Mulheres que apresentam sinais de estresse são três vezes mais suscetíveis a sofrer um aborto nas três primeiras semanas de gravidez, descobriu um estudo recente, com um pequeno grupo de mulheres. Pablo Nepomnaschy e uma equipe de pesquisadores da Universidade de Michigan mediram os níveis de hidrocortisona - hormônio induzido pelo estresse - em amostras de urina coletadas em 61 mulheres, três vezes por semana durante um ano, em uma comunidade rural na Guatemala. O estudo é o primeiro a fazer a ligação entre o aumento nos viveis de hidrocortisona e o aborto natural nas primeiras semanas de gravidez. A maioria dos estudos começa com cerca de seis semanas de gravidez, quando as mulheres descobrem que estão grávidas. Porém, grande parte dos abortos acontece ainda nas três primeiras semanas. "A única maneira de estudar as primeiras três semanas de gravidez era começar a coletar a urina das mulheres antes que elas engravidassem. Isso é um trabalho intensivo e caro", disse Nepomnaschy. No estudo, 22 gestações ocorreram em 16 mulheres, e os níveis de hidrocortisona foi medido em cada uma delas e comparado aos seus próprios números de base. Os pesquisadores descobriram que 90% das mulheres, entre 18 e 34 anos, com elevados níveis do hormônio induzido pelo estresse, perderam a criança durante as três primeiras semanas de gravidez, comparados aos 33% daquelas que tinham níveis normais. "Talvez o corpo entenda o aumento de hidrocortisona como sinal de que o contexto é incerto, ou que a qualidade do meio está se deteriorando", disse Nepomnaschy. "A resposta do corpo é parar qualquer atividade extra é voltar às suas funções mais básicas". Dado que estudos anteriores dos estágios mais avançados da gravidez não encontraram nenhuma associação entre os níveis de hidrocortisona e o aborto, Nepomnaschy e sua equipe especulam que é mais provável que o estresse leve ao aborto nos primeiros estágios da gravidez, enquanto o embrião está apenas começando a se desenvolver. Eles alertam, porém, que mais pesquisa é necessária até que se chegue a conclusões definitivas. Não está claro se a hidrocortisona está diretamente envolvida com o aborto, ou se ela sinaliza algum outro mecanismo no corpo que cause a perda do bebê. O próximo passo, segundo Nepomnaschy, é tentar comprovar esses resultados em um número maior de mulheres.