''Dinheiro nós já temos. O que queremos é que nosso banco seja admirado''


Por David Friedlander

ENTREVISTA: André Esteves

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Dos garotos prodígio que apareceram no mercado financeiro nos anos 90, e tinham como lema ganhar o primeiro milhão de dólares antes dos 30 anos, o banqueiro André Esteves é o mais resistente. Aos 41 anos, já ganhou o primeiro bilhão de dólares, mas não pendurou a gravata, como fizeram seus colegas dos velhos tempos . Ele continua à frente do BTG Pactual, um dos bancos de investimento mais ariscos da praça. Nesta entrevista, Esteves fala da estratégia que ele e os sócios têm para o banco, sobre o projeto do Banco Central de limitar a remuneração dos executivos financeiros e do desejo que teve de ser sócio do UBS, da Suíça, um dos maiores bancos do mundo.

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Entre os primeiros bancos de investimento nacionais, como o Garantia, Icatu, Matrix e o velho Pactual, todos acabaram fechando ou sendo vendidos para estrangeiros. Por que o sr. acredita que o BTG Pactual terá vida mais longa do que seus antecessores?

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Primeiro, porque a gente quer. Como os outros, anos atrás nós vendemos o Pactual para o UBS da Suíça. A diferença para os outros é que, com essa venda, queríamos um projeto maior ainda, podendo inclusive ter participação no capital do UBS. Por causa da crise o projeto não vingou, mas tivemos a oportunidade de comprar o Pactual de volta. Temos uma ambição empresarial de longo prazo. Dinheiro nós já temos. Queremos construir um negócio que fique, que seja admirado porque é o melhor.

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Nos bancos de investimento como o seu, as pessoas trabalham como loucas porque sonham com um bônus milionário no fim do ano. Que tipo de impacto pode ter o projeto do Banco Central que propõe limites à remuneração dos executivos do setor?

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Essa ideia surgiu lá fora, com o entendimento de que a busca pelo bônus levou a atitudes irresponsáveis, que teriam contribuído para a crise financeira global. Mas no Brasil é diferente. Temos regras muito mais rígidas que no resto do mundo. O controlador e os diretores respondem com bens pessoais pelos seus atos. Isso não existe lá fora. Lá, o sujeito recebe o bônus, compra um carro bonito e vai embora para casa. Se o banco dele desaparecer, o prejuízo pessoal é baixo. No caso da BTG, por exemplo, os executivos recebem o bônus em ações do próprio banco e ainda mantém uma parte significativa na própria instituição. Se o banco quebrar, dá perda total. E ainda fica com os bens indisponíveis. Neste caso, a gente não pode cair no risco de criar solução e depois procurar o problema.

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Os bônus não tornam os bancos de investimento agressivos demais?

O banco de investimento aproxima os investidores das empresas. De 2004 para cá, mais de 100 empresas brasileiras abriram o capital na bolsa. Isso é trabalho dos bancos de investimento.

Mas houve casos de empresas que não estavam preparadas, foram infladas só para ser vendidas na bolsa e depois não entregaram o que prometeram.

Nas 100 empresas que vieram para a bolsa, pode haver umas três ou quatro que fracassaram. Se vierem mais 100, será a mesma coisa. O que não pode acontecer é ter 96 fracassos e 4 sucessos. Lá fora acontece a mesmo coisa, de alguém não conseguir entregar o que prometeu.

Quando o BTG Pactual pretende abrir o capital na bolsa?

Hoje o banco tem US$ 2 bilhões de capital. Nossa estratégia é aumentar de tamanho para atender nossos clientes aqui dentro e lá fora. Abrir o capital na bolsa é uma hipótese concreta, mas ainda não é uma decisão tomada.

A estratégia de vocês passa por aquisições, aqui ou no exterior?

Pode passar, ainda que a gente não enxergue aquisições de porte muito relevante neste momento.

Para onde querem se expandir?

Nosso negócio é muito concentrado em Brasil. Achamos que podemos transbordar para um crescimento internacional, especialmente na América latina. Assim como várias empresas brasileiras estão indo para o exterior, nós também temos capacidade de prover nossos serviços fora do Brasil. Hoje não é incomum olhar para empresas argentinas, colombianas ou mexicanas querendo ser listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Nós podemos fazer isso. E, aqui, nossos clientes querem se expandir para o exterior. Vão precisar do apoio de grandes bancos para isso. Queremos ser um desses bancos.

ENTREVISTA: André Esteves

Dos garotos prodígio que apareceram no mercado financeiro nos anos 90, e tinham como lema ganhar o primeiro milhão de dólares antes dos 30 anos, o banqueiro André Esteves é o mais resistente. Aos 41 anos, já ganhou o primeiro bilhão de dólares, mas não pendurou a gravata, como fizeram seus colegas dos velhos tempos . Ele continua à frente do BTG Pactual, um dos bancos de investimento mais ariscos da praça. Nesta entrevista, Esteves fala da estratégia que ele e os sócios têm para o banco, sobre o projeto do Banco Central de limitar a remuneração dos executivos financeiros e do desejo que teve de ser sócio do UBS, da Suíça, um dos maiores bancos do mundo.

Entre os primeiros bancos de investimento nacionais, como o Garantia, Icatu, Matrix e o velho Pactual, todos acabaram fechando ou sendo vendidos para estrangeiros. Por que o sr. acredita que o BTG Pactual terá vida mais longa do que seus antecessores?

Primeiro, porque a gente quer. Como os outros, anos atrás nós vendemos o Pactual para o UBS da Suíça. A diferença para os outros é que, com essa venda, queríamos um projeto maior ainda, podendo inclusive ter participação no capital do UBS. Por causa da crise o projeto não vingou, mas tivemos a oportunidade de comprar o Pactual de volta. Temos uma ambição empresarial de longo prazo. Dinheiro nós já temos. Queremos construir um negócio que fique, que seja admirado porque é o melhor.

Nos bancos de investimento como o seu, as pessoas trabalham como loucas porque sonham com um bônus milionário no fim do ano. Que tipo de impacto pode ter o projeto do Banco Central que propõe limites à remuneração dos executivos do setor?

Essa ideia surgiu lá fora, com o entendimento de que a busca pelo bônus levou a atitudes irresponsáveis, que teriam contribuído para a crise financeira global. Mas no Brasil é diferente. Temos regras muito mais rígidas que no resto do mundo. O controlador e os diretores respondem com bens pessoais pelos seus atos. Isso não existe lá fora. Lá, o sujeito recebe o bônus, compra um carro bonito e vai embora para casa. Se o banco dele desaparecer, o prejuízo pessoal é baixo. No caso da BTG, por exemplo, os executivos recebem o bônus em ações do próprio banco e ainda mantém uma parte significativa na própria instituição. Se o banco quebrar, dá perda total. E ainda fica com os bens indisponíveis. Neste caso, a gente não pode cair no risco de criar solução e depois procurar o problema.

Os bônus não tornam os bancos de investimento agressivos demais?

O banco de investimento aproxima os investidores das empresas. De 2004 para cá, mais de 100 empresas brasileiras abriram o capital na bolsa. Isso é trabalho dos bancos de investimento.

Mas houve casos de empresas que não estavam preparadas, foram infladas só para ser vendidas na bolsa e depois não entregaram o que prometeram.

Nas 100 empresas que vieram para a bolsa, pode haver umas três ou quatro que fracassaram. Se vierem mais 100, será a mesma coisa. O que não pode acontecer é ter 96 fracassos e 4 sucessos. Lá fora acontece a mesmo coisa, de alguém não conseguir entregar o que prometeu.

Quando o BTG Pactual pretende abrir o capital na bolsa?

Hoje o banco tem US$ 2 bilhões de capital. Nossa estratégia é aumentar de tamanho para atender nossos clientes aqui dentro e lá fora. Abrir o capital na bolsa é uma hipótese concreta, mas ainda não é uma decisão tomada.

A estratégia de vocês passa por aquisições, aqui ou no exterior?

Pode passar, ainda que a gente não enxergue aquisições de porte muito relevante neste momento.

Para onde querem se expandir?

Nosso negócio é muito concentrado em Brasil. Achamos que podemos transbordar para um crescimento internacional, especialmente na América latina. Assim como várias empresas brasileiras estão indo para o exterior, nós também temos capacidade de prover nossos serviços fora do Brasil. Hoje não é incomum olhar para empresas argentinas, colombianas ou mexicanas querendo ser listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Nós podemos fazer isso. E, aqui, nossos clientes querem se expandir para o exterior. Vão precisar do apoio de grandes bancos para isso. Queremos ser um desses bancos.

ENTREVISTA: André Esteves

Dos garotos prodígio que apareceram no mercado financeiro nos anos 90, e tinham como lema ganhar o primeiro milhão de dólares antes dos 30 anos, o banqueiro André Esteves é o mais resistente. Aos 41 anos, já ganhou o primeiro bilhão de dólares, mas não pendurou a gravata, como fizeram seus colegas dos velhos tempos . Ele continua à frente do BTG Pactual, um dos bancos de investimento mais ariscos da praça. Nesta entrevista, Esteves fala da estratégia que ele e os sócios têm para o banco, sobre o projeto do Banco Central de limitar a remuneração dos executivos financeiros e do desejo que teve de ser sócio do UBS, da Suíça, um dos maiores bancos do mundo.

Entre os primeiros bancos de investimento nacionais, como o Garantia, Icatu, Matrix e o velho Pactual, todos acabaram fechando ou sendo vendidos para estrangeiros. Por que o sr. acredita que o BTG Pactual terá vida mais longa do que seus antecessores?

Primeiro, porque a gente quer. Como os outros, anos atrás nós vendemos o Pactual para o UBS da Suíça. A diferença para os outros é que, com essa venda, queríamos um projeto maior ainda, podendo inclusive ter participação no capital do UBS. Por causa da crise o projeto não vingou, mas tivemos a oportunidade de comprar o Pactual de volta. Temos uma ambição empresarial de longo prazo. Dinheiro nós já temos. Queremos construir um negócio que fique, que seja admirado porque é o melhor.

Nos bancos de investimento como o seu, as pessoas trabalham como loucas porque sonham com um bônus milionário no fim do ano. Que tipo de impacto pode ter o projeto do Banco Central que propõe limites à remuneração dos executivos do setor?

Essa ideia surgiu lá fora, com o entendimento de que a busca pelo bônus levou a atitudes irresponsáveis, que teriam contribuído para a crise financeira global. Mas no Brasil é diferente. Temos regras muito mais rígidas que no resto do mundo. O controlador e os diretores respondem com bens pessoais pelos seus atos. Isso não existe lá fora. Lá, o sujeito recebe o bônus, compra um carro bonito e vai embora para casa. Se o banco dele desaparecer, o prejuízo pessoal é baixo. No caso da BTG, por exemplo, os executivos recebem o bônus em ações do próprio banco e ainda mantém uma parte significativa na própria instituição. Se o banco quebrar, dá perda total. E ainda fica com os bens indisponíveis. Neste caso, a gente não pode cair no risco de criar solução e depois procurar o problema.

Os bônus não tornam os bancos de investimento agressivos demais?

O banco de investimento aproxima os investidores das empresas. De 2004 para cá, mais de 100 empresas brasileiras abriram o capital na bolsa. Isso é trabalho dos bancos de investimento.

Mas houve casos de empresas que não estavam preparadas, foram infladas só para ser vendidas na bolsa e depois não entregaram o que prometeram.

Nas 100 empresas que vieram para a bolsa, pode haver umas três ou quatro que fracassaram. Se vierem mais 100, será a mesma coisa. O que não pode acontecer é ter 96 fracassos e 4 sucessos. Lá fora acontece a mesmo coisa, de alguém não conseguir entregar o que prometeu.

Quando o BTG Pactual pretende abrir o capital na bolsa?

Hoje o banco tem US$ 2 bilhões de capital. Nossa estratégia é aumentar de tamanho para atender nossos clientes aqui dentro e lá fora. Abrir o capital na bolsa é uma hipótese concreta, mas ainda não é uma decisão tomada.

A estratégia de vocês passa por aquisições, aqui ou no exterior?

Pode passar, ainda que a gente não enxergue aquisições de porte muito relevante neste momento.

Para onde querem se expandir?

Nosso negócio é muito concentrado em Brasil. Achamos que podemos transbordar para um crescimento internacional, especialmente na América latina. Assim como várias empresas brasileiras estão indo para o exterior, nós também temos capacidade de prover nossos serviços fora do Brasil. Hoje não é incomum olhar para empresas argentinas, colombianas ou mexicanas querendo ser listadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Nós podemos fazer isso. E, aqui, nossos clientes querem se expandir para o exterior. Vão precisar do apoio de grandes bancos para isso. Queremos ser um desses bancos.

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