O influenciador digital Igor Viana, de 24 anos, e sua mulher, Ana Vitória Alves dos Santos, de 20 anos, perderam temporariamente a guarda da filha de dois anos do casal. A criança tem paralisia cerebral. A decisão foi do Conselho Tutelar de Anápolis, em Goiás, após denúncias de maus tratos e divulgação de áudios em que Viana reclama e debocha da filha.
Segundo a polícia, o casal está separado e a criança morava com o pai, com anuência da mãe. Desde segunda-feira, 24, a criança está com a avó materna. A decisão final sobre a guarda caberá à Justiça.
Viana é investigado pela Polícia Civil por suspeita de praticar maus tratos contra a própria filha, além de estelionato, desvio de proventos de pessoa com deficiência e exposição vexatória da criança. Ana também é investigada pelo desvio e pode ser enquadrada por omissão, caso fique provado que, ciente dos maus tratos supostamente praticados pelo marido, ela não agiu para impedi-los.
Ambos negam os crimes. A principal fonte de renda do casal são doações feitas à filha, alvo de campanha nas redes sociais, diz a polícia.
Segundo a delegada Aline Lopes, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Anápolis, desde a última semana chegaram à Polícia Civil diversas denúncias contra o casal indicando que não cuidam adequadamente da filha.
“Recebemos denúncia a respeito do suposto crime de maus-tratos (a criança estaria sendo negligenciada em seus cuidados), estelionato (os pais da menina estariam enganando seus seguidores com o intuito de arrecadar mais dinheiro) e que estariam desviando esses valores em benefício próprio”, disse a policial em entrevista a um programa regional.
“Esse dinheiro (doado à campanha de auxílio à criança) não estaria sendo usado somente no tratamento da menina. Os pais não possuem outra fonte de renda. Eles vivem exclusivamente das redes sociais, e o conteúdo que produzem gira em torno da exposição da filha deles, que tem paralisia cerebral. Eles estão sendo investigados também por constrangimento de criança, por expor essa menina de maneira vexatória”, afirmou a delegada.
A mãe da criança foi ouvida pela delegada nesta terça-feira, 25, e ainda não há data para a oitiva do pai. “Estamos ouvindo pessoas próprias à criança e aos genitores, para apurar até que ponto isso era uma encenação para gerar engajamento, apurando o montante que eles receberam e o destino que eles deram a esse dinheiro”, disse a policial.
Segundo ela, há suspeitas de que até a briga entre o casal tenha sido forjada para gerar mais engajamento nas redes sociais.
Em entrevista ao site G1, Viana se defendeu das acusações. “Minha filha não tem Pix, então, se eles (os doadores) foram trouxas, a culpa não é minha. Eu não sou obrigado a usar o dinheiro que eles mandam especificamente com a minha filha. Eu também tenho necessidades a serem supridas. Também sou um ser humano”, afirmou.
A defesa da mãe da criança divulgou nota em que defende a inocência de sua cliente e afirma que não pode dar detalhes sobre o caso. “Por se tratar de inquérito policial que tramita sob sigilo, a defesa e os envolvidos estão impedidos de prestar informações mais detalhadas sobre a investigação; (...) todas as provas necessárias a elucidação dos fatos serão fornecidas à autoridade policial que preside o inquérito”, diz trecho da nota.
O Estadão tenta ouvir o casal para que se pronuncie sobre as acusações.