Imagens em palavras


O roteirista Jean-Claude Carrière conta como foi transformar em livro a clássica comédia Meu Tio, de Jacques Tati, cuja obra inspira mostra que começa hoje no CCSP

Por Ubiratan Brasil

O roteirista francês Jean-Claude Carrière trabalhou com cineastas excepcionais como Luis Buñuel (A Bela da Tarde), Peter Brook (O Mahabharata) e Milos Forman (Sombras de Goya), mas é de um homem alto, circunspecto e quase sempre com um cachimbo na boca de quem ele se recorda com um carinho especial. "Jacques Tati foi o diretor que me abriu as portas do cinema", afirma Carrière, com uma voz ligeiramente embargada, lembrando-se de um dos principais realizadores franceses (1907-1982), conhecido por seu humor visual minimalista. "Com Tati, aprendi os primeiros truques da arte cinematográfica."Carrière conversa com o Estado por telefone, desde sua bela casa em Paris, um antigo bordel de luxo. Ele interrompeu um jantar com amigos para voltar no tempo e relembrar de Meu Tio, o segundo livro de sua carreira, publicado em 1958. Trata-se de uma versão em palavras do clássico de Tati, lançado antes mas no mesmo ano. Ou seja, Carrière fez o caminho inverso: levou para o texto um filme já existente. Uma transposição que não perde seu frescor, como atesta a edição brasileira a ser lançada pela Cosac Naify na semana que vem, com tradução de Paulo Werneck (176 páginas, R$ 37).Na carona deste romance, a editora lança ainda o livro-imagem Na Garupa do Meu Tio, no qual o ilustrador David Merveille oferece uma engenhosa sequência de cenas também retiradas do filme, oferecendo um terceiro olhar sobre uma obra inesgotável. "É um trabalho muito difícil, pois os filmes de Tati são quase mudos, praticamente sem diálogos", lembra Carrière.De fato, Jacques Tati era um fino observador do cotidiano - para muitos, o Antonioni do humor. A partir de monsieur Hulot, seu personagem fetiche e interpretado por ele mesmo, o cineasta expunha os limites do mundo. Gentil, distraído, inseparável do seu cachimbo, Hulot, sempre de capa, guarda-chuva e sapatilha de balé, tornou-se uma figura emblemática por meio do qual Tati, um ex-jogador de rúgbi e mímico, elegia a solidão e a incomunicabilidade para investir contra a massificação e despersonalização dos tempos modernos. É o que se observa em Meu Tio e também em As Férias do Sr. Hulot, Playtime - Tempo de Diversão e As Aventuras de Sr. Hulot no Tráfego Louco, filmes que compõem uma mostra especial que estreia hoje, no Centro Cultural São Paulo.A abertura é justamente com Meu Tio, o que permitirá uma interessante comparação com a versão de Jean-Claude Carrière. E a primeira conclusão garante a perenidade do livro: não se trata de uma simples transposição. "Eu não podia fazer isso, pois seria um trabalho menor e preguiçoso", comenta o roteirista. "Preferi eleger um personagem secundário, que é o menino que vive entre dois mundos: o dos pais, fanáticos por limpeza e modernidade, e o do tio Hulot, que mora em um barulhento mas alegre conjunto de casas empilhadas. Assim, o romance se passa quando o garoto já é um adulto e se recorda dos tempos de infância."Carrière conta que escreveu o livro na mesma época em que Tati finalizava o filme. "Tive a oportunidade de ir ao estúdio e acompanhar os primeiros ensaios de montagem e os estudos de continuidade", recorda-se. "E, depois de pronto, vi o longa inúmeras vezes, mas pouco a pouco, dez minutos por vez. Também me baseei muito no roteiro."Tamanha intimidade com o processo criativo do diretor foi um privilégio conquistado graças a um trabalho anterior, que também envolvia um filme de Tati. Jovem escritor, autor apenas de uma obra (Lézard, de 1957), Carrière foi consultado por seu editor, Robert Lafont, sobre seu interesse em participar de uma seleção para o autor que transcreveria As Férias do Sr. Hulot, que fora lançado no cinema em 1953. "Escrevi um capítulo com dez páginas que agradou a Tati e logo ele me escolheu. Emocionado (era 1958 e eu tinha apenas 27 anos), fui conhecê-lo e, ainda na porta, Tati me perguntou: "O que você conhece de cinema?""Carrière gargalha ao se lembrar de sua ingenuidade ao responder que amava filmes, a ponto de ir à cinemateca três vezes por semana. "Ele me interrompeu e voltou a perguntar: "Mas do fazer cinematográfico, o que você sabe?" Confessei que nada e, quando eu já temia perder a oportunidade, Tati me apresentou a Suzanne Baron, que editava seus filmes, e disse: "Ensine o que puder sobre cinema a esse rapaz"."Em pouco tempo, Carrière viu-se diante de uma moviola, antiga máquina utilizada para editar longas. "Depois de me mostrar como funcionava aquele objeto, Suzanne pegou a primeira bobina de As Férias do Sr. Hulot e, com o roteiro às mãos, me ensinou a desvendar o misterioso fenômeno da filmagem, da arte de transformar palavra em cinema. "O problema está em passar deste para este", ela me disse, "do papel para a película". Durante dez dias, descobri a existência de uma linguagem particular, original, que é a cinematográfica. Posso dizer que começou ali o ano 1 da minha existência artística."Foi naquela sala de montagem que Carrière conheceu ainda o ilustrador e humorista Pierre Étaix, que desenhou cenários e criou piadas para Meu Tio, além de trabalhar como assistente de Tati. Famoso comediante (chegou a ser comparado a Jerry Lewis), ele também auxiliou Carrière em seu aprendizado. "Mas o melhor são as ilustrações que ele criou para o meu livro, que trazem a mesma simplicidade do filme."Carrière conta que manteve a amizade com Tati até o final de sua vida. "Eu o reencontrei três vezes antes de sua morte - vivia triste, enfermo, pois havia perdido muito dinheiro com Playtime." Segundo ele, Tati era um homem de temperamento difícil, mas interessante e divertido, além de muito talentoso. "E, no fim, o mundo de hoje é aquele preconizado por ele."Tati no CCSP HOJE16 h - Meu Tio18h30 - Playtime - Tempo de Diversão21 h - Cuida da Tua Esquerda AMANHÃ16 h - Parade18 h - As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco20 h - Escola de Carteiros (curta) e As Férias do Sr. Hulot QUINTA-FEIRA16 h - As Férias do Sr. Hulot18 h - Parade20 h - Curso Noturno (curta) e Meu Tio SEXTA-FEIRA16 h - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco18h20 - Carrossel da Esperança20h20 - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime - Tempo de Diversão SÁBADO16 h - Curso Noturno (curta) e Carrossel da Esperança18h20 - Meu Tio20h45 - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco DOMINGO16 h - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime -Time de Diversão18h30 - As Férias do Sr. Hulot20h15 - Curso Noturno (curta) e ParadeServiço Jacques Tati. Centro Cultural São Paulo (100 lug.). Rua Vergueiro, 1.000, 3397-4002. Grátis. Até 31/1

O roteirista francês Jean-Claude Carrière trabalhou com cineastas excepcionais como Luis Buñuel (A Bela da Tarde), Peter Brook (O Mahabharata) e Milos Forman (Sombras de Goya), mas é de um homem alto, circunspecto e quase sempre com um cachimbo na boca de quem ele se recorda com um carinho especial. "Jacques Tati foi o diretor que me abriu as portas do cinema", afirma Carrière, com uma voz ligeiramente embargada, lembrando-se de um dos principais realizadores franceses (1907-1982), conhecido por seu humor visual minimalista. "Com Tati, aprendi os primeiros truques da arte cinematográfica."Carrière conversa com o Estado por telefone, desde sua bela casa em Paris, um antigo bordel de luxo. Ele interrompeu um jantar com amigos para voltar no tempo e relembrar de Meu Tio, o segundo livro de sua carreira, publicado em 1958. Trata-se de uma versão em palavras do clássico de Tati, lançado antes mas no mesmo ano. Ou seja, Carrière fez o caminho inverso: levou para o texto um filme já existente. Uma transposição que não perde seu frescor, como atesta a edição brasileira a ser lançada pela Cosac Naify na semana que vem, com tradução de Paulo Werneck (176 páginas, R$ 37).Na carona deste romance, a editora lança ainda o livro-imagem Na Garupa do Meu Tio, no qual o ilustrador David Merveille oferece uma engenhosa sequência de cenas também retiradas do filme, oferecendo um terceiro olhar sobre uma obra inesgotável. "É um trabalho muito difícil, pois os filmes de Tati são quase mudos, praticamente sem diálogos", lembra Carrière.De fato, Jacques Tati era um fino observador do cotidiano - para muitos, o Antonioni do humor. A partir de monsieur Hulot, seu personagem fetiche e interpretado por ele mesmo, o cineasta expunha os limites do mundo. Gentil, distraído, inseparável do seu cachimbo, Hulot, sempre de capa, guarda-chuva e sapatilha de balé, tornou-se uma figura emblemática por meio do qual Tati, um ex-jogador de rúgbi e mímico, elegia a solidão e a incomunicabilidade para investir contra a massificação e despersonalização dos tempos modernos. É o que se observa em Meu Tio e também em As Férias do Sr. Hulot, Playtime - Tempo de Diversão e As Aventuras de Sr. Hulot no Tráfego Louco, filmes que compõem uma mostra especial que estreia hoje, no Centro Cultural São Paulo.A abertura é justamente com Meu Tio, o que permitirá uma interessante comparação com a versão de Jean-Claude Carrière. E a primeira conclusão garante a perenidade do livro: não se trata de uma simples transposição. "Eu não podia fazer isso, pois seria um trabalho menor e preguiçoso", comenta o roteirista. "Preferi eleger um personagem secundário, que é o menino que vive entre dois mundos: o dos pais, fanáticos por limpeza e modernidade, e o do tio Hulot, que mora em um barulhento mas alegre conjunto de casas empilhadas. Assim, o romance se passa quando o garoto já é um adulto e se recorda dos tempos de infância."Carrière conta que escreveu o livro na mesma época em que Tati finalizava o filme. "Tive a oportunidade de ir ao estúdio e acompanhar os primeiros ensaios de montagem e os estudos de continuidade", recorda-se. "E, depois de pronto, vi o longa inúmeras vezes, mas pouco a pouco, dez minutos por vez. Também me baseei muito no roteiro."Tamanha intimidade com o processo criativo do diretor foi um privilégio conquistado graças a um trabalho anterior, que também envolvia um filme de Tati. Jovem escritor, autor apenas de uma obra (Lézard, de 1957), Carrière foi consultado por seu editor, Robert Lafont, sobre seu interesse em participar de uma seleção para o autor que transcreveria As Férias do Sr. Hulot, que fora lançado no cinema em 1953. "Escrevi um capítulo com dez páginas que agradou a Tati e logo ele me escolheu. Emocionado (era 1958 e eu tinha apenas 27 anos), fui conhecê-lo e, ainda na porta, Tati me perguntou: "O que você conhece de cinema?""Carrière gargalha ao se lembrar de sua ingenuidade ao responder que amava filmes, a ponto de ir à cinemateca três vezes por semana. "Ele me interrompeu e voltou a perguntar: "Mas do fazer cinematográfico, o que você sabe?" Confessei que nada e, quando eu já temia perder a oportunidade, Tati me apresentou a Suzanne Baron, que editava seus filmes, e disse: "Ensine o que puder sobre cinema a esse rapaz"."Em pouco tempo, Carrière viu-se diante de uma moviola, antiga máquina utilizada para editar longas. "Depois de me mostrar como funcionava aquele objeto, Suzanne pegou a primeira bobina de As Férias do Sr. Hulot e, com o roteiro às mãos, me ensinou a desvendar o misterioso fenômeno da filmagem, da arte de transformar palavra em cinema. "O problema está em passar deste para este", ela me disse, "do papel para a película". Durante dez dias, descobri a existência de uma linguagem particular, original, que é a cinematográfica. Posso dizer que começou ali o ano 1 da minha existência artística."Foi naquela sala de montagem que Carrière conheceu ainda o ilustrador e humorista Pierre Étaix, que desenhou cenários e criou piadas para Meu Tio, além de trabalhar como assistente de Tati. Famoso comediante (chegou a ser comparado a Jerry Lewis), ele também auxiliou Carrière em seu aprendizado. "Mas o melhor são as ilustrações que ele criou para o meu livro, que trazem a mesma simplicidade do filme."Carrière conta que manteve a amizade com Tati até o final de sua vida. "Eu o reencontrei três vezes antes de sua morte - vivia triste, enfermo, pois havia perdido muito dinheiro com Playtime." Segundo ele, Tati era um homem de temperamento difícil, mas interessante e divertido, além de muito talentoso. "E, no fim, o mundo de hoje é aquele preconizado por ele."Tati no CCSP HOJE16 h - Meu Tio18h30 - Playtime - Tempo de Diversão21 h - Cuida da Tua Esquerda AMANHÃ16 h - Parade18 h - As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco20 h - Escola de Carteiros (curta) e As Férias do Sr. Hulot QUINTA-FEIRA16 h - As Férias do Sr. Hulot18 h - Parade20 h - Curso Noturno (curta) e Meu Tio SEXTA-FEIRA16 h - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco18h20 - Carrossel da Esperança20h20 - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime - Tempo de Diversão SÁBADO16 h - Curso Noturno (curta) e Carrossel da Esperança18h20 - Meu Tio20h45 - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco DOMINGO16 h - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime -Time de Diversão18h30 - As Férias do Sr. Hulot20h15 - Curso Noturno (curta) e ParadeServiço Jacques Tati. Centro Cultural São Paulo (100 lug.). Rua Vergueiro, 1.000, 3397-4002. Grátis. Até 31/1

O roteirista francês Jean-Claude Carrière trabalhou com cineastas excepcionais como Luis Buñuel (A Bela da Tarde), Peter Brook (O Mahabharata) e Milos Forman (Sombras de Goya), mas é de um homem alto, circunspecto e quase sempre com um cachimbo na boca de quem ele se recorda com um carinho especial. "Jacques Tati foi o diretor que me abriu as portas do cinema", afirma Carrière, com uma voz ligeiramente embargada, lembrando-se de um dos principais realizadores franceses (1907-1982), conhecido por seu humor visual minimalista. "Com Tati, aprendi os primeiros truques da arte cinematográfica."Carrière conversa com o Estado por telefone, desde sua bela casa em Paris, um antigo bordel de luxo. Ele interrompeu um jantar com amigos para voltar no tempo e relembrar de Meu Tio, o segundo livro de sua carreira, publicado em 1958. Trata-se de uma versão em palavras do clássico de Tati, lançado antes mas no mesmo ano. Ou seja, Carrière fez o caminho inverso: levou para o texto um filme já existente. Uma transposição que não perde seu frescor, como atesta a edição brasileira a ser lançada pela Cosac Naify na semana que vem, com tradução de Paulo Werneck (176 páginas, R$ 37).Na carona deste romance, a editora lança ainda o livro-imagem Na Garupa do Meu Tio, no qual o ilustrador David Merveille oferece uma engenhosa sequência de cenas também retiradas do filme, oferecendo um terceiro olhar sobre uma obra inesgotável. "É um trabalho muito difícil, pois os filmes de Tati são quase mudos, praticamente sem diálogos", lembra Carrière.De fato, Jacques Tati era um fino observador do cotidiano - para muitos, o Antonioni do humor. A partir de monsieur Hulot, seu personagem fetiche e interpretado por ele mesmo, o cineasta expunha os limites do mundo. Gentil, distraído, inseparável do seu cachimbo, Hulot, sempre de capa, guarda-chuva e sapatilha de balé, tornou-se uma figura emblemática por meio do qual Tati, um ex-jogador de rúgbi e mímico, elegia a solidão e a incomunicabilidade para investir contra a massificação e despersonalização dos tempos modernos. É o que se observa em Meu Tio e também em As Férias do Sr. Hulot, Playtime - Tempo de Diversão e As Aventuras de Sr. Hulot no Tráfego Louco, filmes que compõem uma mostra especial que estreia hoje, no Centro Cultural São Paulo.A abertura é justamente com Meu Tio, o que permitirá uma interessante comparação com a versão de Jean-Claude Carrière. E a primeira conclusão garante a perenidade do livro: não se trata de uma simples transposição. "Eu não podia fazer isso, pois seria um trabalho menor e preguiçoso", comenta o roteirista. "Preferi eleger um personagem secundário, que é o menino que vive entre dois mundos: o dos pais, fanáticos por limpeza e modernidade, e o do tio Hulot, que mora em um barulhento mas alegre conjunto de casas empilhadas. Assim, o romance se passa quando o garoto já é um adulto e se recorda dos tempos de infância."Carrière conta que escreveu o livro na mesma época em que Tati finalizava o filme. "Tive a oportunidade de ir ao estúdio e acompanhar os primeiros ensaios de montagem e os estudos de continuidade", recorda-se. "E, depois de pronto, vi o longa inúmeras vezes, mas pouco a pouco, dez minutos por vez. Também me baseei muito no roteiro."Tamanha intimidade com o processo criativo do diretor foi um privilégio conquistado graças a um trabalho anterior, que também envolvia um filme de Tati. Jovem escritor, autor apenas de uma obra (Lézard, de 1957), Carrière foi consultado por seu editor, Robert Lafont, sobre seu interesse em participar de uma seleção para o autor que transcreveria As Férias do Sr. Hulot, que fora lançado no cinema em 1953. "Escrevi um capítulo com dez páginas que agradou a Tati e logo ele me escolheu. Emocionado (era 1958 e eu tinha apenas 27 anos), fui conhecê-lo e, ainda na porta, Tati me perguntou: "O que você conhece de cinema?""Carrière gargalha ao se lembrar de sua ingenuidade ao responder que amava filmes, a ponto de ir à cinemateca três vezes por semana. "Ele me interrompeu e voltou a perguntar: "Mas do fazer cinematográfico, o que você sabe?" Confessei que nada e, quando eu já temia perder a oportunidade, Tati me apresentou a Suzanne Baron, que editava seus filmes, e disse: "Ensine o que puder sobre cinema a esse rapaz"."Em pouco tempo, Carrière viu-se diante de uma moviola, antiga máquina utilizada para editar longas. "Depois de me mostrar como funcionava aquele objeto, Suzanne pegou a primeira bobina de As Férias do Sr. Hulot e, com o roteiro às mãos, me ensinou a desvendar o misterioso fenômeno da filmagem, da arte de transformar palavra em cinema. "O problema está em passar deste para este", ela me disse, "do papel para a película". Durante dez dias, descobri a existência de uma linguagem particular, original, que é a cinematográfica. Posso dizer que começou ali o ano 1 da minha existência artística."Foi naquela sala de montagem que Carrière conheceu ainda o ilustrador e humorista Pierre Étaix, que desenhou cenários e criou piadas para Meu Tio, além de trabalhar como assistente de Tati. Famoso comediante (chegou a ser comparado a Jerry Lewis), ele também auxiliou Carrière em seu aprendizado. "Mas o melhor são as ilustrações que ele criou para o meu livro, que trazem a mesma simplicidade do filme."Carrière conta que manteve a amizade com Tati até o final de sua vida. "Eu o reencontrei três vezes antes de sua morte - vivia triste, enfermo, pois havia perdido muito dinheiro com Playtime." Segundo ele, Tati era um homem de temperamento difícil, mas interessante e divertido, além de muito talentoso. "E, no fim, o mundo de hoje é aquele preconizado por ele."Tati no CCSP HOJE16 h - Meu Tio18h30 - Playtime - Tempo de Diversão21 h - Cuida da Tua Esquerda AMANHÃ16 h - Parade18 h - As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco20 h - Escola de Carteiros (curta) e As Férias do Sr. Hulot QUINTA-FEIRA16 h - As Férias do Sr. Hulot18 h - Parade20 h - Curso Noturno (curta) e Meu Tio SEXTA-FEIRA16 h - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco18h20 - Carrossel da Esperança20h20 - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime - Tempo de Diversão SÁBADO16 h - Curso Noturno (curta) e Carrossel da Esperança18h20 - Meu Tio20h45 - Escola de Carteiros (curta) e As Aventuras do Sr. Hulot no Trânsito Louco DOMINGO16 h - Cuida da Tua Esquerda (curta) e Playtime -Time de Diversão18h30 - As Férias do Sr. Hulot20h15 - Curso Noturno (curta) e ParadeServiço Jacques Tati. Centro Cultural São Paulo (100 lug.). Rua Vergueiro, 1.000, 3397-4002. Grátis. Até 31/1

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