Dezenas de milhares de islamitas fizeram uma manifestação no Cairo, neste sábado, em apoio ao presidente Mohamed Mursi, que está preparando uma Constituição para tentar neutralizar a fúria da oposição sobre seus poderes recentemente expandidos. "O povo quer a aplicação da lei de Deus", gritavam pelo menos 50 mil manifestantes, agitando bandeiras, muitos deles trazidos de ônibus, do campo, para lotar as ruas próximas à Universidade do Cairo. Esperava-se que, no final do dia, Mursi definisse a data do referendo sobre a Constituição, aprovada às pressas por uma assembleia dominada por islamitas na sexta-feira, depois de uma sessão que durou 19 horas. "Certamente vamos apresentar a Constituição para o presidente hoje à noite", disse à Reuters Mohamed al-Beltagy, líder da Irmandade Muçulmana e membro da Assembleia Constituinte. Mursi mergulhou o Egito em uma nova crise na semana passada, quando deu a si mesmo amplos poderes e colocou suas decisões além da contestação judicial, dizendo que essa era uma medida temporária que ia acelerar a transição democrática do país, até que uma nova Constituição seja aprovada. A afirmação de autoridade em um decreto emitido em 22 de novembro, um dia depois que ele recebeu elogios do mundo pela intermediação de uma trégua entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, assustou seus adversários e aumentou as divisões entre os 83 milhões de egípcios. Duas pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas durante os protestos pelas forças de oposição, que foram agrupadas e fortalecidas por um decreto que elas entendem como uma tomada de poder ditatorial. (Reportagem de Alistair Lyon e Tamim Elyan)
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