O ex-técnico de enfermagem Abraão José Bueno, de 30 anos, foi condenado nesta quinta-feira, 15, a 110 anos de prisão pelo assassinato de quatro crianças e pela tentativa de assassinato de outras quatro, quando elas estava internadas no Instituto de Puericultura Martagão Gesteira da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2005. Bueno injetava medicamentos nas crianças para provocar paradas respiratórias e ele mesmo socorrê-las, demonstrando maior capacidade profissional. Depois de condenado no Tribunal do Júri, a juíza da 8ª Vara Federal Criminal, Valéria Caldi, determinou a pena. O julgamento durou 35 horas e terminou por volta das 6 horas. O procurador da República Jaime Mitropoulos, autor da denúncia, acusou-o de homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados pelo fato de os pacientes assassinados serem crianças sem capacidade de defesa, pelo motivo ter sido torpe, pois o enfermeiro buscava prestígio profissional, e pela forma ter sido insidiosa, já que ele se aproveitou de sua condição de técnico de enfermagem para o crime. "O julgamento desse acusado pelo júri popular reflete a resposta da sociedade aos atos hediondos que ele praticou e uma satisfação às famílias das crianças vitimizadas e que sofrem até hoje pelos graves fatos ocorridos no Hospital", afirmou o procurador da República José Augusto Vagos, que participou do julgamento. Bueno escolhia o melhor momento para injetar os medicamentos nas crianças _ sedativos, barbitúricos e bloqueadores musculares sem prescrição médica ou em doses mais elevadas, levando-as a sofrer súbitas paradas respiratórias e agravando o estado geral de saúde. O crime foi investigado depois de mais de 15 crianças terem sofrido paradas respiratórias num período curto, de menos de um mês, sempre nos plantões do técnico de enfermagem. Uma médica foi destacada para vigiar Bueno e ele foi descoberto. No dia em que foi preso, foram encontrados os remédios que usava nas crianças dentro de sua bolsa.