O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), decretou estado de emergência por 180 dias em Maceió, capital de Alagoas, na noite de quarta-feira, 29, após alerta para “risco iminente de colapso” da mina 18 da Braskem no bairro de Mutange, que já havia sido feito no mesmo dia. A gestão municipal tem alertado para tremores de terra na região. Caldas fez o anúncio à população por meio das redes sociais.
“Devido ao risco de colapso de uma mina no Mutange, decretei estado de emergência por 180 dias em Maceió”, disse ele.
A Defesa Civil da cidade também já havia reforçado, anteriormente, o monitoramento no local, que permanece em vigilância. Segundo o órgão, os sismos sentidos nos últimos dias foram registrados em áreas já desocupadas.
Um gabinete de crise foi criado e a Defesa Civil de Maceió também monitora as minas existentes na Lagoa, nas proximidades do antigo campo do clube CSA. “Por precaução e cuidado com as pessoas, recomendamos que a população e embarcações evitem transitar na região até nova atualização do órgão”, alertou o órgão.
Recentemente, ocorrências de microssismos foram registradas na área das minas que estão sendo preenchidas pela empresa de mineração Braskem. Em magnitudes consideradas baixas, sem potencial para causar danos à superfície ou serem sentidas pela população, estes tipos de ocorrência somente são identificados por meio de equipamentos de monitoramento.
Em nota, a Braskem disse que, em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento, paralisou suas atividades na Área de Resguardo.
“Tais registros estão concentrados em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Avenida Major Cícero de Goes Monteiro”, afirmou a empresa.
A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil de Maceió. “É uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência”, reforça a companhia.
A Braskem disse que segue acompanhando, de forma ininterrupta, os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil municipal.
Afundamento de solo em cinco bairros
Os problemas em Maceió começaram no dia 3 de março de 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras e o afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas naquele ano.
O abalo foi causado pelo deslocamento do subsolo por causa da extração de sal-gema, um cloreto de sódio que é utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), pela Braskem, que atuava na região desde 1976. A companhia encerrou a extração do minério na região em 2019. No total, mais de 200 mil pessoas foram afetadas pelo desastre.
No dia 21 de julho deste ano, a Braskem informou que fechou acordo com o município de Maceió para pagamento de R$ 1,7 bilhão. O termo estabelece a indenização, compensação e ressarcimento integral da cidade alagoana em relação a todo e qualquer dano patrimonial e extrapatrimonial por ele suportado.
Conforme a prefeitura de Maceió, os recursos que serão pagos pela empresa serão destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do Fundo de Amparo aos Moradores (FAM). O acordo não invalida as ações ou negociações entre a Braskem e os moradores das regiões afetadas.