Empresas públicas e privadas e órgãos de Estado da França vão adquirir nos próximos meses 50 mil veículos movidos a energia elétrica. O anúncio da oferta de compra foi feito ontem, em Grenoble, no sul do país, e seu objetivo é incentivar a adoção de tecnologias limpas pela indústria automobilística e pelos consumidores. Além da renovação da frota, um Fundo Estratégico de Investimentos (FSI), dotado de ? 1,5 bilhão (cerca de R$ 4 bilhões), investirá na produção de baterias e no desenvolvimento da tecnologia.O anúncio do programa foi feito pelo ministro da Indústria, Christian Estrosi, durante visita ao Comissariado de Energia Atômica (CEA), da França - o país é basicamente alimentado de eletricidade por usinas nucleares. "Vamos lançar neste outono (primavera no Brasil) vários editais com bases comuns para a compra de 50 mil veículos movidos a eletricidade", anunciou. Estrosi afirmou ainda que negociações estão em curso entre o governo e companhias públicas e privadas para que o número seja elevado a 100 mil veículos nos próximos cinco anos.Além dessa compra, o governo prepara-se para lançar, em parceria com um consórcio de empresas - entre as quais o grupo Renault-Nissan -, a construção de uma fábrica de baterias de lítio na cidade de Flins, próximo a Paris, que passará de 50 mil baterias por ano em 2011 para 250 mil em 2015. "Em um projeto estimado em ? 14 milhões, o Estado está pronto a consagrar ? 7,4 milhões, dos quais ? 5,5 milhões via CEA e ? 2 milhões por meio de fundos de competitividade", explicou Estrosi.Um centro de pesquisa e desenvolvimento de veículos movidos a energias limpas também está previsto. O investimento total do projeto pode chegar a ? 1,5 bilhão, dos quais ? 800 milhões serão investidos até 2014. "É um projeto de grande envergadura", reiterou o ministro.CORREIOSEntre as companhias engajadas em adquirir frotas de veículos "elétricos" estão empresas como La Poste - a versão francesa dos Correios -, que absorverá sozinha 10 mil automóveis, o equivalente a 25% de seus veículos, até 2013. Outros exemplos são a companhia ferroviária SNCF, a gigante de energia EDF e empresas privadas como Velia e Vinci.Entre os objetivos do governo francês está quebrar o círculo formado por carros caros, vendas fracas e produção limitada, que bloqueia as vendas de automóveis movidos a energia elétrica na Europa. Além disso, reforça o impulso às duas maiores montadoras da França, Renault e Peugeot-Citroën, ambas envolvidas em investimentos de grande porte no desenvolvimento de automóveis menos emissores de CO2. Entre os projetos apresentados pelas duas montadoras no Salão de Frankfurt, na Alemanha, estão quatro carros da Renault apresentados como "zero emissions" e um protótipo da Peugeot, o iOn, cujas vendas estão previstas para 2010.Uma série de projetos da indústria automobilística internacional também pode receber incentivos do governo francês. Um dos programas analisados é a montagem de modelos do Smart, veículo para dois ocupantes, movidos a energia elétrica, cuja fábrica deve se situar em Hambach, na região de Lorena, no nordeste do país.