Falando de amor, com um americano sedutor


Marc Webber oferece a primeira grande surpresa do evento com o delicioso 500 Dias com Ela, que reinventa com graça e inteligência a comédia romântica

Por Luiz Carlos Merten

Gays, lésbicas e simpatizantes poderão até estrilar, mas é mais provável que simplesmente achem graça - e terminem por ingressar no espírito da coisa. Na abertura de 500 Dias com Ela, o narrador da história de Tom, Joseph Gordon-Levitt, divide o mundo em duas categorias de pessoas - homens e mulheres, somente. E porque Tom é homem e Zooey Deschanel é aquela que ele imediatamente identifica como a mulher de sua vida, Tom vai passar o filme inteiro tentando conquistá-la. Na verdade, tentando possui-la, no sentido de estabelecer uma ligação duradoura, à qual Zooey resiste.Um grande festival como o do Rio traz filmes novos e outros que já passaram pelo crivo da premiação em eventos internacionais de cinema. Existem também obras que chegam credenciadas pelos seus diretores. Um dos melhores filmes exibidos até agora - o melhor? -, Lake Tahoe, de Fernando Eimbke, o autor (mexicano) de Temporada de Patos, não pode ser considerado exatamente uma "surpresa", porque já recebeu o prêmio da crítica no Festival de Berlim do ano passado, só que, revisto, se revela melhor ainda. Mas 500 Dias com Ela é uma surpresa. Afinal, seu diretor, Marc Webber, é estreante no longa, embora já tenha adquirido reputação por seus clipes musicais. Ele conversa com o repórter do Estado no alto de um hotel no Leme, com a praia ao fundo. Quer saber se ali já é Copacabana? E Ipanema? Onde está a garota de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes?Marc Webber é jovem, charmoso. Deve se dar bem aqui no Rio, mas chegou um pouco desconfiado. No avião, ele encontrou um antigo professor de cinema, que lhe disse que os brasileiros não iriam gostar de 500 Dias com Ela. Os críticos, pelo menos, amaram - 500 Dias teria ontem sua primeira exibição no evento. Após a sessão especial do filme, os elogios se multiplicavam. É descolado, tem diálogos ótimos e o elenco - Joe Gordon-Levitt e Zooey - está em estado de graça.Webber alegra-se com a boa recepção. "Nos EUA, também tivemos algumas críticas muito boas, mas algumas vozes discordaram. Acharam que o filme, no limite, banaliza a discussão sobre o amor e legitima o ponto de vista que parece estar contestando." Que ponto de vista é esse? "Tom, meu protagonista, é um romântico que começa o filme acreditando no amor como destino e termina percebendo que, no amor, como na vida em geral, é preciso respirar, dando chance ao acaso." Zooey toma a iniciativa em vários momentos, mas ela teme o comprometimento, o que desestabiliza o homem, ainda mais que Tom é jovem, imaturo (e não apenas nas questões de sexo). Arquiteto, ele desistiu da profissão para ser redator de cartões, desses que se compram em lojas, com votos sobre tudo (do Dia dos Namorados ao luto). No final, a despeito de todas as decepções, ele é outro homem.Um dos segredos do charme de 500 Dias é a narração - claro. Marc Webber não faz a crônica destes 500 dias, mas sua narrativa vai e vem, numa engenhosa forma de reinventar o flash-back. O relato avança para o dia 30, o 65, o 201, depois retrocede e avança de novo. Alguns capítulos - pois, às vezes, somam-se dias -, são mais longos, repletos de diálogos. Outros são tão breves que captam apenas um olhar, ou um gesto. A palavra importa tanto quanto o silêncio. "Isso, foi a música, a linguagem do clipe musical que me ensinou", diz Webber. Justamente a música - ela foi pensada antes da rodagem, com o roteiro. Muitas vezes, a letra da música está ali, participando da cena.O diretor mostrou seu filme a Mike Nichols e ele adorou. É importante dizer isso, porque imagens de A Primeira Noite de Um Homem irrompem em 500 Dias e provocam uma reação decisiva na personagem de Zooey. O repórter arrisca que, apesar disso, 500 Dias é mais Agora Você É Um Homem, filme do começo da carreira de Francis Ford Coppola, anterior aos Chefões. "Coppola? Uau", diz Webber. Ele não conhece, mas anota o título do outro filme que o repórter cita - Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira. 500 Dias não vai mudar o cinema, mas poderá mudar sua vida, leitor. Na ausência de Quentin Tarantino, que não vem mais, Marc Webber pode substituir Jeanne Moreau como atração internacional do Festival do Rio 2009.

Gays, lésbicas e simpatizantes poderão até estrilar, mas é mais provável que simplesmente achem graça - e terminem por ingressar no espírito da coisa. Na abertura de 500 Dias com Ela, o narrador da história de Tom, Joseph Gordon-Levitt, divide o mundo em duas categorias de pessoas - homens e mulheres, somente. E porque Tom é homem e Zooey Deschanel é aquela que ele imediatamente identifica como a mulher de sua vida, Tom vai passar o filme inteiro tentando conquistá-la. Na verdade, tentando possui-la, no sentido de estabelecer uma ligação duradoura, à qual Zooey resiste.Um grande festival como o do Rio traz filmes novos e outros que já passaram pelo crivo da premiação em eventos internacionais de cinema. Existem também obras que chegam credenciadas pelos seus diretores. Um dos melhores filmes exibidos até agora - o melhor? -, Lake Tahoe, de Fernando Eimbke, o autor (mexicano) de Temporada de Patos, não pode ser considerado exatamente uma "surpresa", porque já recebeu o prêmio da crítica no Festival de Berlim do ano passado, só que, revisto, se revela melhor ainda. Mas 500 Dias com Ela é uma surpresa. Afinal, seu diretor, Marc Webber, é estreante no longa, embora já tenha adquirido reputação por seus clipes musicais. Ele conversa com o repórter do Estado no alto de um hotel no Leme, com a praia ao fundo. Quer saber se ali já é Copacabana? E Ipanema? Onde está a garota de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes?Marc Webber é jovem, charmoso. Deve se dar bem aqui no Rio, mas chegou um pouco desconfiado. No avião, ele encontrou um antigo professor de cinema, que lhe disse que os brasileiros não iriam gostar de 500 Dias com Ela. Os críticos, pelo menos, amaram - 500 Dias teria ontem sua primeira exibição no evento. Após a sessão especial do filme, os elogios se multiplicavam. É descolado, tem diálogos ótimos e o elenco - Joe Gordon-Levitt e Zooey - está em estado de graça.Webber alegra-se com a boa recepção. "Nos EUA, também tivemos algumas críticas muito boas, mas algumas vozes discordaram. Acharam que o filme, no limite, banaliza a discussão sobre o amor e legitima o ponto de vista que parece estar contestando." Que ponto de vista é esse? "Tom, meu protagonista, é um romântico que começa o filme acreditando no amor como destino e termina percebendo que, no amor, como na vida em geral, é preciso respirar, dando chance ao acaso." Zooey toma a iniciativa em vários momentos, mas ela teme o comprometimento, o que desestabiliza o homem, ainda mais que Tom é jovem, imaturo (e não apenas nas questões de sexo). Arquiteto, ele desistiu da profissão para ser redator de cartões, desses que se compram em lojas, com votos sobre tudo (do Dia dos Namorados ao luto). No final, a despeito de todas as decepções, ele é outro homem.Um dos segredos do charme de 500 Dias é a narração - claro. Marc Webber não faz a crônica destes 500 dias, mas sua narrativa vai e vem, numa engenhosa forma de reinventar o flash-back. O relato avança para o dia 30, o 65, o 201, depois retrocede e avança de novo. Alguns capítulos - pois, às vezes, somam-se dias -, são mais longos, repletos de diálogos. Outros são tão breves que captam apenas um olhar, ou um gesto. A palavra importa tanto quanto o silêncio. "Isso, foi a música, a linguagem do clipe musical que me ensinou", diz Webber. Justamente a música - ela foi pensada antes da rodagem, com o roteiro. Muitas vezes, a letra da música está ali, participando da cena.O diretor mostrou seu filme a Mike Nichols e ele adorou. É importante dizer isso, porque imagens de A Primeira Noite de Um Homem irrompem em 500 Dias e provocam uma reação decisiva na personagem de Zooey. O repórter arrisca que, apesar disso, 500 Dias é mais Agora Você É Um Homem, filme do começo da carreira de Francis Ford Coppola, anterior aos Chefões. "Coppola? Uau", diz Webber. Ele não conhece, mas anota o título do outro filme que o repórter cita - Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira. 500 Dias não vai mudar o cinema, mas poderá mudar sua vida, leitor. Na ausência de Quentin Tarantino, que não vem mais, Marc Webber pode substituir Jeanne Moreau como atração internacional do Festival do Rio 2009.

Gays, lésbicas e simpatizantes poderão até estrilar, mas é mais provável que simplesmente achem graça - e terminem por ingressar no espírito da coisa. Na abertura de 500 Dias com Ela, o narrador da história de Tom, Joseph Gordon-Levitt, divide o mundo em duas categorias de pessoas - homens e mulheres, somente. E porque Tom é homem e Zooey Deschanel é aquela que ele imediatamente identifica como a mulher de sua vida, Tom vai passar o filme inteiro tentando conquistá-la. Na verdade, tentando possui-la, no sentido de estabelecer uma ligação duradoura, à qual Zooey resiste.Um grande festival como o do Rio traz filmes novos e outros que já passaram pelo crivo da premiação em eventos internacionais de cinema. Existem também obras que chegam credenciadas pelos seus diretores. Um dos melhores filmes exibidos até agora - o melhor? -, Lake Tahoe, de Fernando Eimbke, o autor (mexicano) de Temporada de Patos, não pode ser considerado exatamente uma "surpresa", porque já recebeu o prêmio da crítica no Festival de Berlim do ano passado, só que, revisto, se revela melhor ainda. Mas 500 Dias com Ela é uma surpresa. Afinal, seu diretor, Marc Webber, é estreante no longa, embora já tenha adquirido reputação por seus clipes musicais. Ele conversa com o repórter do Estado no alto de um hotel no Leme, com a praia ao fundo. Quer saber se ali já é Copacabana? E Ipanema? Onde está a garota de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes?Marc Webber é jovem, charmoso. Deve se dar bem aqui no Rio, mas chegou um pouco desconfiado. No avião, ele encontrou um antigo professor de cinema, que lhe disse que os brasileiros não iriam gostar de 500 Dias com Ela. Os críticos, pelo menos, amaram - 500 Dias teria ontem sua primeira exibição no evento. Após a sessão especial do filme, os elogios se multiplicavam. É descolado, tem diálogos ótimos e o elenco - Joe Gordon-Levitt e Zooey - está em estado de graça.Webber alegra-se com a boa recepção. "Nos EUA, também tivemos algumas críticas muito boas, mas algumas vozes discordaram. Acharam que o filme, no limite, banaliza a discussão sobre o amor e legitima o ponto de vista que parece estar contestando." Que ponto de vista é esse? "Tom, meu protagonista, é um romântico que começa o filme acreditando no amor como destino e termina percebendo que, no amor, como na vida em geral, é preciso respirar, dando chance ao acaso." Zooey toma a iniciativa em vários momentos, mas ela teme o comprometimento, o que desestabiliza o homem, ainda mais que Tom é jovem, imaturo (e não apenas nas questões de sexo). Arquiteto, ele desistiu da profissão para ser redator de cartões, desses que se compram em lojas, com votos sobre tudo (do Dia dos Namorados ao luto). No final, a despeito de todas as decepções, ele é outro homem.Um dos segredos do charme de 500 Dias é a narração - claro. Marc Webber não faz a crônica destes 500 dias, mas sua narrativa vai e vem, numa engenhosa forma de reinventar o flash-back. O relato avança para o dia 30, o 65, o 201, depois retrocede e avança de novo. Alguns capítulos - pois, às vezes, somam-se dias -, são mais longos, repletos de diálogos. Outros são tão breves que captam apenas um olhar, ou um gesto. A palavra importa tanto quanto o silêncio. "Isso, foi a música, a linguagem do clipe musical que me ensinou", diz Webber. Justamente a música - ela foi pensada antes da rodagem, com o roteiro. Muitas vezes, a letra da música está ali, participando da cena.O diretor mostrou seu filme a Mike Nichols e ele adorou. É importante dizer isso, porque imagens de A Primeira Noite de Um Homem irrompem em 500 Dias e provocam uma reação decisiva na personagem de Zooey. O repórter arrisca que, apesar disso, 500 Dias é mais Agora Você É Um Homem, filme do começo da carreira de Francis Ford Coppola, anterior aos Chefões. "Coppola? Uau", diz Webber. Ele não conhece, mas anota o título do outro filme que o repórter cita - Todas as Mulheres do Mundo, de Domingos Oliveira. 500 Dias não vai mudar o cinema, mas poderá mudar sua vida, leitor. Na ausência de Quentin Tarantino, que não vem mais, Marc Webber pode substituir Jeanne Moreau como atração internacional do Festival do Rio 2009.

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