Cerca de um terço do planeta será deserto no ano 2100, de acordo com relatório do Centro Hadley para Previsão e Pesquisa Climática, ligado ao Escritório de Meteorologia do Reino Unido. Esta é a primeira vez em que se quantifica o risco de seca provocada pela mudança climática, usando-se um modelo de supercomputador tão sofisticado como o do centro. O relatório, que é tema de reportagem do jornal britânico The Independent e foi apresentado na "Clínica Climática" realizada durante a convenção do Partido Conservador britânico, prevê que secas severas atingirão metade da superfície da Terra. Condições de "seca extrema", que tornam a agricultura impossível, prevalecerão em um terço do planeta. Ainda segundo o jornal britânico, o impacto previsto pode ser uma "subestimação" do efeito real, já que o modelo não computou os efeitos do aquecimento global sobre o ciclo do carbono. Outro estudo do Escritório de Meteorologia, ainda não publicado, leva em conta as mudanças no ciclo e traz previsões ainda mais catastróficas. O estudo divulgado durante a "Clínica Climática", de autoria de Eleanor Burke e colegas, modela a evolução de uma medida de seca conhecida como Índice Palmer de Severidade da Seca (PDSI) ao longo dos próximos 100 anos, a partir das previsões de mudança no regime de chuvas e nas temperaturas, provocada pela mudança climática. A simulação mostra que o nível PDSI para seca moderada, que hoje se aplica a 25% da superfície do planeta, cobrirá 50% em 2100. O nível de seca severa, que hoje descreve 8% da Terra, chegará a 40%. O índice de seca extrema, de 3%, irá para 30%. Cientistas ressalvam que o estudo se valeu de um único modelo climático, um único cenário para emissões de gases do efeito estufa (que estima emissões altas ou moderadas) e um único índice de seca. Ainda assim, o resultado é "significativo", de acordo a chefe do programa climático do Centro Hadley, Vicky Pope, ouvida pelo Independent. O trabalho completo será publicado na edição de outubro de The Journal of Hydrometeorology.