SÃO PAULO - O governo federal autorizou o envio da Força Nacional e das Forças Armadas para reforçar o policiamento nas ruas de cidades do Espírito Santo, conforme informou o secretário de Segurança Pública do Estado, André Garcia, em entrevista à Rádio Estadão. A expectativa dele é de que ainda nesta segunda-feira, 6, as tropas estejam nas ruas e a situação comece a voltar à normalidade.
A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos policiais militares. O desembargador Robson Luiz Albanez afirma que a proibição de saída dos policiais militares caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. Uma multa de R$ 100 mil foi fixada às associações que representa os policiais capixabas, caso haja descumprimento da decisão.
Desde a noite de sexta-feira, 3, familiares e amigos de policiais militares estão realizando manifestações em ao menos 30 cidades do Espírito Santo, impedindo a saída das viaturas para as ruas e afetando a segurança desses municípios. Nesta segunda-feira, a prefeitura de Vitória suspendeu o funcionamento das escolas municipais no período da manhã e de todas as unidades de saúde.
Neste domingo, 5, o comando da Polícia Militar foi substituído. O governador em exercício, César Colnago (PSDB), pediu o apoio do Ministério da Justiça para o envio da Força Nacional e da Defesa para as tropas militares, disse o secretário. O pedido foi reforçado pelo governador, Paulo César Hartung (sem partido), que está internado em São Paulo, ao presidente Michel Temer, e teve resposta positiva, segundo o secretário.
"O policiamento não pode ser descontinuado. Estamos fazendo prevalecer a Constituição, temos que ter policiamento. Se não for pela Polícia Militar, será pela Força Nacional e pelas Forças Armadas", disse Garcia.
Ouça a entrevista do secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, à 'Rádio Estadão':
Negociações. O secretário reforçou que as negociações com os policiais, diante das reivindicações de reajuste salarial e melhores condições de trabalho, serão feitas apenas quando o policiamento na rua for retomado e a situação estiver controlada.
"Assim que retornar a normalidade, o governo vai manter as portas abertas, como sempre o fez", afirmou. Ele frisou que segurança pública é questão de segurança nacional e "não pode ser submetida a interesses corporativos, por mais legítimos que eles sejam".
O secretário disse que o governo ainda não recebeu uma proposta objetiva de reajuste salarial e que não há no momento folga no orçamento para revisões de remuneração aos servidores.
"O pagamento dos servidores está em dia, as contas, equilibradas, mas não há folga de caixa para se pensar nisso hoje (em reajuste), diante de queda da arrecadação e crise econômica", disse.
A criminalidade, incluído o número de homicídios, aumentou com a falta de policiamento nos últimos dias, afirmou o secretário, mas ainda há levantamentos oficiais da quantidade de crimes e da real situação do Estado.
"Certamente, nós tivemos incremento da criminalidade, o número de homicídios aumentou. Com movimentos como esse, os resultados, depois de sete anos seguidos com redução de crimes letais e intencionais, ficam prejudicados para 2017", declarou.