A Quattor, comprada ontem pela Braskem, foi criada para ser a segunda maior petroquímica do Brasil, mas não conseguiu completar o segundo ano de operações. A empresa, controlada por Unipar e Petrobrás na proporção de 60% e 40%, respectivamente, foi fundada em junho de 2008 tendo como negócio a fabricante de petroquímicos básicos e resinas termoplásticas. No curto período de existência teve uma trajetória marcada por infortúnios. A expectativa de encerrar o primeiro ano de atividades com faturamento de R$ 9 bilhões foi afetada pela crise que atingiu a economia mundial a partir de setembro de 2008, praticamente três meses após o início das operações da companhia. O resultado é que, ao fim do primeiro ano de atividade, no fechamento do primeiro semestre de 2009, a receita da empresa não chegou a R$ 7,5 bilhões. Diante da retração da demanda mundial por itens petroquímicos, a direção da Quattor foi obrigada a reduzir a capacidade de produção das centrais petroquímicas e conceder férias coletivas a funcionários de São Paulo e Rio de Janeiro no fim de 2008. Concomitante à reversão no cenário econômico mundial, a Quattor foi afetada pelo aumento de seu endividamento, fruto do impacto cambial nos vencimentos, e pelo atraso de seu plano de expansão. Previsto inicialmente para ser concluído até o final de 2008, o projeto que previa aportes superiores a R$ 2 bilhões ainda não foi concluído. O último capítulo do breve histórico de percalços da companhia ocorreu em novembro do ano passado. Enquanto milhões de brasileiros foram afetados por um apagão que atingiu principalmente a Região Sudeste do País, a Quattor, sediada principalmente em São Paulo e Rio, foi afetada pela interrupção das atividades e queima de equipamentos, segundo funcionários da empresa. "Não há informações oficiais, mas comentários dão conta de que o apagão foi desastroso para a companhia. Há casos em que setores não voltaram a operar três a quatro dias após o ocorrido por causa da queima de equipamentos", afirma o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage. Procurada pela reportagem da Agência Estado, a companhia confirmou que o retorno das operações no polo ocorreu de forma escalonada, mas descartou qualquer prejuízo de grandes consequências na produção das unidades. Em meio às dificuldades e a uma dívida de aproximadamente R$ 6,6 bilhões, restou aos controladores da Quattor, Unipar e Petrobrás, encontrar uma solução para a companhia. E a união com a concorrente Braskem foi a alternativa escolhida. Com a operação, oficializada ontem, a família Geyer, controladora da Unipar e um dos mais tradicionais nomes da indústria petroquímica nacional, deverá deixar o mercado de resinas e petroquímicos básicos, concentrando suas operações principalmente no mercado de cloro-soda, onde atua com a empresa Carbocloro.