 15 a 29 anos, observa-se que o porcentual dos que não trabalham, não estudam nem procuram trabalho passou de 12,8% para 14,4% de 2005 a 2015. Entre eles, há ainda os “nem nem nem nem”, aqueles que também não ajudam nos afazeres domésticos, incluindo aí os cuidados com os filhos. Eles chegaram a 23,8% em 2015. A Síntese de Indicadores Sociais é feita pelo IBGE desde 1998. 

A proporção dos chamados “nem nem” cresceu 2,5 pontos porcentuais em relação a 2014 (20%) e 2,8 frente a 2005 (19,7%). Apenas entre 2014 e 2015, mais de 1 milhão de pessoas entraram nesta categoria. Já os “nem nem nem nem”, calculados por uma tabulação especial com base nos dados do IBGE, eram 16,5% em 2005, ou seja, o aumento na década foi de 7,3 pontos porcentuais. 

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São, em sua grande maioria, rapazes e homens adultos, uma vez que 91,6% da população feminina de 15 a 29 anos inativa e que não frequentava escola declarou ocupar-se das tarefas da casa. Os entrevistados homens admitiram não participar das tarefas de limpeza, cozinha e atenção aos filhos, ainda que tenham tempo livre. 

O motivo provável é a cultura machista arraigada na sociedade brasileira. “No caso dos ‘nem nem nem’, os motivos são estruturantes, independem da conjuntura econômica. Não varia ainda que o nível de ocupação diminua. Eles podem estar desencorajados diante do mercado, podem achar que não vão encontrar nada compatível com sua qualificação. Mesmo se o cenário melhorar, os porcentuais devem continuar parecidos em 2017”, avaliou a analista do IBGE Luanda Botelho.

Exemplos. No caso da carioca Paola Borges, de 24 anos, a inatividade é a contragosto. Ela se formou em Arquitetura há três meses e enfrenta o desemprego com o noivo, engenheiro. “Estou procurando emprego online, mas está bem difícil, por causa da crise. Tenho sorte porque moro com meus pais. Meu noivo estava prestando serviço em uma empresa e foi dispensado porque os projetos diminuíram. Quero sair de casa e morar com ele, mas só com os dois trabalhando”, lamentou Paola.

Quando se comparam homens e mulheres que trabalham fora, a persistência da sobrecarga sobre elas quanto aos afazeres domésticos fica clara. De 2005 a 2015, o número de horas semanais que os homens gastaram com esse tipo de atividade não se alterou: ficou em 10 horas. Já entre as mulheres o dispêndio de tempo é o dobro disso. Somada à jornada de trabalho fora, a jornada total semanal feminina é em média cinco horas maior.

Cangurus. A pesquisa verificou que os índices de gravidez na adolescência caíram 22,1% em dez anos. Outro dado foi quanto à chamada “geração canguru”, pessoas de 25 a 34 anos que continuam morando com os pais. Essa população parece não basear suas escolhas no cenário socioeconômico do País. Em 2004, representavam 21,7% dessa população; em 2015, 25,3%. São pessoas mais escolarizadas e que trabalham, em sua maioria, mas estendem a permanência com a família por ainda estarem concluindo os estudos, por acomodação ao padrão de vida dos pais ou por dependência emocional deles.

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