Uma droga não hormonal, em fase de testes, aumentaria o desejo e a satisfação sexual das mulheres. Uma mulher em cada dez sofre de falta de desejo sexual e consequentemente de depressão; entretanto, são poucas as opções terapêuticas. Os tratamentos mais comuns dos distúrbios sexuais femininos são cremes usados na vagina que provocam a dilatação dos vasos sanguíneos. Os resultados de um novo teste clínico, divulgados em 16 de novembro, dão ao laboratório alemão Boehringer Ingelheim elementos para solicitar a aprovação da Agência para a Alimentação e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos. Não se sabe o que a agência fará; outro fármaco hormonal que produzia a mesma taxa de sucesso foi rejeitado, em grande parte porque abusos no emprego da droga eram temidos. O novo remédio, flibanserin, é o primeiro que atua sobre o cérebro e não estimula a anatomia. Age sobre um receptor de serotonina no cérebro e bloqueia outros. O efeito final é a diminuição dos níveis de serotonina e a redução das inibições. Os testes envolveram mais de 5 mil mulheres na Europa e nos EUA que receberam um placebo ou doses de flibanserin que variavam de 25 miligramas a 100 miligramas diários. A droga não produziu efeito nas mulheres que receberam menos de 100 miligramas por dia, informaram os pesquisadores no 12º Congresso da Sociedade Europeia para a Medicina Sexual de Lyon, França. Anita Clayton, da Universidade de Virginia, diretora do estudo, disse que as mulheres que receberam a dosagem maior tiveram em média 1,7 eventos sexuais satisfatórios por mês, além das 2,7 relações que já tinham. As que receberam o placebo apresentaram aumento de 0,8 evento. As mulheres também apresentaram aumento do desejo sexual e menos depressão em razão do seu funcionamento sexual. Os efeitos colaterais mais comuns foram tonturas, enjoo, cansaço e sonolência durante o dia - a maioria deles desapareceu após algum tempo. Cerca de 15% das mulheres que receberam a droga abandonaram o estudo por causa dos efeitos colaterais, em comparação com 7% das que receberam o placebo. Para Liz Canner, diretora do documentário Orgasm Inc., sobre o desenvolvimento de drogas desse tipo, o flibanserin "não trata as causas da libido baixa, como problemas de relacionamento, estresse, etc. A ideia de que podemos modificar o cérebro baixando as inibições é profundamente perturbadora".
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