Em 25 anos, a guinada no uso das Forças Armadas no Rio


A primeira vez que militares foram chamados ao Rio foi para segurança de chefes de Estado

Por Marcelo Godoy
Atualização:

O uso das Forças Armadas no Rio mudou profundamente nos últimos 25 anos. Na primeira vez, seu objetivo era proteger mais de uma centena de chefes de Estado e de governo que estavam na cidade para a ECO 92, a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente. O sucesso da operação criou a demanda pelo uso dos militares na garantia da ordem pública.

Ao longo de anos, moradores do Rio de Janeiro convivem em meio a soldados em bairros como a Cidade de Deus e Complexo do Alemão. Foto: Wilton Junior/Estadão

Depois disso, o Rio foi alvo de 36 operações da Forças Armadas - contando como uma única ação as 15 fases da Operação Furacão, iniciada em 2017 -, 41% das quais serviram para combater o crime organizado. Ocorrida entre 3 e 14 de junho de 1992, a ECO 92 pôs cerca de 20 mil homens com fuzis, fardas camufladas e blindados Urutus e Cascavel por 15 dias nas ruas. A queda da criminalidade - cerca de 20% - na região onde houve a presença dos militares abriu o caminho para novas ações no Estado.

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Em 1994 e 1995, as Operações Rio, Alvorada, Topázio e Velame colocaram cerca de 10 mil militares nas ruas da cidade, coma prisão de 58 acusados. Eram as primeiras ações contra os bandidos. A partir dos anos 2000, essas operações se intensificaram - foram 26, das quais apenas 8 não tinham como objetivo combater o crime organizado.

Invasão. O grande teste viria no dia 25 de novembro de 2011, quando blindados da Marinha foram emprestados para a invasão da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Naquele momento, o Comando Militar do Leste (CML) havia colocado os homens da 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada na Avenida Brasil para evitar a ação de criminosos, que estavam fechando a via, a principal de ligação entre a Vila Militar e o centro, onde fica a sede do CML.

Em seu relato sobre aqueles dias, o general Adriano Pereira Júnior, então comandante do CML, contou que tomou a decisão "em virtude da gravidade da situação da segurança pública, com ataques, arrastões e incêndios de carros". No dia seguinte, as tropas começariam a ocupação do Complexo do Alemão, que duraria 583 dias. A avaliação então dos generais era a de que a ação havia sido um sucesso.

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Em seguida, as Forças Armadas ocuparam o complexo da Maré. Documentos das Forças Armadas mostram que, de 2013 a dezembro de 2017, o Exército e a Marinha mataram 19 bandidos e feriram 81 no Rio. Houve ainda 2 militares mortos - um deles por tiro acidental - e 84 feridos. Eles relataram a prisão de 1.375 suspeitos nas operações no Alemão, na Maré e na Operação Furacão.

O modelo de ocupação, que custava cerca de R$ 1 milhão por dia na Maré, foi deixado de lado depois do término da ação na Maré, em 2015. Com a crise do sistema de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a retomada de áreas do Alemão e da Maré pelos grupos armados, os militares passaram a defender que suas ações fossem pontuais, com o uso da inteligência e se valendo do efeito causado pelo emprego de grandes contingentes. Essa é a forma considerada mais adequada pelos militares para as ações de Garantia de Lei e Ordem no Rio. O modelo prevê o trabalho da inteligência do Exército com a da Secretaria da Segurança, até com o uso do Centro de Informações do Exército.

Para lembrar: 20 mil homens mobilizados

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Em 1994 e 1995, o Rio foi também ocupado por tropas federais, em ações que ficaram conhecidas como Operação Rio I e II. Na ocasião, várias comunidades foram tomadas por militares, e o comando da segurança do Estado foi centralizado no Comando Militar do Leste (CML).

Ao todo, foram mobilizados cerca de 20 mil homens. Naquela ocasião, não foi decretada, formalmente, uma intervenção federal na segurança pública, como agora. Houve uma "colaboração" entre forças federais e estaduais, em uma ação política do governo Itamar Franco (1992-1994).

O convênio vigorou por cerca de dois meses. Nesse período, as favelas tidas como as mais violentas da capital foram ocupadas pelo Exército e fuzileiros navais. Sob o comando do general Roberto Jugurtha Câmara Senna, os militares desmantelaram a Feira de Acari e cercaram o Complexo do Alemão- na época bem menor que hoje.

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A presença das tropas nas ruas deu à população maior sensação de segurança, mas houve muitas críticas à atuação das Forças Armadas. Entidades civis e comunitárias apontaram vários abusos e uma das consequências lamentadas pelas tropas foi que alguns de seus integrantes foram processados.

O uso das Forças Armadas no Rio mudou profundamente nos últimos 25 anos. Na primeira vez, seu objetivo era proteger mais de uma centena de chefes de Estado e de governo que estavam na cidade para a ECO 92, a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente. O sucesso da operação criou a demanda pelo uso dos militares na garantia da ordem pública.

Ao longo de anos, moradores do Rio de Janeiro convivem em meio a soldados em bairros como a Cidade de Deus e Complexo do Alemão. Foto: Wilton Junior/Estadão

Depois disso, o Rio foi alvo de 36 operações da Forças Armadas - contando como uma única ação as 15 fases da Operação Furacão, iniciada em 2017 -, 41% das quais serviram para combater o crime organizado. Ocorrida entre 3 e 14 de junho de 1992, a ECO 92 pôs cerca de 20 mil homens com fuzis, fardas camufladas e blindados Urutus e Cascavel por 15 dias nas ruas. A queda da criminalidade - cerca de 20% - na região onde houve a presença dos militares abriu o caminho para novas ações no Estado.

Em 1994 e 1995, as Operações Rio, Alvorada, Topázio e Velame colocaram cerca de 10 mil militares nas ruas da cidade, coma prisão de 58 acusados. Eram as primeiras ações contra os bandidos. A partir dos anos 2000, essas operações se intensificaram - foram 26, das quais apenas 8 não tinham como objetivo combater o crime organizado.

Invasão. O grande teste viria no dia 25 de novembro de 2011, quando blindados da Marinha foram emprestados para a invasão da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Naquele momento, o Comando Militar do Leste (CML) havia colocado os homens da 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada na Avenida Brasil para evitar a ação de criminosos, que estavam fechando a via, a principal de ligação entre a Vila Militar e o centro, onde fica a sede do CML.

Em seu relato sobre aqueles dias, o general Adriano Pereira Júnior, então comandante do CML, contou que tomou a decisão "em virtude da gravidade da situação da segurança pública, com ataques, arrastões e incêndios de carros". No dia seguinte, as tropas começariam a ocupação do Complexo do Alemão, que duraria 583 dias. A avaliação então dos generais era a de que a ação havia sido um sucesso.

Em seguida, as Forças Armadas ocuparam o complexo da Maré. Documentos das Forças Armadas mostram que, de 2013 a dezembro de 2017, o Exército e a Marinha mataram 19 bandidos e feriram 81 no Rio. Houve ainda 2 militares mortos - um deles por tiro acidental - e 84 feridos. Eles relataram a prisão de 1.375 suspeitos nas operações no Alemão, na Maré e na Operação Furacão.

O modelo de ocupação, que custava cerca de R$ 1 milhão por dia na Maré, foi deixado de lado depois do término da ação na Maré, em 2015. Com a crise do sistema de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a retomada de áreas do Alemão e da Maré pelos grupos armados, os militares passaram a defender que suas ações fossem pontuais, com o uso da inteligência e se valendo do efeito causado pelo emprego de grandes contingentes. Essa é a forma considerada mais adequada pelos militares para as ações de Garantia de Lei e Ordem no Rio. O modelo prevê o trabalho da inteligência do Exército com a da Secretaria da Segurança, até com o uso do Centro de Informações do Exército.

Para lembrar: 20 mil homens mobilizados

Em 1994 e 1995, o Rio foi também ocupado por tropas federais, em ações que ficaram conhecidas como Operação Rio I e II. Na ocasião, várias comunidades foram tomadas por militares, e o comando da segurança do Estado foi centralizado no Comando Militar do Leste (CML).

Ao todo, foram mobilizados cerca de 20 mil homens. Naquela ocasião, não foi decretada, formalmente, uma intervenção federal na segurança pública, como agora. Houve uma "colaboração" entre forças federais e estaduais, em uma ação política do governo Itamar Franco (1992-1994).

O convênio vigorou por cerca de dois meses. Nesse período, as favelas tidas como as mais violentas da capital foram ocupadas pelo Exército e fuzileiros navais. Sob o comando do general Roberto Jugurtha Câmara Senna, os militares desmantelaram a Feira de Acari e cercaram o Complexo do Alemão- na época bem menor que hoje.

A presença das tropas nas ruas deu à população maior sensação de segurança, mas houve muitas críticas à atuação das Forças Armadas. Entidades civis e comunitárias apontaram vários abusos e uma das consequências lamentadas pelas tropas foi que alguns de seus integrantes foram processados.

O uso das Forças Armadas no Rio mudou profundamente nos últimos 25 anos. Na primeira vez, seu objetivo era proteger mais de uma centena de chefes de Estado e de governo que estavam na cidade para a ECO 92, a conferência das Nações Unidas para o meio ambiente. O sucesso da operação criou a demanda pelo uso dos militares na garantia da ordem pública.

Ao longo de anos, moradores do Rio de Janeiro convivem em meio a soldados em bairros como a Cidade de Deus e Complexo do Alemão. Foto: Wilton Junior/Estadão

Depois disso, o Rio foi alvo de 36 operações da Forças Armadas - contando como uma única ação as 15 fases da Operação Furacão, iniciada em 2017 -, 41% das quais serviram para combater o crime organizado. Ocorrida entre 3 e 14 de junho de 1992, a ECO 92 pôs cerca de 20 mil homens com fuzis, fardas camufladas e blindados Urutus e Cascavel por 15 dias nas ruas. A queda da criminalidade - cerca de 20% - na região onde houve a presença dos militares abriu o caminho para novas ações no Estado.

Em 1994 e 1995, as Operações Rio, Alvorada, Topázio e Velame colocaram cerca de 10 mil militares nas ruas da cidade, coma prisão de 58 acusados. Eram as primeiras ações contra os bandidos. A partir dos anos 2000, essas operações se intensificaram - foram 26, das quais apenas 8 não tinham como objetivo combater o crime organizado.

Invasão. O grande teste viria no dia 25 de novembro de 2011, quando blindados da Marinha foram emprestados para a invasão da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha. Naquele momento, o Comando Militar do Leste (CML) havia colocado os homens da 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada na Avenida Brasil para evitar a ação de criminosos, que estavam fechando a via, a principal de ligação entre a Vila Militar e o centro, onde fica a sede do CML.

Em seu relato sobre aqueles dias, o general Adriano Pereira Júnior, então comandante do CML, contou que tomou a decisão "em virtude da gravidade da situação da segurança pública, com ataques, arrastões e incêndios de carros". No dia seguinte, as tropas começariam a ocupação do Complexo do Alemão, que duraria 583 dias. A avaliação então dos generais era a de que a ação havia sido um sucesso.

Em seguida, as Forças Armadas ocuparam o complexo da Maré. Documentos das Forças Armadas mostram que, de 2013 a dezembro de 2017, o Exército e a Marinha mataram 19 bandidos e feriram 81 no Rio. Houve ainda 2 militares mortos - um deles por tiro acidental - e 84 feridos. Eles relataram a prisão de 1.375 suspeitos nas operações no Alemão, na Maré e na Operação Furacão.

O modelo de ocupação, que custava cerca de R$ 1 milhão por dia na Maré, foi deixado de lado depois do término da ação na Maré, em 2015. Com a crise do sistema de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) e a retomada de áreas do Alemão e da Maré pelos grupos armados, os militares passaram a defender que suas ações fossem pontuais, com o uso da inteligência e se valendo do efeito causado pelo emprego de grandes contingentes. Essa é a forma considerada mais adequada pelos militares para as ações de Garantia de Lei e Ordem no Rio. O modelo prevê o trabalho da inteligência do Exército com a da Secretaria da Segurança, até com o uso do Centro de Informações do Exército.

Para lembrar: 20 mil homens mobilizados

Em 1994 e 1995, o Rio foi também ocupado por tropas federais, em ações que ficaram conhecidas como Operação Rio I e II. Na ocasião, várias comunidades foram tomadas por militares, e o comando da segurança do Estado foi centralizado no Comando Militar do Leste (CML).

Ao todo, foram mobilizados cerca de 20 mil homens. Naquela ocasião, não foi decretada, formalmente, uma intervenção federal na segurança pública, como agora. Houve uma "colaboração" entre forças federais e estaduais, em uma ação política do governo Itamar Franco (1992-1994).

O convênio vigorou por cerca de dois meses. Nesse período, as favelas tidas como as mais violentas da capital foram ocupadas pelo Exército e fuzileiros navais. Sob o comando do general Roberto Jugurtha Câmara Senna, os militares desmantelaram a Feira de Acari e cercaram o Complexo do Alemão- na época bem menor que hoje.

A presença das tropas nas ruas deu à população maior sensação de segurança, mas houve muitas críticas à atuação das Forças Armadas. Entidades civis e comunitárias apontaram vários abusos e uma das consequências lamentadas pelas tropas foi que alguns de seus integrantes foram processados.

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