Muçulmanos irritados com charges zombando do profeta Maomé devem seguir o exemplo dele e aturar os insultos sem retaliar, afirmou a mais alta autoridade legal islâmica do Egito nesta quinta-feira. Embaixadas ocidentais reforçaram a segurança em Sanaa, temendo que as charges publicadas em uma revista francesa na quarta-feira possam levar a mais instabilidade na capital iemenita, onde uma multidão atacou a embaixada norte-americana na semana passada por conta de um filme anti-islã feito nos Estados Unidos. Na mais recente de uma onda de protestos contra o vídeo no mundo islâmico, milhares de muçulmanos xiitas fizeram uma manifestação na cidade nigeriana de Zaria, queimando uma efígie do presidente dos EUA, Barack Obama, e gritando "Morte à América". As charges no semanário satírico francês Charlie Hebdo provocaram pouca ira nas ruas até o momento, apesar de cerca de 100 iranianos terem protestado em frente à embaixada francesa em Teerã. Um ativista islâmico pediu ataques na França para vingar o insulto ao islã por "escravos da cruz". Mu'awiyya al-Qahtani disse em um site usado por militantes islâmicos e monitorados pelo grupo de inteligência norte-americana SITE: "Existe alguém que vai arregaçar as mangas e trazer de volta para nós a glória do herói Mohammed Merah?". Ele estava referindo-se a um homem armado inspirado pela Al Qaeda que matou sete pessoas, incluindo três crianças judias, na cidade francesa de Toulouse, em março. O grande mufti do Egito, Ali Gomaa, condenou a publicação das caricaturas na França, dizendo que foi um ato beirando a incitação, e disse que isso mostrou quão polarizado o Ocidente e o mundo muçulmano se tornaram. Uma autoridade da Igreja Ortodoxa Copta no Egito, cuja população de 83 milhões de pessoas é 10 por cento cristã, também condenou as caricaturas como insultos ao islã. Gomaa disse que Maomé e seus companheiros tinham sofrido "os piores insultos dos não-crentes do seu tempo. Não apenas a sua mensagem era rotineiramente rejeitada, mas ele foi muitas vezes perseguido fora da cidade, amaldiçoado e agredido fisicamente em várias ocasiões." "Mas o seu exemplo foi de sempre suportar todos os insultos e ataques pessoais, sem retaliações de qualquer tipo. Não há dúvida de que, como o profeta é nosso maior exemplo na vida, essa também deve ser a reação de todos os muçulmanos", afirmou. Na semana passada, alguns manifestantes egípcios escalaram os muros da embaixada dos EUA e derrubaram a bandeira. Eles entraram em confronto com a polícia durante quatro dias, embora a maioria dos milhares de egípcios que tomaram as ruas o fez de forma pacífica. Gomaa disse que os insultos ao islã e a resposta dos manifestantes, incluindo o assassinato do embaixador dos EUA na Líbia e os ataques a outras embaixadas ocidentais na região, não podem ser dissociados de outros pontos de conflito entre o Ocidente e o mundo muçulmano. Ele citou o tratamento de muçulmanos no centro de detenção dos EUA em Guantánamo, a guerra liderada pelos EUA no Iraque, ataques de aviões teleguiadps no Iêmen e no Paquistão, e a demonização dos muçulmanos por partidos de extrema direita europeus como "fatores subjacentes" para o acirramento das tensões.