O empresário Quintino Facci, 91 anos, um dos maiores proprietários de terras urbanas e rurais da região de Ribeirão Preto e, pai de Quintino Antônio Facci, acusado de mandar matar o irmão, Quintino Francisco Facci, no dia 20 de dezembro do ano passado, disse hoje que acredita na culpa do filho. Depois de quase quatro meses do crime, o patriarca decidiu falar e contou que sempre recebeu ameaças de Antônio, que queria ser privilegiado na divisão da herança. "Ele queria tudo para ele", diz Quintino. Antônio está preso desde o dia 22 de dezembro. "Eu acho que no inventário tem que entrar todos os bens, mas ele queria que ficasse de fora a fazenda Santa Terezinha e os lotes e imóveis da Vila Elisa", diz o pai. Na Vila Elisa, um bairro industrial, estão mais de mil lotes da família. Quintino conta que rompeu com o filho Antônio quando estava negociando uma área com a prefeitura, e sua nora propôs que ele vendesse com preço maior e pagasse propina de R$ 440 mil. Ele não sabe para quem seria a propina, mas recusou. "Nunca fiz um negócio sujo na vida. Procurei o prefeito (na época o hoje ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho) e acertei com ele o preço correto. Minha nora aceitou, mas depois voltou atrás", afirma. A área não foi vendida. Por causa desta venda e da administração de imóveis da família ele se desentendeu com o filho, que também o ameaçava constantemente de morte. Quando ele deserdou o filho as ameaças cessaram. "Mas ele dizia que enquanto eu não enterrasse um filho, eu não faria o que ele queria", conta. O mais novo dos oito filhos do empresário, Quintino José Facci, 39 anos, também foi ameaçado. "Só não fui eu o assassinado porque o Francisco estava mais fácil, mais próximo", diz.