Memória, gente e lugares

A noite em que Chet Baker quase morreu de overdose no Brasil


Por Edmundo Leite
Atualização:
 Foto: Estadão

Na virada da noite de 20 para 21 de agosto de 1985 o Brasil esteve perto de se tornar o local de uma efeméride macabra da história da música mundial. Naquela noite de terça-feira, após se apresentar para uma plateia de duas mil pessoas na extinta casa de shows Palace, o lendário trompetista Chet Baker foi reanimado por um médico em seu quarto no hotel Maksoud Plaza depois de uma overdose de um coquetel de drogas. O relato dos acontecimentos daquela noite de 30 anos atrás está no livro No Fundo de um Sonho. A longa noite de Chet Baker, biografia do astro do jazz escrita pelo jornalista americano James Gavin.

"... Mais tarde naquela noite, Albuquerque dormia no hotel quando um produtor do festival bateu à sua porta e pediu que comparecesse imediatamente ao quarto de Baker. Encontrou o médico tentando reanimar Baker, que sofrera uma overdose com uma mistura de morfina, cocaína e possivelmente anfetaminas. "Seus olhos estavam vidrados e ele suava; lembro que o médico teve de lhe dar uns tapas", disse Albuquerque. "Achei que ia morrer. Era surpreendente que um dos músicos mais sensíveis que já conheci estivesse cometendo suicídio pouco a pouco." 

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Paulo Albuquerque era um dos organizadores do Free Jazz Festival, que trouxe Chet Baker para apresentações no Rio de Janeiro e para o espetáculo em São Paulo. O médico era Walter Almeida, contratado pela produção do festival para acompanhar Baker em tempo integral e fornecer diariamente uma cota de remédios que amenizassem a abstinência de metadona, medicamento de venda prescrita na Europa mas não comercializado no Brasil, e que por sua vez era usado por Chet Baker para substituir a heroína.

James Gavin conta em seu livro que o médico tentava ficar de olho em Baker, mas que o músico era indomável, injetando toda a dose diária de medicamento prescrito já pela manhã e se enfurecendo com a recusa do médico em conseguir mais doses.Chet então conseguia montes de cocaína com músicos brasileiros, para desespero do médico, responsável pela integridade física do artista.

"... Misturada com a droga que Almeida lhes estava ministrando, era quase tão bom como speedball, a nova mistura favorita de Baker. O médico não tinha forças para deter Baker. Tudo o que Almeida podia fazer era sentar-se no quarto do hotel com Vavra e espiar ocasionalmente no banheiro para se certificar de que ele não havia morrido. Quando viu o antigo músico da voz de ouro espetando o pescoço com uma agulha, Almeida ficou lívido. "Oh, Jesus!", disse para Vavra. "É melhor pedir algum uísque! Ele está muito perto da artéria carótida e se acertar ali está tudo acabado! ..."

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 Foto: Estadão

Aos 55 anos, e com três décadas de seguidos abusos químicos, Chet Baker era um farrapo humano naqueles dias em que se apresentou no Brasil. Dada suas condições física, psicológica e moral era de se entender que as apresentações no Brasil em nada lembrassem o jovem músico que nos anos 50 encantou o mundo com seu toque de trompete cool e voz suave em sua interpretação de My Funny Valentine. Três anos depois dos shows no Brasil, Chet Baker morreria de forma trágica ao cair da janela de um hotel em Amsterdã.

 Foto: Estadão

Na virada da noite de 20 para 21 de agosto de 1985 o Brasil esteve perto de se tornar o local de uma efeméride macabra da história da música mundial. Naquela noite de terça-feira, após se apresentar para uma plateia de duas mil pessoas na extinta casa de shows Palace, o lendário trompetista Chet Baker foi reanimado por um médico em seu quarto no hotel Maksoud Plaza depois de uma overdose de um coquetel de drogas. O relato dos acontecimentos daquela noite de 30 anos atrás está no livro No Fundo de um Sonho. A longa noite de Chet Baker, biografia do astro do jazz escrita pelo jornalista americano James Gavin.

"... Mais tarde naquela noite, Albuquerque dormia no hotel quando um produtor do festival bateu à sua porta e pediu que comparecesse imediatamente ao quarto de Baker. Encontrou o médico tentando reanimar Baker, que sofrera uma overdose com uma mistura de morfina, cocaína e possivelmente anfetaminas. "Seus olhos estavam vidrados e ele suava; lembro que o médico teve de lhe dar uns tapas", disse Albuquerque. "Achei que ia morrer. Era surpreendente que um dos músicos mais sensíveis que já conheci estivesse cometendo suicídio pouco a pouco." 

Paulo Albuquerque era um dos organizadores do Free Jazz Festival, que trouxe Chet Baker para apresentações no Rio de Janeiro e para o espetáculo em São Paulo. O médico era Walter Almeida, contratado pela produção do festival para acompanhar Baker em tempo integral e fornecer diariamente uma cota de remédios que amenizassem a abstinência de metadona, medicamento de venda prescrita na Europa mas não comercializado no Brasil, e que por sua vez era usado por Chet Baker para substituir a heroína.

James Gavin conta em seu livro que o médico tentava ficar de olho em Baker, mas que o músico era indomável, injetando toda a dose diária de medicamento prescrito já pela manhã e se enfurecendo com a recusa do médico em conseguir mais doses.Chet então conseguia montes de cocaína com músicos brasileiros, para desespero do médico, responsável pela integridade física do artista.

"... Misturada com a droga que Almeida lhes estava ministrando, era quase tão bom como speedball, a nova mistura favorita de Baker. O médico não tinha forças para deter Baker. Tudo o que Almeida podia fazer era sentar-se no quarto do hotel com Vavra e espiar ocasionalmente no banheiro para se certificar de que ele não havia morrido. Quando viu o antigo músico da voz de ouro espetando o pescoço com uma agulha, Almeida ficou lívido. "Oh, Jesus!", disse para Vavra. "É melhor pedir algum uísque! Ele está muito perto da artéria carótida e se acertar ali está tudo acabado! ..."

 Foto: Estadão

Aos 55 anos, e com três décadas de seguidos abusos químicos, Chet Baker era um farrapo humano naqueles dias em que se apresentou no Brasil. Dada suas condições física, psicológica e moral era de se entender que as apresentações no Brasil em nada lembrassem o jovem músico que nos anos 50 encantou o mundo com seu toque de trompete cool e voz suave em sua interpretação de My Funny Valentine. Três anos depois dos shows no Brasil, Chet Baker morreria de forma trágica ao cair da janela de um hotel em Amsterdã.

 Foto: Estadão

Na virada da noite de 20 para 21 de agosto de 1985 o Brasil esteve perto de se tornar o local de uma efeméride macabra da história da música mundial. Naquela noite de terça-feira, após se apresentar para uma plateia de duas mil pessoas na extinta casa de shows Palace, o lendário trompetista Chet Baker foi reanimado por um médico em seu quarto no hotel Maksoud Plaza depois de uma overdose de um coquetel de drogas. O relato dos acontecimentos daquela noite de 30 anos atrás está no livro No Fundo de um Sonho. A longa noite de Chet Baker, biografia do astro do jazz escrita pelo jornalista americano James Gavin.

"... Mais tarde naquela noite, Albuquerque dormia no hotel quando um produtor do festival bateu à sua porta e pediu que comparecesse imediatamente ao quarto de Baker. Encontrou o médico tentando reanimar Baker, que sofrera uma overdose com uma mistura de morfina, cocaína e possivelmente anfetaminas. "Seus olhos estavam vidrados e ele suava; lembro que o médico teve de lhe dar uns tapas", disse Albuquerque. "Achei que ia morrer. Era surpreendente que um dos músicos mais sensíveis que já conheci estivesse cometendo suicídio pouco a pouco." 

Paulo Albuquerque era um dos organizadores do Free Jazz Festival, que trouxe Chet Baker para apresentações no Rio de Janeiro e para o espetáculo em São Paulo. O médico era Walter Almeida, contratado pela produção do festival para acompanhar Baker em tempo integral e fornecer diariamente uma cota de remédios que amenizassem a abstinência de metadona, medicamento de venda prescrita na Europa mas não comercializado no Brasil, e que por sua vez era usado por Chet Baker para substituir a heroína.

James Gavin conta em seu livro que o médico tentava ficar de olho em Baker, mas que o músico era indomável, injetando toda a dose diária de medicamento prescrito já pela manhã e se enfurecendo com a recusa do médico em conseguir mais doses.Chet então conseguia montes de cocaína com músicos brasileiros, para desespero do médico, responsável pela integridade física do artista.

"... Misturada com a droga que Almeida lhes estava ministrando, era quase tão bom como speedball, a nova mistura favorita de Baker. O médico não tinha forças para deter Baker. Tudo o que Almeida podia fazer era sentar-se no quarto do hotel com Vavra e espiar ocasionalmente no banheiro para se certificar de que ele não havia morrido. Quando viu o antigo músico da voz de ouro espetando o pescoço com uma agulha, Almeida ficou lívido. "Oh, Jesus!", disse para Vavra. "É melhor pedir algum uísque! Ele está muito perto da artéria carótida e se acertar ali está tudo acabado! ..."

 Foto: Estadão

Aos 55 anos, e com três décadas de seguidos abusos químicos, Chet Baker era um farrapo humano naqueles dias em que se apresentou no Brasil. Dada suas condições física, psicológica e moral era de se entender que as apresentações no Brasil em nada lembrassem o jovem músico que nos anos 50 encantou o mundo com seu toque de trompete cool e voz suave em sua interpretação de My Funny Valentine. Três anos depois dos shows no Brasil, Chet Baker morreria de forma trágica ao cair da janela de um hotel em Amsterdã.

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