Criminosos vêm extorquindo dinheiro de turistas estrangeiros, no Rio de Janeiro, usando o ‘golpe da caipirinha’. Os integrantes da quadrilha se aproximam das vítimas quando elas estão tomando o aperitivo nas ruas e praias e colocam mais caipirinha no copo, forçando o turista a pagar pela bebida. Ao fazer o pagamento com cartão, um valor maior é transferido para a conta de um cúmplice.
Na noite de terça-feira, 23, um homem de 39 anos foi preso em flagrante por extorsão, estelionato e associação criminosa, depois de aplicar o ‘golpe da caipirinha’ em um casal de turistas chilenos. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do acusado.
Segundo a Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), que investiga o caso, o casal andava pela orla da Praia de Copacabana tomando a bebida, quando foi abordado por três homens. Os suspeitos tiraram o copo da mão do chileno e encheram com caipirinha sem que ele tivesse pedido.
Em seguida, obrigaram o turista a pagar R$ 20 pela bebida adicional. Segundo a polícia, ao manusear a máquina com o cartão de crédito da vítima, os suspeitos transferiram US$ 899 – cerca de R$ 5 mil. Após a transação, o trio se afastou rapidamente. O turista chileno constatou que havia caído no golpe e foi orientado a procurar a Deat, onde foi registrado um boletim de ocorrência.
Uma equipe da investigação se deslocou para o local e encontrou um dos suspeitos, que foi reconhecido pelo casal. Com Leonardo Correa de Souza, os agentes encontraram uma máquina de cartão de crédito, um cartão bancário e uma quantia em dinheiro, além de uma carteira de identidade em nome de outro homem, que também foi reconhecido como integrante da quadrilha pelo casal chileno, através da foto no documento.
A investigação tenta localizar o segundo suspeito e busca pelo terceiro homem envolvido. Através de um extrato encontrado na máquina de cartões, a polícia apurou que o dinheiro desviado dos chilenos foi transferido para uma conta em nome de um irmão de Leonardo, que também será investigado.
Conforme a Deat, turistas estrangeiros são alvos preferidos de quadrilhas que aplicam golpes como o da caipirinha, por usarem dólares, moeda valorizada, em suas transações. A bebida brasileira, que é muito apreciada pelos turistas de outros países, é usada também no golpe conhecido como ‘boa noite cinderela’, em que o golpista coloca substâncias que alteram o nível de consciência no copo da vítima para roubá-la de forma mais fácil.
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No início deste mês, após o registro de golpes como estes, o cônsul da Polícia da Coreia, In Ho Kin, reuniu-se com a delegacia especializada para discutir a segurança de turistas no Rio de Janeiro, onde um fluxo crescente coreanos tem sido observado. Segundo informou a Deat, a delegacia participou, no último dia 6, de uma operação conjunta com outras unidades da Polícia Civil e batalhões da Polícia Militar para coibir eventos irregulares focados em turistas estrangeiros, que acabam servindo de fachada para furtos e golpes contra os visitantes.
Surgida no interior de São Paulo durante o século 19, a caipirinha é considerada patrimônio imaterial do Rio de Janeiro por lei estadual promulgada em 2019. O texto da lei aponta o coquetel, preparado com cachaça, açúcar, limão e gelo, como a ‘bebida símbolo do Brasil’. No País, devido à sua popularidade, a caipirinha foi tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro em 2003. A bebida integra a lista de coquetéis oficiais da International Bartenders Association (IBA).