O empresário Michael Klein procurou as melhores práticas da aviação executiva internacional para trazer à sua empresa do ramo, a CBAir. No novo hangar da companhia, um espaço de 8.000 metros quadrados recém-construído no aeroporto de Sorocaba, há salas de reunião, sala VIP, espaço kids e uma infraestrutura separada para descanso e refeição dos pilotos.
Pinturas modernas se misturam na parede com quadros com fotos da primeira loja da Casas Bahia. “É parte da história do grupo”, justifica Klein. Toda a estrutura foi criada para oferecer um “serviço completo” ao cliente da aviação executiva, com opções customizados. “Ele chega aqui e não se preocupa com mais nada”, diz Klein.
Com atendimento personalizado, a CBAir tenta agradar o público de alta renda. Um dos mimos é colocar um lençol bordado com a inicial do nome do cliente nas camas dos jatos da empresa. Se é um voo corporativo, o guardanapo vem com o nome da empresa que fretou o avião. Todo o entretenimento e serviço de bordo é customizado. “Alguns clientes pedem sushi. Outros água Fiji”, explica Flavia Rubira, gerente comercial da CBAir.
Cerca de 80% dos clientes atendidos pela CBair são estrangeiros. Os nomes são sigilosos, mas o Estado apurou que empresa atendeu diversas bandas que vieram ao Brasil fazer shows, como ColdPlay e o cantor Lionel Richie. Há também demandas específicas, como um casal de milionários que fretou um helicóptero por um mês para acompanhar o filho em uma prova de rally na Argentina. “A mãe queria ver o filho passando. Íamos na frente, de helicóptero, e parávamos para ver”, conta o piloto que acompanhou o casal.
Infraestrutura. O hangar da CBair em Sorocaba guarda os aviões da própria frota e também de terceiros, que pagam para usar o espaço. A frota tem modelos variados, como os jatos de luxo Gulfstream G550 e Legacy 650 e o turboélice King Air, além de helicópteros Agusta, que ficam no hangar da empresa no Campo de Marte, em São Paulo. “É uma frota capaz de atender o cliente que precisa de um voo internacional, de um voo para o Rio ou até pousar em uma fazenda”, explica Klein. Muitos aviões ainda não receberam o aval da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para operar o serviço de táxi aéreo, mas Klein continua comprando aviões. Neste mês foi aos Estados Unidos buscar mais um Gulfstream.
A infraestrutura em Sorocaba ainda é pouco usada pelos clientes. A maioria deles ainda pede para partir dos aeroportos de Congonhas ou de Guarulhos.
O investimento no hangar de Sorocaba é uma aposta de Klein no futuro do aeroporto. Sorocaba está na disputa para se tornar o primeiro aeroporto exclusivamente focado em aviação executiva habilitado para fazer voos internacionais no Estado de São Paulo. Hoje os jatos que partem de Sorocaba para o exterior precisam passar primeiro em um aeroporto internacional, como Guarulhos ou Campinas, antes de sair do País, um procedimento que atrasa o trajeto. “As fabricantes de aeronaves (Dassault, Embraer e Gulfstream) já tem áreas de manutenção aqui. Acreditamos no potencial de Sorocaba no longo prazo”, explica Klein.
O aeroporto está construindo uma torre de controle, o que o habilitará a operar por instrumentos. Para se tornar internacional, no entanto, ainda precisa da adesão de outros órgãos, como Receita Federal e Polícia Federal.