Cinco dias depois de sofrer uma derrota no Congresso, a presidente Dilma Rousseff decidiu trocar os líderes de seu governo tanto na Câmara como no Senado, sob o argumento de que pretende fazer um "rodízio" nessas funções. No Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) dará lugar a Eduardo Braga (PMDB-AM). Na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) deixará o posto, mas ainda não havia informações sobre seu substituto, disseram fontes do governo e ligadas ao Palácio do Planalto à Reuters. Uma fonte do governo, no entanto, apontou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) como favorito para assumir a vaga. Apesar de as trocas acontecerem cinco dias depois de o governo ser derrotado no Senado com a rejeição de Bernardo Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), peemedebistas disseram não ter visto na substituição de Jucá uma retaliação ao partido. "A presidente disse que não faria retaliações e não está sendo incoerente. O PMDB continua no cargo, não é retaliação ao PMDB nem aos partidos da base", disse uma fonte da legenda. Figueiredo, um técnico que tinha a confiança de Dilma, foi rejeitado para reassumir a ANTT numa votação secreta do Senado, com apoio de parlamentares da base aliada de Dilma, especialmente do PMDB, maior partido da coalizão. O anúncio das trocas ainda não foi feito oficialmente e pode ocorrer apenas na terça-feira. Após a informação sobre a troca de Jucá, uma fonte do Planalto disse à Reuters que "dificilmente" Dilma trocaria seu líder no Senado e manteria o da Câmara. Como a substituição ainda não foi oficializada, tanto Jucá quanto Braga se recusaram a comentar a notícia. "O senador só se posicionará a respeito do assunto caso tal informação seja oficializada pelo Palácio do Planalto. E que até o momento, em função disso, o senador Jucá continua líder da presidente Dilma Rousseff", disse a assessoria de Jucá em nota. Braga foi na mesma linha. "Não vou falar sobre esse tema hoje", afirmou o senador a jornalistas. "Se a presidenta da República entender que eu posso prestar um serviço ao Brasil e ao governo aqui, eu teria o maior prazer em poder contribuir." Já Vaccarezza estava reunido na noite desta segunda com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, no Palácio do Planalto, onde estaria sendo informado da decisão de substituí-lo. LÍDER DE TODOS OS GOVERNOS Antes da conversa com Jucá, em que foi comunicado sobre a decisão, Dilma teve o cuidado de conversar com outros peemedebistas. Falou com o vice-presidente Michel Temer e com os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). Fontes ligadas aos três confirmaram que o partido não viu a troca como retaliação, já que a liderança permanece com o PMDB. A liderança do PMDB no Senado confirmou que Dilma se reuniu com a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e com o líder do partido na Casa, Renan Calheiros, no final da manhã para discutir a troca. Durante quase duas horas, eles conversaram sobre a mudança na liderança. Dilma teria comentado ainda que a escolha de Braga tinha o objetivo de "trazer unidade ao partido". Jucá chegou ao Planalto já sabendo da troca. Ele era líder do governo desde junho de 2006, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, já havia liderado o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no Senado. O nome de Braga foi escolhido por Dilma. Ela já cogitava dar um espaço ao senador no ano passado, quando definia o nome para liderança do governo no Congresso. (Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Jeferson Ribeiro)