Bípedes implumes que cozinham


Por danielpiza

Segundo Platão, o ser humano se distingue dos outros animais por ser um bípede implume. Para alguns estudiosos de Charles Darwin, o polegar opositor é o traço evolutivo característico do Homo sapiens. Linguistas discutem nossa capacidade para uma linguagem com sintaxe sofisticada como diferença de grau ou de essência em relação às demais espécies. Mas o antropólogo e biólogo britânico Richard Wrangham não tem dúvida: o que nos tornou humanos foi cozinhar. Do cru para o cozido, a espécie humana evoluiu para um estágio totalmente peculiar. E você achava que uma panela era só uma panela.

O livro de Wrangham, eleito um dos melhores de 2009 em publicações como The Economist e The New York Times, se chama Pegando Fogo - Por que Cozinhar nos Tornou Humanos. Ele parte de uma velha lição da antropologia, a de que o domínio do fogo deu certa supremacia ao homem no embate contra outros animais e predadores, e a leva adiante, apoiado nas mais modernas pesquisas de fósseis e neurociência. O homem não só dominou o fogo; ele o usou para cozinhar a carne das caças, o que fez toda a diferença.

Qual diferença? Comer a carne cozida, além de fornecer proteínas, economizou energia que o cérebro gastava para rasgar e digerir o alimento - e essa energia permitiu que ele se desenvolvesse mais rapidamente, a tal ponto que o ser humano é o animal que tem o maior cérebro em relação ao corpo. Essa é a ideia central de Wrangham, que une assim a antropologia de Lévi-Strauss ("O cozimento estabelece a diferença entre animais e pessoas") à biologia pós-Darwin, ainda que o autor de A Origem das Espécies não visse tanta importância evolutiva na habilidade de fazer e manter fogo para cozinhar.

continua após a publicidade

Esse é um aspecto importante do trabalho de Wrangham: a reaproximação entre ciências humanas e naturais, movimento que é chamado de "terceira cultura". Em Lévi-Strauss o fato é assinalado do ponto de vista dos ritos e mitos que formaram a cultura. Em Wrangham há maior ênfase na consequência fisiológica de tal hábito. "O cozimento fornece calorias", diz ele, e, apesar da anatomia humana ser praticamente a mesma há quase 2 milhões de anos, esse ganho de energia propiciou o que chamamos de cultura porque liberou o cérebro para multiplicar sua rede de sinapses. Nenhum outro animal tem um trilhão de conexões.

"Nós, seres humanos, somos macacos cozinheiros, as criaturas da chama", afirma Wrangham. E busca demonstrar isso por estudos sobre o valor da maciez da carne, que em diversos animais significou uma redução de pelo menos 12% na energia usada para o trabalho de digestão. Mas não fica só nos números. A complexidade do cérebro se mostrou determinante para os humanos, diz, porque "a inteligência é um componente vital da vida social". Cozinhar nos ajudou a viver em grupo, não apenas pela divisão de tarefas no caçar e no cozinhar, mas também porque nos dotou de um cérebro com uma capacidade única de raciocínio e comunicação, ainda que tão mal utilizada.

"Espécies com cérebros maiores tendem a formar sociedades mais complexas", escreve, porque podemos dar conta de muitas relações sociais simultaneamente. É isso que explica, em hipótese, os dois grandes saltos no tamanho do cérebro: com o Homo erectus, há 2 milhões de anos, graças ao consumo de carne; e com o Homo heidelbergensis, há mais de 500 mil anos, graças à melhora dietética que o cozimento trouxe. Dali em diante, com o aperfeiçoamento da culinária, houve contínuos aumentos na eficiência digestiva.

continua após a publicidade

Houve também muitas mudanças de hábito: as refeições puderam demorar menos tempo e serem realizadas à noite; as dificuldades para encontrar alimento em estações mais pobres diminuíram; ficamos mais protegidos contra agentes carcinógenos e inflamatórios, como mostra comparação com nossos parentes chimpanzés; animais passaram a ser domesticados, etc. O ritmo do livro de Wrangham, depois de exposto seu argumento central, é mantido por essa descrição do processo evolutivo do homem, das consequências que o aparentemente simples costume de cozinhar trouxe para seu corpo, sua mente e sua sociedade. Somos todos descendentes, portanto, desse primeiro grupo de habilinos esfomeados que, nas savanas da África, se transformou em Homo erectus.

Os vegetarianos não precisam ficar aborrecidos com as ideias de Wrangham e outros estudiosos sobre o papel da carne e do cozimento na evolução da nossa espécie. Wrangham está falando do passado. No epílogo, critica o sistema atual de medição de calorias e diz que a obesidade moderna está mais ligada ao fato de que comemos alimentos muito facilmente digeríveis, sobretudo os alimentos processados cada vez mais numerosos nos supermercados. E diz que "diferentes pessoas sobrevivem à base de dietas que variam de 100% vegetais a 100% animais".

Mas, como no filme Ratatouille, se os outros animais pudessem nos invejar, seria por nossa capacidade de pegar os alimentos da natureza, levá-los ao fogo, temperá-los e combiná-los. Os homens, em suma, são bípedes implumes com polegar opositor que falam e cozinham. Vamos jantar?

Segundo Platão, o ser humano se distingue dos outros animais por ser um bípede implume. Para alguns estudiosos de Charles Darwin, o polegar opositor é o traço evolutivo característico do Homo sapiens. Linguistas discutem nossa capacidade para uma linguagem com sintaxe sofisticada como diferença de grau ou de essência em relação às demais espécies. Mas o antropólogo e biólogo britânico Richard Wrangham não tem dúvida: o que nos tornou humanos foi cozinhar. Do cru para o cozido, a espécie humana evoluiu para um estágio totalmente peculiar. E você achava que uma panela era só uma panela.

O livro de Wrangham, eleito um dos melhores de 2009 em publicações como The Economist e The New York Times, se chama Pegando Fogo - Por que Cozinhar nos Tornou Humanos. Ele parte de uma velha lição da antropologia, a de que o domínio do fogo deu certa supremacia ao homem no embate contra outros animais e predadores, e a leva adiante, apoiado nas mais modernas pesquisas de fósseis e neurociência. O homem não só dominou o fogo; ele o usou para cozinhar a carne das caças, o que fez toda a diferença.

Qual diferença? Comer a carne cozida, além de fornecer proteínas, economizou energia que o cérebro gastava para rasgar e digerir o alimento - e essa energia permitiu que ele se desenvolvesse mais rapidamente, a tal ponto que o ser humano é o animal que tem o maior cérebro em relação ao corpo. Essa é a ideia central de Wrangham, que une assim a antropologia de Lévi-Strauss ("O cozimento estabelece a diferença entre animais e pessoas") à biologia pós-Darwin, ainda que o autor de A Origem das Espécies não visse tanta importância evolutiva na habilidade de fazer e manter fogo para cozinhar.

Esse é um aspecto importante do trabalho de Wrangham: a reaproximação entre ciências humanas e naturais, movimento que é chamado de "terceira cultura". Em Lévi-Strauss o fato é assinalado do ponto de vista dos ritos e mitos que formaram a cultura. Em Wrangham há maior ênfase na consequência fisiológica de tal hábito. "O cozimento fornece calorias", diz ele, e, apesar da anatomia humana ser praticamente a mesma há quase 2 milhões de anos, esse ganho de energia propiciou o que chamamos de cultura porque liberou o cérebro para multiplicar sua rede de sinapses. Nenhum outro animal tem um trilhão de conexões.

"Nós, seres humanos, somos macacos cozinheiros, as criaturas da chama", afirma Wrangham. E busca demonstrar isso por estudos sobre o valor da maciez da carne, que em diversos animais significou uma redução de pelo menos 12% na energia usada para o trabalho de digestão. Mas não fica só nos números. A complexidade do cérebro se mostrou determinante para os humanos, diz, porque "a inteligência é um componente vital da vida social". Cozinhar nos ajudou a viver em grupo, não apenas pela divisão de tarefas no caçar e no cozinhar, mas também porque nos dotou de um cérebro com uma capacidade única de raciocínio e comunicação, ainda que tão mal utilizada.

"Espécies com cérebros maiores tendem a formar sociedades mais complexas", escreve, porque podemos dar conta de muitas relações sociais simultaneamente. É isso que explica, em hipótese, os dois grandes saltos no tamanho do cérebro: com o Homo erectus, há 2 milhões de anos, graças ao consumo de carne; e com o Homo heidelbergensis, há mais de 500 mil anos, graças à melhora dietética que o cozimento trouxe. Dali em diante, com o aperfeiçoamento da culinária, houve contínuos aumentos na eficiência digestiva.

Houve também muitas mudanças de hábito: as refeições puderam demorar menos tempo e serem realizadas à noite; as dificuldades para encontrar alimento em estações mais pobres diminuíram; ficamos mais protegidos contra agentes carcinógenos e inflamatórios, como mostra comparação com nossos parentes chimpanzés; animais passaram a ser domesticados, etc. O ritmo do livro de Wrangham, depois de exposto seu argumento central, é mantido por essa descrição do processo evolutivo do homem, das consequências que o aparentemente simples costume de cozinhar trouxe para seu corpo, sua mente e sua sociedade. Somos todos descendentes, portanto, desse primeiro grupo de habilinos esfomeados que, nas savanas da África, se transformou em Homo erectus.

Os vegetarianos não precisam ficar aborrecidos com as ideias de Wrangham e outros estudiosos sobre o papel da carne e do cozimento na evolução da nossa espécie. Wrangham está falando do passado. No epílogo, critica o sistema atual de medição de calorias e diz que a obesidade moderna está mais ligada ao fato de que comemos alimentos muito facilmente digeríveis, sobretudo os alimentos processados cada vez mais numerosos nos supermercados. E diz que "diferentes pessoas sobrevivem à base de dietas que variam de 100% vegetais a 100% animais".

Mas, como no filme Ratatouille, se os outros animais pudessem nos invejar, seria por nossa capacidade de pegar os alimentos da natureza, levá-los ao fogo, temperá-los e combiná-los. Os homens, em suma, são bípedes implumes com polegar opositor que falam e cozinham. Vamos jantar?

Segundo Platão, o ser humano se distingue dos outros animais por ser um bípede implume. Para alguns estudiosos de Charles Darwin, o polegar opositor é o traço evolutivo característico do Homo sapiens. Linguistas discutem nossa capacidade para uma linguagem com sintaxe sofisticada como diferença de grau ou de essência em relação às demais espécies. Mas o antropólogo e biólogo britânico Richard Wrangham não tem dúvida: o que nos tornou humanos foi cozinhar. Do cru para o cozido, a espécie humana evoluiu para um estágio totalmente peculiar. E você achava que uma panela era só uma panela.

O livro de Wrangham, eleito um dos melhores de 2009 em publicações como The Economist e The New York Times, se chama Pegando Fogo - Por que Cozinhar nos Tornou Humanos. Ele parte de uma velha lição da antropologia, a de que o domínio do fogo deu certa supremacia ao homem no embate contra outros animais e predadores, e a leva adiante, apoiado nas mais modernas pesquisas de fósseis e neurociência. O homem não só dominou o fogo; ele o usou para cozinhar a carne das caças, o que fez toda a diferença.

Qual diferença? Comer a carne cozida, além de fornecer proteínas, economizou energia que o cérebro gastava para rasgar e digerir o alimento - e essa energia permitiu que ele se desenvolvesse mais rapidamente, a tal ponto que o ser humano é o animal que tem o maior cérebro em relação ao corpo. Essa é a ideia central de Wrangham, que une assim a antropologia de Lévi-Strauss ("O cozimento estabelece a diferença entre animais e pessoas") à biologia pós-Darwin, ainda que o autor de A Origem das Espécies não visse tanta importância evolutiva na habilidade de fazer e manter fogo para cozinhar.

Esse é um aspecto importante do trabalho de Wrangham: a reaproximação entre ciências humanas e naturais, movimento que é chamado de "terceira cultura". Em Lévi-Strauss o fato é assinalado do ponto de vista dos ritos e mitos que formaram a cultura. Em Wrangham há maior ênfase na consequência fisiológica de tal hábito. "O cozimento fornece calorias", diz ele, e, apesar da anatomia humana ser praticamente a mesma há quase 2 milhões de anos, esse ganho de energia propiciou o que chamamos de cultura porque liberou o cérebro para multiplicar sua rede de sinapses. Nenhum outro animal tem um trilhão de conexões.

"Nós, seres humanos, somos macacos cozinheiros, as criaturas da chama", afirma Wrangham. E busca demonstrar isso por estudos sobre o valor da maciez da carne, que em diversos animais significou uma redução de pelo menos 12% na energia usada para o trabalho de digestão. Mas não fica só nos números. A complexidade do cérebro se mostrou determinante para os humanos, diz, porque "a inteligência é um componente vital da vida social". Cozinhar nos ajudou a viver em grupo, não apenas pela divisão de tarefas no caçar e no cozinhar, mas também porque nos dotou de um cérebro com uma capacidade única de raciocínio e comunicação, ainda que tão mal utilizada.

"Espécies com cérebros maiores tendem a formar sociedades mais complexas", escreve, porque podemos dar conta de muitas relações sociais simultaneamente. É isso que explica, em hipótese, os dois grandes saltos no tamanho do cérebro: com o Homo erectus, há 2 milhões de anos, graças ao consumo de carne; e com o Homo heidelbergensis, há mais de 500 mil anos, graças à melhora dietética que o cozimento trouxe. Dali em diante, com o aperfeiçoamento da culinária, houve contínuos aumentos na eficiência digestiva.

Houve também muitas mudanças de hábito: as refeições puderam demorar menos tempo e serem realizadas à noite; as dificuldades para encontrar alimento em estações mais pobres diminuíram; ficamos mais protegidos contra agentes carcinógenos e inflamatórios, como mostra comparação com nossos parentes chimpanzés; animais passaram a ser domesticados, etc. O ritmo do livro de Wrangham, depois de exposto seu argumento central, é mantido por essa descrição do processo evolutivo do homem, das consequências que o aparentemente simples costume de cozinhar trouxe para seu corpo, sua mente e sua sociedade. Somos todos descendentes, portanto, desse primeiro grupo de habilinos esfomeados que, nas savanas da África, se transformou em Homo erectus.

Os vegetarianos não precisam ficar aborrecidos com as ideias de Wrangham e outros estudiosos sobre o papel da carne e do cozimento na evolução da nossa espécie. Wrangham está falando do passado. No epílogo, critica o sistema atual de medição de calorias e diz que a obesidade moderna está mais ligada ao fato de que comemos alimentos muito facilmente digeríveis, sobretudo os alimentos processados cada vez mais numerosos nos supermercados. E diz que "diferentes pessoas sobrevivem à base de dietas que variam de 100% vegetais a 100% animais".

Mas, como no filme Ratatouille, se os outros animais pudessem nos invejar, seria por nossa capacidade de pegar os alimentos da natureza, levá-los ao fogo, temperá-los e combiná-los. Os homens, em suma, são bípedes implumes com polegar opositor que falam e cozinham. Vamos jantar?

Segundo Platão, o ser humano se distingue dos outros animais por ser um bípede implume. Para alguns estudiosos de Charles Darwin, o polegar opositor é o traço evolutivo característico do Homo sapiens. Linguistas discutem nossa capacidade para uma linguagem com sintaxe sofisticada como diferença de grau ou de essência em relação às demais espécies. Mas o antropólogo e biólogo britânico Richard Wrangham não tem dúvida: o que nos tornou humanos foi cozinhar. Do cru para o cozido, a espécie humana evoluiu para um estágio totalmente peculiar. E você achava que uma panela era só uma panela.

O livro de Wrangham, eleito um dos melhores de 2009 em publicações como The Economist e The New York Times, se chama Pegando Fogo - Por que Cozinhar nos Tornou Humanos. Ele parte de uma velha lição da antropologia, a de que o domínio do fogo deu certa supremacia ao homem no embate contra outros animais e predadores, e a leva adiante, apoiado nas mais modernas pesquisas de fósseis e neurociência. O homem não só dominou o fogo; ele o usou para cozinhar a carne das caças, o que fez toda a diferença.

Qual diferença? Comer a carne cozida, além de fornecer proteínas, economizou energia que o cérebro gastava para rasgar e digerir o alimento - e essa energia permitiu que ele se desenvolvesse mais rapidamente, a tal ponto que o ser humano é o animal que tem o maior cérebro em relação ao corpo. Essa é a ideia central de Wrangham, que une assim a antropologia de Lévi-Strauss ("O cozimento estabelece a diferença entre animais e pessoas") à biologia pós-Darwin, ainda que o autor de A Origem das Espécies não visse tanta importância evolutiva na habilidade de fazer e manter fogo para cozinhar.

Esse é um aspecto importante do trabalho de Wrangham: a reaproximação entre ciências humanas e naturais, movimento que é chamado de "terceira cultura". Em Lévi-Strauss o fato é assinalado do ponto de vista dos ritos e mitos que formaram a cultura. Em Wrangham há maior ênfase na consequência fisiológica de tal hábito. "O cozimento fornece calorias", diz ele, e, apesar da anatomia humana ser praticamente a mesma há quase 2 milhões de anos, esse ganho de energia propiciou o que chamamos de cultura porque liberou o cérebro para multiplicar sua rede de sinapses. Nenhum outro animal tem um trilhão de conexões.

"Nós, seres humanos, somos macacos cozinheiros, as criaturas da chama", afirma Wrangham. E busca demonstrar isso por estudos sobre o valor da maciez da carne, que em diversos animais significou uma redução de pelo menos 12% na energia usada para o trabalho de digestão. Mas não fica só nos números. A complexidade do cérebro se mostrou determinante para os humanos, diz, porque "a inteligência é um componente vital da vida social". Cozinhar nos ajudou a viver em grupo, não apenas pela divisão de tarefas no caçar e no cozinhar, mas também porque nos dotou de um cérebro com uma capacidade única de raciocínio e comunicação, ainda que tão mal utilizada.

"Espécies com cérebros maiores tendem a formar sociedades mais complexas", escreve, porque podemos dar conta de muitas relações sociais simultaneamente. É isso que explica, em hipótese, os dois grandes saltos no tamanho do cérebro: com o Homo erectus, há 2 milhões de anos, graças ao consumo de carne; e com o Homo heidelbergensis, há mais de 500 mil anos, graças à melhora dietética que o cozimento trouxe. Dali em diante, com o aperfeiçoamento da culinária, houve contínuos aumentos na eficiência digestiva.

Houve também muitas mudanças de hábito: as refeições puderam demorar menos tempo e serem realizadas à noite; as dificuldades para encontrar alimento em estações mais pobres diminuíram; ficamos mais protegidos contra agentes carcinógenos e inflamatórios, como mostra comparação com nossos parentes chimpanzés; animais passaram a ser domesticados, etc. O ritmo do livro de Wrangham, depois de exposto seu argumento central, é mantido por essa descrição do processo evolutivo do homem, das consequências que o aparentemente simples costume de cozinhar trouxe para seu corpo, sua mente e sua sociedade. Somos todos descendentes, portanto, desse primeiro grupo de habilinos esfomeados que, nas savanas da África, se transformou em Homo erectus.

Os vegetarianos não precisam ficar aborrecidos com as ideias de Wrangham e outros estudiosos sobre o papel da carne e do cozimento na evolução da nossa espécie. Wrangham está falando do passado. No epílogo, critica o sistema atual de medição de calorias e diz que a obesidade moderna está mais ligada ao fato de que comemos alimentos muito facilmente digeríveis, sobretudo os alimentos processados cada vez mais numerosos nos supermercados. E diz que "diferentes pessoas sobrevivem à base de dietas que variam de 100% vegetais a 100% animais".

Mas, como no filme Ratatouille, se os outros animais pudessem nos invejar, seria por nossa capacidade de pegar os alimentos da natureza, levá-los ao fogo, temperá-los e combiná-los. Os homens, em suma, são bípedes implumes com polegar opositor que falam e cozinham. Vamos jantar?

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.