Georgia O'Keeffe, a abstrata pioneira


Whitney Museum, em NY, mostra faceta menos conhecida da obra da pintora

Por Tonica Chagas e NOVA YORK

Nas imagens realistas de flores, esqueletos de boi e paisagens do Novo México que a colocaram entre os principais nomes da pintura do século 20, a americana Georgia O"Keeffe (1887- 1986) é reconhecida de longe. Porém, mesmo nos Estados Unidos, a obra abstrata criada por ela ao longo de 60 anos de carreira é menos conhecida - o que faz de Georgia O"Keeffe: Abstraction uma excelente surpresa. Em exibição até 17 de janeiro no Whitney Museum, em Nova York, as cerca de 130 pinturas, aquarelas, desenhos e esculturas na exposição mostram como a abstração teve papel fundamental na arte de O"Keeffe, colocando-a como uma das primeiras e mais audaciosas figuras do abstracionismo americano.A O"Keeffe abstrata surgiu sozinha e longe da efervescência artística da Nova York nas primeiras décadas do século passado. Vinda do interior da Virgínia, aos 20 anos ela havia passado uma temporada na cidade para estudar na Arts Students League, mas foi ganhar a vida como professora no interior do país. As flores que a tornaram famosa - interpretadas freudianamente como representações do sexo feminino - brotaram da forma que ela encontrou "para expressar sensações e sentimentos que não podia traduzir em palavras", diz Barbara Haskell, curadora do Whitney.CARVÃOOs primeiros desenhos abstratos criados por ela são de 1915, época em que lecionava arte na Carolina do Sul. "Notei que tinha algumas coisas na cabeça que nunca havia pensado em pôr para fora e ninguém me ensinara", lembrou a pintora anos depois. "Ia começar com carvão e não usaria cor até não poder fazer o que queria com tinta preta. E fui em frente." Naquela época, lembra a curadora, muitos artistas americanos se animavam com as possibilidades de expressão dadas pela arte moderna, mas quase ninguém além de O"Keeffe partiu para imagens completamente abstratas.No começo de 1916, um amigo da pintora mostrou alguns daqueles desenhos ao fotógrafo Alfred Stieglitz, dono da galeria 291, em Nova York, o primeiro a exibir arte moderna nos EUA, e com quem ela se casaria oito anos depois. Stieglitz apresentou os carvões de O"Keeffe numa exposição coletiva em maio daquele ano e começou a se corresponder com ela, incentivando-a a prosseguir com as experimentações."O que é diferente no trabalho dela, mesmo em relação a outros modernistas americanos que adotaram a abstração, é que ela nunca quebrou as formas, nunca adotou o fracionamento cubista e o espaço chapado", explica Barbara. "Ela sempre buscou a qualidade orgânica da natureza, as linhas sinuosas, dinâmicas e rítmicas da natureza." As paisagens do Oeste americano que O"Keeffe adorava começam a aparecer em aquarelas abstratas como Evening Star III, de 1917, e pintada em Canyon, no Texas, onde ela também lecionou.Em 1918, ela voltou a usar tinta a óleo, desenvolvendo uma palheta vibrante e usando títulos como Music, Pink and Blue, neste caso associando as cores com a música, que admirava pela capacidade de exprimir sem palavras. Com a ajuda financeira de Stieglitz para que pudesse se dedicar só à pintura, sem ter de lecionar, ainda naquele ano ela se mudou para Nova York e foi morar no estúdio de uma sobrinha do fotógrafo, no lado leste da Rua 59. Não demorou muito para que ele também se mudasse para lá. FOTOGRAFIASStieglitz já fotografava O"Keeffe desde que a conhecera e, quando passaram a viver juntos, aquelas fotos se tornaram mais íntimas e ousadas. Ajudando-o a imprimir as fotos, a pintora viu que podia manipular uma imagem representativa com cortes e, assim, criar uma abstração. Parte da modernidade radical de O"Keeffe foi adaptar técnicas de uma nova mídia à pintura, forjando-as para servir à sua visão pessoal."Mas as fotografias fizeram mais do que mudar a maneira que O"Keeffe via arte", salienta Barbara. "Elas também mudaram a maneira que as pessoas a viam." Em Georgia O"Keeffe: Abstraction há uma seleção de fotos da pintora feitas por Stieglitz, que exibiu quase 50 delas numa retrospectiva do seu próprio trabalho apresentada em 1921. Posando seminua ou totalmente nua, ecoando com seus braços e mãos as imagens que pintava, O"Keeffe ganhou as páginas dos jornais como uma mulher sem medo de mostrar sua sexualidade e envolvida com um homem casado, 23 anos mais velho que ela. Isso refletiu na opinião de vários críticos quando Stieglitz exibiu a primeira individual dela na 291: as pinturas de O"Keeffe foram vistas como símbolos da experiência sexual feminina. Para a pintora, essa interpretação era simplista demais. Contudo, vendo que imagens como Flower Abstraction, de 1924, eram muito abertas a uma compreensão sexualizada, dali em diante ela se esforçou a produzir mais pinturas realistas que abstratas. Como Stieglitz também preferia exibir os quadros mais recentes que ela produzia, a partir de 1930 o público praticamente não viu mais as abstrações de O"Keeffe. No entanto, elas sempre foram a forma mais importante para ela processar suas experiências e traduzi-las em pintura, fazendo isso em telas cada vez maiores. Ao mesmo tempo em que construía sua imagem de artista solitária e identificada com a paisagem do Oeste americano, retratando a natureza ao redor das suas casas no Lago George, na costa leste dos EUA, e no Novo México (onde começou a passar temporadas a partir de 1929 e foi viver definitivamente depois da morte de Stieglitz, em 1946), ela também transpunha para a tela, em abstrações, o que via como as formas mais essenciais de uma flor, de uma montanha ou de nuvens vistas da janela de um avião. Em 1930, por exemplo, ela criou uma série de Jack-in-the-Pulpits, uma planta da família do comigo-ninguém-pode, começando a pintar a flor quase como se a tivesse fotografado e, numa sequência de decupagens, terminou se concentrando apenas no estame. Na série Black Place, em que representou um lugar onde costumava acampar no Novo México, a primeira tela traz uma vista aérea geral entre duas colinas e, nas seguintes, a imagem vai ficando cada vez mais abstrata à medida que o foco se fecha na fissura entre as paredes de pedra.Até o fim da vida, O"Keeffe buscou destilar dessa maneira a essência do que via e sentia. No começo da década de 70, começando a sofrer uma degeneração que a deixaria só com visão periférica, ela produziu inúmeras aquarelas com a ajuda de assistentes. Nelas se vê o retorno aos motivos simples e orgânicos dos seus primeiros carvões. Como resume Barbara Haskell, a abstração foi tanto a primeira como a última coisa que Georgia O"Keeffe pintou.

Nas imagens realistas de flores, esqueletos de boi e paisagens do Novo México que a colocaram entre os principais nomes da pintura do século 20, a americana Georgia O"Keeffe (1887- 1986) é reconhecida de longe. Porém, mesmo nos Estados Unidos, a obra abstrata criada por ela ao longo de 60 anos de carreira é menos conhecida - o que faz de Georgia O"Keeffe: Abstraction uma excelente surpresa. Em exibição até 17 de janeiro no Whitney Museum, em Nova York, as cerca de 130 pinturas, aquarelas, desenhos e esculturas na exposição mostram como a abstração teve papel fundamental na arte de O"Keeffe, colocando-a como uma das primeiras e mais audaciosas figuras do abstracionismo americano.A O"Keeffe abstrata surgiu sozinha e longe da efervescência artística da Nova York nas primeiras décadas do século passado. Vinda do interior da Virgínia, aos 20 anos ela havia passado uma temporada na cidade para estudar na Arts Students League, mas foi ganhar a vida como professora no interior do país. As flores que a tornaram famosa - interpretadas freudianamente como representações do sexo feminino - brotaram da forma que ela encontrou "para expressar sensações e sentimentos que não podia traduzir em palavras", diz Barbara Haskell, curadora do Whitney.CARVÃOOs primeiros desenhos abstratos criados por ela são de 1915, época em que lecionava arte na Carolina do Sul. "Notei que tinha algumas coisas na cabeça que nunca havia pensado em pôr para fora e ninguém me ensinara", lembrou a pintora anos depois. "Ia começar com carvão e não usaria cor até não poder fazer o que queria com tinta preta. E fui em frente." Naquela época, lembra a curadora, muitos artistas americanos se animavam com as possibilidades de expressão dadas pela arte moderna, mas quase ninguém além de O"Keeffe partiu para imagens completamente abstratas.No começo de 1916, um amigo da pintora mostrou alguns daqueles desenhos ao fotógrafo Alfred Stieglitz, dono da galeria 291, em Nova York, o primeiro a exibir arte moderna nos EUA, e com quem ela se casaria oito anos depois. Stieglitz apresentou os carvões de O"Keeffe numa exposição coletiva em maio daquele ano e começou a se corresponder com ela, incentivando-a a prosseguir com as experimentações."O que é diferente no trabalho dela, mesmo em relação a outros modernistas americanos que adotaram a abstração, é que ela nunca quebrou as formas, nunca adotou o fracionamento cubista e o espaço chapado", explica Barbara. "Ela sempre buscou a qualidade orgânica da natureza, as linhas sinuosas, dinâmicas e rítmicas da natureza." As paisagens do Oeste americano que O"Keeffe adorava começam a aparecer em aquarelas abstratas como Evening Star III, de 1917, e pintada em Canyon, no Texas, onde ela também lecionou.Em 1918, ela voltou a usar tinta a óleo, desenvolvendo uma palheta vibrante e usando títulos como Music, Pink and Blue, neste caso associando as cores com a música, que admirava pela capacidade de exprimir sem palavras. Com a ajuda financeira de Stieglitz para que pudesse se dedicar só à pintura, sem ter de lecionar, ainda naquele ano ela se mudou para Nova York e foi morar no estúdio de uma sobrinha do fotógrafo, no lado leste da Rua 59. Não demorou muito para que ele também se mudasse para lá. FOTOGRAFIASStieglitz já fotografava O"Keeffe desde que a conhecera e, quando passaram a viver juntos, aquelas fotos se tornaram mais íntimas e ousadas. Ajudando-o a imprimir as fotos, a pintora viu que podia manipular uma imagem representativa com cortes e, assim, criar uma abstração. Parte da modernidade radical de O"Keeffe foi adaptar técnicas de uma nova mídia à pintura, forjando-as para servir à sua visão pessoal."Mas as fotografias fizeram mais do que mudar a maneira que O"Keeffe via arte", salienta Barbara. "Elas também mudaram a maneira que as pessoas a viam." Em Georgia O"Keeffe: Abstraction há uma seleção de fotos da pintora feitas por Stieglitz, que exibiu quase 50 delas numa retrospectiva do seu próprio trabalho apresentada em 1921. Posando seminua ou totalmente nua, ecoando com seus braços e mãos as imagens que pintava, O"Keeffe ganhou as páginas dos jornais como uma mulher sem medo de mostrar sua sexualidade e envolvida com um homem casado, 23 anos mais velho que ela. Isso refletiu na opinião de vários críticos quando Stieglitz exibiu a primeira individual dela na 291: as pinturas de O"Keeffe foram vistas como símbolos da experiência sexual feminina. Para a pintora, essa interpretação era simplista demais. Contudo, vendo que imagens como Flower Abstraction, de 1924, eram muito abertas a uma compreensão sexualizada, dali em diante ela se esforçou a produzir mais pinturas realistas que abstratas. Como Stieglitz também preferia exibir os quadros mais recentes que ela produzia, a partir de 1930 o público praticamente não viu mais as abstrações de O"Keeffe. No entanto, elas sempre foram a forma mais importante para ela processar suas experiências e traduzi-las em pintura, fazendo isso em telas cada vez maiores. Ao mesmo tempo em que construía sua imagem de artista solitária e identificada com a paisagem do Oeste americano, retratando a natureza ao redor das suas casas no Lago George, na costa leste dos EUA, e no Novo México (onde começou a passar temporadas a partir de 1929 e foi viver definitivamente depois da morte de Stieglitz, em 1946), ela também transpunha para a tela, em abstrações, o que via como as formas mais essenciais de uma flor, de uma montanha ou de nuvens vistas da janela de um avião. Em 1930, por exemplo, ela criou uma série de Jack-in-the-Pulpits, uma planta da família do comigo-ninguém-pode, começando a pintar a flor quase como se a tivesse fotografado e, numa sequência de decupagens, terminou se concentrando apenas no estame. Na série Black Place, em que representou um lugar onde costumava acampar no Novo México, a primeira tela traz uma vista aérea geral entre duas colinas e, nas seguintes, a imagem vai ficando cada vez mais abstrata à medida que o foco se fecha na fissura entre as paredes de pedra.Até o fim da vida, O"Keeffe buscou destilar dessa maneira a essência do que via e sentia. No começo da década de 70, começando a sofrer uma degeneração que a deixaria só com visão periférica, ela produziu inúmeras aquarelas com a ajuda de assistentes. Nelas se vê o retorno aos motivos simples e orgânicos dos seus primeiros carvões. Como resume Barbara Haskell, a abstração foi tanto a primeira como a última coisa que Georgia O"Keeffe pintou.

Nas imagens realistas de flores, esqueletos de boi e paisagens do Novo México que a colocaram entre os principais nomes da pintura do século 20, a americana Georgia O"Keeffe (1887- 1986) é reconhecida de longe. Porém, mesmo nos Estados Unidos, a obra abstrata criada por ela ao longo de 60 anos de carreira é menos conhecida - o que faz de Georgia O"Keeffe: Abstraction uma excelente surpresa. Em exibição até 17 de janeiro no Whitney Museum, em Nova York, as cerca de 130 pinturas, aquarelas, desenhos e esculturas na exposição mostram como a abstração teve papel fundamental na arte de O"Keeffe, colocando-a como uma das primeiras e mais audaciosas figuras do abstracionismo americano.A O"Keeffe abstrata surgiu sozinha e longe da efervescência artística da Nova York nas primeiras décadas do século passado. Vinda do interior da Virgínia, aos 20 anos ela havia passado uma temporada na cidade para estudar na Arts Students League, mas foi ganhar a vida como professora no interior do país. As flores que a tornaram famosa - interpretadas freudianamente como representações do sexo feminino - brotaram da forma que ela encontrou "para expressar sensações e sentimentos que não podia traduzir em palavras", diz Barbara Haskell, curadora do Whitney.CARVÃOOs primeiros desenhos abstratos criados por ela são de 1915, época em que lecionava arte na Carolina do Sul. "Notei que tinha algumas coisas na cabeça que nunca havia pensado em pôr para fora e ninguém me ensinara", lembrou a pintora anos depois. "Ia começar com carvão e não usaria cor até não poder fazer o que queria com tinta preta. E fui em frente." Naquela época, lembra a curadora, muitos artistas americanos se animavam com as possibilidades de expressão dadas pela arte moderna, mas quase ninguém além de O"Keeffe partiu para imagens completamente abstratas.No começo de 1916, um amigo da pintora mostrou alguns daqueles desenhos ao fotógrafo Alfred Stieglitz, dono da galeria 291, em Nova York, o primeiro a exibir arte moderna nos EUA, e com quem ela se casaria oito anos depois. Stieglitz apresentou os carvões de O"Keeffe numa exposição coletiva em maio daquele ano e começou a se corresponder com ela, incentivando-a a prosseguir com as experimentações."O que é diferente no trabalho dela, mesmo em relação a outros modernistas americanos que adotaram a abstração, é que ela nunca quebrou as formas, nunca adotou o fracionamento cubista e o espaço chapado", explica Barbara. "Ela sempre buscou a qualidade orgânica da natureza, as linhas sinuosas, dinâmicas e rítmicas da natureza." As paisagens do Oeste americano que O"Keeffe adorava começam a aparecer em aquarelas abstratas como Evening Star III, de 1917, e pintada em Canyon, no Texas, onde ela também lecionou.Em 1918, ela voltou a usar tinta a óleo, desenvolvendo uma palheta vibrante e usando títulos como Music, Pink and Blue, neste caso associando as cores com a música, que admirava pela capacidade de exprimir sem palavras. Com a ajuda financeira de Stieglitz para que pudesse se dedicar só à pintura, sem ter de lecionar, ainda naquele ano ela se mudou para Nova York e foi morar no estúdio de uma sobrinha do fotógrafo, no lado leste da Rua 59. Não demorou muito para que ele também se mudasse para lá. FOTOGRAFIASStieglitz já fotografava O"Keeffe desde que a conhecera e, quando passaram a viver juntos, aquelas fotos se tornaram mais íntimas e ousadas. Ajudando-o a imprimir as fotos, a pintora viu que podia manipular uma imagem representativa com cortes e, assim, criar uma abstração. Parte da modernidade radical de O"Keeffe foi adaptar técnicas de uma nova mídia à pintura, forjando-as para servir à sua visão pessoal."Mas as fotografias fizeram mais do que mudar a maneira que O"Keeffe via arte", salienta Barbara. "Elas também mudaram a maneira que as pessoas a viam." Em Georgia O"Keeffe: Abstraction há uma seleção de fotos da pintora feitas por Stieglitz, que exibiu quase 50 delas numa retrospectiva do seu próprio trabalho apresentada em 1921. Posando seminua ou totalmente nua, ecoando com seus braços e mãos as imagens que pintava, O"Keeffe ganhou as páginas dos jornais como uma mulher sem medo de mostrar sua sexualidade e envolvida com um homem casado, 23 anos mais velho que ela. Isso refletiu na opinião de vários críticos quando Stieglitz exibiu a primeira individual dela na 291: as pinturas de O"Keeffe foram vistas como símbolos da experiência sexual feminina. Para a pintora, essa interpretação era simplista demais. Contudo, vendo que imagens como Flower Abstraction, de 1924, eram muito abertas a uma compreensão sexualizada, dali em diante ela se esforçou a produzir mais pinturas realistas que abstratas. Como Stieglitz também preferia exibir os quadros mais recentes que ela produzia, a partir de 1930 o público praticamente não viu mais as abstrações de O"Keeffe. No entanto, elas sempre foram a forma mais importante para ela processar suas experiências e traduzi-las em pintura, fazendo isso em telas cada vez maiores. Ao mesmo tempo em que construía sua imagem de artista solitária e identificada com a paisagem do Oeste americano, retratando a natureza ao redor das suas casas no Lago George, na costa leste dos EUA, e no Novo México (onde começou a passar temporadas a partir de 1929 e foi viver definitivamente depois da morte de Stieglitz, em 1946), ela também transpunha para a tela, em abstrações, o que via como as formas mais essenciais de uma flor, de uma montanha ou de nuvens vistas da janela de um avião. Em 1930, por exemplo, ela criou uma série de Jack-in-the-Pulpits, uma planta da família do comigo-ninguém-pode, começando a pintar a flor quase como se a tivesse fotografado e, numa sequência de decupagens, terminou se concentrando apenas no estame. Na série Black Place, em que representou um lugar onde costumava acampar no Novo México, a primeira tela traz uma vista aérea geral entre duas colinas e, nas seguintes, a imagem vai ficando cada vez mais abstrata à medida que o foco se fecha na fissura entre as paredes de pedra.Até o fim da vida, O"Keeffe buscou destilar dessa maneira a essência do que via e sentia. No começo da década de 70, começando a sofrer uma degeneração que a deixaria só com visão periférica, ela produziu inúmeras aquarelas com a ajuda de assistentes. Nelas se vê o retorno aos motivos simples e orgânicos dos seus primeiros carvões. Como resume Barbara Haskell, a abstração foi tanto a primeira como a última coisa que Georgia O"Keeffe pintou.

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