Narcogarimpo: corrida do ouro ilegal pode se expandir de Roraima para o Vale do Tapajós, no Pará


Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta risco de expansão da atuação de facções na gestão de garimpos ilegais da Terra Yanomami para o sudoeste do Pará

Por Vinícius Valfré
Atualização:

BRASÍLIA - A região do Vale do Tapajós, no Pará, reúne condições para se tornar um novo epicentro do narcogarimpo – o garimpo ilegal explorado pelo tráfico de drogas organizado – reproduzindo problemas sociais, ambientais, sanitários e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

As cidades do sudoeste paraense, como Itaituba e Jacareacanga, já são conhecidas pela alta atividade garimpeira, legal e ilegal. Agora, essa região amazônica na Bacia do Tapajós – que compreende ainda o Mato Grosso e o Amazonas – aparece como campo fértil para expansão de negócios de grupos criminosos.

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Menino observa canoa na Terra Indígena Munduruku, na margem do Rio Tapajós, em Itaituba Foto: Sergio Castro/Estadão

A entrada de facções na exploração do ouro tem o efeito de ampliar seus poderes econômico e bélico, e de dificultar o enfrentamento delas pelo Estado brasileiro.

O alerta está no estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, obtida pelo Estadão. O trabalho foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

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Nos últimos anos, grupos criminosos encontraram no garimpo um meio para lavar dinheiro sujo e uma estrutura logística útil ao escoamento de drogas e de armas por dentro da floresta amazônica. O crime compartilha pistas de pouso irregulares e instalações para abastecimento e fornecimento de serviços.

A tentativa de retirar garimpeiros da Terra Yanomami expôs a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) ligada diretamente às extrações ilegais de ouro. A confirmação desse tipo de investida da facção de São Paulo é uma camada extra na lista de atividades ilícitas que pratica na região, do fornecimento de cocaína ao comércio local à gestão de prostíbulos.

No Tapajós, há registros de que o Comando Vermelho, facção originada no Rio de Janeiro, já utiliza a logística de garimpos. A nova preocupação é a de que o próprio grupo assuma a gestão de frentes de garimpagem ilegal como nova atividade ilícita para aumentar sua força econômica.

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“Em Roraima há mais indícios da atuação direta do crime organizado na extração de ouro, inclusive sendo dono de ‘barrancos’. Esse fenômeno ainda não se vê no Tapajós, onde o crime organizado atua mais na venda de drogas no varejo e no compartilhamento de estruturas. O risco é ele dar mais um passo e entrar diretamente na extração”, frisou David Marques, coordenador de projetos do FBSP.

O estudo indica que pelo menos duas situações podem contribuir para a expansão no Pará. Uma é a falta de solução definitiva para o garimpo na região dos yanomami. O compromisso virou mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decretou estado de emergência no início do governo diante do problema que foi apontado como herança da gestão anterior.

Um ano depois, as mortes de indígenas cresceram e ruídos no trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e dos Povos Indígenas foram apontados como fatores que comprometeram o combate aos invasores. Em setembro, entidades indígenas levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatos de reativação do garimpo em Roraima, após um conjunto de ações sem efeitos de longo prazo.

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“Ao intensificar o cerco policial a um local específico, mas sem lograr desarticular por completo as relações construídas nos últimos anos entre grupos do tráfico de drogas e garimpeiros, o que se produz é, de um lado, a migração de parte dos garimpeiros para outras unidades da federação e países e, de outro, a migração de indivíduos para atividades mais nucleares do tráfico de drogas, com a intensificação de rotas aéreas e hidroviárias que conectam Roraima ao restante da logística do narcotráfico”, diz o relatório.

O outro aspecto que pode contribuir para tornar o Pará um novo centro do garimpo das facções é a complexidade da extração de ouro que já funciona em parte do estado. Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal.

A extração ilegal é uma realidade em cidades como Itaituba. Há evidências de garimpagem em florestas, parques nacionais, reservas biológicas e dentro da Terra Indígena Munduruku. “Se não tivermos atenção com o fenômeno, não dá pra descartar o risco de ter aproximação do narcotráfico com garimpo e impactos para as comunidades daquela região. Seria um risco de termos uma nova emergência de saúde no futuro”, destacou Marques.

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Mapa mostra atividade de garimpo dentro de florestas, unidades de conservação e da Terra Indígena Munduruku Foto: Reprodução/

Nos yanomami, a ampliação das atividades de garimpo resultou em uma crise humanitária. Os povos tradicionais que habitam a área sofrem com contaminação por mercúrio - elemento usado na extração do ouro - e com a degradação ambiental. A malária e a desnutrição são causas de morte.

BRASÍLIA - A região do Vale do Tapajós, no Pará, reúne condições para se tornar um novo epicentro do narcogarimpo – o garimpo ilegal explorado pelo tráfico de drogas organizado – reproduzindo problemas sociais, ambientais, sanitários e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

As cidades do sudoeste paraense, como Itaituba e Jacareacanga, já são conhecidas pela alta atividade garimpeira, legal e ilegal. Agora, essa região amazônica na Bacia do Tapajós – que compreende ainda o Mato Grosso e o Amazonas – aparece como campo fértil para expansão de negócios de grupos criminosos.

Menino observa canoa na Terra Indígena Munduruku, na margem do Rio Tapajós, em Itaituba Foto: Sergio Castro/Estadão

A entrada de facções na exploração do ouro tem o efeito de ampliar seus poderes econômico e bélico, e de dificultar o enfrentamento delas pelo Estado brasileiro.

O alerta está no estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, obtida pelo Estadão. O trabalho foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

Nos últimos anos, grupos criminosos encontraram no garimpo um meio para lavar dinheiro sujo e uma estrutura logística útil ao escoamento de drogas e de armas por dentro da floresta amazônica. O crime compartilha pistas de pouso irregulares e instalações para abastecimento e fornecimento de serviços.

A tentativa de retirar garimpeiros da Terra Yanomami expôs a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) ligada diretamente às extrações ilegais de ouro. A confirmação desse tipo de investida da facção de São Paulo é uma camada extra na lista de atividades ilícitas que pratica na região, do fornecimento de cocaína ao comércio local à gestão de prostíbulos.

No Tapajós, há registros de que o Comando Vermelho, facção originada no Rio de Janeiro, já utiliza a logística de garimpos. A nova preocupação é a de que o próprio grupo assuma a gestão de frentes de garimpagem ilegal como nova atividade ilícita para aumentar sua força econômica.

“Em Roraima há mais indícios da atuação direta do crime organizado na extração de ouro, inclusive sendo dono de ‘barrancos’. Esse fenômeno ainda não se vê no Tapajós, onde o crime organizado atua mais na venda de drogas no varejo e no compartilhamento de estruturas. O risco é ele dar mais um passo e entrar diretamente na extração”, frisou David Marques, coordenador de projetos do FBSP.

O estudo indica que pelo menos duas situações podem contribuir para a expansão no Pará. Uma é a falta de solução definitiva para o garimpo na região dos yanomami. O compromisso virou mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decretou estado de emergência no início do governo diante do problema que foi apontado como herança da gestão anterior.

Um ano depois, as mortes de indígenas cresceram e ruídos no trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e dos Povos Indígenas foram apontados como fatores que comprometeram o combate aos invasores. Em setembro, entidades indígenas levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatos de reativação do garimpo em Roraima, após um conjunto de ações sem efeitos de longo prazo.

“Ao intensificar o cerco policial a um local específico, mas sem lograr desarticular por completo as relações construídas nos últimos anos entre grupos do tráfico de drogas e garimpeiros, o que se produz é, de um lado, a migração de parte dos garimpeiros para outras unidades da federação e países e, de outro, a migração de indivíduos para atividades mais nucleares do tráfico de drogas, com a intensificação de rotas aéreas e hidroviárias que conectam Roraima ao restante da logística do narcotráfico”, diz o relatório.

O outro aspecto que pode contribuir para tornar o Pará um novo centro do garimpo das facções é a complexidade da extração de ouro que já funciona em parte do estado. Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal.

A extração ilegal é uma realidade em cidades como Itaituba. Há evidências de garimpagem em florestas, parques nacionais, reservas biológicas e dentro da Terra Indígena Munduruku. “Se não tivermos atenção com o fenômeno, não dá pra descartar o risco de ter aproximação do narcotráfico com garimpo e impactos para as comunidades daquela região. Seria um risco de termos uma nova emergência de saúde no futuro”, destacou Marques.

Mapa mostra atividade de garimpo dentro de florestas, unidades de conservação e da Terra Indígena Munduruku Foto: Reprodução/

Nos yanomami, a ampliação das atividades de garimpo resultou em uma crise humanitária. Os povos tradicionais que habitam a área sofrem com contaminação por mercúrio - elemento usado na extração do ouro - e com a degradação ambiental. A malária e a desnutrição são causas de morte.

BRASÍLIA - A região do Vale do Tapajós, no Pará, reúne condições para se tornar um novo epicentro do narcogarimpo – o garimpo ilegal explorado pelo tráfico de drogas organizado – reproduzindo problemas sociais, ambientais, sanitários e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

As cidades do sudoeste paraense, como Itaituba e Jacareacanga, já são conhecidas pela alta atividade garimpeira, legal e ilegal. Agora, essa região amazônica na Bacia do Tapajós – que compreende ainda o Mato Grosso e o Amazonas – aparece como campo fértil para expansão de negócios de grupos criminosos.

Menino observa canoa na Terra Indígena Munduruku, na margem do Rio Tapajós, em Itaituba Foto: Sergio Castro/Estadão

A entrada de facções na exploração do ouro tem o efeito de ampliar seus poderes econômico e bélico, e de dificultar o enfrentamento delas pelo Estado brasileiro.

O alerta está no estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, obtida pelo Estadão. O trabalho foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

Nos últimos anos, grupos criminosos encontraram no garimpo um meio para lavar dinheiro sujo e uma estrutura logística útil ao escoamento de drogas e de armas por dentro da floresta amazônica. O crime compartilha pistas de pouso irregulares e instalações para abastecimento e fornecimento de serviços.

A tentativa de retirar garimpeiros da Terra Yanomami expôs a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) ligada diretamente às extrações ilegais de ouro. A confirmação desse tipo de investida da facção de São Paulo é uma camada extra na lista de atividades ilícitas que pratica na região, do fornecimento de cocaína ao comércio local à gestão de prostíbulos.

No Tapajós, há registros de que o Comando Vermelho, facção originada no Rio de Janeiro, já utiliza a logística de garimpos. A nova preocupação é a de que o próprio grupo assuma a gestão de frentes de garimpagem ilegal como nova atividade ilícita para aumentar sua força econômica.

“Em Roraima há mais indícios da atuação direta do crime organizado na extração de ouro, inclusive sendo dono de ‘barrancos’. Esse fenômeno ainda não se vê no Tapajós, onde o crime organizado atua mais na venda de drogas no varejo e no compartilhamento de estruturas. O risco é ele dar mais um passo e entrar diretamente na extração”, frisou David Marques, coordenador de projetos do FBSP.

O estudo indica que pelo menos duas situações podem contribuir para a expansão no Pará. Uma é a falta de solução definitiva para o garimpo na região dos yanomami. O compromisso virou mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decretou estado de emergência no início do governo diante do problema que foi apontado como herança da gestão anterior.

Um ano depois, as mortes de indígenas cresceram e ruídos no trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e dos Povos Indígenas foram apontados como fatores que comprometeram o combate aos invasores. Em setembro, entidades indígenas levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatos de reativação do garimpo em Roraima, após um conjunto de ações sem efeitos de longo prazo.

“Ao intensificar o cerco policial a um local específico, mas sem lograr desarticular por completo as relações construídas nos últimos anos entre grupos do tráfico de drogas e garimpeiros, o que se produz é, de um lado, a migração de parte dos garimpeiros para outras unidades da federação e países e, de outro, a migração de indivíduos para atividades mais nucleares do tráfico de drogas, com a intensificação de rotas aéreas e hidroviárias que conectam Roraima ao restante da logística do narcotráfico”, diz o relatório.

O outro aspecto que pode contribuir para tornar o Pará um novo centro do garimpo das facções é a complexidade da extração de ouro que já funciona em parte do estado. Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal.

A extração ilegal é uma realidade em cidades como Itaituba. Há evidências de garimpagem em florestas, parques nacionais, reservas biológicas e dentro da Terra Indígena Munduruku. “Se não tivermos atenção com o fenômeno, não dá pra descartar o risco de ter aproximação do narcotráfico com garimpo e impactos para as comunidades daquela região. Seria um risco de termos uma nova emergência de saúde no futuro”, destacou Marques.

Mapa mostra atividade de garimpo dentro de florestas, unidades de conservação e da Terra Indígena Munduruku Foto: Reprodução/

Nos yanomami, a ampliação das atividades de garimpo resultou em uma crise humanitária. Os povos tradicionais que habitam a área sofrem com contaminação por mercúrio - elemento usado na extração do ouro - e com a degradação ambiental. A malária e a desnutrição são causas de morte.

BRASÍLIA - A região do Vale do Tapajós, no Pará, reúne condições para se tornar um novo epicentro do narcogarimpo – o garimpo ilegal explorado pelo tráfico de drogas organizado – reproduzindo problemas sociais, ambientais, sanitários e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

As cidades do sudoeste paraense, como Itaituba e Jacareacanga, já são conhecidas pela alta atividade garimpeira, legal e ilegal. Agora, essa região amazônica na Bacia do Tapajós – que compreende ainda o Mato Grosso e o Amazonas – aparece como campo fértil para expansão de negócios de grupos criminosos.

Menino observa canoa na Terra Indígena Munduruku, na margem do Rio Tapajós, em Itaituba Foto: Sergio Castro/Estadão

A entrada de facções na exploração do ouro tem o efeito de ampliar seus poderes econômico e bélico, e de dificultar o enfrentamento delas pelo Estado brasileiro.

O alerta está no estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, obtida pelo Estadão. O trabalho foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

Nos últimos anos, grupos criminosos encontraram no garimpo um meio para lavar dinheiro sujo e uma estrutura logística útil ao escoamento de drogas e de armas por dentro da floresta amazônica. O crime compartilha pistas de pouso irregulares e instalações para abastecimento e fornecimento de serviços.

A tentativa de retirar garimpeiros da Terra Yanomami expôs a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) ligada diretamente às extrações ilegais de ouro. A confirmação desse tipo de investida da facção de São Paulo é uma camada extra na lista de atividades ilícitas que pratica na região, do fornecimento de cocaína ao comércio local à gestão de prostíbulos.

No Tapajós, há registros de que o Comando Vermelho, facção originada no Rio de Janeiro, já utiliza a logística de garimpos. A nova preocupação é a de que o próprio grupo assuma a gestão de frentes de garimpagem ilegal como nova atividade ilícita para aumentar sua força econômica.

“Em Roraima há mais indícios da atuação direta do crime organizado na extração de ouro, inclusive sendo dono de ‘barrancos’. Esse fenômeno ainda não se vê no Tapajós, onde o crime organizado atua mais na venda de drogas no varejo e no compartilhamento de estruturas. O risco é ele dar mais um passo e entrar diretamente na extração”, frisou David Marques, coordenador de projetos do FBSP.

O estudo indica que pelo menos duas situações podem contribuir para a expansão no Pará. Uma é a falta de solução definitiva para o garimpo na região dos yanomami. O compromisso virou mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decretou estado de emergência no início do governo diante do problema que foi apontado como herança da gestão anterior.

Um ano depois, as mortes de indígenas cresceram e ruídos no trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e dos Povos Indígenas foram apontados como fatores que comprometeram o combate aos invasores. Em setembro, entidades indígenas levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatos de reativação do garimpo em Roraima, após um conjunto de ações sem efeitos de longo prazo.

“Ao intensificar o cerco policial a um local específico, mas sem lograr desarticular por completo as relações construídas nos últimos anos entre grupos do tráfico de drogas e garimpeiros, o que se produz é, de um lado, a migração de parte dos garimpeiros para outras unidades da federação e países e, de outro, a migração de indivíduos para atividades mais nucleares do tráfico de drogas, com a intensificação de rotas aéreas e hidroviárias que conectam Roraima ao restante da logística do narcotráfico”, diz o relatório.

O outro aspecto que pode contribuir para tornar o Pará um novo centro do garimpo das facções é a complexidade da extração de ouro que já funciona em parte do estado. Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal.

A extração ilegal é uma realidade em cidades como Itaituba. Há evidências de garimpagem em florestas, parques nacionais, reservas biológicas e dentro da Terra Indígena Munduruku. “Se não tivermos atenção com o fenômeno, não dá pra descartar o risco de ter aproximação do narcotráfico com garimpo e impactos para as comunidades daquela região. Seria um risco de termos uma nova emergência de saúde no futuro”, destacou Marques.

Mapa mostra atividade de garimpo dentro de florestas, unidades de conservação e da Terra Indígena Munduruku Foto: Reprodução/

Nos yanomami, a ampliação das atividades de garimpo resultou em uma crise humanitária. Os povos tradicionais que habitam a área sofrem com contaminação por mercúrio - elemento usado na extração do ouro - e com a degradação ambiental. A malária e a desnutrição são causas de morte.

BRASÍLIA - A região do Vale do Tapajós, no Pará, reúne condições para se tornar um novo epicentro do narcogarimpo – o garimpo ilegal explorado pelo tráfico de drogas organizado – reproduzindo problemas sociais, ambientais, sanitários e de violência que assolam a região da Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

As cidades do sudoeste paraense, como Itaituba e Jacareacanga, já são conhecidas pela alta atividade garimpeira, legal e ilegal. Agora, essa região amazônica na Bacia do Tapajós – que compreende ainda o Mato Grosso e o Amazonas – aparece como campo fértil para expansão de negócios de grupos criminosos.

Menino observa canoa na Terra Indígena Munduruku, na margem do Rio Tapajós, em Itaituba Foto: Sergio Castro/Estadão

A entrada de facções na exploração do ouro tem o efeito de ampliar seus poderes econômico e bélico, e de dificultar o enfrentamento delas pelo Estado brasileiro.

O alerta está no estudo A nova corrida do ouro na Amazônia: garimpo ilegal e violência na floresta, obtida pelo Estadão. O trabalho foi realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula e com apoio do Instituto Clima e Sociedade.

Nos últimos anos, grupos criminosos encontraram no garimpo um meio para lavar dinheiro sujo e uma estrutura logística útil ao escoamento de drogas e de armas por dentro da floresta amazônica. O crime compartilha pistas de pouso irregulares e instalações para abastecimento e fornecimento de serviços.

A tentativa de retirar garimpeiros da Terra Yanomami expôs a presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) ligada diretamente às extrações ilegais de ouro. A confirmação desse tipo de investida da facção de São Paulo é uma camada extra na lista de atividades ilícitas que pratica na região, do fornecimento de cocaína ao comércio local à gestão de prostíbulos.

No Tapajós, há registros de que o Comando Vermelho, facção originada no Rio de Janeiro, já utiliza a logística de garimpos. A nova preocupação é a de que o próprio grupo assuma a gestão de frentes de garimpagem ilegal como nova atividade ilícita para aumentar sua força econômica.

“Em Roraima há mais indícios da atuação direta do crime organizado na extração de ouro, inclusive sendo dono de ‘barrancos’. Esse fenômeno ainda não se vê no Tapajós, onde o crime organizado atua mais na venda de drogas no varejo e no compartilhamento de estruturas. O risco é ele dar mais um passo e entrar diretamente na extração”, frisou David Marques, coordenador de projetos do FBSP.

O estudo indica que pelo menos duas situações podem contribuir para a expansão no Pará. Uma é a falta de solução definitiva para o garimpo na região dos yanomami. O compromisso virou mote do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que decretou estado de emergência no início do governo diante do problema que foi apontado como herança da gestão anterior.

Um ano depois, as mortes de indígenas cresceram e ruídos no trabalho conjunto entre os ministérios da Defesa e dos Povos Indígenas foram apontados como fatores que comprometeram o combate aos invasores. Em setembro, entidades indígenas levaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatos de reativação do garimpo em Roraima, após um conjunto de ações sem efeitos de longo prazo.

“Ao intensificar o cerco policial a um local específico, mas sem lograr desarticular por completo as relações construídas nos últimos anos entre grupos do tráfico de drogas e garimpeiros, o que se produz é, de um lado, a migração de parte dos garimpeiros para outras unidades da federação e países e, de outro, a migração de indivíduos para atividades mais nucleares do tráfico de drogas, com a intensificação de rotas aéreas e hidroviárias que conectam Roraima ao restante da logística do narcotráfico”, diz o relatório.

O outro aspecto que pode contribuir para tornar o Pará um novo centro do garimpo das facções é a complexidade da extração de ouro que já funciona em parte do estado. Investigações da Polícia Federal apontam que o sudoeste paraense serve para “esquentamento” do ouro ilegal retirado de Roraima. Ou seja, o mineral sai do território indígena, é declarado por garimpos com autorização para funcionar no Vale do Tapajós e depois é vendido como legal.

A extração ilegal é uma realidade em cidades como Itaituba. Há evidências de garimpagem em florestas, parques nacionais, reservas biológicas e dentro da Terra Indígena Munduruku. “Se não tivermos atenção com o fenômeno, não dá pra descartar o risco de ter aproximação do narcotráfico com garimpo e impactos para as comunidades daquela região. Seria um risco de termos uma nova emergência de saúde no futuro”, destacou Marques.

Mapa mostra atividade de garimpo dentro de florestas, unidades de conservação e da Terra Indígena Munduruku Foto: Reprodução/

Nos yanomami, a ampliação das atividades de garimpo resultou em uma crise humanitária. Os povos tradicionais que habitam a área sofrem com contaminação por mercúrio - elemento usado na extração do ouro - e com a degradação ambiental. A malária e a desnutrição são causas de morte.

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