A Defesa Civil de Maceió afirma que o colapso de mina da Braskem pode ocorrer a qualquer momento. O órgão diz ainda que permanece em alerta máximo em razão do risco iminente. “A Defesa Civil de Maceió informa que o deslocamento vertical acumulado da mina 18 é de 1,42 m e a velocidade vertical é de 2,6 cm por hora. O órgão permanece em alerta máximo, devido ao risco iminente de colapso da mina 18, que está na região do antigo campo do clube CSA, no bairro de Mutange”, disse na manhã desta sexta-feira, 1º.
Na noite anterior, 30, a defesa civil já havia dito que estudos têm mostrado o aumento significativo na movimentação do solo na mina, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um sinkhole, ou seja, uma enorme cratera pode ser aberta na região afetada.
Na noite de quarta-feira, 29, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), decretou estado de emergência por 180 dias na capital de Alagoas, após alerta para “risco iminente de colapso” da mina 18 da Braskem no bairro de Mutange, que já havia sido feito no mesmo dia. A gestão municipal tem alertado para tremores de terra na região nos últimos dias.
Um gabinete de crise foi criado emergencialmente pelo prefeito na quarta para acompanhar o agravamento da situação e agentes da Defesa Civil Nacional foram para a cidade.
As ocorrências de microssismos foram registradas na área das minas que estão sendo preenchidas pela empresa de mineração. A área, que já estava com atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil de Maceió.
Segundo lideranças locais, desde que a Defesa Civil de Maceió emitiu o comunicado informando piora do quadro na região do antigo campo de futebol do CSA, as comunidades estão em pânico e revoltadas. Uma decisão judicial determina a saída de 27 famílias da área de risco 00, que abrange os dois bairros. Dessas, 14 ainda não tinham saído de casa até a noite de quinta-feira.
Em nota, a Braskem disse que segue acompanhando, de forma ininterrupta, os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil municipal.
Entenda a situação
Os problemas em Maceió começaram em 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano. A petroquímica realizava a extração do minério na capital alagoana em 35 minas.
Em novembro de 2019, a empresa decidiu propor a remoção preventiva dos moradores e a criação da Área de Resguardo. Esse local fica na área dos 35 poços de sal que eram operados nos bairros e já estavam desde maio do mesmo ano paralisados. Foi quando, em novembro de 2019, a Braskem também anunciou o encerramento definitivo da extração do minério na região. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.
As 35 minas da companhia começaram a ser fechadas ainda em 2019, depois que a empresa foi responsabilizada pelo surgimento de rachaduras em casas e ruas de alguns bairros de Maceió no ano anterior. O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo causado pela extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem. A fabricação na região teve início em 1976.
Com o registro de novos tremores, as atividades na Área de Resguardo foram paralisadas. Os sismos sentidos nos últimos dias foram registrados em áreas já desocupadas. Por segurança, a Defesa Civil recomenda que seja evitada a circulação de pessoas e de embarcações na lagoa perto de Mutange.
“A recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da defesa civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo. A equipe de análise da defesa civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas. O órgão reitera a recomendação de evitar a área desocupada do antigo campo do CSA, por questões de segurança, reiterou em comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira.
Foi registrado novo movimento de terra na quinta-feira. “A situação é preocupante, porque a velocidade de subsidência, tanto vertical quanto horizontal, continua alta, indicando afundamento do solo,” disse o coordenador da Defesa Civil de Maceió, Abelardo Pedro Nobre Jr.
Essas minas são como cavernas que ficam sob uma lagoa. O topo dessas cavernas pode colapsar a qualquer momento. Os possíveis impactos ambientais são imprevisíveis.
A mina em risco tem 85 metros de largura e está a 1,1 mil metros de profundidade, segundo estudo do Serviço Geológico do Brasil. A catástrofe pode ser ainda maior, visto que outras duas minas, a de número 7 e a 19, estão bem próximas da 18.
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