Emos, a tribo que nasceu do punk romântico


Visual é o que mais chama atenção nesta moçada. Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras, além de curtirem o emocore

Por Agencia Estado

Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras. Mas repare bem: o colar é de dadinhos, os meninos preferem camisetas ajustadas ao corpo, alguns até na cor rosa; as meninas misturam delicados lacinhos no cabelo com ousadas meias do tipo arrastão. Eles são emos. Essa tribo se autodefine como um grupo de adolescentes sensíveis, carinhosos, sem preconceito, que curtem o emocore, uma vertente do punk com som pesado mas com letras românticas. Mas o visual peculiar é o que mais chama atenção nesta moçada, que está na faixa dos 14 aos 20 anos. É look cheio de contrastes que atrai grande parte dos novos emos. "Me interessei primeiro pelo visual. Sempre gostei de me vestir diferente das outras pessoas. Depois fui conhecer a música", admite Marina Fernandes, de 16 anos. Para quem vai mais fundo na ´proposta´, existe também a atitude. Emos autênticos têm facilidade para demonstrar os sentimentos. É comum, por exemplo, ao se encontrarem, trocarem longos abraços, beijos e elogios. Chorar ao som de uma determinada música também faz parte. "É natural que sejamos pessoas mais sentimentais por curtirmos letras mais melosas", diz Fabian Rossi Furrier, de 19 anos. Mas há exceções. Nem todo fã de emocore chora e adota esse visual. "Eu acho que emocore é só música. Não é um tênis, uma munhequeira, colar e pulseiras de bolotas ou franjas que dizem que você é um emo ou um admirador de emocore. Tem gente que até fala que para curtir as músicas você tem que ser depressivo ou ficar chorando, mas isso não tem nada a ver", lamenta uma jovem, que não quis se identificar e se diz admiradora de diversos estilos de rock. Fotologs É principalmente por fotologs, diários de fotos virtuais, que os emos trocam mensagens, músicas e trocam idéias sobre shows. "Eu tenho fotolog e descobri as primeiras músicas emo por meio dele, quando uma amiga me enviou", diz Alberto Pereira da Silva Junior, de 19 anos. É também pela web que vários encontros são marcados entre os emos. Em São Paulo, os lugares mais freqüentados são shoppings e, principalmente, a Galeria do Rock, além de festivais de música alternativa. "A galeria é um local onde gostamos bastante de nos reunir. Os velhos amigos vêm de vários bairros de São Paulo e até de cidades vizinhas, além de fazermos novas amizades. Falamos sobre música e combinamos ida a shows e festivais de música alternativa", conta Márcio Silva, de 19 anos. Mas não é só com conversa que os emos se divertem. Baladas como o Hangar 110, que desde outubro de 1998 recebe várias bandas alternativas, atrai o público emo. "Muitos adolescentes, geralmente de 14 a 20 anos, freqüentam a casa em dias de shows de bandas emos", diz Marco Badin, dono do Hangar, local que permite a entrada de jovens a partir dos 14 anos e que não vende bebidas alcoólicas. "Não tenho como controlar a venda do lado de fora da casa, mas dentro fiscalizamos para que jovens maiores de idade não repassem a bebida aos menores. E tem dado certo", afirma Badin. Origem Musical O termo emo surgiu em torno do gênero musical emotional hard core, que despontou na segunda metade da década de 1980 em Washington. O termo foi originalmente aplicado a bandas do cenário punk que tocavam rock com letras poéticas e românticas. Embrace e Hits of Spring são algumas das bandas que tinham esse estilo. "Atualmente considero que não há o estilo musical emocore como originalmente. Emo é algo que acabou se transferindo para roupas e comportamento. O que existe hoje em toda banda é uma mistura de tendências", define Diego Ferrero, de 20 anos, vocalista da banda NXZero, que há cinco anos atrai muitos adolescentes emos a seus shows. "Preferimos não nos rotular para não limitarmos o nosso público. Se as pessoas querem nos classificar como hardcore, emo, tanto faz", afirma o baterista do grupo, Daniel Weksler, de 20 anos. Batidas fortes Embora o som receba a definição de emocore ou hard core melódico, uma certeza, entre os emos, é a preferência por composições com batidas fortes e letras que misturam emoções. "O que não dá é sair por aí considerando que qualquer banda que cante letras românticas é emo", reclama Márcio Silva, de 18 anos. As bandas alternativas são as preferidas dos emos. "Considero as bandas que saem do mercado alternativo umas vendidas. O legal é conhecer as que estão começando e que quase ninguém conhece", diz Henri Baldiezo, de 16 anos. Henri acrescenta que, ao sair do mercado alternativo, os ingressos para os shows das bandas se tornam muito caros. "Gostava de ouvir CPM22, mas agora é impossível ir aos shows. A NXZero é outra, que depois que apareceu com um clip na MTV, com certeza aumentará o valor dos ingressos". Os integrantes da NXZero se defendem, dizendo que não dá para viver de mercado alternativo no País. "Não há uma estrutura no Brasil para as bandas alternativas. Por isso, para nós, é importante a presença do clip na MTV. É o fruto de um trabalho de cinco anos. Curiosamente, os que criticam foram os que nos colocaram lá", diz Weksler. Preconceito A atitude mais sensível e a liberdade em expressar sentimentos tornou os emos um alvo de preconceito. Para muitos desavisados, ser emo é sinônimo de homossexualismo. "Não há nenhuma lei emocore que diga que uma pessoa tem que ser homossexual ou bissexual para ser emo", brinca Fabian. O preconceito chega a ponto do termo emo ser visto como um palavrão. "Já vi um garoto dizer, ao ser chamado de emo, que preferia que xingassem a mãe dele a ser nomeado com este termo", afirma Marina. Mas a intolerância não termina por aí. Punks e skinheads radicais criticam o comportamento sentimental dos emos. "Sempre acontecem brigas em portas de shows, na rua e até na Galeria do Rock", afirma Marina, que diz já ter presenciado várias confusões. "Não aconteceu aqui na galeria, mas já roubaram meu cinto e até levei uma garrafada na cabeça de um skinhead", diz Thiago Oliveira, de 19 anos. Os emos garantem que são pacíficos, não procuram briga e acham um absurdo as agressões cometidas por punks e outros grupos. "Eu acho errado punk bater em emo, mas vai querer colocar isso na cabeça dos punks. Não dá. Procuramos ignorar ou passar longe de lugares que sabemos que eles vão estar", explica Marina. Bandas diferentes Badin diz que é muito difícil juntar diversas tribos em shows. "Já trouxemos bandas de estilos diferentes para fazer shows, mas assim que acaba o show de uma banda que os emos curtem, eles vão embora. Não se interessam por conhecer outros estilos, assim como, por exemplo, os punks também não se interessam. As tribos são muito segmentadas". Na própria Galeria do Rock já se notam indícios de preconceito. Há lojas que exibem em suas vitrines cartazes com a frase "Proibido estacionamento de emos e emas". Marina acredita que tanto preconceito entre emos e outras tribos aconteça também porque muitos adolescentes têm se tornado emos por puro modismo. "Os punks e outras tribos têm raiva dos que são emos porque gostam da roupa ou do cabelo, mas que não entendem nada da cultura, da música". Os próprios emos têm aversão aos chamados posers, termo que eles usam para definir os adolescentes que aderem ao estilo apenas pela moda. Preconceito na web O site de relacionamentos Orkut tornou-se uma ferramenta para disseminar o preconceito em relação aos emos. Assim como há comunidades que declaram seu amor ao estilo, como "Eu amo meu estilo, sou emo!!", há aquelas que anunciam seu ódio, como "Eu odeio emos" e "Hitler era emo!". "Várias comunidades no Orkut são bizarras ou preconceituosas. Daí, a resistência de muitos adolescentes em falar sobre o assunto e até em admitir que gostam do estilo emo", diz Alberto. "Ter preconceito não é construir um mundo melhor", conclui Fabian. Como ser um emo? Para quem quiser aderir ao estilo emo, a Galeria do Rock é onde estão as melhores lojas de roupas e também de CDs em São Paulo. E o melhor: a preços acessíveis. Acessórios como piercings, pulseiras, colares, além de roupas que compõem o look emo, também podem ser compradas na Galeria Ouro Fino, onde os novatos podem mergulhar nas novas tendências musicais e se informarem sobre festas, casas noturnas e shows. Para encontrar essa turma, a dica é ir nas tardes de sexta ou aos sábados na Galeria do Rock, local preferido dos emos. Os mais novos também circulam por shoppings de São Paulo, como o Anália Franco e o West Plaza. Não há dia definido, mas a maior concentração ocorre geralmente aos sábados. Mas, o agito de verdade acontece nos festivais e shows de bandas alternativas. Comunidades do Orkut também são uma boa fonte para conhecer e trocar idéias com os emos. Tente entre as diversas, a "Emo" e "Emo sim, e daí?". Onde: Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela Av. São João, 439). Horário: de segunda à sexta, das 9 às 20 horas e aos sábados, das 9 às 17 horas Galeria Ouro Fino Rua Augusta, 2690 - Jardins Horário: de segunda à sexta, das 10 às 20 horas e aos sábados, das 10 às 18 horas Hangar 110 Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro (próximo à estação Armênia do metrô) Tel.: 11 3229-7442

Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras. Mas repare bem: o colar é de dadinhos, os meninos preferem camisetas ajustadas ao corpo, alguns até na cor rosa; as meninas misturam delicados lacinhos no cabelo com ousadas meias do tipo arrastão. Eles são emos. Essa tribo se autodefine como um grupo de adolescentes sensíveis, carinhosos, sem preconceito, que curtem o emocore, uma vertente do punk com som pesado mas com letras românticas. Mas o visual peculiar é o que mais chama atenção nesta moçada, que está na faixa dos 14 aos 20 anos. É look cheio de contrastes que atrai grande parte dos novos emos. "Me interessei primeiro pelo visual. Sempre gostei de me vestir diferente das outras pessoas. Depois fui conhecer a música", admite Marina Fernandes, de 16 anos. Para quem vai mais fundo na ´proposta´, existe também a atitude. Emos autênticos têm facilidade para demonstrar os sentimentos. É comum, por exemplo, ao se encontrarem, trocarem longos abraços, beijos e elogios. Chorar ao som de uma determinada música também faz parte. "É natural que sejamos pessoas mais sentimentais por curtirmos letras mais melosas", diz Fabian Rossi Furrier, de 19 anos. Mas há exceções. Nem todo fã de emocore chora e adota esse visual. "Eu acho que emocore é só música. Não é um tênis, uma munhequeira, colar e pulseiras de bolotas ou franjas que dizem que você é um emo ou um admirador de emocore. Tem gente que até fala que para curtir as músicas você tem que ser depressivo ou ficar chorando, mas isso não tem nada a ver", lamenta uma jovem, que não quis se identificar e se diz admiradora de diversos estilos de rock. Fotologs É principalmente por fotologs, diários de fotos virtuais, que os emos trocam mensagens, músicas e trocam idéias sobre shows. "Eu tenho fotolog e descobri as primeiras músicas emo por meio dele, quando uma amiga me enviou", diz Alberto Pereira da Silva Junior, de 19 anos. É também pela web que vários encontros são marcados entre os emos. Em São Paulo, os lugares mais freqüentados são shoppings e, principalmente, a Galeria do Rock, além de festivais de música alternativa. "A galeria é um local onde gostamos bastante de nos reunir. Os velhos amigos vêm de vários bairros de São Paulo e até de cidades vizinhas, além de fazermos novas amizades. Falamos sobre música e combinamos ida a shows e festivais de música alternativa", conta Márcio Silva, de 19 anos. Mas não é só com conversa que os emos se divertem. Baladas como o Hangar 110, que desde outubro de 1998 recebe várias bandas alternativas, atrai o público emo. "Muitos adolescentes, geralmente de 14 a 20 anos, freqüentam a casa em dias de shows de bandas emos", diz Marco Badin, dono do Hangar, local que permite a entrada de jovens a partir dos 14 anos e que não vende bebidas alcoólicas. "Não tenho como controlar a venda do lado de fora da casa, mas dentro fiscalizamos para que jovens maiores de idade não repassem a bebida aos menores. E tem dado certo", afirma Badin. Origem Musical O termo emo surgiu em torno do gênero musical emotional hard core, que despontou na segunda metade da década de 1980 em Washington. O termo foi originalmente aplicado a bandas do cenário punk que tocavam rock com letras poéticas e românticas. Embrace e Hits of Spring são algumas das bandas que tinham esse estilo. "Atualmente considero que não há o estilo musical emocore como originalmente. Emo é algo que acabou se transferindo para roupas e comportamento. O que existe hoje em toda banda é uma mistura de tendências", define Diego Ferrero, de 20 anos, vocalista da banda NXZero, que há cinco anos atrai muitos adolescentes emos a seus shows. "Preferimos não nos rotular para não limitarmos o nosso público. Se as pessoas querem nos classificar como hardcore, emo, tanto faz", afirma o baterista do grupo, Daniel Weksler, de 20 anos. Batidas fortes Embora o som receba a definição de emocore ou hard core melódico, uma certeza, entre os emos, é a preferência por composições com batidas fortes e letras que misturam emoções. "O que não dá é sair por aí considerando que qualquer banda que cante letras românticas é emo", reclama Márcio Silva, de 18 anos. As bandas alternativas são as preferidas dos emos. "Considero as bandas que saem do mercado alternativo umas vendidas. O legal é conhecer as que estão começando e que quase ninguém conhece", diz Henri Baldiezo, de 16 anos. Henri acrescenta que, ao sair do mercado alternativo, os ingressos para os shows das bandas se tornam muito caros. "Gostava de ouvir CPM22, mas agora é impossível ir aos shows. A NXZero é outra, que depois que apareceu com um clip na MTV, com certeza aumentará o valor dos ingressos". Os integrantes da NXZero se defendem, dizendo que não dá para viver de mercado alternativo no País. "Não há uma estrutura no Brasil para as bandas alternativas. Por isso, para nós, é importante a presença do clip na MTV. É o fruto de um trabalho de cinco anos. Curiosamente, os que criticam foram os que nos colocaram lá", diz Weksler. Preconceito A atitude mais sensível e a liberdade em expressar sentimentos tornou os emos um alvo de preconceito. Para muitos desavisados, ser emo é sinônimo de homossexualismo. "Não há nenhuma lei emocore que diga que uma pessoa tem que ser homossexual ou bissexual para ser emo", brinca Fabian. O preconceito chega a ponto do termo emo ser visto como um palavrão. "Já vi um garoto dizer, ao ser chamado de emo, que preferia que xingassem a mãe dele a ser nomeado com este termo", afirma Marina. Mas a intolerância não termina por aí. Punks e skinheads radicais criticam o comportamento sentimental dos emos. "Sempre acontecem brigas em portas de shows, na rua e até na Galeria do Rock", afirma Marina, que diz já ter presenciado várias confusões. "Não aconteceu aqui na galeria, mas já roubaram meu cinto e até levei uma garrafada na cabeça de um skinhead", diz Thiago Oliveira, de 19 anos. Os emos garantem que são pacíficos, não procuram briga e acham um absurdo as agressões cometidas por punks e outros grupos. "Eu acho errado punk bater em emo, mas vai querer colocar isso na cabeça dos punks. Não dá. Procuramos ignorar ou passar longe de lugares que sabemos que eles vão estar", explica Marina. Bandas diferentes Badin diz que é muito difícil juntar diversas tribos em shows. "Já trouxemos bandas de estilos diferentes para fazer shows, mas assim que acaba o show de uma banda que os emos curtem, eles vão embora. Não se interessam por conhecer outros estilos, assim como, por exemplo, os punks também não se interessam. As tribos são muito segmentadas". Na própria Galeria do Rock já se notam indícios de preconceito. Há lojas que exibem em suas vitrines cartazes com a frase "Proibido estacionamento de emos e emas". Marina acredita que tanto preconceito entre emos e outras tribos aconteça também porque muitos adolescentes têm se tornado emos por puro modismo. "Os punks e outras tribos têm raiva dos que são emos porque gostam da roupa ou do cabelo, mas que não entendem nada da cultura, da música". Os próprios emos têm aversão aos chamados posers, termo que eles usam para definir os adolescentes que aderem ao estilo apenas pela moda. Preconceito na web O site de relacionamentos Orkut tornou-se uma ferramenta para disseminar o preconceito em relação aos emos. Assim como há comunidades que declaram seu amor ao estilo, como "Eu amo meu estilo, sou emo!!", há aquelas que anunciam seu ódio, como "Eu odeio emos" e "Hitler era emo!". "Várias comunidades no Orkut são bizarras ou preconceituosas. Daí, a resistência de muitos adolescentes em falar sobre o assunto e até em admitir que gostam do estilo emo", diz Alberto. "Ter preconceito não é construir um mundo melhor", conclui Fabian. Como ser um emo? Para quem quiser aderir ao estilo emo, a Galeria do Rock é onde estão as melhores lojas de roupas e também de CDs em São Paulo. E o melhor: a preços acessíveis. Acessórios como piercings, pulseiras, colares, além de roupas que compõem o look emo, também podem ser compradas na Galeria Ouro Fino, onde os novatos podem mergulhar nas novas tendências musicais e se informarem sobre festas, casas noturnas e shows. Para encontrar essa turma, a dica é ir nas tardes de sexta ou aos sábados na Galeria do Rock, local preferido dos emos. Os mais novos também circulam por shoppings de São Paulo, como o Anália Franco e o West Plaza. Não há dia definido, mas a maior concentração ocorre geralmente aos sábados. Mas, o agito de verdade acontece nos festivais e shows de bandas alternativas. Comunidades do Orkut também são uma boa fonte para conhecer e trocar idéias com os emos. Tente entre as diversas, a "Emo" e "Emo sim, e daí?". Onde: Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela Av. São João, 439). Horário: de segunda à sexta, das 9 às 20 horas e aos sábados, das 9 às 17 horas Galeria Ouro Fino Rua Augusta, 2690 - Jardins Horário: de segunda à sexta, das 10 às 20 horas e aos sábados, das 10 às 18 horas Hangar 110 Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro (próximo à estação Armênia do metrô) Tel.: 11 3229-7442

Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras. Mas repare bem: o colar é de dadinhos, os meninos preferem camisetas ajustadas ao corpo, alguns até na cor rosa; as meninas misturam delicados lacinhos no cabelo com ousadas meias do tipo arrastão. Eles são emos. Essa tribo se autodefine como um grupo de adolescentes sensíveis, carinhosos, sem preconceito, que curtem o emocore, uma vertente do punk com som pesado mas com letras românticas. Mas o visual peculiar é o que mais chama atenção nesta moçada, que está na faixa dos 14 aos 20 anos. É look cheio de contrastes que atrai grande parte dos novos emos. "Me interessei primeiro pelo visual. Sempre gostei de me vestir diferente das outras pessoas. Depois fui conhecer a música", admite Marina Fernandes, de 16 anos. Para quem vai mais fundo na ´proposta´, existe também a atitude. Emos autênticos têm facilidade para demonstrar os sentimentos. É comum, por exemplo, ao se encontrarem, trocarem longos abraços, beijos e elogios. Chorar ao som de uma determinada música também faz parte. "É natural que sejamos pessoas mais sentimentais por curtirmos letras mais melosas", diz Fabian Rossi Furrier, de 19 anos. Mas há exceções. Nem todo fã de emocore chora e adota esse visual. "Eu acho que emocore é só música. Não é um tênis, uma munhequeira, colar e pulseiras de bolotas ou franjas que dizem que você é um emo ou um admirador de emocore. Tem gente que até fala que para curtir as músicas você tem que ser depressivo ou ficar chorando, mas isso não tem nada a ver", lamenta uma jovem, que não quis se identificar e se diz admiradora de diversos estilos de rock. Fotologs É principalmente por fotologs, diários de fotos virtuais, que os emos trocam mensagens, músicas e trocam idéias sobre shows. "Eu tenho fotolog e descobri as primeiras músicas emo por meio dele, quando uma amiga me enviou", diz Alberto Pereira da Silva Junior, de 19 anos. É também pela web que vários encontros são marcados entre os emos. Em São Paulo, os lugares mais freqüentados são shoppings e, principalmente, a Galeria do Rock, além de festivais de música alternativa. "A galeria é um local onde gostamos bastante de nos reunir. Os velhos amigos vêm de vários bairros de São Paulo e até de cidades vizinhas, além de fazermos novas amizades. Falamos sobre música e combinamos ida a shows e festivais de música alternativa", conta Márcio Silva, de 19 anos. Mas não é só com conversa que os emos se divertem. Baladas como o Hangar 110, que desde outubro de 1998 recebe várias bandas alternativas, atrai o público emo. "Muitos adolescentes, geralmente de 14 a 20 anos, freqüentam a casa em dias de shows de bandas emos", diz Marco Badin, dono do Hangar, local que permite a entrada de jovens a partir dos 14 anos e que não vende bebidas alcoólicas. "Não tenho como controlar a venda do lado de fora da casa, mas dentro fiscalizamos para que jovens maiores de idade não repassem a bebida aos menores. E tem dado certo", afirma Badin. Origem Musical O termo emo surgiu em torno do gênero musical emotional hard core, que despontou na segunda metade da década de 1980 em Washington. O termo foi originalmente aplicado a bandas do cenário punk que tocavam rock com letras poéticas e românticas. Embrace e Hits of Spring são algumas das bandas que tinham esse estilo. "Atualmente considero que não há o estilo musical emocore como originalmente. Emo é algo que acabou se transferindo para roupas e comportamento. O que existe hoje em toda banda é uma mistura de tendências", define Diego Ferrero, de 20 anos, vocalista da banda NXZero, que há cinco anos atrai muitos adolescentes emos a seus shows. "Preferimos não nos rotular para não limitarmos o nosso público. Se as pessoas querem nos classificar como hardcore, emo, tanto faz", afirma o baterista do grupo, Daniel Weksler, de 20 anos. Batidas fortes Embora o som receba a definição de emocore ou hard core melódico, uma certeza, entre os emos, é a preferência por composições com batidas fortes e letras que misturam emoções. "O que não dá é sair por aí considerando que qualquer banda que cante letras românticas é emo", reclama Márcio Silva, de 18 anos. As bandas alternativas são as preferidas dos emos. "Considero as bandas que saem do mercado alternativo umas vendidas. O legal é conhecer as que estão começando e que quase ninguém conhece", diz Henri Baldiezo, de 16 anos. Henri acrescenta que, ao sair do mercado alternativo, os ingressos para os shows das bandas se tornam muito caros. "Gostava de ouvir CPM22, mas agora é impossível ir aos shows. A NXZero é outra, que depois que apareceu com um clip na MTV, com certeza aumentará o valor dos ingressos". Os integrantes da NXZero se defendem, dizendo que não dá para viver de mercado alternativo no País. "Não há uma estrutura no Brasil para as bandas alternativas. Por isso, para nós, é importante a presença do clip na MTV. É o fruto de um trabalho de cinco anos. Curiosamente, os que criticam foram os que nos colocaram lá", diz Weksler. Preconceito A atitude mais sensível e a liberdade em expressar sentimentos tornou os emos um alvo de preconceito. Para muitos desavisados, ser emo é sinônimo de homossexualismo. "Não há nenhuma lei emocore que diga que uma pessoa tem que ser homossexual ou bissexual para ser emo", brinca Fabian. O preconceito chega a ponto do termo emo ser visto como um palavrão. "Já vi um garoto dizer, ao ser chamado de emo, que preferia que xingassem a mãe dele a ser nomeado com este termo", afirma Marina. Mas a intolerância não termina por aí. Punks e skinheads radicais criticam o comportamento sentimental dos emos. "Sempre acontecem brigas em portas de shows, na rua e até na Galeria do Rock", afirma Marina, que diz já ter presenciado várias confusões. "Não aconteceu aqui na galeria, mas já roubaram meu cinto e até levei uma garrafada na cabeça de um skinhead", diz Thiago Oliveira, de 19 anos. Os emos garantem que são pacíficos, não procuram briga e acham um absurdo as agressões cometidas por punks e outros grupos. "Eu acho errado punk bater em emo, mas vai querer colocar isso na cabeça dos punks. Não dá. Procuramos ignorar ou passar longe de lugares que sabemos que eles vão estar", explica Marina. Bandas diferentes Badin diz que é muito difícil juntar diversas tribos em shows. "Já trouxemos bandas de estilos diferentes para fazer shows, mas assim que acaba o show de uma banda que os emos curtem, eles vão embora. Não se interessam por conhecer outros estilos, assim como, por exemplo, os punks também não se interessam. As tribos são muito segmentadas". Na própria Galeria do Rock já se notam indícios de preconceito. Há lojas que exibem em suas vitrines cartazes com a frase "Proibido estacionamento de emos e emas". Marina acredita que tanto preconceito entre emos e outras tribos aconteça também porque muitos adolescentes têm se tornado emos por puro modismo. "Os punks e outras tribos têm raiva dos que são emos porque gostam da roupa ou do cabelo, mas que não entendem nada da cultura, da música". Os próprios emos têm aversão aos chamados posers, termo que eles usam para definir os adolescentes que aderem ao estilo apenas pela moda. Preconceito na web O site de relacionamentos Orkut tornou-se uma ferramenta para disseminar o preconceito em relação aos emos. Assim como há comunidades que declaram seu amor ao estilo, como "Eu amo meu estilo, sou emo!!", há aquelas que anunciam seu ódio, como "Eu odeio emos" e "Hitler era emo!". "Várias comunidades no Orkut são bizarras ou preconceituosas. Daí, a resistência de muitos adolescentes em falar sobre o assunto e até em admitir que gostam do estilo emo", diz Alberto. "Ter preconceito não é construir um mundo melhor", conclui Fabian. Como ser um emo? Para quem quiser aderir ao estilo emo, a Galeria do Rock é onde estão as melhores lojas de roupas e também de CDs em São Paulo. E o melhor: a preços acessíveis. Acessórios como piercings, pulseiras, colares, além de roupas que compõem o look emo, também podem ser compradas na Galeria Ouro Fino, onde os novatos podem mergulhar nas novas tendências musicais e se informarem sobre festas, casas noturnas e shows. Para encontrar essa turma, a dica é ir nas tardes de sexta ou aos sábados na Galeria do Rock, local preferido dos emos. Os mais novos também circulam por shoppings de São Paulo, como o Anália Franco e o West Plaza. Não há dia definido, mas a maior concentração ocorre geralmente aos sábados. Mas, o agito de verdade acontece nos festivais e shows de bandas alternativas. Comunidades do Orkut também são uma boa fonte para conhecer e trocar idéias com os emos. Tente entre as diversas, a "Emo" e "Emo sim, e daí?". Onde: Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela Av. São João, 439). Horário: de segunda à sexta, das 9 às 20 horas e aos sábados, das 9 às 17 horas Galeria Ouro Fino Rua Augusta, 2690 - Jardins Horário: de segunda à sexta, das 10 às 20 horas e aos sábados, das 10 às 18 horas Hangar 110 Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro (próximo à estação Armênia do metrô) Tel.: 11 3229-7442

Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras. Mas repare bem: o colar é de dadinhos, os meninos preferem camisetas ajustadas ao corpo, alguns até na cor rosa; as meninas misturam delicados lacinhos no cabelo com ousadas meias do tipo arrastão. Eles são emos. Essa tribo se autodefine como um grupo de adolescentes sensíveis, carinhosos, sem preconceito, que curtem o emocore, uma vertente do punk com som pesado mas com letras românticas. Mas o visual peculiar é o que mais chama atenção nesta moçada, que está na faixa dos 14 aos 20 anos. É look cheio de contrastes que atrai grande parte dos novos emos. "Me interessei primeiro pelo visual. Sempre gostei de me vestir diferente das outras pessoas. Depois fui conhecer a música", admite Marina Fernandes, de 16 anos. Para quem vai mais fundo na ´proposta´, existe também a atitude. Emos autênticos têm facilidade para demonstrar os sentimentos. É comum, por exemplo, ao se encontrarem, trocarem longos abraços, beijos e elogios. Chorar ao som de uma determinada música também faz parte. "É natural que sejamos pessoas mais sentimentais por curtirmos letras mais melosas", diz Fabian Rossi Furrier, de 19 anos. Mas há exceções. Nem todo fã de emocore chora e adota esse visual. "Eu acho que emocore é só música. Não é um tênis, uma munhequeira, colar e pulseiras de bolotas ou franjas que dizem que você é um emo ou um admirador de emocore. Tem gente que até fala que para curtir as músicas você tem que ser depressivo ou ficar chorando, mas isso não tem nada a ver", lamenta uma jovem, que não quis se identificar e se diz admiradora de diversos estilos de rock. Fotologs É principalmente por fotologs, diários de fotos virtuais, que os emos trocam mensagens, músicas e trocam idéias sobre shows. "Eu tenho fotolog e descobri as primeiras músicas emo por meio dele, quando uma amiga me enviou", diz Alberto Pereira da Silva Junior, de 19 anos. É também pela web que vários encontros são marcados entre os emos. Em São Paulo, os lugares mais freqüentados são shoppings e, principalmente, a Galeria do Rock, além de festivais de música alternativa. "A galeria é um local onde gostamos bastante de nos reunir. Os velhos amigos vêm de vários bairros de São Paulo e até de cidades vizinhas, além de fazermos novas amizades. Falamos sobre música e combinamos ida a shows e festivais de música alternativa", conta Márcio Silva, de 19 anos. Mas não é só com conversa que os emos se divertem. Baladas como o Hangar 110, que desde outubro de 1998 recebe várias bandas alternativas, atrai o público emo. "Muitos adolescentes, geralmente de 14 a 20 anos, freqüentam a casa em dias de shows de bandas emos", diz Marco Badin, dono do Hangar, local que permite a entrada de jovens a partir dos 14 anos e que não vende bebidas alcoólicas. "Não tenho como controlar a venda do lado de fora da casa, mas dentro fiscalizamos para que jovens maiores de idade não repassem a bebida aos menores. E tem dado certo", afirma Badin. Origem Musical O termo emo surgiu em torno do gênero musical emotional hard core, que despontou na segunda metade da década de 1980 em Washington. O termo foi originalmente aplicado a bandas do cenário punk que tocavam rock com letras poéticas e românticas. Embrace e Hits of Spring são algumas das bandas que tinham esse estilo. "Atualmente considero que não há o estilo musical emocore como originalmente. Emo é algo que acabou se transferindo para roupas e comportamento. O que existe hoje em toda banda é uma mistura de tendências", define Diego Ferrero, de 20 anos, vocalista da banda NXZero, que há cinco anos atrai muitos adolescentes emos a seus shows. "Preferimos não nos rotular para não limitarmos o nosso público. Se as pessoas querem nos classificar como hardcore, emo, tanto faz", afirma o baterista do grupo, Daniel Weksler, de 20 anos. Batidas fortes Embora o som receba a definição de emocore ou hard core melódico, uma certeza, entre os emos, é a preferência por composições com batidas fortes e letras que misturam emoções. "O que não dá é sair por aí considerando que qualquer banda que cante letras românticas é emo", reclama Márcio Silva, de 18 anos. As bandas alternativas são as preferidas dos emos. "Considero as bandas que saem do mercado alternativo umas vendidas. O legal é conhecer as que estão começando e que quase ninguém conhece", diz Henri Baldiezo, de 16 anos. Henri acrescenta que, ao sair do mercado alternativo, os ingressos para os shows das bandas se tornam muito caros. "Gostava de ouvir CPM22, mas agora é impossível ir aos shows. A NXZero é outra, que depois que apareceu com um clip na MTV, com certeza aumentará o valor dos ingressos". Os integrantes da NXZero se defendem, dizendo que não dá para viver de mercado alternativo no País. "Não há uma estrutura no Brasil para as bandas alternativas. Por isso, para nós, é importante a presença do clip na MTV. É o fruto de um trabalho de cinco anos. Curiosamente, os que criticam foram os que nos colocaram lá", diz Weksler. Preconceito A atitude mais sensível e a liberdade em expressar sentimentos tornou os emos um alvo de preconceito. Para muitos desavisados, ser emo é sinônimo de homossexualismo. "Não há nenhuma lei emocore que diga que uma pessoa tem que ser homossexual ou bissexual para ser emo", brinca Fabian. O preconceito chega a ponto do termo emo ser visto como um palavrão. "Já vi um garoto dizer, ao ser chamado de emo, que preferia que xingassem a mãe dele a ser nomeado com este termo", afirma Marina. Mas a intolerância não termina por aí. Punks e skinheads radicais criticam o comportamento sentimental dos emos. "Sempre acontecem brigas em portas de shows, na rua e até na Galeria do Rock", afirma Marina, que diz já ter presenciado várias confusões. "Não aconteceu aqui na galeria, mas já roubaram meu cinto e até levei uma garrafada na cabeça de um skinhead", diz Thiago Oliveira, de 19 anos. Os emos garantem que são pacíficos, não procuram briga e acham um absurdo as agressões cometidas por punks e outros grupos. "Eu acho errado punk bater em emo, mas vai querer colocar isso na cabeça dos punks. Não dá. Procuramos ignorar ou passar longe de lugares que sabemos que eles vão estar", explica Marina. Bandas diferentes Badin diz que é muito difícil juntar diversas tribos em shows. "Já trouxemos bandas de estilos diferentes para fazer shows, mas assim que acaba o show de uma banda que os emos curtem, eles vão embora. Não se interessam por conhecer outros estilos, assim como, por exemplo, os punks também não se interessam. As tribos são muito segmentadas". Na própria Galeria do Rock já se notam indícios de preconceito. Há lojas que exibem em suas vitrines cartazes com a frase "Proibido estacionamento de emos e emas". Marina acredita que tanto preconceito entre emos e outras tribos aconteça também porque muitos adolescentes têm se tornado emos por puro modismo. "Os punks e outras tribos têm raiva dos que são emos porque gostam da roupa ou do cabelo, mas que não entendem nada da cultura, da música". Os próprios emos têm aversão aos chamados posers, termo que eles usam para definir os adolescentes que aderem ao estilo apenas pela moda. Preconceito na web O site de relacionamentos Orkut tornou-se uma ferramenta para disseminar o preconceito em relação aos emos. Assim como há comunidades que declaram seu amor ao estilo, como "Eu amo meu estilo, sou emo!!", há aquelas que anunciam seu ódio, como "Eu odeio emos" e "Hitler era emo!". "Várias comunidades no Orkut são bizarras ou preconceituosas. Daí, a resistência de muitos adolescentes em falar sobre o assunto e até em admitir que gostam do estilo emo", diz Alberto. "Ter preconceito não é construir um mundo melhor", conclui Fabian. Como ser um emo? Para quem quiser aderir ao estilo emo, a Galeria do Rock é onde estão as melhores lojas de roupas e também de CDs em São Paulo. E o melhor: a preços acessíveis. Acessórios como piercings, pulseiras, colares, além de roupas que compõem o look emo, também podem ser compradas na Galeria Ouro Fino, onde os novatos podem mergulhar nas novas tendências musicais e se informarem sobre festas, casas noturnas e shows. Para encontrar essa turma, a dica é ir nas tardes de sexta ou aos sábados na Galeria do Rock, local preferido dos emos. Os mais novos também circulam por shoppings de São Paulo, como o Anália Franco e o West Plaza. Não há dia definido, mas a maior concentração ocorre geralmente aos sábados. Mas, o agito de verdade acontece nos festivais e shows de bandas alternativas. Comunidades do Orkut também são uma boa fonte para conhecer e trocar idéias com os emos. Tente entre as diversas, a "Emo" e "Emo sim, e daí?". Onde: Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela Av. São João, 439). Horário: de segunda à sexta, das 9 às 20 horas e aos sábados, das 9 às 17 horas Galeria Ouro Fino Rua Augusta, 2690 - Jardins Horário: de segunda à sexta, das 10 às 20 horas e aos sábados, das 10 às 18 horas Hangar 110 Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro (próximo à estação Armênia do metrô) Tel.: 11 3229-7442

Eles usam franja caída no rosto, cinto de rebite e munhequeiras. Mas repare bem: o colar é de dadinhos, os meninos preferem camisetas ajustadas ao corpo, alguns até na cor rosa; as meninas misturam delicados lacinhos no cabelo com ousadas meias do tipo arrastão. Eles são emos. Essa tribo se autodefine como um grupo de adolescentes sensíveis, carinhosos, sem preconceito, que curtem o emocore, uma vertente do punk com som pesado mas com letras românticas. Mas o visual peculiar é o que mais chama atenção nesta moçada, que está na faixa dos 14 aos 20 anos. É look cheio de contrastes que atrai grande parte dos novos emos. "Me interessei primeiro pelo visual. Sempre gostei de me vestir diferente das outras pessoas. Depois fui conhecer a música", admite Marina Fernandes, de 16 anos. Para quem vai mais fundo na ´proposta´, existe também a atitude. Emos autênticos têm facilidade para demonstrar os sentimentos. É comum, por exemplo, ao se encontrarem, trocarem longos abraços, beijos e elogios. Chorar ao som de uma determinada música também faz parte. "É natural que sejamos pessoas mais sentimentais por curtirmos letras mais melosas", diz Fabian Rossi Furrier, de 19 anos. Mas há exceções. Nem todo fã de emocore chora e adota esse visual. "Eu acho que emocore é só música. Não é um tênis, uma munhequeira, colar e pulseiras de bolotas ou franjas que dizem que você é um emo ou um admirador de emocore. Tem gente que até fala que para curtir as músicas você tem que ser depressivo ou ficar chorando, mas isso não tem nada a ver", lamenta uma jovem, que não quis se identificar e se diz admiradora de diversos estilos de rock. Fotologs É principalmente por fotologs, diários de fotos virtuais, que os emos trocam mensagens, músicas e trocam idéias sobre shows. "Eu tenho fotolog e descobri as primeiras músicas emo por meio dele, quando uma amiga me enviou", diz Alberto Pereira da Silva Junior, de 19 anos. É também pela web que vários encontros são marcados entre os emos. Em São Paulo, os lugares mais freqüentados são shoppings e, principalmente, a Galeria do Rock, além de festivais de música alternativa. "A galeria é um local onde gostamos bastante de nos reunir. Os velhos amigos vêm de vários bairros de São Paulo e até de cidades vizinhas, além de fazermos novas amizades. Falamos sobre música e combinamos ida a shows e festivais de música alternativa", conta Márcio Silva, de 19 anos. Mas não é só com conversa que os emos se divertem. Baladas como o Hangar 110, que desde outubro de 1998 recebe várias bandas alternativas, atrai o público emo. "Muitos adolescentes, geralmente de 14 a 20 anos, freqüentam a casa em dias de shows de bandas emos", diz Marco Badin, dono do Hangar, local que permite a entrada de jovens a partir dos 14 anos e que não vende bebidas alcoólicas. "Não tenho como controlar a venda do lado de fora da casa, mas dentro fiscalizamos para que jovens maiores de idade não repassem a bebida aos menores. E tem dado certo", afirma Badin. Origem Musical O termo emo surgiu em torno do gênero musical emotional hard core, que despontou na segunda metade da década de 1980 em Washington. O termo foi originalmente aplicado a bandas do cenário punk que tocavam rock com letras poéticas e românticas. Embrace e Hits of Spring são algumas das bandas que tinham esse estilo. "Atualmente considero que não há o estilo musical emocore como originalmente. Emo é algo que acabou se transferindo para roupas e comportamento. O que existe hoje em toda banda é uma mistura de tendências", define Diego Ferrero, de 20 anos, vocalista da banda NXZero, que há cinco anos atrai muitos adolescentes emos a seus shows. "Preferimos não nos rotular para não limitarmos o nosso público. Se as pessoas querem nos classificar como hardcore, emo, tanto faz", afirma o baterista do grupo, Daniel Weksler, de 20 anos. Batidas fortes Embora o som receba a definição de emocore ou hard core melódico, uma certeza, entre os emos, é a preferência por composições com batidas fortes e letras que misturam emoções. "O que não dá é sair por aí considerando que qualquer banda que cante letras românticas é emo", reclama Márcio Silva, de 18 anos. As bandas alternativas são as preferidas dos emos. "Considero as bandas que saem do mercado alternativo umas vendidas. O legal é conhecer as que estão começando e que quase ninguém conhece", diz Henri Baldiezo, de 16 anos. Henri acrescenta que, ao sair do mercado alternativo, os ingressos para os shows das bandas se tornam muito caros. "Gostava de ouvir CPM22, mas agora é impossível ir aos shows. A NXZero é outra, que depois que apareceu com um clip na MTV, com certeza aumentará o valor dos ingressos". Os integrantes da NXZero se defendem, dizendo que não dá para viver de mercado alternativo no País. "Não há uma estrutura no Brasil para as bandas alternativas. Por isso, para nós, é importante a presença do clip na MTV. É o fruto de um trabalho de cinco anos. Curiosamente, os que criticam foram os que nos colocaram lá", diz Weksler. Preconceito A atitude mais sensível e a liberdade em expressar sentimentos tornou os emos um alvo de preconceito. Para muitos desavisados, ser emo é sinônimo de homossexualismo. "Não há nenhuma lei emocore que diga que uma pessoa tem que ser homossexual ou bissexual para ser emo", brinca Fabian. O preconceito chega a ponto do termo emo ser visto como um palavrão. "Já vi um garoto dizer, ao ser chamado de emo, que preferia que xingassem a mãe dele a ser nomeado com este termo", afirma Marina. Mas a intolerância não termina por aí. Punks e skinheads radicais criticam o comportamento sentimental dos emos. "Sempre acontecem brigas em portas de shows, na rua e até na Galeria do Rock", afirma Marina, que diz já ter presenciado várias confusões. "Não aconteceu aqui na galeria, mas já roubaram meu cinto e até levei uma garrafada na cabeça de um skinhead", diz Thiago Oliveira, de 19 anos. Os emos garantem que são pacíficos, não procuram briga e acham um absurdo as agressões cometidas por punks e outros grupos. "Eu acho errado punk bater em emo, mas vai querer colocar isso na cabeça dos punks. Não dá. Procuramos ignorar ou passar longe de lugares que sabemos que eles vão estar", explica Marina. Bandas diferentes Badin diz que é muito difícil juntar diversas tribos em shows. "Já trouxemos bandas de estilos diferentes para fazer shows, mas assim que acaba o show de uma banda que os emos curtem, eles vão embora. Não se interessam por conhecer outros estilos, assim como, por exemplo, os punks também não se interessam. As tribos são muito segmentadas". Na própria Galeria do Rock já se notam indícios de preconceito. Há lojas que exibem em suas vitrines cartazes com a frase "Proibido estacionamento de emos e emas". Marina acredita que tanto preconceito entre emos e outras tribos aconteça também porque muitos adolescentes têm se tornado emos por puro modismo. "Os punks e outras tribos têm raiva dos que são emos porque gostam da roupa ou do cabelo, mas que não entendem nada da cultura, da música". Os próprios emos têm aversão aos chamados posers, termo que eles usam para definir os adolescentes que aderem ao estilo apenas pela moda. Preconceito na web O site de relacionamentos Orkut tornou-se uma ferramenta para disseminar o preconceito em relação aos emos. Assim como há comunidades que declaram seu amor ao estilo, como "Eu amo meu estilo, sou emo!!", há aquelas que anunciam seu ódio, como "Eu odeio emos" e "Hitler era emo!". "Várias comunidades no Orkut são bizarras ou preconceituosas. Daí, a resistência de muitos adolescentes em falar sobre o assunto e até em admitir que gostam do estilo emo", diz Alberto. "Ter preconceito não é construir um mundo melhor", conclui Fabian. Como ser um emo? Para quem quiser aderir ao estilo emo, a Galeria do Rock é onde estão as melhores lojas de roupas e também de CDs em São Paulo. E o melhor: a preços acessíveis. Acessórios como piercings, pulseiras, colares, além de roupas que compõem o look emo, também podem ser compradas na Galeria Ouro Fino, onde os novatos podem mergulhar nas novas tendências musicais e se informarem sobre festas, casas noturnas e shows. Para encontrar essa turma, a dica é ir nas tardes de sexta ou aos sábados na Galeria do Rock, local preferido dos emos. Os mais novos também circulam por shoppings de São Paulo, como o Anália Franco e o West Plaza. Não há dia definido, mas a maior concentração ocorre geralmente aos sábados. Mas, o agito de verdade acontece nos festivais e shows de bandas alternativas. Comunidades do Orkut também são uma boa fonte para conhecer e trocar idéias com os emos. Tente entre as diversas, a "Emo" e "Emo sim, e daí?". Onde: Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 (entrada também pela Av. São João, 439). Horário: de segunda à sexta, das 9 às 20 horas e aos sábados, das 9 às 17 horas Galeria Ouro Fino Rua Augusta, 2690 - Jardins Horário: de segunda à sexta, das 10 às 20 horas e aos sábados, das 10 às 18 horas Hangar 110 Rua Rodolfo Miranda, 110 - Bom Retiro (próximo à estação Armênia do metrô) Tel.: 11 3229-7442

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