Intoxicação de cães por monoetilenoglicol em petiscos; veja como identificar os sintomas


Envenenamento pela substância pode levar à morte em 72 horas; o consumo de meia colher de chá por kg de peso é uma dose fatal

Por Raisa Toledo
Atualização:

Nas últimas semanas, a intoxicação por consumo de petiscos com monoetilenoglicol causou a morte de mais de 40 cães em todo o País, segundo a Polícia Civil mineira. A análise de casos em Minas Gerais e São Paulo fez com que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinasse o recolhimento de produtos, suspendesse o uso de ingredientes e interditasse a fábrica da marca Bassar, responsável pelos produtos.

“O monoetilenoglicol é um composto orgânico do grupo funcional álcool que contém dois grupos -OH; logo, é classificado com um diálcool, diol ou glicol”, define Ana Paula Paim, diretora da Divisão de Alimentos e Bebidas da Sociedade Brasileira de Química.

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Líquida, incolor, inodora e com um sabor doce, a substância é utilizada na indústria como anticongelante, um composto capaz de reduzir o ponto de solidificação de um produto — o que faz com que sejam necessárias temperaturas mais baixas para que ele congele. Alguns dos exemplos de sua aplicação são em fluidos de freios para automóveis, óleos de motor, tintas e degeladores de para-brisa.

O composto é tóxico para humanos e animais como cães e gatos, e o seu uso na fabricação de alimentos não é permitido. De acordo com o Ministério da Agricultura, o monoetilenoglicol encontrado nos lotes de petiscos da marca Bassar é fruto da contaminação de propilenoglicol, produto autorizado para a indústria alimentícia e empregado para dissolver corantes e aromatizantes e manter a umidade.

A Bassar informou que o propilenoglicol utilizado nos lotes foi adquirido da empresa Tecnoclean Industrial Ltda, que, por sua vez, diz ter importado o produto e atuado apenas como distribuidora. Diante da identificação de outras empresas que compraram o produto adulterado, o Mapa determinou o recolhimento de alimentos para cães de outras três marcas.

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Quais são os danos causados

Ana Paula explica que a principal preocupação relacionada à ingestão de monoetilenoglicol é a toxicidade dos subprodutos originados de sua decomposição. “Conforme o etilenoglicol começa a ser decomposto no organismo, são gerados os produtos de degradação metabólica glicolaldeído, glicolato, glioxilato e oxalato. Os principais efeitos desses produtos são a inibição da respiração celular; do metabolismo de glicose e serotonina; da síntese de proteínas; da replicação de DNA e da formação de RNA ribossômico”, esclarece.

A atuação do composto sobre esses processos metabólicos causa danos ao sistema nervoso, com a apresentação de dormência, distúrbios visuais, acidose (desequilíbrio ácido-base no corpo) e a formação de cristais de oxalato de cálcio nos rins, cérebros e pulmões. “A toxicidade em cães é ainda mais grave, e pode ser fatal o consumo de cerca de meia colher de chá de etilenoglicol por kg de peso corporal”, pontua.

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O oxalato de cálcio promove a intoxicação nos túbulos dos rins, o que desencadeia falência renal e, em última instância, a morte do animal. No início do mês, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a internação de seis cães e a morte de outros oito com esse sintoma.

Em caso de suspeita de intoxicação, não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Alessandra Karina da Silva Fonseca, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a evolução do quadro é rápida. “Em 72 horas, o animal pode vir a óbito. Quanto antes o tutor levar em uma clínica veterinária e procurar ajuda, melhor. Não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal”, alerta.

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O CRMV-SP informou que tem recebido ligações de médicos veterinários que receberam animais intoxicados em busca de orientações sobre como proceder no atendimento desses casos.

Como identificar os sintomas

Um dos sinais clínicos apresentados por animais que consomem monoetilenoglicol é o comportamento semelhante ao de um estado de “embriaguez”, em que o cão pode andar de forma cambaleante. Além disso, são sintomas já registrados o aumento repentino do consumo de água, vômito, diarreia que pode ou não conter sangue, respiração curta e ofegante, queda da temperatura e comportamento “prostrado”, sem se mover muito.

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Logo após a ingestão do alimento contaminado, é possível que o veterinário provoque o vômito do animal. Conforme o tempo vai passando, podem ser adotados procedimentos de lavagem gástrica e administração de medicações intravenosas para controlar a acidose, quadros de edema pulmonar e ampliar o tempo de processamento do monoetilenoglicol. Em caso de colapso dos rins, é feito o processo de hemodiálise.

Além de levar o animal para receber atendimento veterinário de forma rápida, a orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária é guardar a embalagem e amostras do petisco suspeito de ter causado a intoxicação e notificar a Polícia Civil. Em caso de óbito, é recomendado que seja realizada a necropsia para confirmar o envenenamento.

Para os tutores preocupados com a escolha de petiscos seguros para os animais, Alessandra Karina indica que não sejam comprados produtos das marcas em que os lotes de propilenoglicol adulterado foram encontrados. “É preciso esperar o Ministério da Agricultura, junto com a Polícia Civil, conseguir rastrear quais realmente foram os lotes contaminados”, pontua.

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O etilenoglicol é o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

Nas últimas semanas, a intoxicação por consumo de petiscos com monoetilenoglicol causou a morte de mais de 40 cães em todo o País, segundo a Polícia Civil mineira. A análise de casos em Minas Gerais e São Paulo fez com que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinasse o recolhimento de produtos, suspendesse o uso de ingredientes e interditasse a fábrica da marca Bassar, responsável pelos produtos.

“O monoetilenoglicol é um composto orgânico do grupo funcional álcool que contém dois grupos -OH; logo, é classificado com um diálcool, diol ou glicol”, define Ana Paula Paim, diretora da Divisão de Alimentos e Bebidas da Sociedade Brasileira de Química.

Líquida, incolor, inodora e com um sabor doce, a substância é utilizada na indústria como anticongelante, um composto capaz de reduzir o ponto de solidificação de um produto — o que faz com que sejam necessárias temperaturas mais baixas para que ele congele. Alguns dos exemplos de sua aplicação são em fluidos de freios para automóveis, óleos de motor, tintas e degeladores de para-brisa.

O composto é tóxico para humanos e animais como cães e gatos, e o seu uso na fabricação de alimentos não é permitido. De acordo com o Ministério da Agricultura, o monoetilenoglicol encontrado nos lotes de petiscos da marca Bassar é fruto da contaminação de propilenoglicol, produto autorizado para a indústria alimentícia e empregado para dissolver corantes e aromatizantes e manter a umidade.

A Bassar informou que o propilenoglicol utilizado nos lotes foi adquirido da empresa Tecnoclean Industrial Ltda, que, por sua vez, diz ter importado o produto e atuado apenas como distribuidora. Diante da identificação de outras empresas que compraram o produto adulterado, o Mapa determinou o recolhimento de alimentos para cães de outras três marcas.

Quais são os danos causados

Ana Paula explica que a principal preocupação relacionada à ingestão de monoetilenoglicol é a toxicidade dos subprodutos originados de sua decomposição. “Conforme o etilenoglicol começa a ser decomposto no organismo, são gerados os produtos de degradação metabólica glicolaldeído, glicolato, glioxilato e oxalato. Os principais efeitos desses produtos são a inibição da respiração celular; do metabolismo de glicose e serotonina; da síntese de proteínas; da replicação de DNA e da formação de RNA ribossômico”, esclarece.

A atuação do composto sobre esses processos metabólicos causa danos ao sistema nervoso, com a apresentação de dormência, distúrbios visuais, acidose (desequilíbrio ácido-base no corpo) e a formação de cristais de oxalato de cálcio nos rins, cérebros e pulmões. “A toxicidade em cães é ainda mais grave, e pode ser fatal o consumo de cerca de meia colher de chá de etilenoglicol por kg de peso corporal”, pontua.

O oxalato de cálcio promove a intoxicação nos túbulos dos rins, o que desencadeia falência renal e, em última instância, a morte do animal. No início do mês, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a internação de seis cães e a morte de outros oito com esse sintoma.

Em caso de suspeita de intoxicação, não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Alessandra Karina da Silva Fonseca, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a evolução do quadro é rápida. “Em 72 horas, o animal pode vir a óbito. Quanto antes o tutor levar em uma clínica veterinária e procurar ajuda, melhor. Não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal”, alerta.

O CRMV-SP informou que tem recebido ligações de médicos veterinários que receberam animais intoxicados em busca de orientações sobre como proceder no atendimento desses casos.

Como identificar os sintomas

Um dos sinais clínicos apresentados por animais que consomem monoetilenoglicol é o comportamento semelhante ao de um estado de “embriaguez”, em que o cão pode andar de forma cambaleante. Além disso, são sintomas já registrados o aumento repentino do consumo de água, vômito, diarreia que pode ou não conter sangue, respiração curta e ofegante, queda da temperatura e comportamento “prostrado”, sem se mover muito.

Logo após a ingestão do alimento contaminado, é possível que o veterinário provoque o vômito do animal. Conforme o tempo vai passando, podem ser adotados procedimentos de lavagem gástrica e administração de medicações intravenosas para controlar a acidose, quadros de edema pulmonar e ampliar o tempo de processamento do monoetilenoglicol. Em caso de colapso dos rins, é feito o processo de hemodiálise.

Além de levar o animal para receber atendimento veterinário de forma rápida, a orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária é guardar a embalagem e amostras do petisco suspeito de ter causado a intoxicação e notificar a Polícia Civil. Em caso de óbito, é recomendado que seja realizada a necropsia para confirmar o envenenamento.

Para os tutores preocupados com a escolha de petiscos seguros para os animais, Alessandra Karina indica que não sejam comprados produtos das marcas em que os lotes de propilenoglicol adulterado foram encontrados. “É preciso esperar o Ministério da Agricultura, junto com a Polícia Civil, conseguir rastrear quais realmente foram os lotes contaminados”, pontua.

O etilenoglicol é o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

Nas últimas semanas, a intoxicação por consumo de petiscos com monoetilenoglicol causou a morte de mais de 40 cães em todo o País, segundo a Polícia Civil mineira. A análise de casos em Minas Gerais e São Paulo fez com que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinasse o recolhimento de produtos, suspendesse o uso de ingredientes e interditasse a fábrica da marca Bassar, responsável pelos produtos.

“O monoetilenoglicol é um composto orgânico do grupo funcional álcool que contém dois grupos -OH; logo, é classificado com um diálcool, diol ou glicol”, define Ana Paula Paim, diretora da Divisão de Alimentos e Bebidas da Sociedade Brasileira de Química.

Líquida, incolor, inodora e com um sabor doce, a substância é utilizada na indústria como anticongelante, um composto capaz de reduzir o ponto de solidificação de um produto — o que faz com que sejam necessárias temperaturas mais baixas para que ele congele. Alguns dos exemplos de sua aplicação são em fluidos de freios para automóveis, óleos de motor, tintas e degeladores de para-brisa.

O composto é tóxico para humanos e animais como cães e gatos, e o seu uso na fabricação de alimentos não é permitido. De acordo com o Ministério da Agricultura, o monoetilenoglicol encontrado nos lotes de petiscos da marca Bassar é fruto da contaminação de propilenoglicol, produto autorizado para a indústria alimentícia e empregado para dissolver corantes e aromatizantes e manter a umidade.

A Bassar informou que o propilenoglicol utilizado nos lotes foi adquirido da empresa Tecnoclean Industrial Ltda, que, por sua vez, diz ter importado o produto e atuado apenas como distribuidora. Diante da identificação de outras empresas que compraram o produto adulterado, o Mapa determinou o recolhimento de alimentos para cães de outras três marcas.

Quais são os danos causados

Ana Paula explica que a principal preocupação relacionada à ingestão de monoetilenoglicol é a toxicidade dos subprodutos originados de sua decomposição. “Conforme o etilenoglicol começa a ser decomposto no organismo, são gerados os produtos de degradação metabólica glicolaldeído, glicolato, glioxilato e oxalato. Os principais efeitos desses produtos são a inibição da respiração celular; do metabolismo de glicose e serotonina; da síntese de proteínas; da replicação de DNA e da formação de RNA ribossômico”, esclarece.

A atuação do composto sobre esses processos metabólicos causa danos ao sistema nervoso, com a apresentação de dormência, distúrbios visuais, acidose (desequilíbrio ácido-base no corpo) e a formação de cristais de oxalato de cálcio nos rins, cérebros e pulmões. “A toxicidade em cães é ainda mais grave, e pode ser fatal o consumo de cerca de meia colher de chá de etilenoglicol por kg de peso corporal”, pontua.

O oxalato de cálcio promove a intoxicação nos túbulos dos rins, o que desencadeia falência renal e, em última instância, a morte do animal. No início do mês, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a internação de seis cães e a morte de outros oito com esse sintoma.

Em caso de suspeita de intoxicação, não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Alessandra Karina da Silva Fonseca, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a evolução do quadro é rápida. “Em 72 horas, o animal pode vir a óbito. Quanto antes o tutor levar em uma clínica veterinária e procurar ajuda, melhor. Não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal”, alerta.

O CRMV-SP informou que tem recebido ligações de médicos veterinários que receberam animais intoxicados em busca de orientações sobre como proceder no atendimento desses casos.

Como identificar os sintomas

Um dos sinais clínicos apresentados por animais que consomem monoetilenoglicol é o comportamento semelhante ao de um estado de “embriaguez”, em que o cão pode andar de forma cambaleante. Além disso, são sintomas já registrados o aumento repentino do consumo de água, vômito, diarreia que pode ou não conter sangue, respiração curta e ofegante, queda da temperatura e comportamento “prostrado”, sem se mover muito.

Logo após a ingestão do alimento contaminado, é possível que o veterinário provoque o vômito do animal. Conforme o tempo vai passando, podem ser adotados procedimentos de lavagem gástrica e administração de medicações intravenosas para controlar a acidose, quadros de edema pulmonar e ampliar o tempo de processamento do monoetilenoglicol. Em caso de colapso dos rins, é feito o processo de hemodiálise.

Além de levar o animal para receber atendimento veterinário de forma rápida, a orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária é guardar a embalagem e amostras do petisco suspeito de ter causado a intoxicação e notificar a Polícia Civil. Em caso de óbito, é recomendado que seja realizada a necropsia para confirmar o envenenamento.

Para os tutores preocupados com a escolha de petiscos seguros para os animais, Alessandra Karina indica que não sejam comprados produtos das marcas em que os lotes de propilenoglicol adulterado foram encontrados. “É preciso esperar o Ministério da Agricultura, junto com a Polícia Civil, conseguir rastrear quais realmente foram os lotes contaminados”, pontua.

O etilenoglicol é o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

Nas últimas semanas, a intoxicação por consumo de petiscos com monoetilenoglicol causou a morte de mais de 40 cães em todo o País, segundo a Polícia Civil mineira. A análise de casos em Minas Gerais e São Paulo fez com que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinasse o recolhimento de produtos, suspendesse o uso de ingredientes e interditasse a fábrica da marca Bassar, responsável pelos produtos.

“O monoetilenoglicol é um composto orgânico do grupo funcional álcool que contém dois grupos -OH; logo, é classificado com um diálcool, diol ou glicol”, define Ana Paula Paim, diretora da Divisão de Alimentos e Bebidas da Sociedade Brasileira de Química.

Líquida, incolor, inodora e com um sabor doce, a substância é utilizada na indústria como anticongelante, um composto capaz de reduzir o ponto de solidificação de um produto — o que faz com que sejam necessárias temperaturas mais baixas para que ele congele. Alguns dos exemplos de sua aplicação são em fluidos de freios para automóveis, óleos de motor, tintas e degeladores de para-brisa.

O composto é tóxico para humanos e animais como cães e gatos, e o seu uso na fabricação de alimentos não é permitido. De acordo com o Ministério da Agricultura, o monoetilenoglicol encontrado nos lotes de petiscos da marca Bassar é fruto da contaminação de propilenoglicol, produto autorizado para a indústria alimentícia e empregado para dissolver corantes e aromatizantes e manter a umidade.

A Bassar informou que o propilenoglicol utilizado nos lotes foi adquirido da empresa Tecnoclean Industrial Ltda, que, por sua vez, diz ter importado o produto e atuado apenas como distribuidora. Diante da identificação de outras empresas que compraram o produto adulterado, o Mapa determinou o recolhimento de alimentos para cães de outras três marcas.

Quais são os danos causados

Ana Paula explica que a principal preocupação relacionada à ingestão de monoetilenoglicol é a toxicidade dos subprodutos originados de sua decomposição. “Conforme o etilenoglicol começa a ser decomposto no organismo, são gerados os produtos de degradação metabólica glicolaldeído, glicolato, glioxilato e oxalato. Os principais efeitos desses produtos são a inibição da respiração celular; do metabolismo de glicose e serotonina; da síntese de proteínas; da replicação de DNA e da formação de RNA ribossômico”, esclarece.

A atuação do composto sobre esses processos metabólicos causa danos ao sistema nervoso, com a apresentação de dormência, distúrbios visuais, acidose (desequilíbrio ácido-base no corpo) e a formação de cristais de oxalato de cálcio nos rins, cérebros e pulmões. “A toxicidade em cães é ainda mais grave, e pode ser fatal o consumo de cerca de meia colher de chá de etilenoglicol por kg de peso corporal”, pontua.

O oxalato de cálcio promove a intoxicação nos túbulos dos rins, o que desencadeia falência renal e, em última instância, a morte do animal. No início do mês, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a internação de seis cães e a morte de outros oito com esse sintoma.

Em caso de suspeita de intoxicação, não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Alessandra Karina da Silva Fonseca, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a evolução do quadro é rápida. “Em 72 horas, o animal pode vir a óbito. Quanto antes o tutor levar em uma clínica veterinária e procurar ajuda, melhor. Não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal”, alerta.

O CRMV-SP informou que tem recebido ligações de médicos veterinários que receberam animais intoxicados em busca de orientações sobre como proceder no atendimento desses casos.

Como identificar os sintomas

Um dos sinais clínicos apresentados por animais que consomem monoetilenoglicol é o comportamento semelhante ao de um estado de “embriaguez”, em que o cão pode andar de forma cambaleante. Além disso, são sintomas já registrados o aumento repentino do consumo de água, vômito, diarreia que pode ou não conter sangue, respiração curta e ofegante, queda da temperatura e comportamento “prostrado”, sem se mover muito.

Logo após a ingestão do alimento contaminado, é possível que o veterinário provoque o vômito do animal. Conforme o tempo vai passando, podem ser adotados procedimentos de lavagem gástrica e administração de medicações intravenosas para controlar a acidose, quadros de edema pulmonar e ampliar o tempo de processamento do monoetilenoglicol. Em caso de colapso dos rins, é feito o processo de hemodiálise.

Além de levar o animal para receber atendimento veterinário de forma rápida, a orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária é guardar a embalagem e amostras do petisco suspeito de ter causado a intoxicação e notificar a Polícia Civil. Em caso de óbito, é recomendado que seja realizada a necropsia para confirmar o envenenamento.

Para os tutores preocupados com a escolha de petiscos seguros para os animais, Alessandra Karina indica que não sejam comprados produtos das marcas em que os lotes de propilenoglicol adulterado foram encontrados. “É preciso esperar o Ministério da Agricultura, junto com a Polícia Civil, conseguir rastrear quais realmente foram os lotes contaminados”, pontua.

O etilenoglicol é o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

Nas últimas semanas, a intoxicação por consumo de petiscos com monoetilenoglicol causou a morte de mais de 40 cães em todo o País, segundo a Polícia Civil mineira. A análise de casos em Minas Gerais e São Paulo fez com que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinasse o recolhimento de produtos, suspendesse o uso de ingredientes e interditasse a fábrica da marca Bassar, responsável pelos produtos.

“O monoetilenoglicol é um composto orgânico do grupo funcional álcool que contém dois grupos -OH; logo, é classificado com um diálcool, diol ou glicol”, define Ana Paula Paim, diretora da Divisão de Alimentos e Bebidas da Sociedade Brasileira de Química.

Líquida, incolor, inodora e com um sabor doce, a substância é utilizada na indústria como anticongelante, um composto capaz de reduzir o ponto de solidificação de um produto — o que faz com que sejam necessárias temperaturas mais baixas para que ele congele. Alguns dos exemplos de sua aplicação são em fluidos de freios para automóveis, óleos de motor, tintas e degeladores de para-brisa.

O composto é tóxico para humanos e animais como cães e gatos, e o seu uso na fabricação de alimentos não é permitido. De acordo com o Ministério da Agricultura, o monoetilenoglicol encontrado nos lotes de petiscos da marca Bassar é fruto da contaminação de propilenoglicol, produto autorizado para a indústria alimentícia e empregado para dissolver corantes e aromatizantes e manter a umidade.

A Bassar informou que o propilenoglicol utilizado nos lotes foi adquirido da empresa Tecnoclean Industrial Ltda, que, por sua vez, diz ter importado o produto e atuado apenas como distribuidora. Diante da identificação de outras empresas que compraram o produto adulterado, o Mapa determinou o recolhimento de alimentos para cães de outras três marcas.

Quais são os danos causados

Ana Paula explica que a principal preocupação relacionada à ingestão de monoetilenoglicol é a toxicidade dos subprodutos originados de sua decomposição. “Conforme o etilenoglicol começa a ser decomposto no organismo, são gerados os produtos de degradação metabólica glicolaldeído, glicolato, glioxilato e oxalato. Os principais efeitos desses produtos são a inibição da respiração celular; do metabolismo de glicose e serotonina; da síntese de proteínas; da replicação de DNA e da formação de RNA ribossômico”, esclarece.

A atuação do composto sobre esses processos metabólicos causa danos ao sistema nervoso, com a apresentação de dormência, distúrbios visuais, acidose (desequilíbrio ácido-base no corpo) e a formação de cristais de oxalato de cálcio nos rins, cérebros e pulmões. “A toxicidade em cães é ainda mais grave, e pode ser fatal o consumo de cerca de meia colher de chá de etilenoglicol por kg de peso corporal”, pontua.

O oxalato de cálcio promove a intoxicação nos túbulos dos rins, o que desencadeia falência renal e, em última instância, a morte do animal. No início do mês, a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a internação de seis cães e a morte de outros oito com esse sintoma.

Em caso de suspeita de intoxicação, não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal Foto: Arquivo pessoal

De acordo com Alessandra Karina da Silva Fonseca, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a evolução do quadro é rápida. “Em 72 horas, o animal pode vir a óbito. Quanto antes o tutor levar em uma clínica veterinária e procurar ajuda, melhor. Não é indicado fazer nenhum tratamento em casa ou ficar esperando uma melhora do animal”, alerta.

O CRMV-SP informou que tem recebido ligações de médicos veterinários que receberam animais intoxicados em busca de orientações sobre como proceder no atendimento desses casos.

Como identificar os sintomas

Um dos sinais clínicos apresentados por animais que consomem monoetilenoglicol é o comportamento semelhante ao de um estado de “embriaguez”, em que o cão pode andar de forma cambaleante. Além disso, são sintomas já registrados o aumento repentino do consumo de água, vômito, diarreia que pode ou não conter sangue, respiração curta e ofegante, queda da temperatura e comportamento “prostrado”, sem se mover muito.

Logo após a ingestão do alimento contaminado, é possível que o veterinário provoque o vômito do animal. Conforme o tempo vai passando, podem ser adotados procedimentos de lavagem gástrica e administração de medicações intravenosas para controlar a acidose, quadros de edema pulmonar e ampliar o tempo de processamento do monoetilenoglicol. Em caso de colapso dos rins, é feito o processo de hemodiálise.

Além de levar o animal para receber atendimento veterinário de forma rápida, a orientação do Conselho Regional de Medicina Veterinária é guardar a embalagem e amostras do petisco suspeito de ter causado a intoxicação e notificar a Polícia Civil. Em caso de óbito, é recomendado que seja realizada a necropsia para confirmar o envenenamento.

Para os tutores preocupados com a escolha de petiscos seguros para os animais, Alessandra Karina indica que não sejam comprados produtos das marcas em que os lotes de propilenoglicol adulterado foram encontrados. “É preciso esperar o Ministério da Agricultura, junto com a Polícia Civil, conseguir rastrear quais realmente foram os lotes contaminados”, pontua.

O etilenoglicol é o mesmo líquido que causou a intoxicação de 29 pessoas que consumiram a cerveja Backer, em 2019. Na época, dez pacientes morreram após ingerirem a bebida.

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