A Pnad 2008 constatou que a taxa de escolarização cresceu de 97% em 2007 para 97,5% em 2008 entre alunos de 6 a 14 anos, e de 82,1% para 84,1% na faixa de 15 a 17, repetindo uma tendência de avanço da escolaridade entre os mais jovens. No entanto, a pesquisa apresenta um cenário contraditório. Em números absolutos, caiu a quantidade de estudantes na faixa mais jovem, de 30,2 milhões para 29,7 milhões. A amostra estimou também o indicador aproximado de analfabetismo funcional no Brasil, uma taxa elevada, de 21% das pessoas acima de 15 anos. Em 2007, essa taxa foi de 21,8%. Analfabetismo cultural, pelos critérios da Unesco, é a definição usada para as pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever, não são capazer de entender e reproduzir o que leram. Pela Pnad, são considerados analfabetos funcionais indivíduos acima de 15 anos com menos de quatro anos de estudo.O IBGE aponta ainda que o aumento na proporção de matriculados com queda no número absoluto pode ser explicado pelo envelhecimento da população. Apesar do crescimento proporcional, no ano passado, 762 mil jovens dessa faixa não estavam na escola. No ano anterior, eram 930 mil. No grupo etário seguinte, houve crescimento até nominal: de 8,358 milhões de jovens para 8,655 milhões, na idade do Ensino Médio.Também aumentou a taxa de escolarização das crianças de 4 e 5 anos, de 70,1% em 2007 para 72,8% em 2008. Em números absolutos, mais 73 mil crianças dessa faixa entraram na escola no período, indo de 4,124 milhões para 4, 197 milhões de estudantes. Nas demais faixas etárias, houve queda. IDADE CORRETAPara técnicos do IBGE, porém, o recuo nessas faixas não é negativo: os brasileiros estariam passando a frequentar a escola nas faixas etárias "corretas".O processo explicaria o crescimento da proporção de matrículas de mais jovens - que permaneceriam mais tempo no ensino - e redução na de alunos mais velhos (já que menos estudantes entrariam nas faculdades depois do tempo "correto")."Só vou entender a queda do trabalho infantil se eu entender os avanços da educação", disse o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. "Vou medir esse avanço por meio do aumento da taxa de escolaridade da população em idade escolar." Para a professora Patrícia Cursino, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), há no Brasil mudanças culturais, com um valor dado à escola que, no passado, não existia. "Você vê, em qualquer lugar do País, mandarem as crianças para a escola." Também destaca que algumas ações do governo federal ajudam a manter as crianças na sala de aula. "A despesa para manter o filho na escola pública hoje é pequena", afirmou . "E o Bolsa-Família pode até ser questionado, mas, para recebê-lo, o aluno precisa estar na escola." AUMENTO Em todas as regiões, houve incremento da escolarização dos jovens de 6 a 14 anos. O melhor índice foi o do Norte, de 95,1% para 96,1%, um ponto porcentual. Nordeste e Sul vieram em seguida, com avanço de 0,5 ponto (de 96,8% para 97,3% e de 97% para 97,5%, respectivamente). No Sudeste, o incremento foi de 0,4 ponto porcentual (97,7% para 98,1%) e no Centro-Oeste foi de 96,9% para 97,1% apenas 0,2 ponto. Cinco outros Estados apresentaram redução na taxa de escolarização de estudantes de 2007 para 2008. O maior recuo foi em Roraima, de 1,3 ponto porcentual, de 97% para 95,7%. Em seguida, apareceu Santa Catarina, com queda de 1,2 ponto no indicador, que passou de 98,4% para 97,2%. Depois, vêm Alagoas, Goiás, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
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