Por dentro da rede

Opinião|Linha de eventos nos anos 1990 foi fundamental para a internet do Brasil


Falecido em abril, Tadao Takahashi teve papel central nesse processo de desenvolvimento da internet no Brasil

Por Demi Getshko
Falecido em abril, Tadao Takahashi teve papel central nesse processo de desenvolvimento da internet no Brasil Foto: Ricardo Matsukawa/NIC.br

O 12.º Fórum da Internet no Brasil foi realizado em Natal de 31 de maio a 3 de junho, evento que homenageou a Tadao Takahashi, pioneiro da internet no Brasil falecido em 6 de abril. A data também é de início da ECO-92, evento importante para a internet do Brasil.

Desde 1988, o Brasil contava com conexões internacionais que davam acesso a redes acadêmicas. Seja pelo LNCC, no Rio, via Bitnet, seja pela Fapesp, em São Paulo, com Hepnet e Bitnet, havia tráfego de correio eletrônico e algum acesso a computadores no exterior com a Hepnet. Para dar sobrenome às máquinas das diversas universidades que iam se conectando, o .Br foi conseguido em 18 de abril de 1989, e direcionado às instalações na Fapesp. Com a entrada do Fermilab na ESNet (Energy Sciences Network) nos EUA, começavam as conversas para incluir TCP/IP na conexão.

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Em 7 de fevereiro de 1991, o acesso à internet na linha Fapesp-Fermilab foi considerado estável e em condições de ser utilizado no primeiro “backbone” da RNP em fase de montagem, e que foi sendo paulatinamente ativado em 1992. Na ECO-92 já havia condições de prover acesso internet aos participantes. Do lado de São Paulo, isso motivou também uma expansão no uso de rádio como solução de conexão fácil, porque instituições e jornalistas buscavam de alguma forma conectar-se e participar da ECO-92 remotamente.

Porém, tanto no Brasil como em boa parte do mundo, havia o acordo firmado na UIT (União Internacional de Telecomunicações) de se usar a pilha de protocolos ISO/OSI. No Brasil tínhamos a Renpac (Rede Nacional de Pacotes) com esse conjunto de protocolos, e a expectativa da Telebrás era seguir nessa direção. Quando nos EUA a NSF (National Science Foundation) resolveu em 1986 criar uma rede de centros de supercomputação, atendendo à comunidade acadêmica optou pelo TCP/IP. Iniciou-se uma inflexão importante, rumo a uma rede aberta a todos e sem controle central.

No Brasil, a ECO-92 mostrou que internet era também a escolha da comunidade. Essa linha de eventos desemboca na oferta de conexão internet a usuários finais, feita pela Embratel em dezembro de 1994. Uma importante correção de rumo ocorreu em 1995 quando a Embratel foi vetada de operar diretamente com o usuário final. Ela redistribuiu às conexões às teles, que conectariam os provedores aos internautas. 

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Há um papel central exercido por Tadao nesse processo que, com a criação do Comitê Gestor em maio de 1995, completava seu círculo virtuoso permitindo o desenvolvimento da internet no Brasil.

Falecido em abril, Tadao Takahashi teve papel central nesse processo de desenvolvimento da internet no Brasil Foto: Ricardo Matsukawa/NIC.br

O 12.º Fórum da Internet no Brasil foi realizado em Natal de 31 de maio a 3 de junho, evento que homenageou a Tadao Takahashi, pioneiro da internet no Brasil falecido em 6 de abril. A data também é de início da ECO-92, evento importante para a internet do Brasil.

Desde 1988, o Brasil contava com conexões internacionais que davam acesso a redes acadêmicas. Seja pelo LNCC, no Rio, via Bitnet, seja pela Fapesp, em São Paulo, com Hepnet e Bitnet, havia tráfego de correio eletrônico e algum acesso a computadores no exterior com a Hepnet. Para dar sobrenome às máquinas das diversas universidades que iam se conectando, o .Br foi conseguido em 18 de abril de 1989, e direcionado às instalações na Fapesp. Com a entrada do Fermilab na ESNet (Energy Sciences Network) nos EUA, começavam as conversas para incluir TCP/IP na conexão.

Em 7 de fevereiro de 1991, o acesso à internet na linha Fapesp-Fermilab foi considerado estável e em condições de ser utilizado no primeiro “backbone” da RNP em fase de montagem, e que foi sendo paulatinamente ativado em 1992. Na ECO-92 já havia condições de prover acesso internet aos participantes. Do lado de São Paulo, isso motivou também uma expansão no uso de rádio como solução de conexão fácil, porque instituições e jornalistas buscavam de alguma forma conectar-se e participar da ECO-92 remotamente.

Porém, tanto no Brasil como em boa parte do mundo, havia o acordo firmado na UIT (União Internacional de Telecomunicações) de se usar a pilha de protocolos ISO/OSI. No Brasil tínhamos a Renpac (Rede Nacional de Pacotes) com esse conjunto de protocolos, e a expectativa da Telebrás era seguir nessa direção. Quando nos EUA a NSF (National Science Foundation) resolveu em 1986 criar uma rede de centros de supercomputação, atendendo à comunidade acadêmica optou pelo TCP/IP. Iniciou-se uma inflexão importante, rumo a uma rede aberta a todos e sem controle central.

No Brasil, a ECO-92 mostrou que internet era também a escolha da comunidade. Essa linha de eventos desemboca na oferta de conexão internet a usuários finais, feita pela Embratel em dezembro de 1994. Uma importante correção de rumo ocorreu em 1995 quando a Embratel foi vetada de operar diretamente com o usuário final. Ela redistribuiu às conexões às teles, que conectariam os provedores aos internautas. 

Há um papel central exercido por Tadao nesse processo que, com a criação do Comitê Gestor em maio de 1995, completava seu círculo virtuoso permitindo o desenvolvimento da internet no Brasil.

Falecido em abril, Tadao Takahashi teve papel central nesse processo de desenvolvimento da internet no Brasil Foto: Ricardo Matsukawa/NIC.br

O 12.º Fórum da Internet no Brasil foi realizado em Natal de 31 de maio a 3 de junho, evento que homenageou a Tadao Takahashi, pioneiro da internet no Brasil falecido em 6 de abril. A data também é de início da ECO-92, evento importante para a internet do Brasil.

Desde 1988, o Brasil contava com conexões internacionais que davam acesso a redes acadêmicas. Seja pelo LNCC, no Rio, via Bitnet, seja pela Fapesp, em São Paulo, com Hepnet e Bitnet, havia tráfego de correio eletrônico e algum acesso a computadores no exterior com a Hepnet. Para dar sobrenome às máquinas das diversas universidades que iam se conectando, o .Br foi conseguido em 18 de abril de 1989, e direcionado às instalações na Fapesp. Com a entrada do Fermilab na ESNet (Energy Sciences Network) nos EUA, começavam as conversas para incluir TCP/IP na conexão.

Em 7 de fevereiro de 1991, o acesso à internet na linha Fapesp-Fermilab foi considerado estável e em condições de ser utilizado no primeiro “backbone” da RNP em fase de montagem, e que foi sendo paulatinamente ativado em 1992. Na ECO-92 já havia condições de prover acesso internet aos participantes. Do lado de São Paulo, isso motivou também uma expansão no uso de rádio como solução de conexão fácil, porque instituições e jornalistas buscavam de alguma forma conectar-se e participar da ECO-92 remotamente.

Porém, tanto no Brasil como em boa parte do mundo, havia o acordo firmado na UIT (União Internacional de Telecomunicações) de se usar a pilha de protocolos ISO/OSI. No Brasil tínhamos a Renpac (Rede Nacional de Pacotes) com esse conjunto de protocolos, e a expectativa da Telebrás era seguir nessa direção. Quando nos EUA a NSF (National Science Foundation) resolveu em 1986 criar uma rede de centros de supercomputação, atendendo à comunidade acadêmica optou pelo TCP/IP. Iniciou-se uma inflexão importante, rumo a uma rede aberta a todos e sem controle central.

No Brasil, a ECO-92 mostrou que internet era também a escolha da comunidade. Essa linha de eventos desemboca na oferta de conexão internet a usuários finais, feita pela Embratel em dezembro de 1994. Uma importante correção de rumo ocorreu em 1995 quando a Embratel foi vetada de operar diretamente com o usuário final. Ela redistribuiu às conexões às teles, que conectariam os provedores aos internautas. 

Há um papel central exercido por Tadao nesse processo que, com a criação do Comitê Gestor em maio de 1995, completava seu círculo virtuoso permitindo o desenvolvimento da internet no Brasil.

Opinião por Demi Getshko

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