Fontes do Exército confirmaram ontem que as técnicas empregadas na ocupação do Morro da Providência, iniciada na quinta-feira, são as mesmas que as tropas brasileiras utilizam na missão de paz das Organizações das Nações Unidas (ONU) no Haiti. O Exército pretende permanecer no local por um ano. O general Williams Soares, comandante da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, que atuou no Haiti, reuniu-se ontem com moradores, prometeu obras e percorreu a favela. Ele anunciou a redução do efetivo de 200 para 60 homens e definiu a ocupação como "tranqüilíssima". "Foi uma decisão cujo critério foi de referência logística. O efetivo deve se adequar às necessidades táticas", disse o coronel Carlos Barcelos, chefe da Comunicação Social do Comando Militar do Leste. Além da redução do efetivo, o general orientou pessoalmente os subordinados para que evitem demonstrações ostensivas do poderio bélico. Soares ordenou a retirada das metralhadoras que estavam na única quadra de esportes da comunidade, transformada em base pelos militares. Na reunião na Associação dos Moradores do Morro da Providência, o general prometeu obras, festa de Natal com distribuição de presentes para as crianças, colônia de férias, projeção de filmes, atendimento médico e dentário. Em contrapartida, o Exército está coletando mais informações sobre a favela e os moradores. Os militares filmaram e fotografaram a reunião e toda a movimentação das tropas. À tarde, o general obteve sua primeira vitória ao aplacar a revolta de líderes comunitários contra o projeto social previsto para a favela. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor do projeto, anunciou que a segunda fase das obras, em janeiro, vai contemplar a localidade conhecida como Pedra Lisa, conforme reivindicava a associação, que acusou o político de montar o projeto com fins unicamente eleitoreiros. O senador negou a denúncia de uso eleitoral do projeto.
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