O governo do Estado e Francisco de Assis Pereira, o maníaco do parque, foram condenados solidariamente a pagar indenização de 250 salários mínimos à família da estudante Isadora Fraenkel, de 19 anos, por danos morais decorrentes da incineração de seu cadáver. A juíza Adriana Sachida Garcia, da 2ª Vara da Fazenda Pública, reconheceu que a policia de São Paulo conduziu com descaso as investigações sobre a morte de Isadora. Com isso, permitiu que o maníaco permanecesse em liberdade, fazendo outras vítimas, além de possibilitar que retornasse ao local do crime, no Parque do Estado, para atear fogo ao cadáver. Os advogados da família Fraenkel, Sérgio Rosenthal, Alexandra Levy Garboua e Manoel Carlos da Costa leite filho disseram que aguardam a publicação da sentença para apelar ao TJ. Eles consideram irrisória a indenização arbitrada, e querem que seja também reconhecida a responsabilidade do Estado pela no morte de Isadora e não apenas pela incineração do corpo. A família da vítima, ainda traumatizada, não quer comentar a decisão. Isadora foi provavelmente a segunda vítima dentre as 10 mulheres mortas por estrangulamento pelo maníaco no Parque do Estado. O processo de indenização revela agora que sua carreira de crimes poderia ter sido interrompida ainda no começo, a 16 de fevereiro de 1998, quando a polícia teve o assassino em suas mãos. Isadora desapareceu no dia 11 de fevereiro de 1998 e seu corpo calcinado só foi encontrado em agosto, nas matas do Parque do Estado. Seu pai, o físico Cláudio Fraenkel, a procurou sem êxito. No dia seguinte, ele esteve no apartamento da filha, encontrando as janelas abertas e a carteira da jovem com diversos documentos espalhados pelos móveis. Imediatamente ele foi ao 15º DP, onde elaborou boletim de ocorrência. No dia 13, Cláudio esteve na agência do Itaú, onde a filha tinha conta, e soube que seu saldo estava a descoberto e que dois cheques haviam sido devolvidos. No mesmo dia ele esteve na Delegacia de Pessoas Desaparecidas, onde o delegado Basilio Samofalov lavrou um termo de declarações. A seguir, com dois investigadores, Cláudio retornou ao apartamento da filha e de lá foram ao banco Itaú, onde lhes forneceram as cópias dos dois cheques devolvidos. Assassino identificado Um dos cheques parece ter sido preenchido por Isadora, com letra trêmula, no valor de R$ 200,00. No verso estava o nome e o telefone do assassino: Francisco de Assis, fone 270-7848. Outro cheque, de R$ 50,00, trazia o endereço da firma onde Francisco morava e trabalhava como motoboy: rua Dr. Freire, 208. Os investigadores, não obstante o desespero de Cláudio, disseram que entrariam de folga e que só retornariam às investigações na terça-feira, ou seja, quatro dias depois. O pai retornou à Delegacia de Pessoas Desaparecidas, argumentando que a filha poderia estar seqüestrada e em perigo de vida. Entretanto, os policiais continuaram omissos. Chegaram a dizer a Cláudio que "com toda a certeza, Isadora está aplicando golpes e se escondendo." Somente no dia 16 de fevereiro Francisco foi chamado a depor e justificou a posse do cheque dizendo ser namorado de Isadora. Apesar do depoimento cheio de falhas, o delegado aceitou como verdadeira a versão, desprezando a da família da jovem. A própria polícia incumbiu-se de repassar à imprensa a informação de que o maníaco era namorado de Isadora.
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