Memória, gente e lugares

Memórias de um debate


Último debate entre Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989 continua em debate até hoje

Por Edmundo Leite
Atualização:
Collor e Lula no Jornal Nacional.  Foto: TV Globo

A morte de Armando Nogueira trouxe de volta para algumas mesas de botequins, faculdades de jornalismo, redações e outras praças onde assuntos polêmicos são debatidos como questões de vida ou morte o último debate entre Fernando Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989.

Diretor da Central Globo de Jornalismo na época, Armando Nogueira deixaria o cargo pouco tempo depois para ser substituído por Alberico de Souza Cruz, a quem acusava de ser o responsável pela controversa edição do compacto do debate exibido no Jornal Nacional e de deslealdade funcional no episódio.

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O debate entre os dois candidatos durou mais de três horas e foi transmitido ao vivo por um pool que reuniu as principais emissoras do país na época (Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT). No dia seguinte,  todas as emissoras exibiram um compacto em seus telejornais.

O que a Globo exibiu no Jornal Nacional - diferente do compacto exibido no Jornal  Hoje - foi acusado de favorecer Collor e prejudicar Lula. O PT chegou a entrar com uma ação no TSE contra o compacto, mas o tribunal não acolheu  e nos dias seguintes o assunto já estava esquecido. Mas ressuscitou algum tempo  depois e volta e meia reaparece.

Falar mal da Globo é quase um esporte nacional. No imaginário dos que veem conspirações e maquinações em tudo o que a emissora faz, a exibição do compacto do debate de 1989 é tido como o maior exemplo de um nocivo poder de manipulação ao qual milhões de brasileiros estariam cegamente submetidos. Na visão dos que compartilham dessa tese, o compacto do debate exibido no Jornal Nacional teria sido o responsável direto pela eleição de Collor.

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Verdadeira ou não, a história da edição maldosa do debate acabou pegando e até hoje - passados 20 anos daquela eleição - é comum ver gente que nunca assistiu ao debate e nem ao compacto, ou tem uma vaga lembrança, afirmar categoricamente que a edição - palavra que por causa desse episódio praticamente virou sinônimo de fraude - foi manipuladora, criminosa, leviana, desiquelibrada e outros tantos adjetivos ruins.

Se durante muito tempo o tema foi motivo para discussões acaloradas e apaixonadas baseadas apenas em  lembranças contaminadas por névoas ideológicas, falta de memória e até mesmo má-fé, atualmente é possível debater com dados mais objetivos.

Numa atitude bastante transparente, a própria emissora colocou - já faz algum tempo - em seu site Memória Globo a íntegra do debate e dos compactos exibidos nos jornais globais e outros depoimentos  de envolvidos no caso, como o próprio Armando Nogueira. É o tipo de coisa que só a internet permite.

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Os cinco depoimentos (além de Nogueira falam Alberico de Souza Cruz, Ronald de Carvalho, Wianey Pinheiro e Octavio Tostes) são todos conflitantes entre si e valem a pena ser assistidos.

Armando Nogueira e Alberico de Souza Cruz no Memória Globo.  Foto: TV Globo

O ponto principal da divergência é sobre a diferença entre a edição exibida no Jornal Hoje, na hora do almoço, e no Jornal Nacional, na hora da janta. Em meio a nítidas rusgas corporativas, é possível ver o antagonismo dos que argumentam que a edição exibida no Jornal Hoje era equilibrada para os dois candidatos e deveria ser repetida no JN e os  que defendiam que o equilíbio da edição não mostrava a realidade do debate, pois pesquisas e os editores avaliavam que Collor havia vencido (veja a reprodução de jornais da época abaixo), e por isso a necessidade de uma nova edição do compacto.

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A memória do caso está na seção “Polêmicas” do site, que tem tópicos para os vários assuntos pelos quais a emissora de Roberto Marinho foi criticada. Os vídeos dessa sessão são acompanhados de textos que procuram ser bem objetivos, mas também trazem a posição da emissora, como esse que finaliza o tópico do debate:

“Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de idéias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão de fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.”

Independente dos assuntos polêmicos como o debate de 1989, o site é um belo exemplo do uso da internet como ferramenta para conservação da memória e traz um rico acervo de textos, fotos e  vídeos sobre as novelas, os musicais, os shows, telejornais, jogos esportivos e outros programas produzidos pela emissora ao longo dos anos.

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Páginas da cobertura do debate em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde

Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
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Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão. Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Collor e Lula no Jornal Nacional.  Foto: TV Globo

A morte de Armando Nogueira trouxe de volta para algumas mesas de botequins, faculdades de jornalismo, redações e outras praças onde assuntos polêmicos são debatidos como questões de vida ou morte o último debate entre Fernando Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989.

Diretor da Central Globo de Jornalismo na época, Armando Nogueira deixaria o cargo pouco tempo depois para ser substituído por Alberico de Souza Cruz, a quem acusava de ser o responsável pela controversa edição do compacto do debate exibido no Jornal Nacional e de deslealdade funcional no episódio.

O debate entre os dois candidatos durou mais de três horas e foi transmitido ao vivo por um pool que reuniu as principais emissoras do país na época (Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT). No dia seguinte,  todas as emissoras exibiram um compacto em seus telejornais.

O que a Globo exibiu no Jornal Nacional - diferente do compacto exibido no Jornal  Hoje - foi acusado de favorecer Collor e prejudicar Lula. O PT chegou a entrar com uma ação no TSE contra o compacto, mas o tribunal não acolheu  e nos dias seguintes o assunto já estava esquecido. Mas ressuscitou algum tempo  depois e volta e meia reaparece.

Falar mal da Globo é quase um esporte nacional. No imaginário dos que veem conspirações e maquinações em tudo o que a emissora faz, a exibição do compacto do debate de 1989 é tido como o maior exemplo de um nocivo poder de manipulação ao qual milhões de brasileiros estariam cegamente submetidos. Na visão dos que compartilham dessa tese, o compacto do debate exibido no Jornal Nacional teria sido o responsável direto pela eleição de Collor.

Verdadeira ou não, a história da edição maldosa do debate acabou pegando e até hoje - passados 20 anos daquela eleição - é comum ver gente que nunca assistiu ao debate e nem ao compacto, ou tem uma vaga lembrança, afirmar categoricamente que a edição - palavra que por causa desse episódio praticamente virou sinônimo de fraude - foi manipuladora, criminosa, leviana, desiquelibrada e outros tantos adjetivos ruins.

Se durante muito tempo o tema foi motivo para discussões acaloradas e apaixonadas baseadas apenas em  lembranças contaminadas por névoas ideológicas, falta de memória e até mesmo má-fé, atualmente é possível debater com dados mais objetivos.

Numa atitude bastante transparente, a própria emissora colocou - já faz algum tempo - em seu site Memória Globo a íntegra do debate e dos compactos exibidos nos jornais globais e outros depoimentos  de envolvidos no caso, como o próprio Armando Nogueira. É o tipo de coisa que só a internet permite.

Os cinco depoimentos (além de Nogueira falam Alberico de Souza Cruz, Ronald de Carvalho, Wianey Pinheiro e Octavio Tostes) são todos conflitantes entre si e valem a pena ser assistidos.

Armando Nogueira e Alberico de Souza Cruz no Memória Globo.  Foto: TV Globo

O ponto principal da divergência é sobre a diferença entre a edição exibida no Jornal Hoje, na hora do almoço, e no Jornal Nacional, na hora da janta. Em meio a nítidas rusgas corporativas, é possível ver o antagonismo dos que argumentam que a edição exibida no Jornal Hoje era equilibrada para os dois candidatos e deveria ser repetida no JN e os  que defendiam que o equilíbio da edição não mostrava a realidade do debate, pois pesquisas e os editores avaliavam que Collor havia vencido (veja a reprodução de jornais da época abaixo), e por isso a necessidade de uma nova edição do compacto.

A memória do caso está na seção “Polêmicas” do site, que tem tópicos para os vários assuntos pelos quais a emissora de Roberto Marinho foi criticada. Os vídeos dessa sessão são acompanhados de textos que procuram ser bem objetivos, mas também trazem a posição da emissora, como esse que finaliza o tópico do debate:

“Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de idéias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão de fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.”

Independente dos assuntos polêmicos como o debate de 1989, o site é um belo exemplo do uso da internet como ferramenta para conservação da memória e traz um rico acervo de textos, fotos e  vídeos sobre as novelas, os musicais, os shows, telejornais, jogos esportivos e outros programas produzidos pela emissora ao longo dos anos.

Páginas da cobertura do debate em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde

Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão. Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Collor e Lula no Jornal Nacional.  Foto: TV Globo

A morte de Armando Nogueira trouxe de volta para algumas mesas de botequins, faculdades de jornalismo, redações e outras praças onde assuntos polêmicos são debatidos como questões de vida ou morte o último debate entre Fernando Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989.

Diretor da Central Globo de Jornalismo na época, Armando Nogueira deixaria o cargo pouco tempo depois para ser substituído por Alberico de Souza Cruz, a quem acusava de ser o responsável pela controversa edição do compacto do debate exibido no Jornal Nacional e de deslealdade funcional no episódio.

O debate entre os dois candidatos durou mais de três horas e foi transmitido ao vivo por um pool que reuniu as principais emissoras do país na época (Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT). No dia seguinte,  todas as emissoras exibiram um compacto em seus telejornais.

O que a Globo exibiu no Jornal Nacional - diferente do compacto exibido no Jornal  Hoje - foi acusado de favorecer Collor e prejudicar Lula. O PT chegou a entrar com uma ação no TSE contra o compacto, mas o tribunal não acolheu  e nos dias seguintes o assunto já estava esquecido. Mas ressuscitou algum tempo  depois e volta e meia reaparece.

Falar mal da Globo é quase um esporte nacional. No imaginário dos que veem conspirações e maquinações em tudo o que a emissora faz, a exibição do compacto do debate de 1989 é tido como o maior exemplo de um nocivo poder de manipulação ao qual milhões de brasileiros estariam cegamente submetidos. Na visão dos que compartilham dessa tese, o compacto do debate exibido no Jornal Nacional teria sido o responsável direto pela eleição de Collor.

Verdadeira ou não, a história da edição maldosa do debate acabou pegando e até hoje - passados 20 anos daquela eleição - é comum ver gente que nunca assistiu ao debate e nem ao compacto, ou tem uma vaga lembrança, afirmar categoricamente que a edição - palavra que por causa desse episódio praticamente virou sinônimo de fraude - foi manipuladora, criminosa, leviana, desiquelibrada e outros tantos adjetivos ruins.

Se durante muito tempo o tema foi motivo para discussões acaloradas e apaixonadas baseadas apenas em  lembranças contaminadas por névoas ideológicas, falta de memória e até mesmo má-fé, atualmente é possível debater com dados mais objetivos.

Numa atitude bastante transparente, a própria emissora colocou - já faz algum tempo - em seu site Memória Globo a íntegra do debate e dos compactos exibidos nos jornais globais e outros depoimentos  de envolvidos no caso, como o próprio Armando Nogueira. É o tipo de coisa que só a internet permite.

Os cinco depoimentos (além de Nogueira falam Alberico de Souza Cruz, Ronald de Carvalho, Wianey Pinheiro e Octavio Tostes) são todos conflitantes entre si e valem a pena ser assistidos.

Armando Nogueira e Alberico de Souza Cruz no Memória Globo.  Foto: TV Globo

O ponto principal da divergência é sobre a diferença entre a edição exibida no Jornal Hoje, na hora do almoço, e no Jornal Nacional, na hora da janta. Em meio a nítidas rusgas corporativas, é possível ver o antagonismo dos que argumentam que a edição exibida no Jornal Hoje era equilibrada para os dois candidatos e deveria ser repetida no JN e os  que defendiam que o equilíbio da edição não mostrava a realidade do debate, pois pesquisas e os editores avaliavam que Collor havia vencido (veja a reprodução de jornais da época abaixo), e por isso a necessidade de uma nova edição do compacto.

A memória do caso está na seção “Polêmicas” do site, que tem tópicos para os vários assuntos pelos quais a emissora de Roberto Marinho foi criticada. Os vídeos dessa sessão são acompanhados de textos que procuram ser bem objetivos, mas também trazem a posição da emissora, como esse que finaliza o tópico do debate:

“Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de idéias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão de fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.”

Independente dos assuntos polêmicos como o debate de 1989, o site é um belo exemplo do uso da internet como ferramenta para conservação da memória e traz um rico acervo de textos, fotos e  vídeos sobre as novelas, os musicais, os shows, telejornais, jogos esportivos e outros programas produzidos pela emissora ao longo dos anos.

Páginas da cobertura do debate em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde

Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão. Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Collor e Lula no Jornal Nacional.  Foto: TV Globo

A morte de Armando Nogueira trouxe de volta para algumas mesas de botequins, faculdades de jornalismo, redações e outras praças onde assuntos polêmicos são debatidos como questões de vida ou morte o último debate entre Fernando Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989.

Diretor da Central Globo de Jornalismo na época, Armando Nogueira deixaria o cargo pouco tempo depois para ser substituído por Alberico de Souza Cruz, a quem acusava de ser o responsável pela controversa edição do compacto do debate exibido no Jornal Nacional e de deslealdade funcional no episódio.

O debate entre os dois candidatos durou mais de três horas e foi transmitido ao vivo por um pool que reuniu as principais emissoras do país na época (Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT). No dia seguinte,  todas as emissoras exibiram um compacto em seus telejornais.

O que a Globo exibiu no Jornal Nacional - diferente do compacto exibido no Jornal  Hoje - foi acusado de favorecer Collor e prejudicar Lula. O PT chegou a entrar com uma ação no TSE contra o compacto, mas o tribunal não acolheu  e nos dias seguintes o assunto já estava esquecido. Mas ressuscitou algum tempo  depois e volta e meia reaparece.

Falar mal da Globo é quase um esporte nacional. No imaginário dos que veem conspirações e maquinações em tudo o que a emissora faz, a exibição do compacto do debate de 1989 é tido como o maior exemplo de um nocivo poder de manipulação ao qual milhões de brasileiros estariam cegamente submetidos. Na visão dos que compartilham dessa tese, o compacto do debate exibido no Jornal Nacional teria sido o responsável direto pela eleição de Collor.

Verdadeira ou não, a história da edição maldosa do debate acabou pegando e até hoje - passados 20 anos daquela eleição - é comum ver gente que nunca assistiu ao debate e nem ao compacto, ou tem uma vaga lembrança, afirmar categoricamente que a edição - palavra que por causa desse episódio praticamente virou sinônimo de fraude - foi manipuladora, criminosa, leviana, desiquelibrada e outros tantos adjetivos ruins.

Se durante muito tempo o tema foi motivo para discussões acaloradas e apaixonadas baseadas apenas em  lembranças contaminadas por névoas ideológicas, falta de memória e até mesmo má-fé, atualmente é possível debater com dados mais objetivos.

Numa atitude bastante transparente, a própria emissora colocou - já faz algum tempo - em seu site Memória Globo a íntegra do debate e dos compactos exibidos nos jornais globais e outros depoimentos  de envolvidos no caso, como o próprio Armando Nogueira. É o tipo de coisa que só a internet permite.

Os cinco depoimentos (além de Nogueira falam Alberico de Souza Cruz, Ronald de Carvalho, Wianey Pinheiro e Octavio Tostes) são todos conflitantes entre si e valem a pena ser assistidos.

Armando Nogueira e Alberico de Souza Cruz no Memória Globo.  Foto: TV Globo

O ponto principal da divergência é sobre a diferença entre a edição exibida no Jornal Hoje, na hora do almoço, e no Jornal Nacional, na hora da janta. Em meio a nítidas rusgas corporativas, é possível ver o antagonismo dos que argumentam que a edição exibida no Jornal Hoje era equilibrada para os dois candidatos e deveria ser repetida no JN e os  que defendiam que o equilíbio da edição não mostrava a realidade do debate, pois pesquisas e os editores avaliavam que Collor havia vencido (veja a reprodução de jornais da época abaixo), e por isso a necessidade de uma nova edição do compacto.

A memória do caso está na seção “Polêmicas” do site, que tem tópicos para os vários assuntos pelos quais a emissora de Roberto Marinho foi criticada. Os vídeos dessa sessão são acompanhados de textos que procuram ser bem objetivos, mas também trazem a posição da emissora, como esse que finaliza o tópico do debate:

“Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de idéias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão de fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.”

Independente dos assuntos polêmicos como o debate de 1989, o site é um belo exemplo do uso da internet como ferramenta para conservação da memória e traz um rico acervo de textos, fotos e  vídeos sobre as novelas, os musicais, os shows, telejornais, jogos esportivos e outros programas produzidos pela emissora ao longo dos anos.

Páginas da cobertura do debate em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde

Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão. Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão
Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
Estadão.  Foto: Acervo Estadão
Collor e Lula no Jornal Nacional.  Foto: TV Globo

A morte de Armando Nogueira trouxe de volta para algumas mesas de botequins, faculdades de jornalismo, redações e outras praças onde assuntos polêmicos são debatidos como questões de vida ou morte o último debate entre Fernando Collor e Lula nas eleições presidenciais de 1989.

Diretor da Central Globo de Jornalismo na época, Armando Nogueira deixaria o cargo pouco tempo depois para ser substituído por Alberico de Souza Cruz, a quem acusava de ser o responsável pela controversa edição do compacto do debate exibido no Jornal Nacional e de deslealdade funcional no episódio.

O debate entre os dois candidatos durou mais de três horas e foi transmitido ao vivo por um pool que reuniu as principais emissoras do país na época (Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT). No dia seguinte,  todas as emissoras exibiram um compacto em seus telejornais.

O que a Globo exibiu no Jornal Nacional - diferente do compacto exibido no Jornal  Hoje - foi acusado de favorecer Collor e prejudicar Lula. O PT chegou a entrar com uma ação no TSE contra o compacto, mas o tribunal não acolheu  e nos dias seguintes o assunto já estava esquecido. Mas ressuscitou algum tempo  depois e volta e meia reaparece.

Falar mal da Globo é quase um esporte nacional. No imaginário dos que veem conspirações e maquinações em tudo o que a emissora faz, a exibição do compacto do debate de 1989 é tido como o maior exemplo de um nocivo poder de manipulação ao qual milhões de brasileiros estariam cegamente submetidos. Na visão dos que compartilham dessa tese, o compacto do debate exibido no Jornal Nacional teria sido o responsável direto pela eleição de Collor.

Verdadeira ou não, a história da edição maldosa do debate acabou pegando e até hoje - passados 20 anos daquela eleição - é comum ver gente que nunca assistiu ao debate e nem ao compacto, ou tem uma vaga lembrança, afirmar categoricamente que a edição - palavra que por causa desse episódio praticamente virou sinônimo de fraude - foi manipuladora, criminosa, leviana, desiquelibrada e outros tantos adjetivos ruins.

Se durante muito tempo o tema foi motivo para discussões acaloradas e apaixonadas baseadas apenas em  lembranças contaminadas por névoas ideológicas, falta de memória e até mesmo má-fé, atualmente é possível debater com dados mais objetivos.

Numa atitude bastante transparente, a própria emissora colocou - já faz algum tempo - em seu site Memória Globo a íntegra do debate e dos compactos exibidos nos jornais globais e outros depoimentos  de envolvidos no caso, como o próprio Armando Nogueira. É o tipo de coisa que só a internet permite.

Os cinco depoimentos (além de Nogueira falam Alberico de Souza Cruz, Ronald de Carvalho, Wianey Pinheiro e Octavio Tostes) são todos conflitantes entre si e valem a pena ser assistidos.

Armando Nogueira e Alberico de Souza Cruz no Memória Globo.  Foto: TV Globo

O ponto principal da divergência é sobre a diferença entre a edição exibida no Jornal Hoje, na hora do almoço, e no Jornal Nacional, na hora da janta. Em meio a nítidas rusgas corporativas, é possível ver o antagonismo dos que argumentam que a edição exibida no Jornal Hoje era equilibrada para os dois candidatos e deveria ser repetida no JN e os  que defendiam que o equilíbio da edição não mostrava a realidade do debate, pois pesquisas e os editores avaliavam que Collor havia vencido (veja a reprodução de jornais da época abaixo), e por isso a necessidade de uma nova edição do compacto.

A memória do caso está na seção “Polêmicas” do site, que tem tópicos para os vários assuntos pelos quais a emissora de Roberto Marinho foi criticada. Os vídeos dessa sessão são acompanhados de textos que procuram ser bem objetivos, mas também trazem a posição da emissora, como esse que finaliza o tópico do debate:

“Por isso, hoje, a emissora adota como norma não editar debates políticos; eles devem ser vistos na íntegra e ao vivo. Concluiu-se que um debate não pode ser tratado como uma partida de futebol, pois, no confronto de idéias, não há elementos objetivos comparáveis àqueles que, num jogo, permitem apontar um vencedor. Ao condensá-los, necessariamente bons e maus momentos dos candidatos ficarão de fora, segundo a escolha de um editor ou um grupo de editores, e sempre haverá a possibilidade de um dos candidatos questionar a escolha dos trechos e se sentir prejudicado.”

Independente dos assuntos polêmicos como o debate de 1989, o site é um belo exemplo do uso da internet como ferramenta para conservação da memória e traz um rico acervo de textos, fotos e  vídeos sobre as novelas, os musicais, os shows, telejornais, jogos esportivos e outros programas produzidos pela emissora ao longo dos anos.

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Jornal da Tarde.  Foto: Acervo Estadão
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Jornal da Tarde. Foto: Acervo Estadão
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