'De costas' para América do Sul, Guiana vive crise étnica


Casos recentes de violência exibem problemas sociais do país amazônico.

Por Daniel Gallas

A Guiana, ex-colônia britânica que faz fronteira com os Estados do Pará e de Roraima, vive um clima de tensão entre diferentes comunidades, em meio à pobreza da população local. Descententes de indianos e africanos, comunidades que historicamente nunca mantiveram muitos laços entre si, passaram a se enfrentar em episódios recentes. Os conflitos têm ocorrido nos últimos sete anos e devem-se, segundo moradores e especialistas, ao crescimento do crime organizado no país. A grande maioria da população da Guiana é de indianos trazidos do Oriente na época em que o país ainda era colônia da Grã-Bretanha. Cerca de um terço da população é de descendentes de africanos. Em partes da capital Georgetown, a convivência é pacífica, mas, na costa leste, a tensão atingiu níveis perigosos no começo deste ano. Em um dos mais graves episódios, na noite de 26 de janeiro, homens armados invadiram diversas casas, atirando a esmo. Onze pessoas foram mortas, entre elas cinco crianças - todas de ascendência indiana. O crime ocorreu em Lusignan, um vilarejo pobre predominantemente de etnia indiana. A comunidade local ficou indignada e acusou os moradores de Buxton - uma vila vizinha de maioria negra - de abrigar os atiradores. Durante dias, os jornais especularam sobre um possível conflito entre os moradores de Lusignan e Buxton. A polícia e o governo - formado majoritariamente por descententes de indianos - dizem que o massacre de Lusignan não tem fundo racial. Kwami McCoy, assessor da presidência da Guiana, disse à BBC Brasil que a imprensa e a oposição tentam transformar o conflito em um problema étnico. Muitos dizem que, mesmo que a polícia prove que não há fundo racial nos ataques, os massacres estão acirrando o antagonismo entre os descendentes de africanos e de indianos. Em fevereiro, em outro caso de violência, doze pessoas - entre elas três policiais - foram mortas por atiradores em Bartica, cidade a 130 quilômetros da capital. Brasil como exemplo Os recentes conflitos entre comunidades étnicas na Guiana fazem algumas pessoas olharem para o Brasil como um exemplo a ser seguido em termos de tolêrância e bom relacionamento entre diferentes raças. Paul Hardy, que foi candidato à Presidência da Guiana nas últimas eleições, diz que a Guiana poderia aprender mais sobre integração racial com o Brasil. "O problema racial que temos aqui não existe no Brasil. Nós temos uma lição a aprender com os brasileiros", afirma Hardy, que morou mais de 30 anos no Brasil. Mas o partido de Hardy reclama que a comunidade internacional - em especial os países sul-americanos, inclusive o Brasil - ignora o problema da Guiana e conclamou os países a assumirem "parte da responsabilidade pela crise atual". A reclamação é constante entre os guianenses, que dizem que pouco do que acontece no país é veiculado pela mídia internacional ou sequer pelos países vizinhos. "Eu gostaria de ver um pouco mais da nossa vida e da nossa cultura aparecendo no Brasil", diz a cantora Charmaine Blackman. Mas a aproximação de Brasil e Guiana, apesar da fronteira comum, ainda é difícil de se tornar realidade. Economia, geografia, tamanho, cultura e a língua contribuem para que a Guiana seja, ao lado do Suriname, o país mais isolado da América do Sul. Se no mapa, Guiana e o vizinho Suriname fazem parte da América do Sul, na prática os dois países parecem estar "de costas" para a região e de frente para o Caribe. Quase toda população dos países mora no litoral. O interior - onde fica a floresta amazônica e a fronteira com o Brasil - é virtualmente abandonado. Suriname e Guiana têm porte de países caribenhos. Os dois juntos respondem por menos de 1% da população e da riqueza da América do Sul. A Guiana tem apenas 750 mil habitantes. Os dois países fazem parte da Comunidade Caribenha de Nações e não integram nenhum bloco econômico sul-americano. Neste ano, pelo menos um obstáculo que separa Brasil e Guiana será desfeito. Autoridades dos dois países devem inaugurar a primeira ponte na fronteira dos dois países, um modesto começo da ligação entre os dois povos. A ponte sobre o rio Itacatu vai conectar a única estrada que liga Georgetown à fronteira brasileira, cortando a floresta amazônica. "Talvez se houver finalmente a ligação por estrada, os brasileiros vão poder vir mais para cá", diz o vendedor Linden Missingher. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Guiana, ex-colônia britânica que faz fronteira com os Estados do Pará e de Roraima, vive um clima de tensão entre diferentes comunidades, em meio à pobreza da população local. Descententes de indianos e africanos, comunidades que historicamente nunca mantiveram muitos laços entre si, passaram a se enfrentar em episódios recentes. Os conflitos têm ocorrido nos últimos sete anos e devem-se, segundo moradores e especialistas, ao crescimento do crime organizado no país. A grande maioria da população da Guiana é de indianos trazidos do Oriente na época em que o país ainda era colônia da Grã-Bretanha. Cerca de um terço da população é de descendentes de africanos. Em partes da capital Georgetown, a convivência é pacífica, mas, na costa leste, a tensão atingiu níveis perigosos no começo deste ano. Em um dos mais graves episódios, na noite de 26 de janeiro, homens armados invadiram diversas casas, atirando a esmo. Onze pessoas foram mortas, entre elas cinco crianças - todas de ascendência indiana. O crime ocorreu em Lusignan, um vilarejo pobre predominantemente de etnia indiana. A comunidade local ficou indignada e acusou os moradores de Buxton - uma vila vizinha de maioria negra - de abrigar os atiradores. Durante dias, os jornais especularam sobre um possível conflito entre os moradores de Lusignan e Buxton. A polícia e o governo - formado majoritariamente por descententes de indianos - dizem que o massacre de Lusignan não tem fundo racial. Kwami McCoy, assessor da presidência da Guiana, disse à BBC Brasil que a imprensa e a oposição tentam transformar o conflito em um problema étnico. Muitos dizem que, mesmo que a polícia prove que não há fundo racial nos ataques, os massacres estão acirrando o antagonismo entre os descendentes de africanos e de indianos. Em fevereiro, em outro caso de violência, doze pessoas - entre elas três policiais - foram mortas por atiradores em Bartica, cidade a 130 quilômetros da capital. Brasil como exemplo Os recentes conflitos entre comunidades étnicas na Guiana fazem algumas pessoas olharem para o Brasil como um exemplo a ser seguido em termos de tolêrância e bom relacionamento entre diferentes raças. Paul Hardy, que foi candidato à Presidência da Guiana nas últimas eleições, diz que a Guiana poderia aprender mais sobre integração racial com o Brasil. "O problema racial que temos aqui não existe no Brasil. Nós temos uma lição a aprender com os brasileiros", afirma Hardy, que morou mais de 30 anos no Brasil. Mas o partido de Hardy reclama que a comunidade internacional - em especial os países sul-americanos, inclusive o Brasil - ignora o problema da Guiana e conclamou os países a assumirem "parte da responsabilidade pela crise atual". A reclamação é constante entre os guianenses, que dizem que pouco do que acontece no país é veiculado pela mídia internacional ou sequer pelos países vizinhos. "Eu gostaria de ver um pouco mais da nossa vida e da nossa cultura aparecendo no Brasil", diz a cantora Charmaine Blackman. Mas a aproximação de Brasil e Guiana, apesar da fronteira comum, ainda é difícil de se tornar realidade. Economia, geografia, tamanho, cultura e a língua contribuem para que a Guiana seja, ao lado do Suriname, o país mais isolado da América do Sul. Se no mapa, Guiana e o vizinho Suriname fazem parte da América do Sul, na prática os dois países parecem estar "de costas" para a região e de frente para o Caribe. Quase toda população dos países mora no litoral. O interior - onde fica a floresta amazônica e a fronteira com o Brasil - é virtualmente abandonado. Suriname e Guiana têm porte de países caribenhos. Os dois juntos respondem por menos de 1% da população e da riqueza da América do Sul. A Guiana tem apenas 750 mil habitantes. Os dois países fazem parte da Comunidade Caribenha de Nações e não integram nenhum bloco econômico sul-americano. Neste ano, pelo menos um obstáculo que separa Brasil e Guiana será desfeito. Autoridades dos dois países devem inaugurar a primeira ponte na fronteira dos dois países, um modesto começo da ligação entre os dois povos. A ponte sobre o rio Itacatu vai conectar a única estrada que liga Georgetown à fronteira brasileira, cortando a floresta amazônica. "Talvez se houver finalmente a ligação por estrada, os brasileiros vão poder vir mais para cá", diz o vendedor Linden Missingher. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Guiana, ex-colônia britânica que faz fronteira com os Estados do Pará e de Roraima, vive um clima de tensão entre diferentes comunidades, em meio à pobreza da população local. Descententes de indianos e africanos, comunidades que historicamente nunca mantiveram muitos laços entre si, passaram a se enfrentar em episódios recentes. Os conflitos têm ocorrido nos últimos sete anos e devem-se, segundo moradores e especialistas, ao crescimento do crime organizado no país. A grande maioria da população da Guiana é de indianos trazidos do Oriente na época em que o país ainda era colônia da Grã-Bretanha. Cerca de um terço da população é de descendentes de africanos. Em partes da capital Georgetown, a convivência é pacífica, mas, na costa leste, a tensão atingiu níveis perigosos no começo deste ano. Em um dos mais graves episódios, na noite de 26 de janeiro, homens armados invadiram diversas casas, atirando a esmo. Onze pessoas foram mortas, entre elas cinco crianças - todas de ascendência indiana. O crime ocorreu em Lusignan, um vilarejo pobre predominantemente de etnia indiana. A comunidade local ficou indignada e acusou os moradores de Buxton - uma vila vizinha de maioria negra - de abrigar os atiradores. Durante dias, os jornais especularam sobre um possível conflito entre os moradores de Lusignan e Buxton. A polícia e o governo - formado majoritariamente por descententes de indianos - dizem que o massacre de Lusignan não tem fundo racial. Kwami McCoy, assessor da presidência da Guiana, disse à BBC Brasil que a imprensa e a oposição tentam transformar o conflito em um problema étnico. Muitos dizem que, mesmo que a polícia prove que não há fundo racial nos ataques, os massacres estão acirrando o antagonismo entre os descendentes de africanos e de indianos. Em fevereiro, em outro caso de violência, doze pessoas - entre elas três policiais - foram mortas por atiradores em Bartica, cidade a 130 quilômetros da capital. Brasil como exemplo Os recentes conflitos entre comunidades étnicas na Guiana fazem algumas pessoas olharem para o Brasil como um exemplo a ser seguido em termos de tolêrância e bom relacionamento entre diferentes raças. Paul Hardy, que foi candidato à Presidência da Guiana nas últimas eleições, diz que a Guiana poderia aprender mais sobre integração racial com o Brasil. "O problema racial que temos aqui não existe no Brasil. Nós temos uma lição a aprender com os brasileiros", afirma Hardy, que morou mais de 30 anos no Brasil. Mas o partido de Hardy reclama que a comunidade internacional - em especial os países sul-americanos, inclusive o Brasil - ignora o problema da Guiana e conclamou os países a assumirem "parte da responsabilidade pela crise atual". A reclamação é constante entre os guianenses, que dizem que pouco do que acontece no país é veiculado pela mídia internacional ou sequer pelos países vizinhos. "Eu gostaria de ver um pouco mais da nossa vida e da nossa cultura aparecendo no Brasil", diz a cantora Charmaine Blackman. Mas a aproximação de Brasil e Guiana, apesar da fronteira comum, ainda é difícil de se tornar realidade. Economia, geografia, tamanho, cultura e a língua contribuem para que a Guiana seja, ao lado do Suriname, o país mais isolado da América do Sul. Se no mapa, Guiana e o vizinho Suriname fazem parte da América do Sul, na prática os dois países parecem estar "de costas" para a região e de frente para o Caribe. Quase toda população dos países mora no litoral. O interior - onde fica a floresta amazônica e a fronteira com o Brasil - é virtualmente abandonado. Suriname e Guiana têm porte de países caribenhos. Os dois juntos respondem por menos de 1% da população e da riqueza da América do Sul. A Guiana tem apenas 750 mil habitantes. Os dois países fazem parte da Comunidade Caribenha de Nações e não integram nenhum bloco econômico sul-americano. Neste ano, pelo menos um obstáculo que separa Brasil e Guiana será desfeito. Autoridades dos dois países devem inaugurar a primeira ponte na fronteira dos dois países, um modesto começo da ligação entre os dois povos. A ponte sobre o rio Itacatu vai conectar a única estrada que liga Georgetown à fronteira brasileira, cortando a floresta amazônica. "Talvez se houver finalmente a ligação por estrada, os brasileiros vão poder vir mais para cá", diz o vendedor Linden Missingher. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Guiana, ex-colônia britânica que faz fronteira com os Estados do Pará e de Roraima, vive um clima de tensão entre diferentes comunidades, em meio à pobreza da população local. Descententes de indianos e africanos, comunidades que historicamente nunca mantiveram muitos laços entre si, passaram a se enfrentar em episódios recentes. Os conflitos têm ocorrido nos últimos sete anos e devem-se, segundo moradores e especialistas, ao crescimento do crime organizado no país. A grande maioria da população da Guiana é de indianos trazidos do Oriente na época em que o país ainda era colônia da Grã-Bretanha. Cerca de um terço da população é de descendentes de africanos. Em partes da capital Georgetown, a convivência é pacífica, mas, na costa leste, a tensão atingiu níveis perigosos no começo deste ano. Em um dos mais graves episódios, na noite de 26 de janeiro, homens armados invadiram diversas casas, atirando a esmo. Onze pessoas foram mortas, entre elas cinco crianças - todas de ascendência indiana. O crime ocorreu em Lusignan, um vilarejo pobre predominantemente de etnia indiana. A comunidade local ficou indignada e acusou os moradores de Buxton - uma vila vizinha de maioria negra - de abrigar os atiradores. Durante dias, os jornais especularam sobre um possível conflito entre os moradores de Lusignan e Buxton. A polícia e o governo - formado majoritariamente por descententes de indianos - dizem que o massacre de Lusignan não tem fundo racial. Kwami McCoy, assessor da presidência da Guiana, disse à BBC Brasil que a imprensa e a oposição tentam transformar o conflito em um problema étnico. Muitos dizem que, mesmo que a polícia prove que não há fundo racial nos ataques, os massacres estão acirrando o antagonismo entre os descendentes de africanos e de indianos. Em fevereiro, em outro caso de violência, doze pessoas - entre elas três policiais - foram mortas por atiradores em Bartica, cidade a 130 quilômetros da capital. Brasil como exemplo Os recentes conflitos entre comunidades étnicas na Guiana fazem algumas pessoas olharem para o Brasil como um exemplo a ser seguido em termos de tolêrância e bom relacionamento entre diferentes raças. Paul Hardy, que foi candidato à Presidência da Guiana nas últimas eleições, diz que a Guiana poderia aprender mais sobre integração racial com o Brasil. "O problema racial que temos aqui não existe no Brasil. Nós temos uma lição a aprender com os brasileiros", afirma Hardy, que morou mais de 30 anos no Brasil. Mas o partido de Hardy reclama que a comunidade internacional - em especial os países sul-americanos, inclusive o Brasil - ignora o problema da Guiana e conclamou os países a assumirem "parte da responsabilidade pela crise atual". A reclamação é constante entre os guianenses, que dizem que pouco do que acontece no país é veiculado pela mídia internacional ou sequer pelos países vizinhos. "Eu gostaria de ver um pouco mais da nossa vida e da nossa cultura aparecendo no Brasil", diz a cantora Charmaine Blackman. Mas a aproximação de Brasil e Guiana, apesar da fronteira comum, ainda é difícil de se tornar realidade. Economia, geografia, tamanho, cultura e a língua contribuem para que a Guiana seja, ao lado do Suriname, o país mais isolado da América do Sul. Se no mapa, Guiana e o vizinho Suriname fazem parte da América do Sul, na prática os dois países parecem estar "de costas" para a região e de frente para o Caribe. Quase toda população dos países mora no litoral. O interior - onde fica a floresta amazônica e a fronteira com o Brasil - é virtualmente abandonado. Suriname e Guiana têm porte de países caribenhos. Os dois juntos respondem por menos de 1% da população e da riqueza da América do Sul. A Guiana tem apenas 750 mil habitantes. Os dois países fazem parte da Comunidade Caribenha de Nações e não integram nenhum bloco econômico sul-americano. Neste ano, pelo menos um obstáculo que separa Brasil e Guiana será desfeito. Autoridades dos dois países devem inaugurar a primeira ponte na fronteira dos dois países, um modesto começo da ligação entre os dois povos. A ponte sobre o rio Itacatu vai conectar a única estrada que liga Georgetown à fronteira brasileira, cortando a floresta amazônica. "Talvez se houver finalmente a ligação por estrada, os brasileiros vão poder vir mais para cá", diz o vendedor Linden Missingher. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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