Nego Di preso: o que aponta a investigação?


Humorista é acusado de 370 crimes de estelionato e de integrar esquema que lucrou R$ 5,3 milhões, segundo a Polícia Civil gaúcha; defesa afirma que inocência do artista será provada

Por Eduardo Amaral
Atualização:

O humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso em Santa Catarina neste domingo, 14, por suspeita de estelionato em vendas por meio de uma loja virtual. Na sexta-feira, 12, o ex-Big Brother havia sido alvo de outra operação por suspeita de rifas ilegais.

A defesa do artista afirma que a inocência de Nego Di será provada e pediu cautela com julgamentos precipitados, sob risco de atrapalhar a carreira do cliente (leia mais abaixo).

A prisão, feita pela Polícia Civil gaúcha, ocorreu na residência de luxo alugada por Nego Di e a mulher na praia de Jurerê, em Florianópolis. O humorista está sendo transferido para Porto Alegre na noite deste domingo.

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A suspeita é de que Nego Di tenha cometido 370 crimes de estelionato. Ele é acusado de vender e não entregar produtos de uma loja virtual, a Tá di Zuera. Em 2022, o ex-BBB chegou a se pronunciar sobre o atraso na entrega dos produtos, alegando “erro de logística”. Afirmou também havia sido enganado.

Nego Di é preso em Santa Catarina. Foto: João Cotta/Globo/Divulgação
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O esquema de fraude, segundo a investigação, rendeu lucro de cerca de R$ 5,3 milhões. Ainda conforme a polícia, boa parte das vítimas era de origem humilde e muitas eram de Canoas, no Rio Grande do Sul, mas também houve clientes de outros Estados, como a Bahia.

Nego Di e o sócio, Anderson Boneti, ofereciam produtos como TVs, celulares e ar-condicionado com preços até 50% abaixo do valor de mercado, mas os produtos nunca eram entregues aos clientes.

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Suspeito de envolvimento em golpes, influenciador foi detido na praia de Jurerê, em Florianópolis

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Os investigadores refutam a versão de que o humorista foi enganado. Para a polícia, não só ele tinha ciência de que os produtos não foram entregues, como lucrou com a fraude, tendo recebido R$ 300 mil diretamente entre março e maio de 2022. “(Ele) Aceitou e anuiu porque ele estava ganhando dinheiro”, afirmou o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, Marco Antônio Guns.

As investigações apontam que, para obter lucros mais rápidos, os envolvidos previam prazo de 50 dias para entrega dos produtos. Neste período, divulgavam novas promoções, fazeno que algumas pessoas fizessem novas compras.

Nesse esquema, Nego Di seria, conforme a polícia, o responsável por ser o rosto público da loja, usando sua influência para atrair compradores. “Fraude realmente utilizada a partir do seu conhecimento e da sua referência das redes sociais para atrair vítimas”, apontou o chefe da Polícia Civil gaúcha, Fernando Sodré.

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Defesa diz que vai provar inocência; sócio está foragido

Antes de as novas acusações virem à tona e a prisão ser decretada, Nego Di vinha utilizando suas redes para alegar ser vítima de perseguição política. Durante as tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, ele divulgou uma série de mensagens e vídeos com notícias falsas acusando parte da classe política e a imprensa de esconderem o total de vítimas, além de outras informações classificadas como falsas pelas autoridades.

Sodré descartou qualquer elo entre questões políticas e a investigação. Temerosos que o humorista fugisse do País, as autoridades já haviam apreendido o passaporte de Nego Di antes mesmo da prisão.

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Boneti, apontado como sócio do humorista no esquema, ainda está sendo procurado e é considerado foragido. Os dois teriam se conhecido em 2022. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Boneti.

Hernani Fortini, advogado de Nego Di, afirma “que a inocência dele será provada no processo.” Em nota, a defesa também destaca a presunção de inocência, preceito constitucional.

“Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di”, acrescenta a nota.

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Operação por rifas ilegais

Na sexta-feira, 12, o Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou operação de busca e apreensão contra o humorista. A mulher dele também foi alvo da operação, chegou a ser presa, mas depois liberada após pagar fiança de R$ 14 mil.

A Polícia Civil gaúcha, porém, destacou neste domingo que as duas investigações - a de estelionato e a das rifas ilegais - não estão relacionadas.

Em nota, a defesa informou que não teve acesso aos autos, mas que a “inocência será provada no momento oportuno”.

  • Participante da edição de 2021 do reality Big Brother Brasil (BBB), Nego Di e a mulher são suspeitos de lavagem de dinheiro, em valores que podem chegar a R$ 2 milhões.
  • O crime, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, estaria associado à promoção de rifas ilegais. Os prêmios prometidos seriam em dinheiro e em bens de alto valor, que não teriam sido entregues às vítimas.

A operação foi realizada no litoral de Santa Catarina e contou com apoio do Gaeco catarinense. A investigação está a cargo do promotor Flávio Duarte, do MP gaúcho. Ele informou que dois veículos de luxo foram apreendidos. Os agentes também encontraram munição e uma arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro. Por causa disso, a mulher foi presa em flagrante.

Batizada de Operação Rifa$, a ação da sexta também visou a recolher documentos, mídias sociais, celulares, entre outros, “para se ter dimensão exata dos crimes praticados e valores obtidos pelo casal”, informou o MP-RS.

O Ministério Público também conseguiu na Justiça o bloqueio de valores e a indisponibilidade de bens da dupla, além dos de outras pessoas acusadas de participar do suposto esquema.

Ao Estadão, a equipe de defesa de Nego Di informou na sexta-feira que não tinha tido acesso aos autos, mas que “a inocência dos investigados será provada em momento oportuno”. Segundo os advogados, “qualquer divulgação de informações carece de cautela para evitar uma condenação prévia e irreparável à imagem dos investigados”.

Sucesso nas redes alavancou carreira de humorista

Nego Di começou a ficar conhecido em Porto Alegre em 2016 com a divulgação de áudios de humor divulgados pelo WhatsApp e assumiu o bordão “é us guri”, gíria comum em Porto Alegre.

O sucesso nas redes o levou para o elenco fixo do programa Pretinho Básico, programa de humor similar ao Pânico, da Jovem Pan, transmitido pela Rádio Atlântida, do grupo RBS, afiliada da TV Globo. A atração é a mais popular no segmento jovem do Estado.

Em 2021, Nego Di participou do Big Brother Brasil, mas foi eliminado do reality com rejeição de 98% do público votante.

O humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso em Santa Catarina neste domingo, 14, por suspeita de estelionato em vendas por meio de uma loja virtual. Na sexta-feira, 12, o ex-Big Brother havia sido alvo de outra operação por suspeita de rifas ilegais.

A defesa do artista afirma que a inocência de Nego Di será provada e pediu cautela com julgamentos precipitados, sob risco de atrapalhar a carreira do cliente (leia mais abaixo).

A prisão, feita pela Polícia Civil gaúcha, ocorreu na residência de luxo alugada por Nego Di e a mulher na praia de Jurerê, em Florianópolis. O humorista está sendo transferido para Porto Alegre na noite deste domingo.

A suspeita é de que Nego Di tenha cometido 370 crimes de estelionato. Ele é acusado de vender e não entregar produtos de uma loja virtual, a Tá di Zuera. Em 2022, o ex-BBB chegou a se pronunciar sobre o atraso na entrega dos produtos, alegando “erro de logística”. Afirmou também havia sido enganado.

Nego Di é preso em Santa Catarina. Foto: João Cotta/Globo/Divulgação

O esquema de fraude, segundo a investigação, rendeu lucro de cerca de R$ 5,3 milhões. Ainda conforme a polícia, boa parte das vítimas era de origem humilde e muitas eram de Canoas, no Rio Grande do Sul, mas também houve clientes de outros Estados, como a Bahia.

Nego Di e o sócio, Anderson Boneti, ofereciam produtos como TVs, celulares e ar-condicionado com preços até 50% abaixo do valor de mercado, mas os produtos nunca eram entregues aos clientes.

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Suspeito de envolvimento em golpes, influenciador foi detido na praia de Jurerê, em Florianópolis

Os investigadores refutam a versão de que o humorista foi enganado. Para a polícia, não só ele tinha ciência de que os produtos não foram entregues, como lucrou com a fraude, tendo recebido R$ 300 mil diretamente entre março e maio de 2022. “(Ele) Aceitou e anuiu porque ele estava ganhando dinheiro”, afirmou o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, Marco Antônio Guns.

As investigações apontam que, para obter lucros mais rápidos, os envolvidos previam prazo de 50 dias para entrega dos produtos. Neste período, divulgavam novas promoções, fazeno que algumas pessoas fizessem novas compras.

Nesse esquema, Nego Di seria, conforme a polícia, o responsável por ser o rosto público da loja, usando sua influência para atrair compradores. “Fraude realmente utilizada a partir do seu conhecimento e da sua referência das redes sociais para atrair vítimas”, apontou o chefe da Polícia Civil gaúcha, Fernando Sodré.

Defesa diz que vai provar inocência; sócio está foragido

Antes de as novas acusações virem à tona e a prisão ser decretada, Nego Di vinha utilizando suas redes para alegar ser vítima de perseguição política. Durante as tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, ele divulgou uma série de mensagens e vídeos com notícias falsas acusando parte da classe política e a imprensa de esconderem o total de vítimas, além de outras informações classificadas como falsas pelas autoridades.

Sodré descartou qualquer elo entre questões políticas e a investigação. Temerosos que o humorista fugisse do País, as autoridades já haviam apreendido o passaporte de Nego Di antes mesmo da prisão.

Boneti, apontado como sócio do humorista no esquema, ainda está sendo procurado e é considerado foragido. Os dois teriam se conhecido em 2022. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Boneti.

Hernani Fortini, advogado de Nego Di, afirma “que a inocência dele será provada no processo.” Em nota, a defesa também destaca a presunção de inocência, preceito constitucional.

“Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di”, acrescenta a nota.

Operação por rifas ilegais

Na sexta-feira, 12, o Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou operação de busca e apreensão contra o humorista. A mulher dele também foi alvo da operação, chegou a ser presa, mas depois liberada após pagar fiança de R$ 14 mil.

A Polícia Civil gaúcha, porém, destacou neste domingo que as duas investigações - a de estelionato e a das rifas ilegais - não estão relacionadas.

Em nota, a defesa informou que não teve acesso aos autos, mas que a “inocência será provada no momento oportuno”.

  • Participante da edição de 2021 do reality Big Brother Brasil (BBB), Nego Di e a mulher são suspeitos de lavagem de dinheiro, em valores que podem chegar a R$ 2 milhões.
  • O crime, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, estaria associado à promoção de rifas ilegais. Os prêmios prometidos seriam em dinheiro e em bens de alto valor, que não teriam sido entregues às vítimas.

A operação foi realizada no litoral de Santa Catarina e contou com apoio do Gaeco catarinense. A investigação está a cargo do promotor Flávio Duarte, do MP gaúcho. Ele informou que dois veículos de luxo foram apreendidos. Os agentes também encontraram munição e uma arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro. Por causa disso, a mulher foi presa em flagrante.

Batizada de Operação Rifa$, a ação da sexta também visou a recolher documentos, mídias sociais, celulares, entre outros, “para se ter dimensão exata dos crimes praticados e valores obtidos pelo casal”, informou o MP-RS.

O Ministério Público também conseguiu na Justiça o bloqueio de valores e a indisponibilidade de bens da dupla, além dos de outras pessoas acusadas de participar do suposto esquema.

Ao Estadão, a equipe de defesa de Nego Di informou na sexta-feira que não tinha tido acesso aos autos, mas que “a inocência dos investigados será provada em momento oportuno”. Segundo os advogados, “qualquer divulgação de informações carece de cautela para evitar uma condenação prévia e irreparável à imagem dos investigados”.

Sucesso nas redes alavancou carreira de humorista

Nego Di começou a ficar conhecido em Porto Alegre em 2016 com a divulgação de áudios de humor divulgados pelo WhatsApp e assumiu o bordão “é us guri”, gíria comum em Porto Alegre.

O sucesso nas redes o levou para o elenco fixo do programa Pretinho Básico, programa de humor similar ao Pânico, da Jovem Pan, transmitido pela Rádio Atlântida, do grupo RBS, afiliada da TV Globo. A atração é a mais popular no segmento jovem do Estado.

Em 2021, Nego Di participou do Big Brother Brasil, mas foi eliminado do reality com rejeição de 98% do público votante.

O humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso em Santa Catarina neste domingo, 14, por suspeita de estelionato em vendas por meio de uma loja virtual. Na sexta-feira, 12, o ex-Big Brother havia sido alvo de outra operação por suspeita de rifas ilegais.

A defesa do artista afirma que a inocência de Nego Di será provada e pediu cautela com julgamentos precipitados, sob risco de atrapalhar a carreira do cliente (leia mais abaixo).

A prisão, feita pela Polícia Civil gaúcha, ocorreu na residência de luxo alugada por Nego Di e a mulher na praia de Jurerê, em Florianópolis. O humorista está sendo transferido para Porto Alegre na noite deste domingo.

A suspeita é de que Nego Di tenha cometido 370 crimes de estelionato. Ele é acusado de vender e não entregar produtos de uma loja virtual, a Tá di Zuera. Em 2022, o ex-BBB chegou a se pronunciar sobre o atraso na entrega dos produtos, alegando “erro de logística”. Afirmou também havia sido enganado.

Nego Di é preso em Santa Catarina. Foto: João Cotta/Globo/Divulgação

O esquema de fraude, segundo a investigação, rendeu lucro de cerca de R$ 5,3 milhões. Ainda conforme a polícia, boa parte das vítimas era de origem humilde e muitas eram de Canoas, no Rio Grande do Sul, mas também houve clientes de outros Estados, como a Bahia.

Nego Di e o sócio, Anderson Boneti, ofereciam produtos como TVs, celulares e ar-condicionado com preços até 50% abaixo do valor de mercado, mas os produtos nunca eram entregues aos clientes.

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Suspeito de envolvimento em golpes, influenciador foi detido na praia de Jurerê, em Florianópolis

Os investigadores refutam a versão de que o humorista foi enganado. Para a polícia, não só ele tinha ciência de que os produtos não foram entregues, como lucrou com a fraude, tendo recebido R$ 300 mil diretamente entre março e maio de 2022. “(Ele) Aceitou e anuiu porque ele estava ganhando dinheiro”, afirmou o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, Marco Antônio Guns.

As investigações apontam que, para obter lucros mais rápidos, os envolvidos previam prazo de 50 dias para entrega dos produtos. Neste período, divulgavam novas promoções, fazeno que algumas pessoas fizessem novas compras.

Nesse esquema, Nego Di seria, conforme a polícia, o responsável por ser o rosto público da loja, usando sua influência para atrair compradores. “Fraude realmente utilizada a partir do seu conhecimento e da sua referência das redes sociais para atrair vítimas”, apontou o chefe da Polícia Civil gaúcha, Fernando Sodré.

Defesa diz que vai provar inocência; sócio está foragido

Antes de as novas acusações virem à tona e a prisão ser decretada, Nego Di vinha utilizando suas redes para alegar ser vítima de perseguição política. Durante as tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, ele divulgou uma série de mensagens e vídeos com notícias falsas acusando parte da classe política e a imprensa de esconderem o total de vítimas, além de outras informações classificadas como falsas pelas autoridades.

Sodré descartou qualquer elo entre questões políticas e a investigação. Temerosos que o humorista fugisse do País, as autoridades já haviam apreendido o passaporte de Nego Di antes mesmo da prisão.

Boneti, apontado como sócio do humorista no esquema, ainda está sendo procurado e é considerado foragido. Os dois teriam se conhecido em 2022. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Boneti.

Hernani Fortini, advogado de Nego Di, afirma “que a inocência dele será provada no processo.” Em nota, a defesa também destaca a presunção de inocência, preceito constitucional.

“Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di”, acrescenta a nota.

Operação por rifas ilegais

Na sexta-feira, 12, o Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou operação de busca e apreensão contra o humorista. A mulher dele também foi alvo da operação, chegou a ser presa, mas depois liberada após pagar fiança de R$ 14 mil.

A Polícia Civil gaúcha, porém, destacou neste domingo que as duas investigações - a de estelionato e a das rifas ilegais - não estão relacionadas.

Em nota, a defesa informou que não teve acesso aos autos, mas que a “inocência será provada no momento oportuno”.

  • Participante da edição de 2021 do reality Big Brother Brasil (BBB), Nego Di e a mulher são suspeitos de lavagem de dinheiro, em valores que podem chegar a R$ 2 milhões.
  • O crime, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, estaria associado à promoção de rifas ilegais. Os prêmios prometidos seriam em dinheiro e em bens de alto valor, que não teriam sido entregues às vítimas.

A operação foi realizada no litoral de Santa Catarina e contou com apoio do Gaeco catarinense. A investigação está a cargo do promotor Flávio Duarte, do MP gaúcho. Ele informou que dois veículos de luxo foram apreendidos. Os agentes também encontraram munição e uma arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro. Por causa disso, a mulher foi presa em flagrante.

Batizada de Operação Rifa$, a ação da sexta também visou a recolher documentos, mídias sociais, celulares, entre outros, “para se ter dimensão exata dos crimes praticados e valores obtidos pelo casal”, informou o MP-RS.

O Ministério Público também conseguiu na Justiça o bloqueio de valores e a indisponibilidade de bens da dupla, além dos de outras pessoas acusadas de participar do suposto esquema.

Ao Estadão, a equipe de defesa de Nego Di informou na sexta-feira que não tinha tido acesso aos autos, mas que “a inocência dos investigados será provada em momento oportuno”. Segundo os advogados, “qualquer divulgação de informações carece de cautela para evitar uma condenação prévia e irreparável à imagem dos investigados”.

Sucesso nas redes alavancou carreira de humorista

Nego Di começou a ficar conhecido em Porto Alegre em 2016 com a divulgação de áudios de humor divulgados pelo WhatsApp e assumiu o bordão “é us guri”, gíria comum em Porto Alegre.

O sucesso nas redes o levou para o elenco fixo do programa Pretinho Básico, programa de humor similar ao Pânico, da Jovem Pan, transmitido pela Rádio Atlântida, do grupo RBS, afiliada da TV Globo. A atração é a mais popular no segmento jovem do Estado.

Em 2021, Nego Di participou do Big Brother Brasil, mas foi eliminado do reality com rejeição de 98% do público votante.

O humorista Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, foi preso em Santa Catarina neste domingo, 14, por suspeita de estelionato em vendas por meio de uma loja virtual. Na sexta-feira, 12, o ex-Big Brother havia sido alvo de outra operação por suspeita de rifas ilegais.

A defesa do artista afirma que a inocência de Nego Di será provada e pediu cautela com julgamentos precipitados, sob risco de atrapalhar a carreira do cliente (leia mais abaixo).

A prisão, feita pela Polícia Civil gaúcha, ocorreu na residência de luxo alugada por Nego Di e a mulher na praia de Jurerê, em Florianópolis. O humorista está sendo transferido para Porto Alegre na noite deste domingo.

A suspeita é de que Nego Di tenha cometido 370 crimes de estelionato. Ele é acusado de vender e não entregar produtos de uma loja virtual, a Tá di Zuera. Em 2022, o ex-BBB chegou a se pronunciar sobre o atraso na entrega dos produtos, alegando “erro de logística”. Afirmou também havia sido enganado.

Nego Di é preso em Santa Catarina. Foto: João Cotta/Globo/Divulgação

O esquema de fraude, segundo a investigação, rendeu lucro de cerca de R$ 5,3 milhões. Ainda conforme a polícia, boa parte das vítimas era de origem humilde e muitas eram de Canoas, no Rio Grande do Sul, mas também houve clientes de outros Estados, como a Bahia.

Nego Di e o sócio, Anderson Boneti, ofereciam produtos como TVs, celulares e ar-condicionado com preços até 50% abaixo do valor de mercado, mas os produtos nunca eram entregues aos clientes.

Seu navegador não suporta esse video.

Suspeito de envolvimento em golpes, influenciador foi detido na praia de Jurerê, em Florianópolis

Os investigadores refutam a versão de que o humorista foi enganado. Para a polícia, não só ele tinha ciência de que os produtos não foram entregues, como lucrou com a fraude, tendo recebido R$ 300 mil diretamente entre março e maio de 2022. “(Ele) Aceitou e anuiu porque ele estava ganhando dinheiro”, afirmou o delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas, Marco Antônio Guns.

As investigações apontam que, para obter lucros mais rápidos, os envolvidos previam prazo de 50 dias para entrega dos produtos. Neste período, divulgavam novas promoções, fazeno que algumas pessoas fizessem novas compras.

Nesse esquema, Nego Di seria, conforme a polícia, o responsável por ser o rosto público da loja, usando sua influência para atrair compradores. “Fraude realmente utilizada a partir do seu conhecimento e da sua referência das redes sociais para atrair vítimas”, apontou o chefe da Polícia Civil gaúcha, Fernando Sodré.

Defesa diz que vai provar inocência; sócio está foragido

Antes de as novas acusações virem à tona e a prisão ser decretada, Nego Di vinha utilizando suas redes para alegar ser vítima de perseguição política. Durante as tempestades que atingiram o Rio Grande do Sul em maio, ele divulgou uma série de mensagens e vídeos com notícias falsas acusando parte da classe política e a imprensa de esconderem o total de vítimas, além de outras informações classificadas como falsas pelas autoridades.

Sodré descartou qualquer elo entre questões políticas e a investigação. Temerosos que o humorista fugisse do País, as autoridades já haviam apreendido o passaporte de Nego Di antes mesmo da prisão.

Boneti, apontado como sócio do humorista no esquema, ainda está sendo procurado e é considerado foragido. Os dois teriam se conhecido em 2022. O Estadão não conseguiu localizar a defesa de Boneti.

Hernani Fortini, advogado de Nego Di, afirma “que a inocência dele será provada no processo.” Em nota, a defesa também destaca a presunção de inocência, preceito constitucional.

“Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di”, acrescenta a nota.

Operação por rifas ilegais

Na sexta-feira, 12, o Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou operação de busca e apreensão contra o humorista. A mulher dele também foi alvo da operação, chegou a ser presa, mas depois liberada após pagar fiança de R$ 14 mil.

A Polícia Civil gaúcha, porém, destacou neste domingo que as duas investigações - a de estelionato e a das rifas ilegais - não estão relacionadas.

Em nota, a defesa informou que não teve acesso aos autos, mas que a “inocência será provada no momento oportuno”.

  • Participante da edição de 2021 do reality Big Brother Brasil (BBB), Nego Di e a mulher são suspeitos de lavagem de dinheiro, em valores que podem chegar a R$ 2 milhões.
  • O crime, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre, estaria associado à promoção de rifas ilegais. Os prêmios prometidos seriam em dinheiro e em bens de alto valor, que não teriam sido entregues às vítimas.

A operação foi realizada no litoral de Santa Catarina e contou com apoio do Gaeco catarinense. A investigação está a cargo do promotor Flávio Duarte, do MP gaúcho. Ele informou que dois veículos de luxo foram apreendidos. Os agentes também encontraram munição e uma arma de uso restrito das Forças Armadas, sem registro. Por causa disso, a mulher foi presa em flagrante.

Batizada de Operação Rifa$, a ação da sexta também visou a recolher documentos, mídias sociais, celulares, entre outros, “para se ter dimensão exata dos crimes praticados e valores obtidos pelo casal”, informou o MP-RS.

O Ministério Público também conseguiu na Justiça o bloqueio de valores e a indisponibilidade de bens da dupla, além dos de outras pessoas acusadas de participar do suposto esquema.

Ao Estadão, a equipe de defesa de Nego Di informou na sexta-feira que não tinha tido acesso aos autos, mas que “a inocência dos investigados será provada em momento oportuno”. Segundo os advogados, “qualquer divulgação de informações carece de cautela para evitar uma condenação prévia e irreparável à imagem dos investigados”.

Sucesso nas redes alavancou carreira de humorista

Nego Di começou a ficar conhecido em Porto Alegre em 2016 com a divulgação de áudios de humor divulgados pelo WhatsApp e assumiu o bordão “é us guri”, gíria comum em Porto Alegre.

O sucesso nas redes o levou para o elenco fixo do programa Pretinho Básico, programa de humor similar ao Pânico, da Jovem Pan, transmitido pela Rádio Atlântida, do grupo RBS, afiliada da TV Globo. A atração é a mais popular no segmento jovem do Estado.

Em 2021, Nego Di participou do Big Brother Brasil, mas foi eliminado do reality com rejeição de 98% do público votante.

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