O mercado mudou suas apostas e prevê agora manutenção da taxa básica de juro nos atuais 7,50 por cento até o fim do ano, depois da redução no recolhimento dos depósitos compulsórios dos bancos. Após seis semanas projetando a Selic a 7,25 por cento no encerramento de 2012, pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda-feira mostrou que os analistas agora não esperam novo corte no juro até dezembro. Para o fim de 2013, a expectativa foi mantida em 8,25 por cento. O BC aumentou as dúvidas no mercado sobre uma redução adicional do juro na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ao diminuir as alíquotas do recolhimento compulsório dos bancos, injetando na economia em torno de 30 bilhões de reais para impulsionar a oferta de crédito. Depois dessa decisão, o mercado de juros futuros passou a mostrar uma maioria das apostas em manutenção da Selic, com a minoria ainda indicando um novo corte de 0,25 ponto percentual na reunião de outubro do Copom. "O BC adotou as medidas para dar fôlego aos bancos pequenos e médios, mas também têm efeito sobre a demanda. Então isso limitaria o espaço para a política monetária", afirmou o estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno. INFLAÇÃO O mercado elevou seus números para a inflação neste ano pela 11a vez seguida, para 5,35 por cento, ante 5,26 por cento anteriormente, ainda mais afastada do centro da meta do governo, de 4,5 por cento pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Dados divulgados na semana passada mostraram que os alimentos continuam pressionando os preços ao consumidor, com destaque para o IPCA-15, que acelerou a alta em setembro para 0,48 por cento. "O IPCA-15 apresentou aceleração motivado pelo repasse dos preços do atacado para o varejo depois da recente valorização dos preços das commodities agrícolas... Mas esse aumento de preços não gera pressão para a economia porque é transitório", afirmou o economista Felipe Queiroz, da Austin Rating. Para 2013, a estimativa para o IPCA foi mantida em 5,50 por cento. CRESCIMENTO Pela primeira vez após sete reduções seguidas, os analistas consultados na pesquisa Focus deixaram inalterada a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 a 1,57 por cento. Para 2013, a expectativa foi mantida em 4,0 por cento Ainda assim, a projeção para este ano permanece abaixo da expectativa do governo. Na quinta-feira, o Relatório de Despesas e Receitas, que serve de parâmetro para a execução orçamentária, reduziu a previsão de crescimento do PIB neste ano para 2 por cento, ante 3 por cento anteriormente. A pesquisa Focus desta segunda-feira mostrou também que o mercado manteve a previsão de que o dólar encerrará este ano a 2 reais.