Criados para receber pequenas causas e desafogar os fóruns, os juizados especiais estão abarrotados de processos. Só nas varas paulistas tramitam hoje cerca de 2 milhões de ações - mais do que o dobro do contabilizado há dez anos. São casos que, em sua maioria, envolvem o consumidor, como pagamento de títulos e indenizações de despejo. Com isso, há varas com agenda para marcar a primeira audiência só em dezembro de 2013. O prazo deveria ser de três meses.A Justiça de São Paulo não tem um levantamento do tempo médio que as causas levam quando entram em um juizado. Sabe-se que a estrutura e mesmo o volume de ações mudam de acordo com a região onde ficam.Dos 18 juizados especiais da capital paulista, o Central, localizado na Rua Vergueiro, é considerado modelo. Desde 2008, os processos lá são digitalizados. "Isso agiliza muito o trabalho do cartório, mas não é a resposta para todos os problemas. Faltam funcionário e espaço físico. No elevador, só sobem quatro pessoas por vez e há sempre filas", diz Mônica Soares Machado Alves Ferreira, juíza diretora do Juizado Especial Central.Na 1.ª Vara desse prédio, tramitaram no mês passado 1.280 processos - atualmente, 28 mil estão em andamento. E a equipe do cartório é de 15 funcionários. "As causas são simples. Acabei de sair de uma audiência que discutia um contrato entre duas mulheres, mas se exige tempo. Elas vieram sem advogado e eu precisava entender o que se passava", diz Mônica. "Se o processo vem redondo e não há problemas no meio do caminho, como localizar o endereço de uma das partes, o tempo médio para dar a sentença final é de oito meses." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.