"Tira o 10! Tira o 10!" Em campo pequeno, com pouca gente na arquibancada, o grito solitário de um torcedor aflito ecoa pelo estádio inteiro. Foi assim durante boa parte do jogo de domingo, entre America e São Cristóvão, pela Série B do Carioca.
No campo da Portuguesa, na Ilha do Governador, só mesmo o ruído dos aviões que decolavam do Aeroporto Internacional, ali perto, conseguia abafar as manifestações do torcedor do America, irritado com a atuação de Léo Rocha, o camisa 10.
O America não jogava bem e o camisa 10 errava passes. Na verdade, ele e todos os outros, tal a ventania no estádio. O time rubro precisava vencer por dois gols de diferença para se isolar na liderança da Série B. "Tira o 10!", berrava o homem, a cada novo erro do camisa 10, já se dirigindo ao técnico do América, Arthurzinho, com palavras ríspidas.
O America fez 1 a 0 e o camisa 10 começou a jogada do gol. Ele, Léo Rocha, deixou logo depois seu colega Wagner Diniz livre, para concluir e fazer 2 a 0. Nos últimos minutos, Somália fez 3 a 0 e o camisa 10 mais uma vez teve presença marcante no lance.
Do campo, Léo Rocha, com os braços erguidos e virando-se para a arquibancada, parecia procurar em meio a 500 pessoas com a camisa vermelha aquele que o atormentara durante toda a tarde. O torcedor, sorridente, e já um pouco rouco, agora abraçava seus colegas americanos e aplaudia intensamente o camisa 10.
Léo Rocha foi pra casa sem saber o final dessa história.